Ciclo II - Artigo escrito: Criança NÃO é de rua.

1.     INTRODUÇÃO
   A discussão sobre a temática “Criança não é de rua”, tem aumentado gradativamente na sociedade, haja vista o surgimento de leis que visam assegurar os direitos dessas crianças.    Esse artigo traz como questão problema: Como acontece o desenvolvimento biopsicossocial das crianças em situação de rua no contexto da sociedade brasileira? Como objetivo geral, procura-se identificar o perfil biopsicossocial das crianças em situação de rua, a partir do enfrentamento aos desafios da sociedade brasileira em que vive.
Justifica-se esse projeto pela importância de identificar o perfil biopsicossocial das crianças em situação de rua, no contexto da sociedade brasileira; para isso, requer algumas ações que possibilitem um levantamento preciso da realidade em que vivem, associando esses dados a teorias propostas, para um desenvolvimento infantil integral, supostamente garantido por lei a essas crianças, que vivem em estado de vulnerabilidade na sociedade brasileira.
É a partir da observação e compreensão dessa realidade de conflito social, que se faz necessário despertar para uma mobilização efetiva, de movimentos sérios, que contemplem ações mais eficazes sobre o que propõem as políticas públicas já existentes, possibilitando o acolhimento adequado dessas crianças, garantindo-lhes integridade física, psíquica e emocional, ao longo da vida. Para tanto, se faz necessário conhecer as particularidades da vivência dessas crianças em situação de rua, de que forma essa realidade afeta o seu desenvolvimento e a sua personalidade; identificar as políticas públicas que garantem essa proteção na teoria, mas que não atuam diretamente no acolhimento dessas crianças; conhecer como essas crianças se relacionam com o meio em que vivem, no que diz respeito a aquisição da linguagem, aprendizagem, inteligência e afetividade; por fim, através de pesquisa de campo, identificar o que pensa a população sobre essas crianças que vivem nas ruas, conscientizando a mesma,  de sua responsabilidade social, campanha que será estendida publicamente, por meio do Instagram, a fim de chamar a atenção das autoridades competentes, que possam se mobilizar para promover ações efetivas para amenizar o problema em questão.

2.     METODOLOGIA

A primeira fase deste projeto foi iniciada com a leitura do manual de orientação para construção do Projeto Integrador. Que tem como objetivo auxiliar na construção e desenvolvimento geral do mesmo. Logo após o compartilhamento deste conteúdo entre todo o corpo discente, sob a orientação da Professora Mariana Menezes, foi realizada uma reunião em sala de aula que dividiu o projeto em três ciclos: I, II e III.
No Ciclo I, foi definido o tema principal e o desenvolvimento estrutural do mesmo que ficou subdividido em questão norteadora, justificativa, objetivo geral, objetivo especifico, metodologia e cronograma.
Após a finalização desta primeira etapa, deu-se início ao ciclo II. Que possui como um dos seus objetivos, a estruturação do projeto em formato de artigo.  Onde, deverá ser feita uma revisão de literatura, por meio de pesquisas cientificas de sites acadêmicos e livros, articulando os componentes curriculares do semestre ao tema escolhido.  Ainda nesta etapa, será construindo um questionário contendo (cinco questões) com a intenção de se obter a opinião do senso comum em relação ao tema abordado. 
A conclusão e entrega do projeto, que ocorrerá no ciclo III, terá uma apresentação pública no auditório da FTC, onde haverá o compartilhamento das experiências vivenciadas pela turma ao longo do semestre. E a apresentação dos resultados das atividades e aprendizagens construídas em formato de um documentário. Utilizaremos também como instrumento de divulgação a rede social: Instagram. Onde se foi criada uma conta, que possui por nome (ftcpsicologia2018) e tem o intuito de conscientizar a população sobre a realidade vivida pelas crianças em situação de rua

