Exclusão ou Inclusão perversa?

Exclusão

  •  é tema da atualidade, usado hegemonicamente nas diferentes áreas do conhecimento, mas pouco preciso e dúbio do ponto de vista ideológico. 
  • Conceito que permite usos retóricos de diferentes qualidades, desde a concepção de desigualdade como resultante de deficiência ou inadaptação individual, falta de qualquer coisa, um sinônimo do sufixo sem (less), até a de injustiça e exploração social.
  • complexidade e contraditoriedade que constituem o processo de exclusão social, inclusive a sua transmutação em inclusão social.
  • possui caráter ambíguo e vai além do caráter econômico, além da pobreza. Analisar a ambiguidade constitutiva da exclusão é captar o enigma da coesão social pela lógica da versão social subjetiva, física e mental.
  • Abordar a exclusão social sob a perspectiva etico-psicossociológica para analisá-la como processo complexo que  não é, em si, subjetivo nem objetivo, individual nem coletivo, racional nem emocional.
  • É processo sócio histórico que se configura pelos recalcamentos em todas as esferas da vida social, mas é vivido como necessidade do eu, como sentimentos, significados e ações.
  • Compreender as diferentes qualidades e dimensões da exclusão, ressaltando a dimensão objetiva da desigualdade social, a dimensão ética da injustiça e dimensão subjetiva do sofrimento.
  • A sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condição social desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão.
  • Em lugar da exclusão, o que se tem é a dialética da exclusão/inclusão.
  • A lógica dialética explica a reversibilidades da relação entre subjetividade e legitimação social e revela o processo que liga o excluído ao resto da sociedade no processo de manutenção da ordem social.
  • Introduz a ética e a subjetividade na análise sociológica da desigualdade, ampliando as interpretações legalistas.
  • exclusão passa a ser entendida como descompromisso político com o sofrimento do outro.
  • A dialética inclusão/exclusão festa subjetividade específicas que vai desde o sentir-se incluído, até discriminado ou revoltado.
  • A subjetividade não pode ser explicada unicamente pela determinação econômica mas sim, pelas formas diferenciadas de legitimação social e individual
  • A exclusão é um processo complexo e multifacetado, uma configuração de dimensões materiais, políticas,  relacionais e subjetivas. 
  • É processo sutil e dialético pois só existe em relação À inclusão como parte constitutiva dela.
  • É processo que envolve o homem por inteiro e suas relações com os outros.
  • Nuances dos processos que mantém o excluído como parte integrante da sociedade.
  • A exclusão é cruel e a visão do futuro é assustadora.
  • descrédito atormenta o excluído tanto quanto a fome.
  • Ser otimista é acreditar na potencialidade do sujeito de lutar contra esta condição social e humana, sem desconsiderar a determinação social.
  • A utopia e a crença no sujeito da ação e na possibilidade de uma ordem social sem exclusão não remete a uma visão de happy end ou ao paradigma da redenção, comum nas ciências humanas tanto positivista quanto críticas, dos anos 60 a 80.
  • o excluído não está à margem da sociedade, mas repõe e sustenta a ordem social, sofrendo muito neste processo de inclusão social. Eles são unânimes em apontar as necessidade éticas e afetivas, em valorizar a diversidade de necessidades e sofrimentos e, consequentemente em evitar o modelo único, uniformizante, nas reflexões teóricas e nas políticas públicas.
  • Cabe às ciências humanas oferecer reflexões e pesquisas sobre as desigualdades sociais tais como as vividas por homens, determinados socialmente, mas com consciência e individualidade
Referências
SAWAIA, Bader. As Artimanhas da Exclusão, análise psicossocial e ética da desigualdade social. 2ª edição. Editora vozes, Petrópolis, 2001.

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