Movimento Institucionalista

O institucionalismo teve a sua origem em Maurice Hauriou - pai da doutrina institucional Traduz-se num movimento ou fenômeno protagonizado por instituições, as mais diversas, junto aos órgãos de poder, cujos reflexos se estendem aos planos social, político e jurídico, privilegiando o debate, o diálogo, a reivindicação e a participação efetiva no "destino da sociedade.

INSTITUIÇÕES

  • A instituição é o corpo de regras e valores.
  • A instituição é um valor ou regra social reproduzida no cotidiano com estatuto de verdade, que serve como guia básico de comportamento e de padrão ético para as pessoas, em geral. A instituição é o que mais se reproduz e o que menos se percebe nas relações sociais. Atravessa, de forma invisível, todo tipo de organização social e toda a relação de grupos sociais. Só recorremos a estas regras quando, por qualquer motivo, são quebradas ou desobedecidas. A base concreta da sociedade é a organização.

PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO

  • A vida cotidiana é definida em grupo, pois estamos sempre nos relacionando
  • A regularidade (regras, normas) que seguimos é parte da vida em grupo
  • A psicologia social, ou psicologia grupal e a psicologia institucional estão ligadas

A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA REALIDADE

  • Segundo Berger e Luckman, o processo de institucionalização começa com o estabelecimento de regularidades comportamentais:
  • As pessoas vão aos pouco descobrindo a forma mais rápida, mais simples e econômica de  desempenhar as tarefas o cotidiano.
  • A repetição de tarefas torna-se um hábito. Uma vez estabelecido, o hábito transforma-se em tradição. A tradição se impõe porque é uma regra dos antepassados. Quando se passam muitas gerações, a regra e a estabelecida perde a referência de origem, temos uma instituição.
  • A monogamia pode ser considera uma dessas instituições.

Hábito – Tradição – Instituição

ORGANIZAÇÕES

  • A base concreta da sociedade é a organização.
  • As organizações, representam o aparato que reproduz o quadro de instituições no cotidiano da sociedade. A organização pode ser um complexo organizacional – um Ministério, uma Igreja, uma empresa, uma creche de uma entidade filantrópica. As instituições sociais serão mantidas e reproduzidas nas organizações. Portanto, a organização, é o pólo prático da instituições.

GRUPOS

  • é o lugar aonde as instituições se realizam e se produzem.
  • Para ser caracterizado um grupo é preciso que:
  • Os integrantes estejam reunidos em torno de um interesse comum;
  • No grupo, o "todo é maior do que as partes" se constituindo como uma nova identidade sendo mais do que apenas o somatório dos seus membros;
  • É preciso que se mantenham discriminadas as identidades individuais, de forma que as pessoas mantenham a sua individualidade e não virem uma massa indiscriminada;
  • É preciso que haja alguma forma de interação afetiva entre os membros do grupo,e seja estabelecido algum tipo de vínculo entre os integrantes;

Temos 2 maneiras de sermos inseridos no grupo:

  • SOLIDARIEDADE MECâNICA – quando somos colocados para fazer parte de um grupo – ex. quando vamos a escola, ou entes familiares consanguineos ;
  • SOLIDARIEDADE ORGÂNICA – quando escolhemos integrantes para nosso grupo. Ex. companheiro e amigos.

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DOS GRUPOS

  • Um dos primeiros pesquisadores desse assunto foi Gustav Le Bon, influenciado pela Revolução Francesa.  Os pesquisadores queriam saber o que era capaz de mobilizar tamanho contingente humano.
  • Apesar de surgir como estudo das massas, a pesquisa de grupos  se desenvolve melhor com o estudo de pequenos grupos com objetivos claros e definidos.
  • Com Kurt Lewin, surge o congnitivismo (Sistema pelo qual o sujeito adquire conhecimento através das experiências vividas em sociedade ), teoria organizacional, que, nas empresas, é aplicada no estudo das relações humanas no  trabalho
 Coesão e liderança

  • A coesão grupal é a certeza da fidelidade dos membros do grupo. Ex. panelinhas de escola, nazismo e seitas
  • São elementos da coesão, a pressão e padroes do grupo definidos pelos membros mais antigos do grupo em relação aos mais novos.
  • A liderança vai depender do tipo de grupo: democratico, autoritario e etc
  • O grupo operativo é o modo de intervenção, organização e resolução de problemas grupais e esta relacionada a TEORIA D VINCULO.

