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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Do Artigo: O processo ciclo de contato em uma situação de luto

  • contempla o saber da Fenomenologia na intermediação entre a pessoa que passa pela situação de luto e o seu contato com o sentimento de perda.
  • amplia o olhar acerca da dor humana, suas formas de expressão e possíveis passos do contato em direção à cura.
  • apresenta na prática essa identificação do Ciclo do Contato e dos Fatores de Cura antes só estudados na teoria.
  • revela sob o olhar fenomenológico como o ser humano lida de forma única com um processo de luto, considerando o ciclo de contato proposto pela abordagem da Gestalt-Terapia e os mecanismos de defesa que podem ser relacionados a ele.

  • O Luto....

    Segundo Fukumitsu (2004)...
    • Sobre a vivência do aqui-agora, relata que a partir do momento que constatamos que estamos lidando com um momento de crise, existe uma necessidade de que toda a situação seja inteiramente experienciada no aqui-agora. 
    • a visão fenomenológica-existencial se faz importante, se considerada um embasamento teórico no lidar com perdas, pelo seu pensamento de que o “agora engloba tudo que existe” (PERLS apud FUKUMITSU,2004)
    •  “perdas são experiências do nosso viver, experiências como inúmeras outras, que nos ensinam, transformam, deformam e formam.
    • “As pessoas que confrontam perdas súbitas, traumáticas, inevitavelmente procuram um sentido de vida. Com o passar do tempo a maioria pode encontrar significado e encerrar o assunto. Encontrar significado significa ajustar-se”.
    • , a vida é uma constante reciclagem, a elaboração das perdas implica num processo de reorganização individual e relacional 
     Aramin (apud FUKUMITSU,2004), explora três temas principais que emergem quando acontece a situação de perda de um ente querido: 
    1. choque, 
    2. luto 
    3. e depressão. 
    Granader (apud FUKUMITSU, 2004), apresenta sete temas relacionados ao luto:
    1. raiva, 
    2. perda de fé, 
    3. perda da confiança no futuro, 
    4.  sonhos espirituais, 
    5. fazer da morte uma amiga, 
    6. convicção no destino, 
    7. nova perspectiva da vida.
    As Fases do Processo de Lidar Com as Perdas com o objetivo de organizar suas pesquisas sobre o luto, são:
     
    "2.2.1- O processo do luto: neste contexto, o respeito pela dor e pela situação é fundamental e vital para a sobrevivência. Faz-se pertinente compreender a dor como parte disso e, aceitar a nova condição, torna-se muito desafiante. É um processo de adaptação à perda. As reações podem ser: chorar, retirar-se dos lugares e evitar contato com os sentimentos culpando o corpo, criando doenças e sintomas."

    "2.2.2- O processo de cicatrização: Não existe um tipo de planejamento ou manual de saída para evitar a dor provocada pelo sofrimento do luto. Contudo, Saders (apud FUKUMITSU, 2004) propõe cinco características da fase curativa, a seguir: "

    "2.2.2.1 - Alcançando um momento decisivo: é a percepção de um novo mundo que se apresenta a partir da sua retirada de um buraco existencial, passando a conviver com pessoas novas e rotinas diferentes que podem fazer a diferença em como perceber este mundo. "

    "2.2.2.2 - Assumindo o controle: é necessário entender que cada pessoa é única na habilidade de controlar a sua vida. Assim, assumir a responsabilidade de decidir o que é melhor para si requer tempo, coragem e uma certeza de que é possível mudar." 

    "2.2.2.3 -Redimensionando os papéis: as situações de perda exigem mudanças nos papéis familiares, profissionais, parentais e renunciá-los, é a tarefa mais árdua. Faz-se imprescindível criar novas possibilidades para desempenhar um novo papel. "

    "2.2.2.4 - Formando uma nova identidade: é compreensível que o luto cause uma postura cética a respeito do poder interno, é uma sobrevivência apesar da dor. Os significados da vida advêm de ciclos do aprender e reaprender e da compreensão do quanto se quer mudar na vida." 

    "2.2.2.5 - Centrando-se: é a busca do equilíbrio e da harmonia que auxilia na reestruturação da pessoa. É o cuidar da vida social, da relação com a família e com os amigos. Neste momento, se existe fé, a perda é transformação, é ela que dirá o sentido da perda." 