3.     DESENVOLVIMENTO INFANTIL E FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE
A psicologia do desenvolvimento vem acumulando muitos dados sobre crianças em geral, mas ainda existe um certo estorvo quando o foco é crianças em situação de risco pessoal e social, muitos autores vêm lastimando a falta de atenção para com os estudos do desenvolvimento humano de crianças em situação de rua, o CEP- RUA da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, vem se empenhando a pesquisar sobre este tema.
 Uma criança é considerada em situação de risco quando seu desenvolvimento cognitivo e social não ocorre de acordo com sua faixa etária, podendo ocorrer de diversas formas: fisicamente, onde a criança adquire doenças genéticas, prematuridade, problemas de nutrição, entre outros; socialmente, onde a mesma é exposta a um ambiente violento tendo acesso direto a drogas e traumas psicológicos proveniente de abusos, negligência ou exploração.
A área social estuda a interação de fatores maturacionais e ambientais no desenvolvimento da capacidade de um indivíduo em manter relações sociais e os efeitos destas sobre seu desenvolvimento psicológico. O estudo consiste basicamente, na procura de padrões comuns de regularidades no desenvolvimento.
Os estudos feitos por Helena Koller afirmam que a vida na rua não retarda o desenvolvimento cognitivo e sim facilita e promove de uma forma positiva o desenvolvimento. Aqui no Brasil colaboradores revelam que crianças que trabalham na rua, adquirem uma aprendizagem natural da matemática, na qual não terÍam no ambiente escolar. Outros aspectos cognitivos também foram avaliados até chegar à conclusão que o raciocínio moral de crianças em situação de rua não se compara ao de crianças da mesma idade que vivem com a sua família com uma certa estabilidade emocional e financeira.
Na constituição do sujeito, Vygotsky (1896-1934), relata de acordo com a perspectiva sócio cultural, sendo este meio o seu meio. Ao longo do tempo, esse meio é constituído de produções culturais e de seres humanos, ou seja, um ambiente significativo. Ao descobrir e apropriar-se deste universo a criança entra no processo de constituição do sujeito. Ou seja, a criança desenvolve-se como um todo a partir do meio onde vive.
É fácil se deparar com crianças em situação de rua no contexto da nossa sociedade brasileira. Isso se dá por vários problemas sociais e políticos presentes no nosso país, fantasmas, escória, marginais, é assim que essas crianças vêm sendo tratadas em nosso cotidiano. Jovens que, por muitas vezes sofreram violências domésticas em uma repetição desenfreada daquilo que os seus pais vivenciaram; outras vivem em situações de vulnerabilidade por não terem um acompanhamento, por parte de seus responsáveis e acabam marginalizados.
Sabe-se que á diferença na realidade vivida por crianças nessa situação, em relação às que vivem em ambientes mais saudáveis compatíveis para uma boa formação, e por conta das situações de vulnerabilidade vividas, o processo para o desenvolvimento e formação da sua personalidade é completamente afetado. “O papel da família é importante para o desenvolvimento adequado da criança e para a sua integração na sociedade, como também na prevenção da delinquência. Os autores da atualidade concordam que o mau funcionamento familiar é uma das principais causas dos distúrbios do comportamento, como a violência na família, ou a delinquência juvenil”. (Fonseca,2002).
A situação da criança é considerada de risco, quando o seu desenvolvimento não acontece de acordo com os “padrões desejados” para a sua faixa etária, considerando o meio em que ela está inserida. Os riscos para essas crianças podem ser físicos (como problemas de alimentação, doenças adquiridas na rua, dentre outros), sociais (expostos o tempo inteiro a violência) ou psicológicos (exploração, efeitos de abuso dentre outras situações).
 Sob outra ótica, estudos apontam que a vida na rua pode possibilitar experiências que se adicionam e promovem o desenvolvimento. No entanto esses estudos se revelam desconexos, e apontam a necessidade de se realizar mais pesquisas nessa área.
A exposição precoce à violência, exploração, necessidades e outras experiências negativas vão ter um impacto direto na formação da personalidade dessas crianças, pois, tudo aquilo que vivenciam irá moldar os seus respectivos comportamentos, a sua visão de mundo e os seus relacionamentos.
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, as pessoas tendem a se adaptar ao ambiente para sobreviver, e não é diferente com as crianças que estão inclusas nesta situação, elas desenvolvem habilidades para facilitar a sua sobrevivência em certos meios, criam laços afetivos com outras pessoas na mesma situação, com a intenção de garantir a sua segurança  e com a noção, de que quando juntas, as chances de lidar com situações mais complicadas são menores. “A definição de criança e jovem de risco é entendida como a condição a que a criança está exposta por circunstâncias da vida, como por exemplo, à violência, ao uso de drogas e a um conjunto de fatores de ordem afetiva, cultural e sócio - econômica que dificultam o desenvolvimento biopsicossocial”. (Pessalacia,2010)
Segundo a perspectiva psicodinâmica de Freud (1856-1939), a personalidade é vista com um foco no inconsciente e na importância das experiências na infância, ou seja, encara o comportamento humano como a interação entre a mente consciente e inconsciente. Ele também diz que a personalidade é formada nos primeiros anos de vida na qual a criança passa por uma série de fases, ou seja, todas as situações vividas por elas vão influenciar na formação e no desenvolvimento dessa criança.
Uma Criança que vive em situação de rua tem os traços de sua personalidade desenvolvida de acordo com o meio em que vive. Observando a teoria da Freud (1856-1939), passamos pelas fases do desenvolvimento da personalidade, e chegamos a quarta fase, que vai de 6 aos 12 anos de idade, na qual se desenvolve o ego e o domínio das habilidades escolares, culturais e sociais. Essas crianças expostas à situação de rua, têm toda a sua personalidade comprometida, não se desenvolvendo como se espera, mais criando meios e recursos para sobreviverem.

