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sábado, 7 de maio de 2022

Psicoterapia Breve na Adolescência - por Ênio Brito Pinto

Psicoterapia Breve...

Tem seu marco inicial em 1941, nos Estados Unidos:

  •  pelos psicanalistas Sandor Ferenczi e Franz Alexander
  •  momento em que o centro do trabalho terapêutico passa de pulsões às relações ampliando e fundamentando o campo das psicoterapias.
Gillierón (1986) explica que surge a partir do olhar para:

  •  as condições sociais da época:
  • aumento de pessoas com problemas psicológicos;
  • questão financeira;
  • pouco tempo disponível para terapia;
  • ampliação do trabalho para classes menos favorecidas
  • situações coletivas trágicas-catástrofes naturais ou crises sociais;
  • papel preventivo que a psicoterapia breve pode exercer.

Ainda demanda atenção, estudos e desenvolvimentos teóricos:
  • tem crescente potencial de ser eficiente recurso psicoterapêutico:
    •  nos problemas existenciais; 
    • no suporte ambiental; 
    • no amadurecimentos necessários; 
    • no lidar com a própria existência.
  • Tem função preventiva, afim de evitar problemas maiores.
  • Modo de trabalho para um número significativo de atendimentos.
Contemporaneidade e a Psicoterapia Breve:
  • em franco processo de crescimento
  • maior abertura da psicologia e psicoterapia para a população;
  • modificação da percepção social do trabalho psicoterápico;
  • deixou de ser visto como tratamento para doentes metais.
  • passou a fazer parte do cotidiano dos indivíduos, independentemente, da classe social e ou idade- popularização da psicoterapia;
  • as pessoas procuram a psicoterapia preventivamente, antes que as coisas se tornem graves, o que demandariam tratamento mais longo.
  • atende demandas de hospitais, serviços públicos; convênios médicos; clínicas de formação de terapeutas.
Estratégias de trabalho com Psicoterapias Breve:
  • Baseia-se na tríade: relação terapêutica; compreensão diagnostica e foco.
  • Tendência de que a maioria das pessoas irão fazer algumas psicoterapias breves ao longo da vida, ao invés, de uma terapia de longo prazo ou com prazo indeterminado.
  • Cada modalidade  tem: clientela, indicações, pertinência, limites e qualidades específicas.
  • Ambos modelos de curta e longa duração, de psicoterapia,  têm a mesma finalidade de ampliação:
    • da qualidade do contato;
    • da responsabilidade
    • da autonomia
    • da capacidade amorosa
    • do cuidado pessoal consigo
    • do cuidado com o outro
    • do cuidado com o mundo
Psicoterapia breve como principais caminhos do futuro:
  1. permite que o terapeuta atenda mais clientes, preservando a qualidade dos atendimentos:
    • maior acesso a pessoas de diferentes classes sociais;
    • tem custo reduzido e previsível ao contrário da psicoterapia de longo prazo;
    • demanda aperfeiçoamento técnico do profissional - saber lidar com demandas existenciais, retomando a auto atualização e ampliando sua autonomia.
  2. psicólogo tem maior participação cultural:
    • possui aspectos preventivos muito relevantes;
    • maior informação sobre limites e alcances ampliam o papel do psicólogo como agente  de saúde fundamental para comunidades humanas.
    • Com adolescentes são inúmeros os processo terapêuticos preventivos individuais e grupais:
      • questões vocacionais;
      • crises previsíveis;
      • enfrentamento do vestibular;
      • ingresso no mercado de trabalho,
      • sexualidade, etc.
Psicoterapia Breve em Gestalt-terapia com Adolescentes, enquanto efetivo meio de retomada do crescimentos por parte do cliente num tempo relativamente curto.
  • Ênfase...
    • ... na postura dialógica;
    • ... na confiança na sabedoria do cliente;
    • ...na concepção de ser humano imerso em um campo que deve ser fortemente considerado em terapia;
    • ...na compreensão do sofrimento e da psicopatologia como ajustamentos criativos;
    • ... na preciosa atenção ao sentido dos sintomas vividos.
  • Proposta...
    • não se propõe a combater o sintoma, mas a dialogar com ele em busca de seu sentido, além de compreender a relação terapêutica como uma experiência emocional atualizadora (Pinto, 2009)
  • Fundamentação...
    • Relação terapêutica
    • Compreensão Diagnóstica
    • Foco
  • O campo na adolescência abrange...
    • o adolescente tido como um ritual de passagem entre a infância e vida adulta.
    • envolve a apropriação e a compreensão pela cultura de uma mudança natural que acontece com a pessoa.
    • puberdade e transformações do corpo, indicando que a idade adulta está chegando, trazendo consigo novas possibilidades e responsabilidades.
    • a necessidade de ampliar a capacidade de simbolização como meio de passagem para a idade adulta.
