O presente Artigo trata de como psicoterapeutas e clientes vivenciam uma experiência em psicoterapia de grupo sob a lente humanista-fenomenológica.
A análise fenomenológica crítica dos temas emergentes sugere que, quando pessoas estão juntas na busca por crescimento, num ambiente de cuidado mútuo e aceitação, as suas histórias espontaneamente se cruzam, surgindo uma sabedoria própria do grupo, que o mobiliza em uma direção própria e criativa de dar continuidade à vida.
1910-1947 (Primeira e Segunda Guerra Mundial)
- As práticas grupais já destacam sua importância social, surgindo como um recurso para proporcionar mudanças, de modo que permitiam aos participantes desenvolverem uma intimidade entre si que, muitas vezes, não conseguiam nem mesmo com os componentes familiares (Rogers, 1970/2009).
- processo de psicoterapia de grupo funciona, até os dias atuais, como um microcosmo representante da comunidade, no qual problemas relacionais e as tendências da sociedade podem ser observados, investigados e compreendidos.
- as possibilidades de intervenções e cruzamentos entre as histórias de cada um se estendem, seus membros têm a oportunidade de oferecer apoio mútuo na apreensão do sofrimento do outro.
- Rogers (1977/1978) traz a ideia de uma tendência positiva e própria do ser humano, que faz brotar criatividade e aprendizagem, desde que haja as condições psicológicas adequadas.(Rogers, 1961/2009). Princípios estes estendidos às terapias de grupo. A pessoa tem tanto uma capacidade positiva quanto destrutiva, e possui uma potencialidade que pe desenvolvida no mundano.
- Moreira (2009) acentua a relevância das condições facilitadoras, aceitação incondicional, compreensão empática e autenticidade (Rogers, 1961/2009) para a mudança no processo psicoterapêutico, no entanto, revela: “na minha experiência estas condições são sempre necessárias. Contudo, nem sempre são suficientes”. (Moreira, 2009, p. 54)
- Moreira (2009), além dos aspectos individuais inerentes ao ser humano e da importância da relação estabelecida entre psicoterapeuta e cliente, é necessário considerar sua interligação com o mundo, com todas as variáveis culturais, históricas, políticas e biológicas que o influenciam e o constituem.
CONTEXTUALIZANDO O GRUPO DE PSICOTERAPIA E PESQUISA
Formação de grupo de psicoterapia e pesquisa, pessoas selecionadas segundo alguns critérios.
O ser humano tende a se agrupar, como forma de terapia coletiva e esse grupo consta de pessoas com objetivos comuns, obedecendo aos princípios éticos nas investigações.
O MÉTODO FENOMENOLÓGICO CRÍTICO
Proposto por Moreira (2004,2009), buscou compreender o fenômeno sob a lente do pensamento de Merleau-Ponty, considerando o homem em seus múltiplos contornos, com sua dimensão social, econômica, política, biológica. Grupo de encontro com a finalidade de potencializar as mulheres e realizar uma pesquisa.
A ANÁLISE FENOMENOLÓGICA MUNDANA DAS VERSÕES DE SENTIDO
Os fenômenos levantados em três categorias centrais que apareceram na análise das versões:
- os sentimentos emergentes na relação intersubjetiva consigo mesmo, com o grupo, psicoterapeutas e sociedade; sensações expressas no processo do grupo de psicoterapia na relação intersubjetiva psicoterapeutas-clientes-mundo; sensações de falta de espaço para falar de si e ser ouvida com profundidade, de sufocamento das emoções nas relações familiares, dificuldade em expressar sentimentos e o embaraço no relacionamento com as pessoas.impressões de emoções ambíguas, agradáveis e desagradáveis, uma vez que os membros do grupo e psicoterapeutas partilharam os sentimentos proporcionados .
- os sentidos de um grupo de psicoterapia; sinalizam para uma compreensão ampla de um espaço de cuidado e troca, onde histórias se enlaçam e confundem, possibilitando um aprofundamento psicoterapêutico, o fortalecimento de vínculos, a promoção de crescimento e a transformação das pessoas que dele participam; os membros do grupo encontraram um espaço para ser o que são, deixando de lado suas “armaduras”, aceitando suas fragilidades, e se permitindo navegar nas suas histórias. a psicoterapia de grupo possibilitou a seus membros ampliar sua rede de conexões e vislumbrar uma rica diversidade de existências e formas distintas de lidar com questões semelhantes na vida (Schmid & O’Hara, 2007). o entrelaçamento de histórias que se estabeleceu no grupo parece ter impulsionado o “tecido da vida” . os sentidos da psicoterapia em grupo foram de um espaço íntimo, de acolhimento, partilha de histórias sem julgamento; e um entrelaçamento de histórias como potencializador de processos de mudanças.
- as atitudes, intervenções e recursos facilitadores; expressa as condições, atitudes, intervenções e recursos que constituíram esta experiência e tiveram uma importância terapêutica para o processo grupal. Estarmos atentas para as expressões corporais como um todo, para além do ato de olhar, falar ou ouvir proporcionou o reconhecimento e a aceitação das questões vivenciadas pelo cliente, a expressão de afetos, e a acompanhar de modo sensível como cada integrante estava, sua respiração, demonstrações de dúvidas, angústias e necessidades anunciadas, podendo ser aprofundadas e cuidadas. nós, enquanto psicoterapeutas, permitimos passear, com os clientes, nas nossas histórias. Até porque no momento da terapia, nossas “imperfeições” nos ajudam a compreender as “imperfeições” do cliente, podendo, assim, acompanhá-lo de modo mais pleno (Rogers, 1965/1977). Por se tratar de um movimento sutil, os terapeutas devem ter cuidado ao falar de suas experiências com clientes, acentuando que só devem fazê-lo em momentos raros, focados na necessidade do cliente, e de maneira que o possibilitem caminhar adiante na sua história. (Schnellbacher & Leijssen, 2009).
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