Avaliação psicológica da depressão: levantamento de testes expressivos e autorrelato no Brasil

Teste BDI-I

  • levantamento de instrumentos para avaliar a depressão como estado e como traço, incluindo a análise de técnicas expressivas e de autorrelato.
  • identificados 11 instrumentos com parecer favorável para a avaliação desse construto (cinco projetivos e seis psicométricos), um resultado positivo, considerando-se a quantidade de instrumentos aprovados pelo CFP.
  • A Depressão...

  •  trata-se de um transtorno que pode prejudicar as pessoas e a sociedade
  • deve ser avaliada de forma mais precisa, considerando-se seus diferentes níveis
  • tratamentos devem ser mais adequados às características de cada pessoa.
  • deve ser avaliada como estado e traço de personalidade.
  • avaliação da depressão como traço e estado são complementares (Campos, 2006, 2011).
  •  A avaliação do traço depressivo pressupõe...
  •  que ele varia ao longo de um contínuo, cujos extremos podem significar variados quadros clínicos depressivos, tratando-se de um traço relativamente estável, sendo considerado uma dimensão normal da personalidade.
  • resultados que variam na cronicidade, estabilidade e frequência com que certas características são exibidas
  •  História de Depressão...

    • O termo “depressão” surgiu no século 18, no contexto psiquiátrico europeu
    • significado é pressionar para baixo
    • o termo era associado à melancolia
    • século 19, o termo depressão suplantou o termo melancolia (Teixeira & Hashimotto, 2005).
    • O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – DSM-IV (APA, 1994) classifica as formas da depressão levando em conta a duração da patologia e sintoma.

    A depressão é classificada como transtorno de humor (DSM-IV, APA, 1994) ou transtorno afetivo (CID-10,OMS, 1997), que apresenta como característica predominante uma perturbação no humor,  alterando de maneira constante os estados emocionais (Ballone, 2010).

    Os transtornos depressivos incluem:
    •  o transtorno depressivo maior, 
    • o transtorno distímico 
    •  o transtorno depressivo sem outra especificação, com critérios diagnósticos específicos baseados no DSM-IV, derivados do modelo categórico.
    Instrumentos de autorrelato aprovados pelo CFP e SATEPSI;

    •  as versões I e II do Inventário de Depressão de Beck 
    •  Escala Baptista de Depressão (versão adulto) – EBADEP-A. 
    • Para a avaliação do traço depressivo, a EFN (Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo) possui fator que avalia depressão enquanto traço de personalidade, assim como a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) e o Inventário de Personalidade NEO-PI Revisado (NEO-PI-R). 
    Quanto aos instrumentos expressivos ou de desempenho, estão com o parecer favorável:
    • o House-Tree-Person (HTP), 
    • o Palográfico, 
    • o Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister, 
    • o Rorscharch 
    • o Zulliger, todos incluindo indicadores de depressão. 
    Vale ressaltar que nenhum dos instrumentos expressivos é exclusivamente destinado à avaliação de sintomas depressivos, e apenas três testes de autorrelato avaliam exclusivamente esses sintomas. 
    Assim, do total de 127 testes aprovados pelo CFP, 11 deles (8%) se destinam à avaliação desse construto.

     Os instrumentos - Vantagens e desvantagens

    Inventário de Depressão de Beck Versão I e II (BDI-I e BDI-II)
    • Avalia sintomas de depressão, sendo amplamente utilizado na investigação da intensidade dos sintomas depressivos, tanto em clínica como em pesquisas (Souza, 2010).
    • Os  itens da escala se referem a insatisfação, punição, tristeza, sentimento de fracasso,  pessimismo, autoaversão, retraimento social, indecisão, ideias suicidas, mudança na autoimagem,
    • choro, insônia, dificuldade de trabalhar, perda de apetite e peso, perda de libido, fatigabilidade e preocupações somáticas.
    • A pontuação da escala é em formato Likert de 4 pontos (0, 1, 2 e 3), podendo ter pontuações de 0 a 63, nos 21 itens (Cunha, 2001). 
    • permite ao avaliador identificar se há tendência à depressão, servindo para a construção de um diagnóstico (Rangé, 2001).
    • pode ser usada com pessoas entre 17 e 80 anos, sendo útil para avaliar a intensidade da depressão, podendo ser aplicada de forma individual ou coletiva, sem limite de tempo para sua aplicação.
    • O BDI-I permite a diferenciação de pacientes sem queixas específicas, com queixas físicas ou com queixas psiquiátricas de depressão

    Beck, Steer, e Brown (2010) publicaram o BDI-II

  • um teste de autorrelato composto por 21 itens e com objetivo de medir a intensidade da depressão.
  • A pontuação da escala é em formato do tipo Likert de 4 pontos (0, 1, 2 e 3), podendo ter pontuações de 0 a 63, nos 21 itens.
  • Aplicação individual ou coletiva
  • tem entre 5 a 10 minutos 
  • é indicado a partir dos 13 anos até a terceira idade (Beck et al., 2011)
  • Esse inventário avalia comportamentos associados à depressão. Auxilia o psicólogo na avaliação de uma possível severidade do caso, assim como fornece dados  sobre os padrões de pensamentos negativistas.