4.      AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM, APRENDIZAGEM, INTELIGÊNCIA E AFETIVIDADE.
A linguagem é um sistema de comunicação baseado em palavras e gramática. É o ponto de partida para o funcionamento e desenvolvimento social e cognitivo do indivíduo. (PAPALIA, 2013, p.193). Através dela as crianças podem representar objetos, ações, refletir sobre pessoas, lugares e coisas, além de poder comunicar suas necessidades, sentimentos e ideias a fim de exercer mais controle sobre a vida. A linguagem, portanto, é um sistema de múltiplos níveis para relacionar as ideias à fala por meio de unidades de oração e palavra (Chomsky, 1965). Diversas teorias tentam explicar como se dá o processo de desenvolvimento e aquisição da linguagem, porém, cada uma representa uma abordagem diferente a essas questões, e cada uma trata, basicamente, de diferentes aspectos do desenvolvimento da linguagem, ou seja, nenhuma teoria isolada fornece uma explicação suficiente ou adequada de todos os processos subjacentes à aquisição da linguagem. (MUSSEN, p. 212)
Duas das principais teorias sobre a aquisição da linguagem são lideradas por B.F Skinner e Noam Chomsky. Skinner (1957) sustentava que o aprendizado da linguagem, como qualquer outro aprendizado, baseia-se na experiência. Segundo a teoria clássica da aprendizagem, a criança aprende a linguagem por meio do condicionamento operante. A princípio, o bebê emite sons aleatórios. Os cuidadores reforçam os sons que se assemelham à fala adulta com sorrisos, atenção e elogios. O bebê então repete esses sons reforçados. Segundo a teoria da aprendizagem social, o bebê imite os sons que ouve dos adultos e, novamente, é reforçado a fazer isso. Chomsky (1957), por sua vez, criou a concepção chamada de inatismo - teoria de que os seres humanos possuem uma capacidade inata para adquirir linguagem.
Diferentemente da teoria da aprendizagem de Skinner (1957), o inatismo enfatiza o papel ativo daquele que aprende. Como a língua é universal nos seres humanos, Chomsky (1957, 1972, 1995), propôs que o cérebro humano tem uma capacidade inata para adquirir linguagem; bebês aprendem a falar tão naturalmente quanto aprendem a andar. Ele sugeriu que um Dispositivo de Aquisição da Linguagem (DAL) programa o cérebro da criança para analisar a língua que ela ouve e a inferir suas regras.
O fundamento da concepção inatista vem da capacidade dos recém-nascidos de diferenciar sons similares, o que sugere que eles nascem com “sintonizadores" que captam as características da fala. ( Grannon et al., 1998). Embora a capacidade linguística inata possa ser a base da capacidade de fala do bebê, quando os pais repetem os sons que seu bebê produz, ele está reforçando a probabilidade de que a criança irá repetir esses sons - o que realça as influências tanto da genética quanto do ambiente.
Segundo ( Kuhl,2004; Kuhl et al. 2005), o desenvolvimento da linguagem afeta ativamente as redes neurais, comprometendo-as com o reconhecimento dos sons da língua nativa apenas. Um exemplo da influência neurologia é o choro do recém-nascido, que é contratado  pelo troco encefálico e pela ponte, as partes mais primitivas do cérebro e as primeiras a se desenvolverem. As regiões corticais associadas à linguagem continuam a se desenvolver até pelo menos os últimos anos da pré-escola ou além - algumas até a idade adulta. Porém, não bastam o mecanismo biológico e a capacidade cognitiva necessária, é preciso também interação com um interlocutor vivo. Crianças que crescem sem um contato social normal, não desenvolvem a linguagem verbal normalmente. 
 Analisando assim, o contexto social e todas as adversidades que as crianças em situação de rua são submetidas, podemos dizer que a linguagem adquirida por elas é totalmente particular e funcional, por ser estruturada a partir do meio em que elas vivem, visando à necessidade de cada uma de se comunicar e se relacionar com as pessoas que os cercam.
A aprendizagem é um processo constante que ocorre durante toda a vida do indivíduo, desde a infância até a velhice. Uma criança geralmente deve aprender a andar e a falar; depois a ler e escrever, são essas, as aprendizagens básicas para atingir a cidadania e a participação ativa na sociedade. Para Lev Vygotsky (1978) a aprendizagem decorre da compreensão do homem como um ser que se forma em contato com a sociedade. "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem",escreveu o psicólogo. Através dessa teoria interacionista, a criança durante o desenvolvimento e ao longo da vida tem a influência de intermediários externos do meio social para o individual.
 Na visão de Rego (2001), o esforço em desempenhar com fidelidade aquilo que se observa em sua realidade faz com que ele atue num nível bastante superior ao que na verdade se encontra, na imitação ou brincadeira a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade. Para Vygotsky (1998), a imitação oferece a oportunidade de reconstrução (interna) daquilo que o indivíduo observa externamente, ou seja, é uma das formas do indivíduo internalizar o conhecimento externo. Por isso tudo, é desvantajosa a forma como as crianças em situação de rua vivem, já que estão, expostas a todo tipo de riscos (assédios, exploração, acidentes, etc.) que trazem impactos negativos na sua aprendizagem. No entanto, elas conseguem desenvolver sabedoria para lidar com a agitação das ruas, equilibrando obstáculo e dificuldades, através de métodos que exigem habilidades e competências.
