Ciência, Conhecimento e Saber

CIÊNCIA

Como surgiu?

A ciência surgiu como processo de investigação dos fenômenos naturais e humanos, na busca de respostas e na resolução de problemas enfrentados pela humanidade (Córdula, 2012b).

Conceituando:

Ciência – de acordo com o dicionário Aurélio – é definida como o conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio.

Apesar do rigor do método científico, não é conveniente pensar que a ciência é um conhecimento certo e definitivo, pois ela avança em contínuo processo de investigação que supõe alterações à medida que surgem fatos novos, ou quando são inventados novos instrumentos.

A ciência, como um todo, é um conhecimento organizado. Cada ciência particular é, em seu setor, a totalidade dos conhecimentos ordenados e relacionados uns com os outros, segundo critérios coerentes e geralmente aceitos. Ela pressupõe regularidade na natureza, isto é, relação recíproca e invariável dos elementos que participam dos fenômenos (lógica, causalidade ou determinismo, probabilidade). Por isso, toda ciência se compõe de conhecimentos fundamentados (o que não significa que sejam imutáveis) e que permitem previsões.

A ciência é um modo de compreender e analisar o mundo empírico, envolvendo o conjunto de procedimentos e a busca do conhecimento científico através do uso da consciência crítica que levará o pesquisador a distinguir o essencial do superficial e o principal do secundário (CERVO; BERVIAN, 2007).

A ciência não é fonte de certezas, ou seja, ela admite a possibilidade de erro e a necessidade de perpétua disposição de rever as ideias.

Ciência é uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. “A ciência é todo conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com o objetivo limitado, capaz de ser submetida a verificação.” (1974;8)

As ciências possuem:

1.     Objetivo ou finalidade – preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determinados eventos.

2.     Função – Aperfeiçoamento, través do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo.

3.     Objeto – o enfoque especial, em face das diversas ciências  que possuem o mesmo objeto material.

Classificação e divisão da ciência em:

1. Formais  - Lógica e Matemática
2. Informais - Naturais ( Física, Química, Biologia, etc) e Sociais (Antropolgia cultural, Direito, Política, Psicologia Social, Economia, Sociologia)

O SABER CIENTÍFICO

Como surgiu?

Surgiu a partir da necessidade de sistematiza e registrar o conhecimento existente e pela produção de novos saberes através de meios que garantiam rigor para sua exatidão. Nesse processo, inúmeras perguntas motivadoras movimentam-se pela busca do saber e para obter respostas de forma universal no planeta, criou-se um sistema, que é universalmente aceito pelos centros de saber: os colégios de educação superior e as academias científicas (Córdula, 2012ª).

Os primeiros e atuais saberes:

Nos primórdios da existência humana – a observação era a base da construção do conhecimento, a primeira forma de análise que o ser humano primitivo adotou para entender os fenômenos da natureza.

À partir da observação. Surge a criação inventiva e a percepção do sujeito que irá analisar, interpretar e extrapolar o que observa, por meio de perguntas e respostas intuitivas em busca de respostas concretas para melhor compreender.

Etnoconhecimento é o conjunto de saberes e práticas das comunidades, repassados entre as gerações de forma direta ou indireta, pela oralidade, nos contos e cânticos, pelo ensino e exemplo, em que os mais jovens ouvem, assimilam e replicam e aprender. Esse conhecimento abarca estruturas sociais, familiares, culturais, folclóricas, espirituais e místicas de uma comunidade.

O CONHECIMENTO

Conceituando:

Toda percepção, ação, reflexão e interpretação proveniente do intelecto humano, gerados e produzidos pela interação social, com as situações que surgem e com o ambiente.

Tipos de conhecimentos:

• ·       Conhecimento popular – Fenômenos naturais, práticas e saberes humanos.
• ·       Conhecimento científico – Academia; produção; organização; registro e análise de informações.
• ·       Conhecimento Filosófico
• ·       Conhecimento Religioso (teológico)

CONHECIMENTO POPULAR

O conhecimento popular é todo saber produzido por um povo ou comunidade a partir de suas experiências sociais, culturais e ambientais, enriquecido pela cultura popular que traz como forma de expressão artística o seus saberes e práticas folclóricas.