PROCESSOS GRUPAIS

As categorias são subjetivas e dinâmicas em cada grupo:

  • CATEGORIA DE PRODUÇÃO: produção da satisfação em relação as necessidades do grupo
  • CATEGORIA DE DOMINAÇÃO: reprodução de hierarquias dominantes (ex. capitalismo)
  • CATEGORIA GRUPO-SUJEITO: 2 tipos
    •      Grupo sujeitos são os que aceitam mudanças e evoluem rápido.
    •      Grupos sujeitados são os que não aceitam devido a crença nas normas institucionais.

ORGANIZAÇÕES

  • são a materialização das instituições sob a forma de um organismo, uma entidade, assumindo uma configuração mais complexa ou mais simples.
  • São grandes ou pequenos conjuntos de formas materiais que põem em efetividade, que concretizam as opções que as instituições distribuem, que as instituições enunciam. Isto é, as instituições não teriam vida, não teriam realidade  social se não fosse através das organizações. Mas as organizações não teriam sentido, não teriam objetivos, não teriam direção se não estivessem informadas como estão, pelas instituições” (BAREMBLITT: 1996, p.30).

ESTABELECIMENTOS: são as estruturas propriamente físicas que conjuntamente integram a organização. São as escolas, conventos, quartéis etc.

 EQUIPAMENTOS-  são os dispositivos técnicos cujo objetivo é facilitar a consecução dos objetivos específicos ou genéricos propostos pela instituição, organização e estabelecimento. Os equipamentos podem ter realidade material que se restringe a um estabelecimento ou o suplanta.

EVIDÊNCIAS E VITALIDADE INSTITUCIONAL

  • - Processos de transformação: instituinte / instituído. Constituem-se no movimento histórico da sociedade
  •    instituinte: consolida-se enquanto força transformadora. Caracteriza-se como um processo, um movimento permanente de transformação da sociedade aos novos estados sociais
  •    instintuído - produtos resultantes das instituições - efeito da atividade instituinte. Constitui-se nos parâmetros de convivência. Traz em si as características próprias ao conservadorismo e à resistência a mudanças.

Organizante/organizado

  •   organizante: busca permanente de maior pertinência  nas ações organizacionais;
  •    organizado:  estrutura que solidifica as organizações, mas com tendência a se burocratizar . Responde  a um desejo humano de segurança buscado nas instituições.

SOCIEDADE SE POLARIZA  ENTRE DUAS CARACTERISTICAS/

a) utopias sociais – construções objetivando satisfazer a vontade coletiva e as características históricas que as comprometem ( exploração, dominação e a mistificação)

CARACTERÍSTICAS DAS INSTITUIÇÕES:

  • Perduram no meio social, não sofrendo em suas características básicas o impacto das transformações sociais, apesar de se adaptarem a elas; satisfazem a necessidades vitais básicas, como, por exemplo, o casamento, que atende às de natureza sexual, à procriação e à constituição da família, enquanto outras são condições fundamentais da ordem social, como o Estado, o governo etc.
  •  As instituições são estáveis, sem serem imutáveis. Podem satisfazer a mais de uma função social ou vital básicas, como, por exemplo, o Estado ou o casamento. Através da História adquirem e perdem funções, como, por exemplo, a família, que na Antigüidade teve funções políticas, jurisdicionais e de culto, perdidas com a evolução social, bem como a Igreja, que já fora árbitro de conflitos internacionais e que já monopolizara o registro civil, hoje da alçada do Estado etc.

