sábado, 7 de maio de 2022

Psicoterapia Breve na Adolescência - por Ênio Brito Pinto

Psicoterapia Breve...

Tem seu marco inicial em 1941, nos Estados Unidos:

  •  pelos psicanalistas Sandor Ferenczi e Franz Alexander
  •  momento em que o centro do trabalho terapêutico passa de pulsões às relações ampliando e fundamentando o campo das psicoterapias.
Gillierón (1986) explica que surge a partir do olhar para:

  •  as condições sociais da época:
  • aumento de pessoas com problemas psicológicos;
  • questão financeira;
  • pouco tempo disponível para terapia;
  • ampliação do trabalho para classes menos favorecidas
  • situações coletivas trágicas-catástrofes naturais ou crises sociais;
  • papel preventivo que a psicoterapia breve pode exercer.

Ainda demanda atenção, estudos e desenvolvimentos teóricos:
  • tem crescente potencial de ser eficiente recurso psicoterapêutico:
    •  nos problemas existenciais; 
    • no suporte ambiental; 
    • no amadurecimentos necessários; 
    • no lidar com a própria existência.
  • Tem função preventiva, afim de evitar problemas maiores.
  • Modo de trabalho para um número significativo de atendimentos.
Contemporaneidade e a Psicoterapia Breve:
  • em franco processo de crescimento
  • maior abertura da psicologia e psicoterapia para a população;
  • modificação da percepção social do trabalho psicoterápico;
  • deixou de ser visto como tratamento para doentes metais.
  • passou a fazer parte do cotidiano dos indivíduos, independentemente, da classe social e ou idade- popularização da psicoterapia;
  • as pessoas procuram a psicoterapia preventivamente, antes que as coisas se tornem graves, o que demandariam tratamento mais longo.
  • atende demandas de hospitais, serviços públicos; convênios médicos; clínicas de formação de terapeutas.
Estratégias de trabalho com Psicoterapias Breve:
  • Baseia-se na tríade: relação terapêutica; compreensão diagnostica e foco.
  • Tendência de que a maioria das pessoas irão fazer algumas psicoterapias breves ao longo da vida, ao invés, de uma terapia de longo prazo ou com prazo indeterminado.
  • Cada modalidade  tem: clientela, indicações, pertinência, limites e qualidades específicas.
  • Ambos modelos de curta e longa duração, de psicoterapia,  têm a mesma finalidade de ampliação:
    • da qualidade do contato;
    • da responsabilidade
    • da autonomia
    • da capacidade amorosa
    • do cuidado pessoal consigo
    • do cuidado com o outro
    • do cuidado com o mundo
Psicoterapia breve como principais caminhos do futuro:
  1. permite que o terapeuta atenda mais clientes, preservando a qualidade dos atendimentos:
    • maior acesso a pessoas de diferentes classes sociais;
    • tem custo reduzido e previsível ao contrário da psicoterapia de longo prazo;
    • demanda aperfeiçoamento técnico do profissional - saber lidar com demandas existenciais, retomando a auto atualização e ampliando sua autonomia.
  2. psicólogo tem maior participação cultural:
    • possui aspectos preventivos muito relevantes;
    • maior informação sobre limites e alcances ampliam o papel do psicólogo como agente  de saúde fundamental para comunidades humanas.
    • Com adolescentes são inúmeros os processo terapêuticos preventivos individuais e grupais:
      • questões vocacionais;
      • crises previsíveis;
      • enfrentamento do vestibular;
      • ingresso no mercado de trabalho,
      • sexualidade, etc.
Psicoterapia Breve em Gestalt-terapia com Adolescentes, enquanto efetivo meio de retomada do crescimentos por parte do cliente num tempo relativamente curto.
  • Ênfase...
    • ... na postura dialógica;
    • ... na confiança na sabedoria do cliente;
    • ...na concepção de ser humano imerso em um campo que deve ser fortemente considerado em terapia;
    • ...na compreensão do sofrimento e da psicopatologia como ajustamentos criativos;
    • ... na preciosa atenção ao sentido dos sintomas vividos.
  • Proposta...
    • não se propõe a combater o sintoma, mas a dialogar com ele em busca de seu sentido, além de compreender a relação terapêutica como uma experiência emocional atualizadora (Pinto, 2009)
  • Fundamentação...
    • Relação terapêutica
    • Compreensão Diagnóstica
    • Foco
  • O campo na adolescência abrange...
    • o adolescente tido como um ritual de passagem entre a infância e vida adulta.
    • envolve a apropriação e a compreensão pela cultura de uma mudança natural que acontece com a pessoa.
    • puberdade e transformações do corpo, indicando que a idade adulta está chegando, trazendo consigo novas possibilidades e responsabilidades.
    • a necessidade de ampliar a capacidade de simbolização como meio de passagem para a idade adulta.
    • Ponte que une dois continente, o da infância e o da idade adulta, segundo Lima Filho (1997)