    "2.2.3 - O processo de sobrevivência e recomeços: As lições de nossas perdas: é aceitar a vida na sua totalidade apesar das perdas, é acreditar nela com um começo, um meio e um fim, um aprender a desfrutar a vida novamente."

    O Ciclo de Contato

    "O contato é um movimento transformador de junção, de síntese, que permite a realidade se fazer e se refazer sobre si mesma num processo nunca acabado, porque o contato, como unidade de transformação, tende a ampliar-se ao infinito pelas possibilidades que tem de adquirir novas propriedades a cada instante (Ribeiro,1997, p.17)"

    Este ciclo possui as seguintes características: Nove formas de resistências; Nove formas polares a estes mecanismos como Fatores de Cura.

    O ciclo encerra um programa, uma “Gestalt”; A mudança é uma função de contato de interação entre pessoa mundo e bloqueio-fator de cura; e O Self está no centro do ciclo, é por onde os comportamentos se revelam. 

    Os fatores de cura, são chamados pelo autor de: 
    1. fluidez, 
    2. sensação, 
    3. consciência,
    4.  mobilização, 
    5. ação, 
    6. interação, 
    7.  contato final, 
    8. satisfação, 
    9. retirada.
    "Fluidez: é um novo movimento, é uma renovação a partir da localização própria no tempo e espaço, é onde há a criação e a recriação da própria vida."

    "Sensação: é o estar atento aos sinais do corpo onde a pessoa sente e procura novos estímulos. Consciência: é o estar atento ao que acontece em volta, dar-se conta de maneira clara e reflexiva e perceber-se recíproco com pessoas e coisas."

    "Mobilização: existe a necessidade de mudança, de exigência, de expressar o que sente sem ter medo de ser diferente dos outros." 

    "Ação: é a responsabilização pelos próprios atos, sem medo." 

    "Interação: Não se espera nada em retribuição. É sentimento de estar e relacionar com o outro como uma forma de perceber-se como pessoa. "

    "Contato final: é o reconhecimento de si mesmo como a própria fonte de prazer, faz-se o que gosta e o que quer sem intermediário. Os relacionamentos pessoais são diretos e claros."

    "Satisfação: é a percepção de um mundo saudável em que o prazer e a vida podem ser co-divididos como uma forma de crescimento. "

    "Retirada: é a percepção do que é meu e o que é do outro. É ser fiel a si mesmo e aceita o outro quando lhe convém."

    Mecanismos neuróticos...

    • é no ponto da interrupção do contato que será o local onde a energia se bloqueará e apontará a neurose. 
    • Os mecanismos neuróticos (de defesa) se opõem ao livre desenrolar do ciclo de contato e são numerosas as “Gestalts” inacabadas
    •  mecanismos de evitação do contato podem ser saudáveis ou patológicos, dependem da sua intensidade, maleabilidade e oportunidade.
    • Os principais mecanismos são: 
      •  Fixação: é o apego excessivo justificado pelo medo de ser surpreendido por uma nova realidade. Neste contexto, existe o sentimento de incapacidade que induz a pessoa a permanecer em coisas e emoções.
      •  Dessensibilização: é o entorpecimento diante de um contato, dificultando o estímulo da pessoa. É a diminuição sensorial do corpo que causa a perda do interesse por novas e intensas sensações. 
      • Deflexão: é o evitamento do contato sem qualquer direção, como os sentimentos de incompreensão, não valorização por parte dos outros e sempre desconhece os motivos pelas quais as coisas acontecem na vida.
      • Introjeção: é aceitação de normas e opiniões de outros por medo da mudança e por isso prefere-se a rotina e situações controláveis. Existe o desejo de mudança, mas delega a outros as decisões da sua vida. 
      •  Projeção: é a atribuição ao outro, de coisas que não gosta em si mesmo. Ao sentir-se ameaçado, pensa demais antes de agir e identifica nos outros dificuldades e defeitos semelhantes ao seus. 
      •  Proflexão: é a manipulação do outro para receber o que precisa. É o desconhecimento de si como uma forma de nutrição e por isso, necessita do outro para a satisfação de sua necessidade. 
      • Retroflexão: é o desejo de ser como as outras pessoas desejam. O sentimento de arrependimento é comum por se considerar inadequado às ações que pratica. É o inimigo de si mesmo. 
      • Egotismo: é o colocar-se como o centro de tudo e ter o total controle do mundo externo. É a imposição de vontades e desejos próprios e o desprezo dos desejos alheios. 
      •  Confluência: é a dependência do outro. Não sabe diferenciar o que é seu e o que é do outro com o objetivo de ser semelhante aos demais.
    Referências:
    O Processo Ciclo do Contato em uma Situação de Luto. OLIVEIRA, Leane Valente de; OLIVEIRA, Marília Zara Gentil de; LOBATO, Edilza de Aguiar – O Processo Ciclo do Contato em uma Situação de Luto

    quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

    Do Artigo: O contato na situação contemporânea: um olhar da clínica da Gestalt-terapia

    • parte de queixas dos clientes atendidos na clínica.
    • busca compreender ...
      • a existência o mundo contemporâneo. 
      • como é vivenciado o contato com o outro na atualidade.
    • Revisa bibliografia a respeito do que a GT fala das relações e do homem.
    • Percepção de que os sofrimentos apontam para uma dificuldade de estabelecer diálogo, intimidade e entrega.
    A Gestalt-terapia...

  • considera que o homem e todo organismo vivo está interligado com o resto do mundo;
  • só faz sentido falar do homem que vive em determinado meio que faz parte de sua existência e forma com ele uma totalidade.
  • tem foco nas relações organismo-ambiente, que o sujeito mantém consigo, com o outro e o meio em que vive.
  • se debruça no estudo do contato em si, ou seja, na forma como o indivíduo se relaciona consigo, com o outro e o meio, da fronteira que interconecta eu-mundo e eu-outro.
  • Considera o Self contato.
  • Self é definido como sistema de contatos em que o eu se desloca do interior do psiquismo  para o campo, como processo que se desenrola no tempo, espontaneamente, expressivamente e de forma criadora, segundo Alvim (2012).
  • A Fronteira de contato marca uma delimitação temporal - indica o momento  em que nos deparamos com uma novidade que nos causa estranhamento e nos faz partir em busca de um sentido para este encontro.
  • Esse novo encontro com a novidade gera uma certa tensão por esse encontro, logo, falar da experiência é falar de contato.
  • Ajustamento criativo é processo de encontro e assimilação de uma diferença, que implica se arriscar diante do novo e do desconhecido, ou seja, a forma como o cliente se autorregula diante da novidade. O ajustamento criativo implica em uma ação espontânea no campo, podendo ser ativo (quando se quer realizar algo) ou passivo ( quando se espera que lhe façam algo) segundo Perls, Hefferline &Goodman (1651/11997)
  • As autoras...
    • sugerem que  a possibilidade do contato pleno, da entrega, da abertura, da awareness se encontram em falência na contemporaneidade.
    • que a GT pode auxiliar o sujeito a olhar de forma mais crítica para os fenômenos trazidos à clínica pelos clientes.
    • pretendem compreender os valores da sociedade atual a partir de dilemas levados por esses clientes.
    • reafirma posição dialética fundada no diálogo e na relação, observando o ser integralmente.

    1. A experiência do contato: do eu-outro, para o nós.

    - É como se eu fosse vermelho e ele amarelo, eu só queria que de vez em quando virássemos laranja e depois voltássemos a ser vermelho e amarelo e assim por diante. (Stela)
    • Observa-se o desejo de fazer contato na relação com o outro, e seu sofrimento por não conseguir.
    • traz sentimento de solidão e frustração.
    2. O processo de contato e suas interrupções
    • Na Gestalt-Terapia existem muitas formas de se olhar para o contato e suas interrupções.
    • A GT propõe 4 etapas para abordar o contato e a forma como ele acontece no tempo:
      • pré-contato
      • contato
      • contato final
      • pós-contato
    • As maiores demandas na clínica apontam para a dificuldade na experiência da alteridade (relação do que é o outro) e do diálogo.
    • Substituir o desconhecido e o diferente pelo conhecido em uma tentativa de evitar fazer contato com alfo que o ameaça acaba se tornando uma neurose.
    • A forma como se interrompe a dinâmica de contato fala da singularidade daquela pessoa e mostra o momento em que se bloqueia o fluxo da experiência, onde a dificuldade parece estar mais presente.
    • Destaca-se na clínica, como interrupções no momento do contato e do contato final a retroflexão, proflexão e egotismo.
    2.1. Contato