    • Ponte que une dois continente, o da infância e o da idade adulta, segundo Lima Filho (1997)
    • Essa ponte vem se ampliando, tomando espaço da infância (crianças sendo adolescentes) e da vida adulta ( adultos ainda sendo adolescentes), segundo Pinto (2004).
    • Elementos psicológicos que definem a adolescência segundo Pinto:
      • estabelecimento da identidade pessoal;
      • redefinição da imagem corporal
      • busca das relações de autonomia ampliada
      • abandono da dependência dos pais
      • elaboração dos lutos pela perda do corpo infantil e da infância
      • estabelecimento de valores pessoais;
      • busca de grupos de pertinência;
      • estabelecimento de um relacionamento diferente com a geração anterior;
      • assunção de funções ou papéis sexuais auto-outorgados;
      • aceitação dos ritos sociais de iniciação
      • ampliação dos horizontes existenciais
    • O encontro com a vida adulta é marcado por sinais que demarcam o término da adolescência:
      • estabelecimento de uma identidade pessoal e sexual
      • possibilidade de estabelecer relações afetivas estáveis e fundadas na confiança mútua;
      • capacidade para assumir compromissos profissionais;
      • capacidade de lidar responsavelmente com o dinheiro e seus significados
      • desenvolvimento de uma moral própria bem assumida, livre e flexível;
      • possibilidade de relações de reciprocidade com a geração precedente
      • assunção da capacidade de, responsavelmente, cuidar-se, cuidar do ouro, cuidar do mundo.
Psicoterapia breve para adolescentes...
  • o adolescente precisará de um bom autossuporte e suporte ambiental confiável.
  • apoio ambiental provém do ambiente familiar, da escola e outras criações culturais que esteja inserido.
  • indicada para a maioria dos jovens na facilitação e retomada do processo de auto atualização
  • requer um profissional atualizado teórica e eticamente.
  • tem início no contato entre terapeuta e cliente com a explicação de regras básicas visando o bom aproveitamento da experiência;
  • o tempo deve-se dar em 6 meses, podendo ser prorrogado.
  • frequência ideal seriam 2 vezes por semana, porém, a maioria ocorre  em 2 vez por semana.
  • é possível  atendimentos online, porém, ainda requer pesquisas a respeito.
  • espaço presencial para atendimentos à família quando necessário.
A Relação terapêutica...
  • se dá no entre dialogal 
  • é uma coconstrução entre terapeuta e cliente num determinado campo.
  • Pinto (2021) - tem como ponto central o que uma pessoa precisa para se tornar mais e mais quem se é, sendo uma experiência emocional atualizadora.
  • A experiência emocional atualizadora é tida como um ajustamento criativo que está cristalizado e precisa ser atualizado para que o desenvolvimento reencontre seu tempo e sua melhor possibilidade no agora.
  • A atualização depende da forma como o terapeuta se relaciona com o cliente:
    • cliente deve ter o desejo de mudar e a coragem para confirmar e buscar atender a esse desejo.
    • terapeuta deve atender a quesitos técnicos básicos, ter a coragem de ser e de se arriscar num processo que visa auxiliar a transformação do outro, transformando-se.
  • Desafios enfrentados pelo terapeuta ligados ao desapego e ao poder:
    • O desprendimento do outro - capacidade de deixar que o cliente se vá, siga sozinho, com autonomia.
    • O desprendimento -  saber que apesar de ter sido importante na vida do cliente em dado momento, não precisa continuar a ser.
    • terapias longas abre possibilidade de agenda cheia e previsibilidade de ganhos, porém, terapias breves, requer maior criatividade na lida com o dinheiro.
  • Provoca no terapeuta no sentido de exercer com mais clareza e confiança o poder derivado:
    •  de seu conhecimento técnico
    • de sua capacidade de colocar-se terapeuticamente a serviço do outro.
    • poder de autoridade derivado da confiança no saber, inacabado mas, suficiente.
    • poder de autoridade que assume sua responsabilidade e sabe que tem um ideologia que sustenta seu trabalho.
    • o poder de, usado apenas em emergências muito graves (ideação suicida, por exemplo)
    • o poder de mesmo conhecendo os caminhos, não oferecer um caminho ao outro, mas ajudá-lo a encontrar seu próprio caminho, acompanhando-o nesse trajeto.
A Aliança Terapêutica
  • primeiro, cuidar do manejo clínico para que a aliança se construa.
  • autenticidade, empatia, coerência e congruência
  • o cliente precisa perceber que o terapeuta o compreende, compreende seu mundo sem julgamentos e sente tenta impor um projeto existencial
  • é preciso envolver a família na aliança terapêutica
  • só se pode prometer ao cliente e família a busca ética , nunca o resultado dela.
  • é preciso ficar claro o compromisso de todos-terapeuta cliente e família - envolvidos no processo.