RACIONALIDADE BUROCRÁTICA / RACIONALIDADE SUBSTANTIVA                      ( matriciada por Weber)

  • A teoria da burocracia foi formalizada por Max Weber que, partindo da premissa de que o traço mais relevante da sociedade ocidental, no século XX, era o agrupamento social em organizações, procurou fazer um mapeamento de como se estabelece o poder nessas entidades.
  • Construiu um modelo ideal, no qual as organizações são caracterizadas por cargos formalmente bem definidos, ordem hierárquica com linhas de autoridade e responsabilidades bem delimitadas. Assim, Weber cunhou a expressão burocrática para representar esse tipo ideal de organização, porém ao fazê-lo, não estava pensando se o fenômeno burocrático era bom ou mau.
  • Weber descreve a organização dos sistemas sociais ou burocracia, num sentido que vai além do significado pejorativo que por vezes tem. Burocracia é a organização eficiente por excelência. E para conseguir essa eficiência, a burocracia precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas. 

PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS DA BUROCRACIA SEGUNDO WEBER

  • Formalização: existem regras definidas e protegidas da alteração arbitrária ao serem formalizadas por escrito.
  • Divisão do trabalho: cada elemento do grupo tem uma função específica, de forma a evitar conflitos na atribuição de competências.
  • Hierarquia: o sistema está organizado em pirâmide, sendo as funções subalternas controladas pelas funções de chefia, de forma a permitir a coesão do funcionamento do sistema.
  • Impessoalidade: as pessoas, enquanto elementos da organização, limitam-se a cumprir as suas tarefas, podendo sempre serem substituídas por outras - o sistema, como está formalizado, funcionará tanto com uma pessoa como com outra.
  • Competência técnica e Meritocracia: a escolha dos funcionários e cargos depende exclusivamente do seu mérito e capacidades - havendo necessidade da existência de formas de avaliação objetivas.
  • Separação entre propriedade e administração: os burocratas limitam-se a administrar os meios de produção - não os possuem.
  • Profissionalização dos funcionários.
  • Completa previsibilidade do funcionamento: todos os funcionários deverão comportar-se de acordo com as normas e regulamentos da organização a fim de que esta atinja a máxima eficiência possível. 

DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA

  • Internalização das regras: Elas passam a de "meios para os fins", ou seja, às regras são dadas mais importância do que às metas.
  •  Excesso de Formalismo e papelatório: Torna os processos mais lentos.
  • Resistências às Mudanças.
  • Despersonalização: Os funcionários se conhecem pelos cargos que ocupam.
  • Categorização como base no processo decisorial: O que tem um cargo maior toma decisões, independentemente do que conhece sobre o assunto.
  • Superconformidade as Rotinas: Traz muita dificuldade de inovação e crescimento.
  • Exibição de poderes de autoridade e pouca comunicação dentro da empresa.
  • Dificuldade com os clientes: o funcionário está voltado para o interior da organização, torna difícil realizar as necessidades dos clientes tendo que seguir as normas internas.
  • A Burocracia não leva em conta a organização informal e nem a variabilidade humana.
  • Uma dada empresa tem sempre um maior ou menor grau de burocratização, dependendo da maior ou menor observância destes princípios que são formulados para atender à máxima racionalização e eficiência do sistema social (por exemplo, a empresa) organizado.

*RACIONALIDADE SUBSTANTIVA

 “A  racionalidade substantiva permite ao indivíduo ordenar sua vida em bases éticas, através do debate racional, buscando encontrar um equilíbrio dinâmico entre a satisfação pessoal e a satisfação social, potencializando o anseio e a capacidade humana de auto-realização, auto - desenvolvimento e emancipação. Na racionalidade substantiva o ser humano ocupa lugar central”.