    • Na etapa do contato a energia mobilizada já está comprometida, isto quer dizer que:
      •  já houve a eleição de uma figura
      •  o organismo já teve uma sensação
      • se conscientizou de sua necessidade
      • se mobilizou e agiu em direção a uma possível satisfação.
    • O momento é...
      • o da agressão, 
      • de lidar com a diferença e com o outro, 
      • envolve conflito,
      •  destruição e assimilação do novo, dessa figura escolhida para a satisfação de uma necessidade.
    • O self...
      • frente ao conflito procura assimilar e se perceber no processo, bem como, estar mais aware de si.
      • quando a figura esta definida e a energia comprometida, o organismo se encontra na iminência da interação de si.
    • Bloqueando essa etapa de contato...
      • a energia que estava sendo direcionada retorna para si - retroflexão
      • ou a energia é direcionada para o outro, de forma enviesada, ocorrendo a proflexão.
      • Retroflexão e Proflexão...
        •  falam da impossibilidade da pessoa expressar suas necessidade para o outro de forma direta,
        •  impede o agir espontâneo frente ao outro, de encontrar e trocar com este diretamente, com confiança e coragem de assumir o risco que isso inclui.
        • evita-se aí o conflito direto
        • as formas disponíveis para tentar alguma satisfação nesses casos são:
          • ou satisfazer a si mesmo 
          • ou uma tentativa de eliciar no outro uma resposta mais ou menos esperada.
      • na Retroflexão...
          • isolamento é marcado por uma autossuficiência, um fazer você mesmo, enrijecendo a fronteira de contato e cindindo-se do ambiente, do outro; 
          • aqui há uma desistência do outro ou se entende que precisar dele é uma fraqueza, fazendo consigo mesmo aquilo que se precisa.
        • na Proflexão
          • no isolamento há uma espécie de “cegueira” e o outro passa a ser como uma tela de projeção, fantasiado, um espectro enevoado no qual se vê apenas uma idealidade.
          • proflexão, toma-se o outro como objeto, de modo a satisfazer a sua necessidade.
        • em ambos os casos
          • utiliza-se de manipulação, de comportamentos evocativos e indiretos, redobrando seus esforços quando encontra alguma resistência.
          • suas relações se mantêm empobrecidas, sem a sensação de estar satisfeito.
      2. Contato final
      • é o ápice do processo do contato, porém, não chega a ser o seu final em si, já que este acontece no pós-contato, momento da assimilação e do crescimento. 
      • Trata-se, então, do momento da união, do encontro eu-figura em si. 
      • Segundo Clarkson (1989) esse é o momento do engajamento total, cheio e vibrante com a figura da ação escolhida.
      • o self está absorvido de maneira imediata e plena na figura que descobriu-e-inventou; no momento não há praticamente nenhum fundo.
      • A figura incorpora todo o interesse do self, e o self não é nada mais do que seu interesse presente, de modo que o self é a figura (Perls, Hefferline & Goodman, 1951/1997, p. 221).
      • O sentimento de ego ativo da etapa anterior do conflito e agressão abranda-se ou desaparece.
      • Dizer que o fundo está vazio é falar em ato de entrega total com a figura escolhida, com atenção plena. 
        • No caso Stela esse é o momento em que ego e self se fundem formando uma só cor. 
        • Momento derradeiro para  se experienciar tanto o outro quanto a si mesmo, onde está presente a qualidade da totalidade campo-organismo-ambiente.
        • envolve renúncia de si, de entrega, onde o self se sente mais vivo:
      • Egotismo 
        •  impossibilidade de viver esse ato de entrega, em que figura e fundo se fundem em um só, de forma plena.
        • Segundo Perls, Hefferline & Goodman (1951/1997) consiste numa dificuldade em renunciar ao controle e à vigilância, numa ansiedade frente à indiferenciação, numa preocupação última com nossas próprias fronteiras, consigo ao invés de com aquilo que é contatado.
        • Há uma dificuldade em “relaxar o controle, soltar-se, ter a audácia de terminar a ação empreendida, abrir as fronteiras ao encontro” (Robine, 2006 p. 131).
        • O self, ao se enrijecer e evitando se entregar...
          •  não consegue agir em sua dimensão de espontaneidade e criatividade.
          • se vê em uma situação de emergência em cada possibilidade de interação e por isso mesmo precisa se proteger.
          • não permite vivenciar plenamente o encontro, ficando o contato esquecido enquanto possibilidade.
      3. A experiência na contemporaneidade...
      • Pode-se pensar em duas formas de existir no tempo presente:
        •  uma alienada, acrítica, apartada de uma reflexão sobre o mundo atual, 
        • e outra, a qual Agamben chama de contemporânea, que é a vivência daquele que “mantém fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro” (2009, p. 62)
        •  isso não significa de modo algum uma inércia, mas sim, como acrescenta ele, “uma habilidade particular, que nesse caso, equivalem a neutralizar as luzes que provêm da época para descobrir as suas trevas, o seu escuro especial, que não é, no entanto, separável daquelas luzes” (2009, p. 63).