Referência: 
ZANELA, Rosana; PINHEIRO, Lia. adolescência na clínica gestáltica. Summus editorial.  São Paulo, 2021.

terça-feira, 31 de agosto de 2021

A importância da primeira entrevista

  •  é a porta de entrada, o “cartão de visitas” do terapeuta para seus clientes.
  • troca-se muito mais do que apenas informações contratuais e queixas iniciais
  • se estabelece vínculos de suporte fundamentais para o desenvolvimento do processo psicoterapêutico. 
"As primeiras entrevistas são momentos de conhecimento e escolha mútua em que o cliente se apresenta pelos seus motivos, queixas, questões e história de forma peculiar, e o terapeuta se mostra pelo seu estilo pessoal, sua indumentária, seu escritório de atendimento e suas formas de intervir. As primeiras entrevistas são também momentos de acolhimento e preparação para o vínculo que começa a se fazer. A forma de presença do terapeuta é, portanto, fundamental para o tipo de relacionamento que vai acontecer."(SILVEIRA, 1997, p.12)

Fatores interferem neste primeiro contato...
  • ser a primeira experiência com um(a) psicoterapeuta; 
  • o preconceito presente em nossa sociedade em relação a quem busca ajuda psicológica (Isso é coisa de “maluco”!);
  • o cliente ter vivido experiências desprazerosas em outras tentativas de tratamento com psicólogos,  não se sentindo ouvido ou entendido
  • falar de problemas n]ao resolvidos é por si só motivo de constrangimentos.
"Os encontros iniciais são fundamentais para firmar a confiança na relação, fornecer suporte e desenvolver o auto-suporte. Muitos autores têm escrito sobre o assunto. Yontef, por exemplo, afirma que a Gestalt-terapia é uma abordagem existencial, que tem sua base no relacionamento de uma forma específica de diálogo  existencial inspirado na relação EU-TU de Martin Buber. (SILVEIRA, 1997.p13)

Visão  de homem do terapeuta 
  • postura coerente para realizar o trabalho
  • baseia-se na visão de homem e  de mundo coerente com sua abordagem de atendimento psicológico.
  • "O Gestalt-terapeuta alega não curar nem condicionar — mas se percebe como um observador do comportamento real e um guia do aprendizado fenomenológico do paciente." (YONTEF (1998)
  • propõe a ampliação da cosnciência na relação terapeuta-cliente.
"Encontro existencial significa encontro real entre duas pessoas, numa relação paritária, onde ambos estão sob uma única luz: o fato de estar e de ser no mundo, numa tentativa de compreender, de experienciar; de reavaliar, de fortalecer, de singularizar o que significa, de fato, existir. Desejamos recuperar a integridade do ser humano, e desejamos fortalecer o seu movimento interno para a harmonia, lutando contra toda forma de dicotomia. (RIBEIRO (1985) apud SILVEIRA (1997) p. 34)
  • conhece sobre seu modo de estar em contato com o mundo, mais ela pode se permitir escolher opções mais saudáveis para ela mesma. 
O primeiro contato com o cliente
  • por telefone, email, etc.
"“Até aqui, já coletei uma quantidade de informações não verbais. Como decodificá-las e o que vou fazer delas ainda não sei. Ficam guardadas para uso posterior.” (JULIANO (1999), p.27)
  • Observar...
    • forma como o cliente chega até o terapeuta, como por exemplo: a forma o cliente chega até o terapeuta, contato no momento da marcação da entrevista inicial, sua postura na sala de espera e como se dá o primeiro contato propriamente dito.
    • Algumas perguntas que o terapeuta pode se fazer e de alguma forma encontrar as respostas, entre outras, são úteis no sentido de nortear essa busca de compreensão mais ampla desta pessoa.
    • como o cliente chegpu ao terapeuta
    • como se dá o contato, se há empenho, flexibilidade, disponibilidade por pare do cleinte.
    • postura na sala de esera, cumpre horário, vai só ou acompanhado, como se comporta
    • Que sensação tem o terapeuta no primeiro contato?
"No dia e hora marcados, ele chega e toca a campainha. Continua aqui a percepção da estrutura de seu comportamento. Como é esse toque: forte, insistente, ou tímido e quase inaudível? Chega antes da hora, pontualmente ou se atrasa?... Fico ao mesmo tempo atenta a mim mesma, ao meu próprio fluxo perceptual. O que sinto, o que penso, que imagens brotam em mim, reações corporais, a minha postura..." (JULIANO (1999)p.27)

