Na Psicoterapia Breve de Orientação Psicanalítica, para Braier (2000), são trabalhados:
- o inconsciente,
- conflitos psíquicos,
- mecanismos de defesas,
- sonhos,
- transferência,
- resistência, assim como na Psicanálise.
- de acordo com Braier (2000), a Psicanálise tem como meta tornar consciente o inconsciente.
- Tal meta implica numa reconstrução da estrutura da personalidade do analisando, que por sua vez envolve a resolução de conflitos mediante a elaboração, acarretando bem-estar ou alívio dos sintomas.
- Já na Psicoterapia Breve, como afirma Braier (2000), os objetivos precisam ser limitados.
- Tem como meta principal a superação dos sintomas e problemas atuais da realidade do paciente, de modo que este possa enfrentar adequadamente situações conflitivas.
- Tal meta implica em que o paciente deve ter um princípio de insight a respeito de seus conflitos.
- Nesse sentido cabe dizer que nem todas as pessoas podem se beneficiar da Psicoterapia Breve, mas sim aquelas que possuem boa capacidade de insight.
TEMPORALIDADE
- Braier (2000) assinala que a duração do tratamento na Psicanálise não é predeterminada, e pode se prolongar por anos.
- Na Psicoterapia Breve é determinada previamente, e em geral leva alguns meses.
- Diz-se que há um início, meio e fim previamente determinados, realidade esta que tanto analista quanto analisando devem lidar.
- os conflitos psíquicos;
- regressão,
- neurose de transferência
- transferência;
- resistência;
- insight
- elaboração;
- fortalecimento da função egoica.
- “as situações conflitivas atuais do indivíduo estão relacionadas a conflitos infantis, dos quais, em realidade, decorrem”. (BRAIER, 2000, p. 22).
- o analisando reviverá seus conflitos infantis, por meio da transferência, e serão analisados profundamente até ser elaborado.
- De acordo com Braier (2000), no tratamento psicanalítico, a resistência refere-se aos diversos obstáculos que o analisando opõe ao tratamento. Na Psicoterapia Breve surgem resistências também, entretanto a interpretação das mesmas não pode assumir um caráter intenso como na Psicanálise, em função da limitação do tempo.
Na Psicoterapia Breve...
- há primeiramente uma escolha dos conflitos a serem trabalhados, de acordo com sua urgência.
- Tais conflitos serão os focos do tratamento, sendo que não é possível aprofundar em elementos mais primitivos de modo que não mobilize o analisando em demasia.
- Braier (2000) assinala que na Psicoterapia Breve deve-se evitar o desenvolvimento da regressão, da neurose de transferência e da transferência. Tais mecanismos terapêuticos não constituem como objetivos neste tipo de tratamento, na medida em que o objetivo é resolver conflitos atuais do indivíduo.
Regressão...
Conforme Braier (2000) a regressão é
o processo no qual o indivíduo se reporta a etapas anteriores de seu
desenvolvimento para reviver seus conflitos infantis. Esse processo é muito
importante no tratamento psicanalítico, uma vez que consiste numa etapa para
elaboração dos conflitos atuais.
Insight e elaboração...
- É importante também discorrer sobre insight e elaboração.
- No tratamento analítico Insight é “... a aquisição do conhecimento da própria realidade psíquica”. (Grinberg, citado em Braier, 2000, p. 30).
- Trata-se de uma compreensão no sentido intelectual e afetivo, do contato com os aspectos inconscientes.
A finalidade das interpretações do
analista, que são, por excelência, seu instrumento terapêutico, é promover o
insight dos conflitos no paciente (BRAIER, 2000, p. 30).
A elaboração, segundo Braier (2000), é o processo no qual o paciente descobre as conotações do insight. Isto é um trabalho exaustivo, que demanda tempo, implica em regressão e superação das resistências do paciente. Desse modo, na Psicoterapia Breve, tanto o insight quanto a elaboração ocorrem, mas de forma restrita e menos profunda se comparada ao tratamento analítico. Além do mais o insight se dá muito mais a nível intelectual que afetivo.
Considero que a aquisição de insight
por parte do paciente, por meio de interpretações do terapeuta, seja a forma
mais apreciada de se conseguir o fortalecimento de seu ego (BRAIER, 2000, p.
34)
Ainda na psicoterapia breve...
- conforme Braier (2000), esta não é a única maneira de ativar as funções egoicas.
- Há também outra, que se baseia no apoio.
- Algumas vezes é necessário utilizar de técnicas de apoio, especialmente quando a função egoica do paciente está bastante debilitada e este não consegue suportar uma terapia interpretativa.
- o tempo é limitado, o que faz com que os objetivos também o sejam, caracterizando-se como as necessidades mais ou menos imediatas do indivíduo, com o que se apresentar com mais urgência e/ou importância, almejando o fortalecimento e ativação de suas funções egoicas para que ele consiga recuperar seu autodesenvolvimento e solucionar seus conflitos (BRAIER, 2000).
Faz-se necessária a delimitação de um ou dois focos prioritários de dificuldades, sendo que a solução fará com que o indivíduo se fortaleça emocionalmente. Segundo Braier (2000), em Psicoterapia Breve: “... se tenta basicamente delimitar zonas da problemática geral do paciente e/ou dos episódios de sua vida, dirigindo preferencialmente para aí, a partir desse momento, a exploração terapêutica” (p. 42).
- Segundo Braier (2000) “... um tratamento curto adequadamente conduzido pode desencadear, a partir da solução de um aspecto do problema do paciente, um processo evolutivo, uma reação em série, que com o avançar dos anos promova uma mudança interior...” (p. 54).