A inteligência é entendida e abordada como um conceito plural, que caracteriza o comportamento humano. Possibilita ao indivíduo a capacidade de aprender, raciocinar, adaptar-se a um meio e desenvolver linguagens e ideias, em relação a um objetivo.
Segundo Boynton (1933), a inteligência é uma capacidade herdada do indivíduo que se manifesta através da capacidade de adaptar-se e de reconstruir os fatores de seu meio ambiente em consonância com seu grupo. Falar de inteligência implica debater um dos temas mais importantes e controversos da Psicologia e, simultaneamente, um dos atributos psicológicos mais valorizados e mais temidos socialmente: por exemplo, a existência de uma correlação positiva entre o quociente de inteligência (QI) e os resultados escolares é uma das constatações mais antigas e mais regularmente confirmadas pela Psicologia. 
A inteligência, para Piaget ( 1975, p. 386) é um caso particular de adaptação biológica. Numa interpretação oposta ao empirismo, encontramos uma explicação que pode ser caracterizada como apriorista ou inatista, que concebe o conhecimento como sendo pré-formado no sujeito, dependendo apenas de maturação e um mínimo de experiências. Esta posição aparece contemporaneamente em Kant e Chomsky”. (Piaget).
Em relação a concepções de inteligência, de crianças e adolescentes, segundo (Dweck,2000) crianças com concepções estáticas tendem a orientar-se para a demonstração da sua inteligência através das suas performances no desenvolvimento de tarefas, mantendo, frequentemente, o receio de cometer erros, em particular em contextos avaliativos. Mas no caso de Crianças com concepção dinâmica, as mesmas relacionam o desenvolvimento de sua inteligência com os processos de aprendizagem.
De acordo com o inatismo, as crianças já nascem com estruturas mentais pré-formadas que se manifestarão em momentos específicos do desenvolvimento. Piaget (1975, p. 386) não admite a hipótese empirista, nem a inatista, pois o sujeito não é passivo nem pré-formado, mas interage com o meio e nesta interação constrói o conhecimento através de descobertas e invenções.
Em relação Ao desenvolvimento da inteligência em interações sociais, segundo Lehay e Hunt (1983), as relações interpessoais nas concepções da inteligência, estará, por um lado, ligada a moralidade autônoma caracterizada pela preocupação e opinião dos outros e, paralelamente, o desenvolvimento da capacidade de coordenação de perspectivas, que permite a construção de significados comuns. As concepções de inteligência em um senso comum, relaciona o desenvolvimento cognitivo a interação interpessoal e a capacidade de adaptação do indivíduo no meio em que vive, a sua cultura e sociedade.  As diferentes linhas de investigações sobre o tema, sempre acordam na definição que a obtenção da inteligência está diretamente ligada a obtenção de informações absorvidas nas experiências vividas pelos indivíduos e suas adaptações diante as mesmas..
A afetividade é capacidade de reação apresentada por um sujeito diante de estímulos internos ou externos, cujas principais manifestações são os sentimentos e as emoções. Na linguagem geral, afeto relaciona-se com sentimentos de ternura, carinho e simpatia. Nas mais variadas literaturas, afetividade está relacionada aos mais diversos termos: emoção, estados de humor, motivação, sentimento, paixão, atenção, personalidade, temperamento e outros tantos.
 O educador francês Henri Wallon (1879 - 1962), inovou ao colocar a afetividade como um dos aspectos centrais do desenvolvimento. Para ele, a afetividade refere-se à capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo/interno por sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou desagradáveis. Onde ser afetado é reagir com atividades internas/externas que a situação desperta. A teoria de Wallon (1995), aponta três momentos marcantes, sucessivos na evolução da afetividade: emoção, sentimento e paixão. Os três resultam de fatores orgânicos e sociais, e correspondem a configurações diferentes. Na emoção, há o predomínio da ativação fisiológica, no sentimento, da ativação representacional, na paixão, da ativação do autocontrole. A partir disso, o ser humano necessita da afetividade para o seu desenvolvimento cognitivo, capacitando-o para que se torne um sujeito crítico, autônomo e responsável.
Levando em consideração esses aspectos, para que uma criança que se encontra em situação de rua, tenha seu desenvolvimento psicológico adequado, é necessário que ela receba esse afeto. Pois, todo o carinho que é dado a uma criança em sua infância será refletido no seu amadurecimento, na sua identidade e personalidade, fazendo com que ela se sinta segura de si mesma ao longo dos anos. E essas experiências afetivas a ajudarão a se integrar, a encontrar referências e a aprender a agir em diferentes circunstâncias. Porém, as crianças que não tem esse afeto, desenvolvem comportamentos conflituosos ou agressivos ou, inclusive, um grande sentimento de insegurança ou desconfiança, são muito mais vulneráveis, mesmo que não mostre. Assim, crianças em situação de rua, que vivem em um ambiente afetivo pobre terão sérios problemas para reconhecer não apenas as emoções, mas também as normas sociais. Desta forma, elas não saberão como se comportar corretamente com os outros socialmente, desenvolvendo uma grande falta de empatia, podendo causar todos os tipos de confrontos e descontentamentos.