  • Escala Baptista de Depressão Versão Adulto (EBADEP-A)

    • objetivo de absorver o maior número possível de informações sobre a sintomatologia da depressão, com base no manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV, APA, 1994),
    • na classificação internacional de doenças (CID-10; OMS, 1997), na teoria cognitiva de Beck e na teoria comportamental de Fester. Essa escala possui 45 questões, cada uma composta por uma frase positiva e negativa.
    • Tem como opção de resposta uma escala do tipo Likert de 4 pontos (0, 1, 2 e 3). Nessa escala, o sujeito deve responder como se sente diante das situações propostas. 
    • A pontuação mínima a ser atingida é 0; a máxima, 135
    • ser atingida é 0; a máxima, 135.
    Para a criação de itens da EBADEP, estabeleceu-se número mínimo de cinco frases para cada um dos 28indicadores de depressão: 
    • humor deprimido, 
    • perda ou diminuição de prazer, 
    • choro, desesperança, desamparo,
    • indecisão, sentimento de incapacidade, 
    • sentimentos de inadequação, carência/dependência, negativismo, 
    • esquiva de situações sociais, queda de produtividade, inutilidade,
    • autocrítica exacerbada, culpa, diminuição de concentração,
    • pensamento de morte, autoestima rebaixada, 
    • falta de perspectiva sobre o presente, falta de perspectiva sobre
    • o futuro (incorporado à desesperança), hipocondria,
    •  alteração de apetite, alteração de peso, insônia/hipersonia,
    • lentidão/agitação psicomotora, perda de libido, fadiga/
    • perda de energia e irritação
    Permite o  avaliador/clínico identifica, de forma mais ampla, o grau de comprometimento do avaliado

    Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/ Neuroticismo (EFN), Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) e Inventário NEO-PI de Personalidade Revisado (NEO-PI-R)

    • São  três instrumentos agrupados, já que todos têm a mesma base, qual seja, o modelo dos cinco grandes fatores de personalidade (CGF).
    Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/ Neuroticismo (EFN)
    • desenvolvida por Hutz e Nunes (2001).
    • mede o desajustamento emocional com base no pressuposto dos CGF 
    • O modelo CGF compreende a personalidade humana em cinco fatores: neuroticismo,  agradabilidade/socialização, abertura para experiência, extroversão e conscienciosidade/realização
    • Esses fatores se subdividem para medir construtos específicos
    • fator neuroticismo: possui quatro facetas que avaliam:
      • a predisposição para a depressão, 
      • vulnerabilidade, 
      • ansiedade
      • e desajustamento psicossocial (Hutz & Nunes, 2001; Nunes, 2000)
    • avalia características de ajustamento e instabilidade emocional
    • Destina-se a adolescentes a partir dos 16 anos até a idade adulta.
    • É  autoadministrável, possui 82 itens dispostos em uma escala do tipo Likert de 7 pontos (de 1 a 7)
    Bateria Fatorial de Personalidade (BFP)

  • avaliação da personalidade por meio de traços e, assim como a Escala Fatorial de Neuroticismo, está pautada no modelo dos Cinco Grandes Fatores – CGF
  • O teste possui 126 itens, respondidos quanto ao grau de concordância/identificação com as afirmativas.
  • escala do tipo Likert de sete pontos (de 1 a 7), com a pontuação maior atrelada à identificação do avaliado com a frase.
  • A depressão é avaliada como uma das facetas de Neuroticismo.
  • Aplicação individual ou coletiva
  • pessoas de 10 a 92 anos

  • Inventário NEO-PI de Personalidade Revisado (NEO-PI-R)

    • (Costa & Mccrae, 2007) 
    • também se baseia no modelo CGF para a avaliação da personalidade. 
    • Trata-se de um instrumento amplamente utilizado internacionalmente em pesquisas, com utilidade demonstrada em diferentes culturas (Costa & Mccrae, 1992; Mccrae, 2002). 
    • O teste possui 240 questões, respondidas em escala do tipo Likert com cinco opções de resposta (de 1 a 5), indicando o nível de concordância com as descrições das frases.
    • Esse teste de autorrelato é destinado ao público adulto de modo amplo. 
    • O fenômeno da depressão é estudado como uma faceta do fator Neuroticismo, com 12 itens destinados a sua avaliação. 
    • No manual do instrumento, há diversos estudos psicométricos verificando as propriedades psicométricas das dimensões e facetas, incluindo estudos de busca de evidências de validade com base na estrutura interna e com base nas relações com critérios externos, além dos estudos de fidedignidade e normatização.

    Referências.

    Artigo: Avaliação psicológica da depressão: levantamento de testes expressivos e autorrelato no Brasil Paula Ely Universidade do Planalto Catarinense, Lages-SC, Brasil Maiana Farias Oliveira Nunes1 Faculdade Avantis, Balneário Camboriú-SC, Brasil Lucas de Francisco Carvalho Universidade São Francisco, Itatiba-SP, Brasil

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