- É nesse sentido que se pode falar em fortalecimento e ativação de funções egoicas para autodesenvolvimento interior.
- É valido dizer que a Psicoterapia Breve recebe muitas críticas, até mesmo dentro da área psicanalítica. Birman (2000) diz que se não houvesse o tratamento de curto prazo, as pessoas com perturbações psíquicas se entregariam a tratamentos psicofarmacológicos, sendo esquecida, dessa maneira, sua subjetividade e individualidade. “Com efeito, é preferível que as individualidades possam ser simbolicamente reconhecidas como subjetividade, mediante as psicoterapias breves, do que serem reduzidas à brutalidade de sua condição animal, pelo tratamento psicofarmacológico...” (p. 16).
- Além de tudo isso, existe a relação entre tempo e subjetividade, a qual sofreu influências das novas tecnologias de comunicação, da nova forma de existência.
- Atualmente as pessoas são induzidas a agir de forma rápida, diferentemente do que ocorria há algumas décadas, quando as pessoas podiam permanecer em intermináveis reflexões.
- Vale dizer também que essas pessoas que se entregavam a reflexões profundamente intermináveis e relegavam a ação em si, a segundo plano acabavam se tornando obsessivas em função do investimento narcísico que faziam.
Devemos
ativar muito especialmente as funções egoicas do paciente essenciais para o
trabalho terapêutico, tais como, a percepção, a atenção, a memória, etc.,
ativação que adquire muita importância porque acelera e facilita o caminho em
direção ao insight.
- É importante ressaltar, que ao se falar em fortalecimento egoico, entende-se que um trabalho neste sentido, com um embasamento psicanalítico, tem como objetivo desenvolver recursos egoicos para que o próprio paciente tenha insights, considerando que toda a relação está permeada de conteúdos latentes, para que não se “caia na armadilha de um trabalho superficial”, que ao invés de promover a autonomia do paciente, acabe formando uma relação simbiótica, na qual o paciente não entra em contato com os sentimentos que permeiam determinados conflitos.
- Segundo Dolto, in Mannoni (1983), a relação psicoterápica permitirá que as “forças emocionais encobertas, em jogo conflitvo”, encontre uma saída, ou seja, a descoberta de processos inconscientes contribui para que o paciente perceba o que está limitando sua liberdade.
- Entendendo, que esta liberdade significa o indivíduo conseguir ser criativo, e não apenas submisso às exigências, livre da dependência do desejo de outrem, conseguindo comunicar os seus sentimentos, amar e ser amado, enfrentar frustrações e as dificuldades cotidianas.
- Assim, estamos entendendo saúde mental, não enquanto um processo de adaptação, mas enquanto possibilidade criadora, na qual o paciente consiga transitar na relação dialética princípio da realidade versus princípio do prazer, com certa maleabilidade.
- Entendendo que a relação terapêutica, na maioria das vezes, acontece a nível inconsciente, é fundamental que o psicoterapeuta faça supervisão e análise pessoal, para que esteja conseguindo amadurecer enquanto pessoa e enquanto profissional, considerando que estes estão intimamente ligados.
- Na Psicoterapia Breve, é importante que o psicoterapeuta perceba algumas limitações que o aspecto tempo coloca, pois pode ocorrer deste desejar inconscientemente mobilizar alguns conflitos que não seriam viáveis trabalhar numa Psicoterapia Breve.
- Percebe-se a importância, de estar entrando em contato com alguns conteúdos latentes que estão permeando o trabalho, e que se referem ao desejo do próprio terapeuta, conteúdos estes que não favorecem nem o crescimento do terapeuta, nem do paciente.
- Identificar as diferenças entre Psicanálise e Psicoterapia Breve é indispensável para aplicar adequadamente a técnica. No quadro abaixo estão descritas as principais diferenças:
Indicações:
Braier (2000) recomenda que a Psicoterapia Breve poderá ser indicada em várias situações.
- Situações referentes aos ciclos de vida, tais como casamento, maternidade, menopausa, aposentadoria, etc.
- Fatos traumáticos como o luto, separações, desemprego, acidentes, dentre outros.
- Enfrentamento de doença, hospitalização e processo cirúrgico.
- Tratamento de neuroses.
Já em relação ao tipo de paciente, o ideal, segundo Braier (2000, p. 209) seriam aquelas pessoas que possuem:
- Força e plasticidade do ego, com funções em bom estado.
- Alto grau para o tratamento.
- Capacidade de Insight
- Determinação e boa delimitação focal desde o início.
É importante considerar que a Psicoterapia
Breve, assim como as demais psicoterapias, não é indicada para todas as
pessoas. Nesse sentido é necessário ser feito um processo psicodiagnóstico de
modo a indicar quais pessoas podem se beneficiar da psicoterapia Breve, ou não.
E mais, qual o direcionamento do trabalho a ser dado no tratamento.
Por outro lado, Braier (2000) considera que...
- em muitas situações a Psicoterapia Breve visa atender mais a uma questão de ordem assistencial, no sentido de que há pessoas que não podem custear seu tratamento.
- É o caso de pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através de instituições públicas, Organizações Não Governamentais (ONGs) e até mesmo as chamadas clínicas-escola, isto é, as clínicas de Universidades.
- aponta que quase todas as pessoas têm indicação de Psicoterapia Breve, mesmo sendo grave sua doença. Entretanto faz uma ressalva: “desde que se recorra, com critério e segundo cada caso, à técnica interpretativa e à de fortalecimento do ego” (p. 207).
Nenhum comentário:
Postar um comentário