5.    POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO ÀS CRIANÇAS
Segundo uma pesquisa realizada pelo CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), em 75 cidades do país, abrangendo capitais e municípios com mais de 300 mil habitantes os principais motivos declarados pelas crianças e adolescentes que dormem na rua para explicar a saída de casa se destacou a violência no ambiente doméstico, com cerca de 70%: brigas verbais com pais e irmãos (32,2%); violência física (30,6%); violência e abuso sexual (8,8%). Isso mostra a importância de investimentos em ações de prevenção, divulgação e sensibilização para a garantia dos direitos da criança e do adolescente sem violência. A maior parte do público entrevistado em idade escolar não estuda, a privação deste direito resulta em prejuízo individual e social. Um dos motivos pelo Brasil estar na linha de frente pela garantia dos direitos das crianças e adolescente são a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 assumirem a responsabilidade e garantir o desenvolvimento saudável de meninos (as) ao Estado, a sociedade e a família. Apesar disso, ainda é necessário políticas públicas que note este público nas suas causas especificas e uma importante mudança de cultura na sociedade que não descrimine, e assim conceda-os seus direitos, pois as pesquisas indicam uma enorme realidade de preconceito em relação a crianças/adolescentes nessas condições. Para a problematização de Paulo Freira (1980), a educação e o desenvolvimento encontram-se sobreposto visto que é na educação que se encontra o elemento essencial para a construção de um Estado Social de Direito. Defende-se que as escolhas de propostas pedagógicas devem voltar-se para o processo de autoconhecimento, sem mascarar a realidade socioeconômica do país. No seu estudo, ele considera que a situação de rua adquire uma maior complexidade, na medida em que se considera o intrincado conjunto de fatores que se relacionam no processo de ida para a rua e nas práticas assistenciais existentes.
De acordo com as políticas públicas voltadas para o público infantil, deu-se pela Constituição Federal de 1988, o ECA (Estatuto da criança e do Adolescente, 1990), lei federal de número: 8.069, de 1990. O Estado criou essa lei para garantir os direitos da criança e do adolescente, como proteção social e política, como consequência de um entendimento de transformações do próprio estado dentro da sociedade e família em conjunto. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990), revoga a legislação do período de autoridade, que foi inscrita no código de menores, a qual crianças com situações irregulares, seguido de exclusão social, abandonados, maltratados e infratores mereciam práticas assistencialistas de correções repressivas. Além disso, defende a proteção integral da criança, a qual qualquer ilegalidade família ou estado, irá transgredir os direitos do mesmo. O art. 227 da Constituição Federal da República, estabelece que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurarem à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de se responsabilizarem por colocar esses sujeitos a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
De acordo com a ratificação dos direitos da criança em 24 de outubro de 1990, foi feito alguns acréscimos referentes aos seus direitos como cidadão, a qual garante os direitos à liberdade de expressão, opinião, pensamento religião e associação. Esses direitos podem ser exercidos como cidadãos como autônomos. Conforme artigo 81 e 82, ressalva a importância da segurança e proibição de vendas de produtos a qual o ECA exige, como armas, munições, explosivos, bebidas alcoólicas, produtos que podem causar dependência física ou psíquica, além da proibição de hospedagem de crianças e adolescentes em locais privados como hotel, motel e pensão, salvo que terá que ter a autorização dos pais.
Segundo o ECA, a proteção social fica responsável pela política de atendimento a crianças e adolescentes a qual abarca três medidas: protetivas como ressalva do artigo 101 que destina as crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social; artigo 112, que destina aos pais e responsáveis que não esteja cumprindo seu papel dentro da proteção social com crianças e adolescentes.
A promulgação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, LEI 8.069/90) ocorreu em 13 de julho de 1990, sendo como uma conquista da sociedade brasileira. Conquista essa na qual o Estado iria dispor proteção integral à criança e ao adolescente. Assim também podendo intervir na vida das mesmas em situações decadentes. Alguns dos artigos desta lei são: “Art.4° É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Art.7° A criança e o adolescente têm direito à vida e à saúde, mediante de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”. (ECA - Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990).
O direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, se constitui dever não só do Estado, mas também, dever da família, da comunidade, da sociedade em geral (ECA, 1990. Art.4). Daí a importância de se desenvolver movimentos sérios voltados para a conscientização da população e famílias, que constituem as diversas sociedades, atribuindo-lhes a responsabilidade que lhes cabe diante do problema social desumano, que permite que essas crianças continuem nas ruas, sem nenhuma perspectiva de um futuro melhor. Por outro lado, na medida em que a sociedade vai tomando consciência sobre essa realidade, pode-se esperar uma maior mobilidade social no sentido de chamar a atenção do Estado para o cumprimento efetivo das leis que garantem a essas crianças todos os direitos, integralmente. 
Contudo, muitos destes pontos são apenas teóricos e não práticos. Por mais que se tenha melhorado após a promulgação do Estatuto, ainda há muitos desafios sobre as políticas sociais públicas voltadas às crianças. Há uma enorme escassez da educação, saúde e dignidade. Crianças que são submetidas a abandonarem os estudos para trabalharem nas ruas para ajudar no sustento da família; que não se têm acesso a qualidade de saúde básica; que são violentadas nas ruas. Internacionalmente o Brasil é reconhecido por ter as melhores políticas públicas, mas que não são implementadas. Falta um direcionamento maior para que sejam efetivadas e o governo não demonstra interesse em executar com eficácia essas políticas. A legislação deve acompanhar as condições em que as crianças vivem e adaptar as leis a cada ano que se passa, pois, a realidade está sempre em mudança.