Acolhimento do terapeuta...
  • deve  facilitar esse primeiro contato para o cliente
  • estar atento para as dificuldades surgidas neste primeiro contato e procurar facilitar com que o cliente possa expressar-se de acordo com suas potencialidades
  • o terapeuta usa como recurso a própria relação que está estabelecendo com o cliente como termômetro para guiar a aproximação possível a cada momento.
  • checar diretamente com o cliente como é para ele estar ali com uma pessoa “desconhecida” falando sobre o que o trouxe até ali. 
  • pode sinalizar, pontuar e trazer também os aspectos positivos do discurso do seu cliente de forma a ajudá-lo a ampliar sua visão de si próprio e de suas potencialidades, tornando muitas vezes este primeiro contato mais ameno e menos ameaçador para o cliente.
  • perguntar  o motivo que a trouxe até ali ou será mais interessante comentar um assunto mais leve, agradável e corriqueiro só para dar uma “aquecida”? Este é momento do rapport , em que o terapeuta busca ser acolhedor acompanhando aquela pessoa, porém tendo a noção da proposta daquele contato.
  • pode checar com o cliente o que ele espera de uma psicoterapia, quais são os seus objetivos com aquele tratamento.
  • Cuidar da linguagem usada com seu cliente também é muito importante.
  • Nem sempre o cliente vai chegar falando livremente.
  • Importante respeitar os limites do cliente sempre.
Preparação para a primeira entrevista requer planejamento:
  • não precisa ser rpigido.
  • definir o objetivo daquele encontro
  • saber que o cliente vai a terapia para pedir ajuda
  • que o cliente não  conhece as regras e demanda um tempo para se sentir confortável.
  • verificar se tem disponibilidade para acompanhar aquele paciente.
  • preparar o ambiente,garantindo conforto e segurança ao cliente.
  • apresentação do terapeuta - aparência externa - como me visto, me comporto...
  • previsão do tempo de sessão e administra-lo.
  • deve ter clareza do valor do seu trabalho, de seu tempo e do quanto vai cobrar.
  • felxibilidade ao estabelecer valores, que sejam confortáveis a ambos terapeuta-cliente.
  • periodicidade do pagamento - pacotes de sessões, sessões individuais.
Desenvolvimento da primeira entrevista
  • ouvir com atenção a queixa que o trouxe ao consultório.
  •  identificar ao máximo o que o levou a buscar a terapia
  • nortear a primeira entrevista, além da queixa inicial do cliente, tendo a pesquisar algumas áreas significativas da sua vida, como por exemplo: família, vida afetiva, vida social, profissão e a sua religião. 
  • Relação com a família
  • Relações da Vida afetiva
  • Relações na vida social
  • Relação com a profissão
  • Relação com a religião
Encaminahmento do tratamento após primeira entrevista
  • atneder às  necessidades e possibilidades do cliente.
  • o terapeuta conheça das várias formas possíveis de atendimento (individual, em grupo ou familiar) para fazer uma indicação adequada e funcional. 
  • indicação com o possível para aquele cliente naquele momento
  •  ter informações sobre os diferentes serviços de saúde existentes para a orientação ao cliente
Contrato para os próximos encontros
  • definir necessidades e importancia do tratamento.
  • como aconterão so encontros
  • regras de funcionamento na relação terapêutica
  • ler as regras e assinar junto com o cliente.
"Considero aquilo que chamamos de contrato terapêutico como muito importante para o desenrolar do processo. O maior índice de desistência na psicoterapia é devido a mal-entendidos no contrato. Penso, então, no papel do terapeuta, no sentido de passar as informações de forma clara para que o cliente saiba o que ele nessa relação pode receber, com o que ele pode contar, até onde pode ir e decidir se aceita ou não as condições. Se por um lado quem estabelece as regras do contrato é o terapeuta, cabe ao cliente manifestar a sua opinião. Essa é mais uma oportunidade de verificar como o cliente se relaciona com as propostas do terapeuta. (SILVEIRA (1997)p13.)