      3.1. Marcas da contemporaneidade
      • há um “mal-estar” na contemporaneidade (Freud)
        • perda das referências
        • referências,
        • o racionalismo 
        • o cientificismo, 
        • o incremento do individualismo, 
        • a aceleração do tempo.
      • Com a fenomenologia...
        • Começa-se a pensar que consciência e mundo não são separados, mas aspectos de uma mesma realidade, na qual corpo e mente estão associados numa experiência intencional.
        • Franklin Leopoldo e Silva (2012) nos lembra de uma célebre frase de Jean Paul Sartre, em que este afirma que o inferno são os outros. Segundo o autor viver junto implica numa partilha de valores sobre a vida aspirações comuns, ou seja, um movimento em direção a uma vida comum, uma convivência.
        • A solidão numa sociedade massificada encoraja o indivíduo a buscar alívio e abrigo em grupos sectários, nos quais a homogeneidade representa a segurança que não está presente na experiência autêntica da diversidade.
        • Santos (2009, p. 18) afirma: “Temos direito a ser iguais quando a diferença nos inferioriza; temos direito a ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”.
      4. Entrecruzamentos...
      • como dizia Merleau-Ponty (1964/2000), a carne do mundo, se comungamos de um fundo comum, de uma generalidade, de uma cultura que nos atravessa a todos, podemos inferir que nãoé à toa que muitos estamos adoecidos.
      •  Compartilhamos de uma teia também adoecida, de um fundo que não é favorável à experiência de alteridade, ao encontro, à intimidade, à singularidade, à criação de novos possíveis.
      Segundo as autoras...
      • Vimos, em nossa clínica, que as pessoas têm tido cada vez mais dificuldade em lidar com o momento do conflito e da entrega. 
      • A dificuldade do conflito é uma dificuldade do embate, da
      • agressão; 
      • A da entrega diz respeito a abrir mão de uma atividade, de se lançar na experiência de união e dissolução das fronteiras.
      • Podemos estar em uma atividade mecânica, guiada pela pressa, que reflete uma lógica de produtividade e um medo de parar e encarar a ansiedade da incerteza frente ao desconhecido 
      • Ou podemos estar também num modo de ser passivo, engolindo pronto aquilo que vem de fora. 
      • Em ambos os casos alienados e acríticos, o que permeia esses dois modos de estar no mundo é uma alienação tanto pela atividade quanto pela passividade.
      • Os sujeitos em sua passividade introjetam esses valores como normas naturalizadas e não se questionam sobre eles, apenas os reproduzem.
      • A sociedade atual estipula normas gerais que indicam o que é certo/normal e o que está fora dessa margem, o errado/ anormal. Segue-se padrões sem questionamentos.
      • É preciso um gesto de interrupção para se perceber:
        • requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.
        • É justamente por estarmos apressados que nos distanciamos do que é da ordem da experiência, isolados uns dos outros, individualizados e numa constante competição nos afastamos da possibilidade de nos encontrarmos com o outro, de “estar com”.
      • "na rearticulação dos coletivos pela adoção de uma postura de diálogo e afirmação da alteridade, uma proposta de estabelecermos um espaço possível de esperança, em que sejam construídas relações onde haja espaço para o encontro, para a experiência de olhar e ser olhado, do reconhecimento, da empatia, do estar com, do reestabelecimento do vínculo. Com isso, vemos uma possibilidade de uma rearticulação entre as partes e o todo."
      • a clínica que se propõe e se estabelece dentro dessa lógica da alteridade restabelecida e forma dialética pode se configurar também enquanto um lugar que atua em prol da reversibilidade do quadro em que nos encontramos.
      • Criamos através da relação terapêutica, a possibilidade da pessoa resgatar a conexão primordial, religando-a a si mesma e aos demais, constituindo ou restaurando a sua própria humanidade”
      A Gestalt-terapia... 
      • busca recuperar o sentido da experiência concreta, do vivido e, para além disso, busca ampliar a awareness, ou seja, através da presentificação, restaurar nos sujeitos a dimensão do sensível e sua possibilidade criativa, de agressão.
      • traz uma proposta de saúde baseada na espontaneidade e na possibilidade de sermos no mundo de forma mais crítica, menos alienada.
      • sua terapia torna-se essa possibilidade de reconexão, que também encontramos na experiência do coletivo.
      • torna-se necessário que nos arrisquemos  diante do novo, pois a experiência, como já dissemos, comporta uma dimensão de risco e de travessia, de coragem para enfrentar a dimensão do perigo, que abarca tanto o júbilo como o sofrimento em meio a uma sociedade que se é proibido sofrer.
      • Direcionados sempre para o fim, perdemos o meio, e com isso o espaço da experiência, do acontecimento e da transformação, lugares do qual se ocupa a GT.
      Referências:
      Pepsico. SILVA, Thatuana Caputo Domingues; BAPTISTA, Camilia Santos; ALVIM, Mônica Botelho. O contato na situação contemporânea: um olhar da clínica da Gesatlt-terapia.