6.  O QUE PENSA A POPULAÇÃO SOBRE CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RUA

Para compreender o que pensa a população sobre o problema em questão, é preciso antes de tudo entender e contextualizar a sociedade, na qual está inserida. Em um contexto histórico, cultural e autoritário, o Brasil passa por movimentos sociais e trabalhistas em busca de melhores condições de vida e trabalho. (FONSECA, 2015).  Foi a partir dessa problemática que crianças e familiares de baixa renda iniciaram um processo de luta pelo que acreditavam ser necessário para ter condições básicas de sobrevivência e desenvolvimento de forma saudável.  Surge, em 1927 as primeiras especulações de um código que teria como função garantir às crianças os direitos básicos de vida que foi nomeado Código de Menores (FONSECA, 2015).  Esse modelo tinha características paliativas frente ao problema, em relação aos contrapontos da ordem social, porém sem soluções efetivas para acabar com o problema, sem a preocupação e interesse em propor ferramentas de inserção do menor na sociedade.
Com o passar dos anos a efetivação da Constituição de 1988 proporcionou uma nova avaliação a respeito do direito da criança responsabilizando a Sociedade, a Família e o Estado de forma mais humanizada; garantindo o direito à saúde, alimentação, educação, moradia e lazer a todas as crianças. Essa nova constituição trouxe o que conhecemos como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que por sua vez contém mais direitos do que deveres, preconizando a vivência de crianças nas ruas garantindo-lhes o direito à moradia (CF,1988).
Muitos estudiosos já tentaram entender a sociedade, e como o homem se comporta diante dela. Karl Marx (1818-1883) observou que o processo de alienação do indivíduo na sociedade, faz com este, não perceba sua realidade pessoal, sendo submetido às ideologias do meio em que vive (QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA,2003). As crianças que vivem às margens da sociedade não têm consciência de sua realidade pessoal, e crescem num cenário frio e descomprometido de uma sociedade, que o ignora. “Enquanto a casa é abrigo e santuário, a rua é o disperso, o lugar do não lugar, o espaço perverso que ensina as más lições.” (ESPINHEIRA, 2008)
       Em pesquisa do Governo Federal feita em 75 cidades com mais de 300 mil habitantes, notificou-se que cerca de 23 mil crianças ainda vivem nas ruas no Brasil, sendo entre elas, cerca de 10.000 crianças de até 12 anos (GAZETA DO POVO, 2011). A criança que escolhe viver na rua se debruça sobre diversos conflitos de ordem familiar e social sobre os quais, não consegue resolver, e acaba optando por viver nas ruas, acreditando que a “liberdade” o livrará dos problemas biopsicossocial, que geralmente enfrentam no âmbito familiar, sobre os quais não têm ainda estruturas cognitivas e emocionais compatíveis para solucioná-los, devido a imaturidade da infância.
Bauman, em sua obra “O Mal estar na pós-Modernidade”, destaca a partir do critério de pureza que, aquele que não se enquadra dentro daquilo que se espera num dado sistema, acabam se tornando “problema” ou “sujeira” (BAUMAN,1988), e precisam ser removidos, nesse caso, da sociedade, já que essas crianças deveriam estar em seus lares, com seus respectivos familiares, ao invés de estarem na sociedade, como “objetos fora do lugar” (BAUMAN,1988).  As crianças quando têm seus direitos violados ficam expostas à situação de vulnerabilidade social, formando os chamados “estranhos”, pessoas que não se encaixam no mapa cognitivo, moral ou estético do mundo (BAUMAN, 1988). Essa deficiência por parte do Estado, Família e Sociedade geram consequências biopsicossocial que comprometem o seu desenvolvimento integral. Nas ruas, estão expostas a estímulos externos que têm relação com as adversidades do ambiente que vivem. Esses estímulos as impulsionam para determinadas situações diferenciadas de aprendizagem, muito mais por uma questão de sobrevivência e adequação às leis das ruas. É possível observar nessas crianças, habilidades diferenciadas quando comparadas a uma criança que cresce de forma saudável em seus lares. Além disso, crianças que vivem em situação de rua, não têm acesso a esses direitos, garantindo-lhe a sua integridade biopsicossocial permanente, conforme está assegurado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990. Art.4), pois vivem em situação de vulnerabilidade às margens da sociedade que caminha indiferente a essa situação.
Importante enfatizar que o direito à liberdade, à dignidades, concedido às crianças por lei, contempla aspectos essências e indispensáveis na vida da criança, para que a mesma não tenha a sua integridade física, psíquica e moral violada pela liberdade sem responsabilidade, entendendo aqui, que a criança de até 12 anos de idade ainda não tem discernimento necessário para usufruir de uma liberdade com responsabilidade.
As crianças que não conseguem retornar às suas famílias, seja por qual motivo for, deveriam ser acolhidas em programa de acolhimento familiar ou institucional para serem cuidadas, reavaliadas, e reinserida no núcleo familiar, quando possível, ou no contexto da sociedade que possibilite um desenvolvimento integral e seguro para essas crianças. Caso essas crianças não possam retornar de forma nenhuma ao seio familiar, as mesmas deverão participar dos programas de apadrinhamento, dando-lhes a oportunidade de constituir um novo lar. Porém, faltam ações políticas efetivas, com interesse real, em solucionar os problemas das crianças em situação de rua, garantindo-lhes a reinserção familiar e social, a partir de um desenvolvimento satisfatório.
Sabe-se que as crianças em situação de rua, integram o grupo populacional heterogêneo, que possui em comum, a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos e fragilizados, razões pelas quais as crianças acabam nas ruas. Embora haja a Política Nacional, que assegura o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as diversas políticas públicas desenvolvidas pelo governo, na prática não há um regime de colaboração mútua, que envolvam família, sociedade e Estado, capaz de efetivamente, retirar essas crianças da situação de vulnerabilidade. 
          A cidade de Salvador, por exemplo, possui cerda de 17 mil pessoas em situação de rua. Dentre esses, classificam-se:90% negros; 70% homens; 60% possuem entre 18 e 49 anos;76% realizam alguma atividade laboral nas ruas, tais como: baleiros ou flanelinhas, para sobreviver. O morador de rua mais novo tem 9 anos e, o mais velho, 91 anos. (PROJETO AXÉ, 2017;2018)
          Sob o paradigma da proteção integral, o juiz não atua mais com exclusividade. Há um reordenamento do atendimento à criança e ao adolescente, uma interdisciplinaridade de profissionais. E a família constitui o foco principal. O papel do psicólogo não é mais o de técnico que só atua do ponto de vista do conhecimento específico, principalmente dos testes. O papel do psicólogo agora é a atenção na proteção integral, e ele deve considerar a criança e o adolescente sujeitos de sua história, sujeitos de direitos, protagonistas; tem que atuar em rede, interdisciplinarmente (CFP, 2003). 
O Governo do Estado da Bahia fundou em 2013 o projeto “Corra pro Abraço”, voltados para pessoas em situação de rua e em contexto de extrema vulnerabilidade, que contam com uma equipe com assistentes sociais, psicólogos e redutores de danos. Oferecem: local para banho, kit higiene, oficinas e orientações sobre cuidado e autocuidado e escuta técnica qualificada. 'O pessoal do Corra me incentivou. Agora, eu já estou com uma perspectiva de fazer um ensino superior porque o programa me deu esse impulso. O povo lá de casa viu que eu não estava mais jogado na droga, como era antigamente’, disse Alan, que faz parte do projeto desde março e agora cursa pré-vestibular no Instituto Cultural Steve Biko.                                                                                           Percebe-se que, paulatinamente, ações de políticas públicas que visam amenizar a situação das crianças de rua e seus familiares são implantadas. Entretanto, essas ações não contemplam de forma coerente a grande demanda existente, deixando, portanto, uma lacuna enorme de cidadãos que não recebem os seus direitos, como previstos em leis.                                                                                                                                                                              O prefeito ACM Neto lançou, na manhã da segunda-feira 1° de abril de 2019, um projeto com nome ainda a ser definido, que afirma que Salvador terá seis unidades de acolhimento para pessoas em situações de rua. Os equipamentos, que vão dispor de atendimento médico, psicológico e social, deverão ficar pronto ainda este ano. Eles vão atender a um total de 210 pessoas, sendo 35 por unidade. “A ideia é que tenhamos uma distinção no atendimento para cada tipo de público e necessidade, porque se você mistura o acolhimento, às vezes a pessoa se sente vítima de preconceito” (ACM Neto).                                                                                                            
A ineficácia das políticas públicas fez com que, historicamente, se destacasse o trabalho das organizações não governamentais (ONGs) e das instituições religiosas. Essas instituições atuam na distribuição de alimentos, roupas e cobertores. Outro trabalho de assistência são os abrigos temporários e os albergues que, de um modo geral, são considerados insuficientes para beneficiar a todas as crianças e familiares em situação de rua. Tais políticas públicas, cujo objetivo é amparar as pessoas que delas necessitam, além de insuficientes, não resolvem de forma concreta a causa do problema, apenas tentam suprir as necessidades básicas de sobrevivência, como também estão baseadas em um efetivo conhecimento acerca das demandas que norteiam esse contingente populacional. Portanto, esse desinteresse do Estado pelas crianças em situação de rua, influencia diretamente no comportamento da sociedade, sendo que os moradores de rua são tratados ora com compaixão, ora com repreensão, preconceito, indiferença e violência.                                                                                                                                
Em pesquisa online, aplicada através da internet, por meio do site https://docs.google.com, entre os dias 10/04/2019 e 12/04/2019, 443 pessoas responderam ao questionário, que debruça sobre o olhar da população, a respeito do problema da criança em situação de rua, bem como, sobre a consciência que têm essas pessoas, no que diz respeito a responsabilidade que cabe ao Estado, sociedade e família.