O conhecimento vulgar ou popular, latu senso, é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire na relação com as coisas e as pessoas.(MARCONI, 2009, PG.77)

É o saber que preenche a vida cotidiana, sem o ter estudado, sem aplicar método nem refletir sobre. Os valores do sujeito impregnam o objeto de estudo, portanto, é um conhecimento valorativo.

É verificável, falível e inexato pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito das coisas.

SE CARACTERIZA POR SER:

• ·       Superficial – porque vi, porque senti, porque disseram, porque todos dizem.
• ·       Sensitivo – reflete as vivências, as emoções e o estado de ânimo do indivíduo.
• ·       Subjetivo – O próprio sujeito organiza suas experiências e conhecimentos.
• ·       Assistemático- a organização das experiências não visa um método sistemático
• ·       Acrítico- não importa se são verdadeiros ou não. Não há pretensão de provar nada.

CONHECIMENTO FILOSÓFICO

• É valorativo, pois esse conhecimento emerge da experiência e não dos experimentos.
• É não-verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser refutados nem confirmados.
• É sistemático já que suas hipóteses e enunciados visam a representação coerente da realidade estudada
• É infalível e exato, já que busca a realidade, abrange outras realidades define um instrumento capaz de apreender a realidade, postulados e hipóteses.
• Não são submetidos a decisivos testes de observação
• Caracteriza-se pelo esforço da RAZÃO PURA para questionar os problemas humanos, e poder, discernir a respeito do certo e do errado à luz da própria razão..

CONHECIMENTO REIGIOSO (Teológico)

• Apoia-se em doutrinas com valores sagrados e inspirações sobrenaturais, daí serem consideradas infalíveis e indiscutíveis.
• É um conhecimento sistemático do mundo – origem, significado, finalidade e destino- como obra do criador divino.
• A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, fundamentadas nos ensinamentos de textos sagrados por parte de teólogos,
• Parte do princípio de que as verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis

CONHECIMENTO CIENTÍFICO

• Se diferencia dos demais, não pelo seu objeto de estudo, mas pela forma de como é obtido.
• O Positivismo de Augusto Comte, consideram os cientistas como únicos detentores do saber, produtores de conhecimento, e desacredita dos saberes populares, embora os próprios cientistas os busquem como objeto de estudo.
• René Descartes criou o Método Científico que chega ao conhecimento científico para reducionismo dos estudos em partes, gerando um modelo mecanicista e cartesiano (Battistim 2010; Córdula, 2012c).
• É produzido ou construído, a partir de pressupostos estabelecidos historicamente pela comunidade científica, tomando como base a análise dos fenômenos de forma sistemática, imparcial e seguindo a metodologia estabelecida.
• É real (factual) já que lida com ocorrências e fato, ou seja, com toda forma de existência que se manifesta de algum modo.
• Suas proposições ou hipóteses têm veracidade ou falsidade conhecida através da experiência.
• É sistemático, já que o saber é ordenado logicamente, formando um sistema de ideias ou teorias.
• É potencialmente verificável
• É conhecimento falível, por não ser definitivo, já que pode ser modificado ao longo do tempo em decorrência dos fatos.

Referências Bibliográficas

MARCONI, Marina; LAKATOS, Eva. Fundamentos de Metodologia Científica. Editora Atlas.São Paulo. 2009.

PEREIRA, José Matias. Manual de metodologia da pesquisa científica. São Paulo. Editora Atlas S.A.2006 .4

A Produção do conhecimento na produção do saber sócio cultural. CÓRDULA, Eduardo; NASCIMENTO, Glória. Disponível em: http://educacaopublica.cederj.edu.br/revista/artigos/a-producao-do-conhecimento-na-construcao-do-saber-sociocultural-e-cientifico. Acesso em 19/01/2019