    • Essa ponte vem se ampliando, tomando espaço da infância (crianças sendo adolescentes) e da vida adulta ( adultos ainda sendo adolescentes), segundo Pinto (2004).
    • Elementos psicológicos que definem a adolescência segundo Pinto:
      • estabelecimento da identidade pessoal;
      • redefinição da imagem corporal
      • busca das relações de autonomia ampliada
      • abandono da dependência dos pais
      • elaboração dos lutos pela perda do corpo infantil e da infância
      • estabelecimento de valores pessoais;
      • busca de grupos de pertinência;
      • estabelecimento de um relacionamento diferente com a geração anterior;
      • assunção de funções ou papéis sexuais auto-outorgados;
      • aceitação dos ritos sociais de iniciação
      • ampliação dos horizontes existenciais
    • O encontro com a vida adulta é marcado por sinais que demarcam o término da adolescência:
      • estabelecimento de uma identidade pessoal e sexual
      • possibilidade de estabelecer relações afetivas estáveis e fundadas na confiança mútua;
      • capacidade para assumir compromissos profissionais;
      • capacidade de lidar responsavelmente com o dinheiro e seus significados
      • desenvolvimento de uma moral própria bem assumida, livre e flexível;
      • possibilidade de relações de reciprocidade com a geração precedente
      • assunção da capacidade de, responsavelmente, cuidar-se, cuidar do ouro, cuidar do mundo.
Psicoterapia breve para adolescentes...
  • o adolescente precisará de um bom autossuporte e suporte ambiental confiável.
  • apoio ambiental provém do ambiente familiar, da escola e outras criações culturais que esteja inserido.
  • indicada para a maioria dos jovens na facilitação e retomada do processo de auto atualização
  • requer um profissional atualizado teórica e eticamente.
  • tem início no contato entre terapeuta e cliente com a explicação de regras básicas visando o bom aproveitamento da experiência;
  • o tempo deve-se dar em 6 meses, podendo ser prorrogado.
  • frequência ideal seriam 2 vezes por semana, porém, a maioria ocorre  em 2 vez por semana.
  • é possível  atendimentos online, porém, ainda requer pesquisas a respeito.
  • espaço presencial para atendimentos à família quando necessário.
A Relação terapêutica...
  • se dá no entre dialogal 
  • é uma coconstrução entre terapeuta e cliente num determinado campo.
  • Pinto (2021) - tem como ponto central o que uma pessoa precisa para se tornar mais e mais quem se é, sendo uma experiência emocional atualizadora.
  • A experiência emocional atualizadora é tida como um ajustamento criativo que está cristalizado e precisa ser atualizado para que o desenvolvimento reencontre seu tempo e sua melhor possibilidade no agora.
  • A atualização depende da forma como o terapeuta se relaciona com o cliente:
    • cliente deve ter o desejo de mudar e a coragem para confirmar e buscar atender a esse desejo.
    • terapeuta deve atender a quesitos técnicos básicos, ter a coragem de ser e de se arriscar num processo que visa auxiliar a transformação do outro, transformando-se.
  • Desafios enfrentados pelo terapeuta ligados ao desapego e ao poder:
    • O desprendimento do outro - capacidade de deixar que o cliente se vá, siga sozinho, com autonomia.
    • O desprendimento -  saber que apesar de ter sido importante na vida do cliente em dado momento, não precisa continuar a ser.
    • terapias longas abre possibilidade de agenda cheia e previsibilidade de ganhos, porém, terapias breves, requer maior criatividade na lida com o dinheiro.
  • Provoca no terapeuta no sentido de exercer com mais clareza e confiança o poder derivado:
    •  de seu conhecimento técnico
    • de sua capacidade de colocar-se terapeuticamente a serviço do outro.
    • poder de autoridade derivado da confiança no saber, inacabado mas, suficiente.
    • poder de autoridade que assume sua responsabilidade e sabe que tem um ideologia que sustenta seu trabalho.
    • o poder de, usado apenas em emergências muito graves (ideação suicida, por exemplo)
    • o poder de mesmo conhecendo os caminhos, não oferecer um caminho ao outro, mas ajudá-lo a encontrar seu próprio caminho, acompanhando-o nesse trajeto.
A Aliança Terapêutica
  • primeiro, cuidar do manejo clínico para que a aliança se construa.
  • autenticidade, empatia, coerência e congruência
  • o cliente precisa perceber que o terapeuta o compreende, compreende seu mundo sem julgamentos e sente tenta impor um projeto existencial
  • é preciso envolver a família na aliança terapêutica
  • só se pode prometer ao cliente e família a busca ética , nunca o resultado dela.
  • é preciso ficar claro o compromisso de todos-terapeuta cliente e família - envolvidos no processo.

Referência: 
ZANELA, Rosana; PINHEIRO, Lia. adolescência na clínica gestáltica. Summus editorial.  São Paulo, 2021.

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