A pesquisa demonstra claramente que a maioria da população (96,6%) têm consciência de que boa parte das crianças no Brasil, não têm acesso às necessidades básicas como moradia, alimentação, educação, saúde e lazer, mesmo que esses direitos sejam garantidos por lei. Apenas 3,4% acredita que todas as crianças no Brasil têm esses direitos garantidos.
99,8% das pessoas acreditam que as crianças não escolhem viver nas ruas, isso demonstra que, a população de um modo geral tem consciência de que existem motivações maiores que levam uma criança a buscar as ruas. Apenas 0,2% acreditam que a criança escolhe viver nas ruas.
72,5% das pessoas acreditam que a responsabilidade sobre o problema Crianças em situação de rua não é somente do Estado, mas também das famílias e da sociedade como um todo, o que demonstra uma certa consciência por parte da população. 20,8% das pessoas responderam que a responsabilidade é do Estado, e não da sociedade e famílias. Apenas 6,7% das pessoas responderam que a responsabilidade está entre a sociedade e as famílias.
41,1% respondeu que as políticas públicas do Brasil fazem valer os direitos das crianças garantidos pelo ECA. 12% das pessoas disseram que talvez, demonstrando não terem conhecimento do assunto. E 47%, a maioria das pessoas, entendem que as políticas públicas efetivamente na prática, não garante esses direitos.
99,5% das pessoas demonstram ter bastante consciência sobre as consequências das crianças vivendo em situação de rua, quando entendem que viver nessas condições hostis, prejudica o desenvolvimento biológico, emocional e social das crianças.
Entretanto, mesmo com essa consciência, todos caminham indiferentes ao problema, no sentido de contribuir de maneira eficaz para soluciona-lo, definitivamente, quando 45,9% diz que ajuda com alimento, 24,2% ajuda a instituições que os acolhem, 16% doa esmola nas ruas, e ainda 14% das pessoas ignoram a situação.

 O Legado Social está sendo realizado através de postagens pela rede social Instagram, onde estão sendo contempladas abordagens que convidam a sociedade, de modo geral, para um leque diversificado de momentos reflexivos. Essas reflexões tangem as questões das políticas públicas aplicáveis às leis relacionadas às crianças em situação de rua, como também conscientizam e atentam aos papéis do Estado, da Sociedade e da Família frente a esse problema social.

7.  CONCLUSÃO  
       De acordo com o demonstrado nesse projeto, percebe-se que através da identificação do perfil biopsicossocial das crianças em situação de rua, podem-se observar os fatores de desenvolvimento infantil dessas crianças nos processos de aquisição de linguagem, aprendizagem, inteligência e afetividade, no contexto de extrema vulnerabilidade social e saúde precária em que vivem; facilitando dessa forma a compreensão da formação da personalidade das mesmas.
       Convém destacar a importância da participação ativa do Estado, da Família e da Sociedade no desenvolvimento, implantação e práticas de políticas públicas efetivas e de movimentos sociais sérios que realmente amenizem os problemas das crianças em situação de rua e de seus familiares, para que haja a garantia de seus direitos conforme previstos em leis e todos possam ter uma vida mais digna e um futuro melhor.
      Ratifica-se, pois, que o Estado deve ter um olhar mais especial para as crianças em situação de rua e seus familiares, visto que, necessitam de leis que se realizem projetos na prática e não apenas de forma teórica, atendendo toda a demanda existente. Que possibilitem o acolhimento adequado, garantindo-lhes integridade física, psíquica e emocional ao longo da vida. Para que, retirem-lhe aos poucos a condição de marginalizados.