Referências:

 

Setting e contrato terapêutico na Gestalt-terapia

  •  Apresenta o exame dos elementos e das condições constituintes do contrato terapêutico numa perspectiva gestáltica na perspectiva de Lima Filho (1995), Aguiar (2014), Müller-Granzotto e Müller-Granzotto (2007), Rosa (2008) e D’Acri (2009).
  •  interessa identificar o usuário e o serviço de psicoterapia, em que o entendimento desse campo de trabalho remete inexoravelmente à clínica

CONTRATO E CONTRATO PSICOTERÁPICO

"Etimologicamente, o termo “contrato” é originário do latim contactu e significa “trato com”. Ou seja, o trato que se estabelece entre duas ou mais pessoas, em determinada ocasião e sobre determinado objeto."

"contrato terapêutico é também “um acordo entre duas [terapeuta e cliente] ou mais pessoas [grupo, casal, família etc.], para a execução de alguma coisa [psicoterapia], sob determinadas condições [cláusulas do contrato]” (D’Acri, 2009, p. 43)."

"“um trato que se faz com, de onde se deduziria que cliente e psicoterapeuta estariam definindo em comum acordo as regras e responsabilidade recíprocas que irão reger seu trabalho” Lima Filho (1995, grifo do autor, p. 77)

Aspecto diferencial entre contratos na abordagem gestáltica e nas demais:

  •  é a ênfase no fazer com o cliente, “em comum acordo”. 
O contrato terapêutico tem duplo dimensionamento, atendendo ao mesmo tempo:

 1) à necessidade de regulações objetivas do trabalho terapêutico, em que devem ser contempladas as necessidades do terapeuta;

 2) às necessidades de engajamento tanto de trabalho quanto emocional do paciente.

"Os elementos contratuais, além de ter coerência interna, devem ser coerentes também com as concepções filosóficas e epistemológicas da abordagem psicoterápica em que estão insertos."

Hycner (1995), menciona uma eftiva tensão, entre a dimensão objetiva e subjetiva pertinente à psicoterapia:

  •  como essência da prática psicoterapêutica a forte evocação de polaridades opostas, de maneira que muitas vezes se sente que irão dilacerar a sensibilidade do terapeuta, fazendo que o trabalho de psicoterapia constitua o terapeuta no campo vivo de batalha dos paradoxos inerentes à prática dessa profissão.
  • a tensão entre a dimensão objetiva e subjetiva exige integração equilibrada por parte do psicoterapeuta.
  • considera elementos objetivos e todos os elementos subjetivos que também o justificam, permeiam e constituem, imiscuídos nas diversas necessidades e possibilidades de aceitação, confirmação, refutação e também sabotagem de sua própria celebração e do processo terapêutico intencionado.

Elementos norteadores da psicoterapia...
  • enquadre não é um termo utilizado na gestalt-terapia, pois traz a ideia de forçar a algo.
  •  os papéis entre terapeuta e cliente não podem ser alterados, para que se efetive a psicoterapia.
  • devem ser apresentados ao cliente em forma de contrato terapêutico.
Principais  elementos do contrato referentes...
  •  à dimensão temporal (início e término, duração de cada encontro e do tratamento, periodicidade, interrupção e férias, bem como faltas e atrasos),
  •  à dimensão espacial (o local e suas características) 
    • diz respeito ao local e a suas características, que devem ser relativamente estáveis ou fixas – as sessões ocorrem sempre no mesmo local geográfico e na mesma sala
  •  à dimensão relacional (sigilo, valor dos honorários, forma de pagamento e sua periodicidade, reajustes e funcionamento do processo terapêutico). 
    • diz respeito a sigilo, valor dos honorários, forma de pagamento e sua periodicidade, reajustes, não comparecimento às sessões e atrasos, bem como ao funcionamento propriamente dito do processo terapêutico
"A exposição dessas dimensões permite compreender a necessidade de celebração do contrato terapêutico e de seu sentido, assim como a necessidade de manejo dele ao longo da psicoterapia."

"Como já vimos (Neubern, 2010; Lima Filho, 1995), quando não há contrato ou quando este não é suficientemente esclarecido, surgem implicações negativas, como ausência de adesão e/ou abandono da psicoterapia e confusões sobre papéis e funções, além da dificuldade de utilizar manifestações sobre elementos contratuais para promover a ampliação da awareness do paciente."
  • manifestações relcionais na entrevista devem ser colocadas à disposição do paciente.,
  • esse tipo de contrato se aplica  a pacientes organizados, sem transtornos mentais graves tais que necessitem de mediação institucional ou familiar.
"Nunca é demais lembrar que o ato humano contém a historicidade do agente (Rehfeld, 1992). Assim, passado, presente e futuro (história) estão condensados em cada uma das relações estabelecidas: ser é relacionar-se, e quando há relação há tempo. Não o tempo cronológica e vulgarmente tomado, mas como horizonte possível de toda e qualquer compreensão do ser (Heidegger, 1993)"

Momentos conscituídos no início do processo psicoterapêutico...

