A Psicoterapia Junguiana...
- não é um método simples e evidente.
- é um tipo de procedimento dialético, isto é, de um diálogo ou discussão entre duas pessoas.(pg.13)
- a pessoa é um sistema psíquico, que, atuando sobre outra pessoa, entra em interação com outro sistema psíquico (pg.13) estabelecendo aí a relação psicoterapêutica psicólogo-paciente ou ainda, interação p´siquica.
- a psicoterapia deixa de ser um método aplicável de maneira estereotipada por qualquer pessoa, visando um resultado. com base nos seguintes fatos:
- a necessidade de reconhecer que era possível interpretar os dados da experiência de diferentes maneiras.
- Surgiram diversas escolas de concepções opostas, baseadas em pressupostos psicológicos especiais que produzem resultados psicológicos específicos. Cada uma desses métodos e teorias tem sua razão de ser, devido aos êxitos obtidos em certos casos.
- As contradições em qualquer ramo da ciência comprovam apenas que o objeto da ciência tem propriedades, que só pode ser apreendida pelas contradições.
- se individualidade fosse singularidade, isto é, se o indivíduo fosse totalmente diferente de qualquer outro indivíduo, a psicologia seria impossível enquanto ciência, isto é, ela consistira num cais de opiniões subjetivas.
- A individualidade é relativa, pois apenas complementa a conformidade ou a semelhança entre os homens, e podem se referir apenas a partes do sistema psíquico conformes, e que podem portanto, serem comparadas e apanhadas estatisticamente.
O psicoterapeuta na terapia individual...
- Pode fazer declarações legítimas apenas a respeito do ser humano genérico, ou pelo menos relativamente genérico, e jamais fazer afirmações sobre o indivíduo.
- Tudo que o psicoterapeuta encontrar nele mesmo, ou seja, em sua individualidade, corre o risco de violentar o outro, e abalar seu poder de persuasão.
- Precisa renunciar à sua superioridade no saber, a toda e qualquer autoridade e vontade de influenciar, para que consiga fazer um tratamento psíquico com alguém.
- deve adotar o método dialético de confrontar as averiguações mútuas, deixando o outro a oportunidade de apresentar seu material o mais completamente possível, se eximindo de seus pressupostos. Único meio de se relacionar com o cliente. Todo desvio dessa atitude significa terapia por sugestão, em que o indivíduo não importa perante o genérico.
- Só importa o método em que o terapeuta tem confiança; Sua fé no método é decisiva. Se acreditar, ele fará por seu paciente tudo quanto estiver ao seu alcance, com seriedade e perseverança, e esse esforço voluntário e essa dedicação têm efeito terapêutico.
- Os limites são fixados pela antinomia individual-coletivo, enquanto critério psicológico, pois há pessoas com traço principal o coletivo, e outras com traço principal a individualidade.
As neuroses oriundas da valorização exagerada do individual se dividem em dois grupos, do ponto de vista psicológico:
- um contém homens coletivos de individualidade subdesenvolvida
- outro, homens individualistas de atrofia da adaptação ao coletivo.
O enfoque terapêutico também se diferencia com essa distinção, uma vez que, um individualista neurótico, não pode sarar, a não ser que, reconheça o homem coletivo dentro de si e a necessidade de ajustamento coletivo. Por outro lado, há aqueles que estão adaptados ao coletivo, precisam desenvolver o individual.
"O terapeuta não é mais um sujeito ativo, mas ele vivencia junto um processo evolutivo individual." (pg.18)
- Há a exigência de análise para o próprio analista. (Jung) sair da condição de superior, conselheiro, para alguém que experiencia junto, colocando-se em pé de igualdade ao cliente.
- O os analistas também têm seus complexos (Freud)
- Aquilo que não está claro para o analista, porque não o queremos reconhecer em nós mesmos, nos eleva a impedir que se torne consciente no paciente, em detrimento do mesmo.
- o dialogo analítico final entre psicólogo e cliente tem que incluir a personalidade do psi.