 8.  ANEXOS
8.1. QUESTIONÁRIO PARA POPULAÇÃO
Questionário aplicado na pesquisa junto à população, através do site http://docs.google.com, entre os dias 10/04/2019 à 12/04/2019,com a finalidade de saber o que a população pensa a respeito do problema Crianças em situação de rua.
1. Você acredita que todas as crianças no Brasil têm acesso a necessidades básicas como: moradia, alimentação, educação, saúde e lazer?
       ( ) sim  ( ) não
2.   Você acha que essas crianças escolheram viver nas ruas?
       ( ) sim  ( ) não
3. Para você as crianças que vivem em situação de rua são responsabilidade de:
( ) Estado   ( ) Sociedade   ( ) Família  ( ) Todos
4.  Você acha que existem políticas públicas que façam valer os direitos das crianças previstos em lei no Estatuto da Criança e do Adolescente?
( ) sim    ( ) não
5. Você acredita que viver em situação de rua atrapalha o desenvolvimento biológico, emocional e social da criança?
( ) sim   ( ) Não
6. Qual sua atitude perante as crianças que vivem nas ruas?
( ) Doa esmola   ( ) Oferece alimento  ( )   Ajuda institucional social  ( ) Ignora

CRIANÇA EM SITUAÇÃO DE RUA É VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS.
Uma nova sociedade se forma a partir da transformação das pessoas que nela vivem. Mude seu olhar e abrace essa causa! Para mais informações, visite nosso Instagram @ftcpsicologia2018.


8.2.  POEMA “CRIANÇA NÃO É DE RUA”
Crianças em situação de rua,
Vivem marginalizadas,
Ignoradas por todos,
Estado, sociedade e famílias
Que caminham indiferentes
Aos riscos da vulnerabilidade.

Mas de quem é a responsabilidade?
Das famílias, que os deixam ir?
Da sociedade que os aceitam com indiferença?
Do Estado que as protegem por lei, mas não
promove ações efetivas, para acolhe-las, integralmente?

Criança NÃO é de rua.
Porque a criança ainda não é capaz de discernir sobre seu destino,
Nem escolher onde viver.
A liberdade da rua, tem um preço,
Que custa alto, quando não, a própria vida!

Famílias, sociedade e Estado,
Precisamos nos INCOMODAR com essas crianças,
Para que, de fato, haja mudança,
E jamais violação dos direitos da criança.
(Alessandra Uzêda)

  
REFERÊNCIAS 
·       CAMPOS,T.N. PRETTE, Z.A.P. PRETTE, A. D. (Sobre)vivendo nas ruas: habilidades sociais e valores de crianças e adolescentes. 1a edição. 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/prc/v13n3/v13n3a19.pdf. Acesso em: 12.03.2019.
·       DANNA, M.F. MATOS, M.A. Ensinando Observação. 2ª ed. São Paulo. Editora EDICON. 1986.
·       DE SOUZA, L.A. FRANCO, M.S.L. A psicologia e a população em situação de rua. 1ª ed. Belo Horizonte. Conselho regional de psicologia Minas Gerais
·       Direitos da Criança. Portal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Disponível em https://www.direitosdacrianca.gov.br/migrados/pesquisa-do-conanda-revela-as-condicoes-de-vida-de-criancas-e-adolescentes-em-situacao-de-rua. Acesso em 28/03/2019, 21:34hs.
·       ESPINHEIRA, G. Texto de Gey Espinheira. A casa e a rua, Brasil, 2008. Disponível em: http://centrodeformacaoaxe.blogspot.com/2008/12/texto-de-gey-espinheira-casa-e-rua.html?m=1. Acesso em: 11 abr. 2019.
·       Gazeta do Povo – Vida e Cidadania. 23 mil crianças ainda vivem nas ruas do Brasil. 2011. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/23-mil-criancas-ainda-vivem-nas-ruas-no-brasil-epp6r1bvny1r1impam9dv7426/. Acesso em 05/04/2019, às 20:41 hs.
·       GIL, A. C. Como elaborar projeto de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
·       GONTIJO, D.T. MEDEIROS, M. Et.al. Crianças e adolescentes em situação de rua: contribuições para a compreensão dos processos de vulnerabilidade e desfiliação social. 2006. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2009.v14n2/467-475/pt/. Acesso em: 12.03.2019
·       Ministério da mulher, da família e dos direitos humanos. População em situação de rua. Disponível em https://www.mdh.gov.br/navegue-por-temas/populacao-em-situacao-de-rua. Acesso em 28/03/2019, 21:13hs.
·       Ministério da mulher, da família e dos direitos humanos. Política Nacional para a População em Situação de Rua. Disponível em https://www.mdh.gov.br/navegue-por-temas/populacao-em-situacao-de-rua/politica-nacional-para-a-populacao-em-situacao-de-rua. Acesso em 28/03/2019, 21:22hs.
·       PAPALIA, D.E. FELDMAN, R.D. Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre. Editora ABDR.2013.
·       Presidência da República Casa Civil. Lei 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm.Acesso em 28/03/2019,20:23hs
·       SARMENTO, M.J. MARCHI, R.C. Et.al. Radicalização da infância na segunda modernidade: para uma sociologia da infância crítica. Dilemas, debates e impasses contemporâneos na sociologia da infância (SI). Infância contemporânea e agenda de pesquisa. A “não-criança”. A radicalização da infância contemporânea ou o “esgotamento” de um modelo. Linhas de desenvolvimento para uma sociologia da infância crítica. 2008. Disponível em: https://journals.openedition.org/configuracoes/498. Acesso em: 12.03.2019.




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