'Exposição e investigação – implica exposição e conhecimento mútuos. O terapeuta se deixa sentir e ver pelo paciente, ao mesmo tempo que este sente, investiga e estabelece uma compreensão de sua queixa, culminando na compreensão diagnóstica. De forma mais criteriosa, o terapeuta verifica a viabilidade do processo terapêutico com base na qualidade do contato, ou seja, se este é suficientemente positivo para dar início a um processo terapêutico e se as demandas apresentadas pelo paciente inserem-se em sua competência clínica."

" Exposição da compreensão psicodiagnóstica – consiste na tradução para o paciente de sua condição em linguagem clara e acessível, de forma que ele perceba positivamente a existência de respeito e consideração efetiva acerca das suas demandas, ao mesmo tempo que o terapeuta solicita confirmação acerca da compreensão exposta."

"Acordo terapêutico – refere-se à declaração do terapeuta de sua intenção e possibilidade de ajudar o paciente, quando isso for efetivamente verdadeiro, com a indagação sobre o interesse do paciente no início ou na continuidade da psicoterapia. Havendo concordância, estão estabelecidas as condições para a celebração do contrato terapêutico. "

"Contrato terapêutico – corresponde à fase final do início da psicoterapia e à inicial do processo psicoterápico. Formalmente anunciado e celebrado, o contrato permanece dependente do cumprimento das condições anteriores." 

O que deve ser notdo pelo psicoterapueta...

1) sentiu-se considerado e respeitado; 
2) entende que o terapeuta compreende sua queixa e sente-se em condições de ajudá-lo; 
3) concorda e, com o terapeuta, quer a realização da psicoterapia.

"a primeira sessão pode não ter sido suficiente para que o paciente se sinta incluído e confirmado (Buber); a compreensão diagnóstica talvez ainda não tenha sido estabelecida pelo psicoterapeuta, está pouco clara ou necessita de melhor consideração; por motivos diversos, o terapeuta precisa de mais informações objetivas que não foram fornecidas na primeira sessão. "

Duração das sessões de psicoterapia...
  • atendimento individual - 50 minutos
  • grupo, casal, família - 90 minutos
"Além da pertinência técnica, o tempo da psicoterapia deve fornecer condições de disponibilidade do psicoterapeuta"

"a cronologia tem caráter organizador, de regulação da ansiedade e de acolhimento da angústia. A angústia não atende a relógios, mas saber que alguém disponibiliza um tempo em sua agenda para o acolhimento torna-se, por si mesmo, um alívio, até mesmo para aquelas angústias que a própria cronologia provoca."

Agendamento e à periodicidade das sessões...
  • fixar hora´rio e número de sessões semanais.
  • dia e horário marcado propõe ideia de rotina.
A liberdade para interromper a psicoterapia antes da consecução de seus objetivos:
  •  precisa ser contratualmente reafirmada para o paciente como um elemento possível e real, a despeito da discordância ou concordância do terapeuta. 
A Gestalt-terapia é uma abordagem que tem no contato um de seus principais conceitos; 
  • na relação dialógica buberiana a tradução dessa noção e sua operacionalização para o processo terapêutico;
  •  na fenomenologia e no existencialismo a fundamentação da noção dialógica, de homem e de mundo (Karwowski, 2005).
  • o contrato também é uma forma de relação, um tipo de contato, manifestações de ajustamento funcionais e disfuncionais estão presentes na celebração deste (Rosa, 2008).
  •  deve ser assegurado ao paciente o sigilo profissional que resguarda a si e ao seu processo terapêutico contra qualquer tipo de exposição, seja ela a familiares, interessados ou não no bem-estar do paciente (pais, irmãos, cônjuges e outros) ou a instituições.
  • o valor dos serviços oferecidos em psicoterapia precisa ser acordado entre terapeuta e paciente, sendo função do profissional deliberar o valor que quer receber por seu tempo de trabalho e sua flexibilidade para o fornecimento de desconto ou de negociação.
  • No caso de coincidência de férias, ambos acordam um breve período de interrupção do processo, raramente superior a 30 dias.
  • Reajustes com base no INPC ( Índice nacional de Preços ao Consumidor, à variação inflacionária, sem abuso.
  • o não comparecimento, por qualquer motivo alegado, é considerado falta e deverá ser pago, caso não seja avisado rpeviamente.
  • A desmarcação ocorre quando o paciente avisa sobre seu não comparecimento, devendo ser estabelecidos critérios para esse procedimento – por exemplo, comunicação com pelo menos cinco horas de antecedência (D’Acri, 2009). Nessas situações, pode-se disponibilizar outro horário para o cliente.
  • atrasos por poarte do terapêuta deve ser reposto. Atrasos pelo cliente não são repostos.
"Em Gestaltterapia, a essência da relação é a separação (Rehfeld, 1992). Ou seja, é condição para um contato efetivo, legítimo e pregnante que cada um dos envolvidos na relação saiba quem é individualmente e como se faz a partir dessa e nessa relação em curso. "