- A relação psicólogo-cliente tem que ser um método dialético, em que a personalidade do paciente tenha a mesma dignidade e direito de existir do psicólogo.
- o efeito terapêutico depende de um lado do "rapport" (relação) chamada por Freud de Transferência, e por outros, de força de persuasão e de penetração da personalidade do psi.
- o psicoterapeuta corre o risco de se envolver nas neurosos de seus pacientes
Uma pessoa exclusivamente coletiva...
- pode mudar através de sugestão
Uma pessoa exclusivamente individual...
- só pode se tornar o que é e sempre foi,.
Cura...
- tem o sentido de transformação
- sempre que possível e não for sacrificar a personalidade do paciente em demasia, ele deve ser transformado terapeuticamente.
- Se o paciente reconhece que a cura pela transformação significaria renunciar demais à sua personalidade, então o psicólogo deve renunciar a sua vontade de transformar. O analista deve deixar aberto o caminho individual da cura, caminhando para o processo de individuação, e não mais de transformação da personalidade.
Processo de Individuação..
- o paciente se torna aquilo que de fato já é.
- aprende a ver com gratidão os seus sintomas neuróticos.
- percebem que esses sintomas neuróticos sinalizam que está desviando de seu caminho individual e, quando e onde coisas importantes tinham ficado inconscientes.
- Jung mostrou e transmitiu o conceito de individuação, mostrando ou tentando mostrar, os fenômenos do inconsciente no próprio material empírico, pois no processo evolutivo individual, o inconsciente passa a ocupar o primeiro plano.
- A evolução psíquica individual produz a princípio algo muito parecido com o velho mundo das fábulas, o que permite compreender que o caminho individual produz a impressão de um recuo a tempos pré-históricos, de uma regressão na historia da evolução espiritual, e como se algo muito inconveniente estivesse acontecendo - algo que a intervenção terapêutica deveria impedir.
- Jung observou que o mesmo acontecia com as psicoses paranoicas da esquizofrenia, podendo encontrar aí grande volume mitológico. Chama atenção para o perigo de se expor a camada mitológica da psique, uma vez que, esses conteúdos exercem sobre o paciente grande fascínio.
- O processo de cura mobiliza essas forças para alcançar seus objetivos.
"...a simples reflexão sobre a razão por que certas situações da vida ou certas experiências são patogênicas, nos faz descobrir que a maneira de ver as coisas muitas vezes, tem um papel decisivo."(pg;28)
- certas coisas se tornam nocivas ou perigosas, simplesmente porque, existem outras maneiras de vê-las .
- Exemplo: a riqueza significa a felicidade e a pobreza, a infelicidade. Porém, nem todo rico é feliz e nem todo pobre é infeliz.
- Importante que o analista amplie o seu conhecimento na área das ciências do espírito, para estar a par do simbolismo dos conteúdos psíquicos do cliente.
Atuar dentro do campo da psicologia das neuroses torna imprescindível conhecer os pontos de vista de Sigmund Freud e de Adler.
- As neuroses mais difíceis precisam, em geral, de uma análise redutiva dos seus sintomas e dos seus estados.
- Agostinho distingue dois pecados capitais:
- cobiça - corresponde ao princípio do prazer de Freud.
- orgulho - corresponde à vontade de poder, querer estar por cima de Adler.
O tratamento...
- Tratamento Analítico-dedutivo - 1ª fase que termina quando as sessões começam a ficar monótonas e repetitivas, sugerindo estar em vias de paralisação. Três ou quatro sessões iniciais.
- Tratamento Sintético - 2ª fase que equivale ao método dialético e à individuação. Deve-se aí espaçar mais as consultas, estimulando a autonomia do paciente, a sua habilidade em interpretar os próprios sonhos.
- Essa autonomia ou trabalho feito pelo paciente conduz a assimilação progressiva do inconsciente, à integração final de sua personalidade e eliminação da dissociação neurótica.
Referências:
JUNG. Carl Gustave. Obra completa. A prática da psicoterapia. Volume 16/1 Psicoterapia. 16 edição. Editora Vozes. Rio de Janeiro, 2018. 8 reimpressão.
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