Auto-realização: pode ser descrita como um conjunto de processos de concretização do potencial inato do ser humano, que se complementa pelo alcance da satisfação individual;

Entendimento: forma pela qual os indivíduos estabelecem acordos e consensos racionais, sempre mediados por processos de comunicação livre, de onde decorrem atividades comuns coordenadas, ao amparo de sentimentos de responsabilidade e satisfação social;

Julgamento ético: processos decisórios baseados em emissão de juízos de valor do tipo bom, mau, verdadeiro, falso, certo, errado, que se dão através do estabelecimento de um debate racional sobre as pretensões de validez emitidas pelos indivíduos em suas interações com os demais membros do grupo;

Autenticidade: são interações e relacionamentos interpessoais estruturados em torno de sentimentos como integridade, honestidade e franqueza dos indivíduos;

 Valores emancipatórios: preocupação e observância de valores que levem ao aperfeiçoamento do grupo, na direção do bem-estar coletivo, da solidariedade, do respeito às individualidades, da liberdade, do comprometimento e da integração com o ambiente interno e externo, presentes tanto nos indivíduos que compõem o grupo, quanto no próprio contexto normativo do grupo;

 Autonomia: condição plena dos indivíduos para poderem agir e expressarem-se livremente nas interações, sem que estejam condicionados por coações ou pressões exercidas por outros indivíduos

 

“Nenhum homem é uma ilha isolada;  Cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

   John Donne(Poeta inglês, séc.XVI)

MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA segundo BAREMBLITT

  •  Concebe a sociedade como uma rede de instituições “que se interpenetram e se articulam entre si para regular a produção e a reprodução da vida humana sobre a terra e a relação entre os homens” (BAREMBLITT: 1996, p.29).
  • INSTITUIÇÕES - conjunto de leis e princípios que prescrevem ou proscrevem comportamentos e valores, ou seja, dizem o que deve ser, o que não deve e o que é indiferente. As instituições são entidades abstratas.
  • - são organizações, que podem, ou não, ser pessoas jurídicas e, nesta qualidade, verdadeiras "unidades abstratas nas quais se enfeixam determinados direitos subjetivos e certas obrigações, constituídas para alcançar determinadas finalidades.

Referências

·       Slide do Prof. Dr. Antônio Figueiredo

        Ramos, A. G.(1989) A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. 2. ed. Rio de Janeiro.

        Serva, Maurício (1997). A racionalidade substantiva demonstrada na prática administrativa. Revista de Administração de Empresas. v. 37, n. 02. São Paulo. FGV

        Weber, Max. Economia e Sociedade (1991). Editora Universitária de Brasília.

        BAREMBLITT, G. Compêndio de Análise institucional. Rio de Janeiro: 3ª ed. Rosa dos Tempos, 1996.

            BOURDIEU, Pierre. Teoria dos Campos. São Paulo. Cortez. 1999

             LANE, Silvia T.M. O processo grupal, In: LANE, Silvia T.M; CODO, Wanderley (orgs). Psicologia Social: o homem em movimento. 13 ed. São Paulo: Brasiliense, 2001.

        RAMOS A. G. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. 2. ed. Rio de Janeiro. 1989

             RODRIGUES, Ângela Ribeiro. Um olhar sobre o Institucionalismo. In: REVISTA PSIQUE. Belo Horizonte. 1996

        SERVA, Maurício .A racionalidade substantiva demonstrada na prática administrativa. Revista de Administração de Empresas. v. 37, n. 02. São Paulo. FGV.

        WEBER Max. Economia e Sociedade .Editora Universitária de Brasília. 1991

        BOCK, ANA  MERCES, PSICOLOGIAS UMA INTROUÇÃO AO ESTUDO DAS PSICOLOGIAS

        Martins , Sueli Terezinha Ferreira Martins, Psicologia social e processo grupal: a coerência entre fazer, pensar sentir em Sívia Lane - Universidade Estadual Paulista, São Paulo, Brasil

        A. Rui Gomes*; Ana Patricia Pereira; Ana Raquel Pinheiro

        Universidade do Minho, Braga, Portugal, Psicologia: Reflexão e Crítica

        Berger, Peter; Thomas luckman, A construção social da realidade.

        DIAS, RB; CASTRO, FM. Grupos Operativos. Grupo de Estudos em Saúde da Família. AMMFC: Belo Horizonte, 2006

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