Referências:
FRAZÃO, Lilian Meyer; FUKUMITSU, Karina okajima. A Clínica, a relação psicoterapêutica e o manejo em Gestalt-terapia. Summus editorial.  São Paulo, 2015. cap.2. Setting e contrato terapêutico




quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Terapia Estrutural de Minuchin

ESTRUTURA FAMILIAR
  • Conjunto invisível de exigências funcionais que organiza as maneiras pelas quais os membros da família interagem.
  • Quando essas transações se repetem estabelecem padrões de como, quando e com quem se relacionar, e esses padrões reforçam o sistema.
  • O sistema familiar diferencia e leva a cabo suas funções através dos subsistemas, sendo cada indivíduo um subsistema  dentro da família. 
  • Subsistemas são formados por geração, sexo, interesse ou por função.
  • Fronteiras de um subsistemas são as regras que definem quem participa e como.

OBJETO DE ESTUDO 


Minuchin foca na família nuclear e na estrutura do sistema familiar em análise, observando os seguintes aspectos:
  • as regras da família
  • como as regras são comunicadas entre os membros da família
  •  como os papéis estão definidos no sistema
  • relaciona as normas e os papéis no sistema.
As intervenções são centradas no problema do sistema. Quando o sistema está homeostático, ou seja, não há disposição dos membros para buscar elementos externos de mudança do sistema,  Minuchin intervém com maior ênfase no sistema.

ALIANÇA TERAPÊUTICA

Criada por Minuchin, ocorre quando o terapeuta se alia ao PI, problema identificado do sistema,  fazendo com que o PI se sinta a vontade, com apoio para falar.

CONCEITOS IMPORTANTES
  • Diagnóstico estrutural - leva em conta como essa pessoa se organiza.
  • Estrutura do sistema familiar: FRONTEIRAS;SUBSISTEMAS;SISTEMA DE REPRESSÃO E ESTRESSES.
1. FRONTEIRAS

São as regras que definem  QUEM PARTICIPA de cada subsistema e COMO PARTICIPA.

Determinam quem são os participantes de cada subsistema da família e garantem sua particularidade, possibilitando o funcionamento eficaz do sistema familiar.

Essas fronteiras estão entre um subsistema e outro, como uma linha tênue e invisível entre um subsistema e outro. 

Há três tipos de fronteiras:
  • Fronteiras nítidas - responsável pela construção das relações esclarecidas, onde as pessoas dizem sim ou não objetivamente. Nítida é uma família funcional, tem fronteira mas é acessível, flexível.
  • Fronteiras difusas - quando as relações são complexas e os papéis confusos. Não está clara a função de cada membro da família, havendo um excesso de preocupação e comunicação entre eles. Nesse caso, um subsistema invade outro subsistema. São famílias emaranhadas, sem limites, onde todos fazem tudo.
  • Fronteiras rígidas - as relações são distantes e as pessoas  não se conhecem bem. Excesso de limites. família desligada uns dos outros. Foco na regra e não no afeto.

2. SUBSISTEMAS

É a partir da identificação desses subsistemas que o psicólogo consegue identificar se o sistema está funcional ou não.

Exemplos: 
  • Relação entre pais e filhos, o papel de parentalidade é um subsistema.
  • Relação entre irmãos, o papel fraternal é um subsistema.
  • Relação entre marido e mulher, o papel conjugal é um subsistema.
Cada membro tem o seu subsistema. Analisa-se as conexões entre os membros da família para identificar os subsistemas, ou seja, analisa os papéis de cada um para identificá-lo no sistema.
Há famílias que não têm todos os 4 subsistemas: 
  • CONJUGAL - prevê uma reciprocidade, uma conexão, sempre juntos, apoio mútuo.Ocorre entre marido e mulher. Está disfuncional quando deixam de compactuar desses mesmos objetivos.
  • PARENTAL - proteção, limite,  intuição, nutrição (alimentação e abrigo) e socialização (relação com outras pessoas). Sempre ocorre do pai para o filho ou da mãe para o filhoEstá disfuncional quando os pais não conseguem prover esses objetivos.
  • FRATERNAL - Primeiro laboratório social, ter um irmão, com o qual aprende a competir e dividir. Ocorre entre irmãos. Está disfuncional quando os irmãos não conseguem resolver entre si, nada.
  • EXECUTIVO - pode ser composto por qualquer membro da família. Para identificá-lo é preciso observar: quem paga as contas; quem são os provedores da famíliaEsse subsistema interfere em todos os outros subsistemas da família.

3. SISTEMA DE REPRESSÃO

Refere-se ao que reprime a família; o que organiza a família num determinado formato; as orientações são a forma de repressão.  

Há duas formas de SISTEMA DE REPRESSÃO:
  • GENÉRICO - estabelecido pela sociedade, porém cada contexto tem sua própria regra, levando-se em consideração as questões culturais. É generalista, universal, traz expectativas que não são  expectativas daquela família.  Exemplo: é genérico que o pai queira que o filho seja protegido pelos pais.
  • IDIOSSINCRÁTICO - os papéis são eleitos pelos próprios membros do sistema, envolvendo expectativas mútuas dos indivíduos da família, onde os padrões permanecem automaticamente, como uma acomodação mútua dada a eficácia funcional, ou seja, o conjunto das expectativas são compartilhadas com o sistema familiar. Exemplo:  Quando uma mãe espera que um filho resolva um problema emocional dela, é idiossincrático.
4. ESTRESSE

O estresse acontece quando se atribui ao problema uma origem, quando se sabe que, na CIRCULARIDADE o problema está em todas as partes do sistema, não apresentando uma causa específica. Contudo, a família identifica o problema (PI)  entre os membros da família.

Há 4 tipos de estresses: 

1º Contato com uma força externa

Pode ocorrer um EVENTO EXTERNO  com algum dos membros do sistema, e este acaba levando essa força externa para dentro do sistema. Exemplo: um dos membros perde o emprego. Ao levar para casa a notícia da perda do emprego, estará levando aos demais o problema do desemprego.

2º  Força externa em contato com toda a família

Um deslizamento de terra(força externa) impactando sobre toda a família.

3º Estresse de ponto de transição

Estressores relacionados ao ciclo vital. A família está transitando  no contexto de vida: mortes, nascimento, casamento, faixa-etária, fase adulto, divórcio, etc.

4º Estresse por questões idiossincráticas

Questões idiossincráticas: exemplo um filho autista. O estressor é criado pelo próprio sistema, pois tem família que não tem problemas em ter um filho autista, e outras tem, como a não aceitação.


ACOMODAÇÃO NO PROCESSO TERAPÊUTICO

É o início de qualquer terapia na sistêmica, onde o cliente entra, senta e o psicólogo se sente convidado a entrar no sistema. A família entende que o psi é parte do sistema, ou seja, uma forma de aliança que o psi faz com a família. O psi só faz parte do sistema, como membro, quando a família fala uns com os outros como se estivesse em casa. Nem sempre esse entrosamento acontece na primeira sessão, e se por ventura, não acontecer, o psi fica impossibilitada de atendê-los, devendo encaminhar para outro profissional. O espaço terapêutico é um campo de diagnóstico. Nunca sente primeiro que a família. Deixe-os sentar antes e observe os locais onde sentam, se sentam junto a alguém, se sentam separados de alguém, podendo verificar onde estão as alianças e os conflitos.

Após a acomodação, o psi inicia as alianças. O psi se alia ao PI para que ele se sinta apoiado, e livre para falar, devolvendo o que o psi diz para o sistema, a fim de atiçar o conflito, ou seja, causando estresse. A aliança com o PI traz estressores a forra e tira todos os membros da acomodação.

Minuchin sugere iniciar a aliança pelo PI, e depois tira o estresse do PI e joga no sistema, já que pertence a todos os membros, passando a compartilhar do estresse.  Ele chamou isso de escalonamento do estresse, que é necessário porque a maioria das pessoas chegam no consultório com o PI definido.

As TROCAS DE PAPÉIS possibilitam que um veja o outro como ele é, e se perceber através do outro.
As METÁFORAS ajudam quando fazem sentido pra a família.


Aula do dia 25/10/2019