      terça-feira, 18 de maio de 2021

      Mecanismos de interrupção de contato - Gesltalt-Terapia

      A Gestalt-terapia o homem é visto como potencialmente saudável. Assim sendo, aquilo que se entende usualmente por mecanismos de defesa neuróticos, o gestalt-terapeuta  compreende como formas de evitação do contato. E isto não significa apenas uma mudança de nomenclatura. A evitação de contato pode ser saudável ou patológica, conforme ¨ sua intensidade, sua maleabilidade, o momento em que intervêm e, de uma maneira mais geral, sua oportunidade.¨ (GINGER, GINGER, 1995).

       A ação do gestalt-terapeuta não deve objetivar atacar, vencer ou superar as resistências quando o cliente está evitando o contato, mas, principalmente, torná-las mais conscientes ou figurais, favorecendo seu uso adaptado à situação do momento.

      Um mecanismo de defesa por si só não é bom nem ruim. O uso que o cliente faz dele, o seu funcionamento, é o que caracteriza sua "patologia".

      Os mecanismos mais citados pelos diferentes autores da Gestalt-terapia são:

      1. Confluência (Perls) - É um estado de não-contato, por fusão ou ausência de fronteira de contato. O self (si mesmo) não pode ser identificado, ausência de discriminação eu/meio.
      O individuo confluente tem uma necessidade muito grande de reduzir as diferenças. Algum tipo de singularidade pode gerar nesse individuo algum tipo de ansiedade. Tem fronteiras frouxas ou vive sem fronteiras. É difícil de saber o que é dele e do outro. Cria vínculos exagerados, apego excessivo, necessita estar em grupo e na relação com o outro. Nem sempre a cofluência é patológica, tem dificuldade em lidar com sua individualidade, singularidade, querendo sempre viver no social, evitando qualquer tipo de conflito, diferenciação. Não sabe lidar com novidades também. Na terapia ele precisa reencontrar a si mesmo e sua propria identidade. Tem dificuldade de fazer escolhas acaba decidindo o que o mundo decide.

      1. Introjeção (Perls) - Significa a incorporação de elementos do meio, de ideias a sentimentos, relações, valores etc. Não confundir com o conceito de introjeção da Psicanálise, pois no conceito de Perls há a implicação de um elemento que não foi assimilado. Outros autores de GT (Ginger) referem que a introjeção só é patológica quando não permite a assimilação.
      Comportamento inibido, obediente, engole as coisas sem dificuldade de discriminar o que é dela  e o que é do mundo. Falta uma certa mastigação para digerir o que vem do mundo. O mundo existe mas a pessoa não. Precisa discriminar o que é dele, reproduz muito o que é do outro para ter contato. Ex: Fulano falou, segundo sicrano, essa é a forma de contato que consegue ter.

      1. Projeção (Perls) - Significa atribuir ao meio elementos fantasiados pelo próprio indivíduo. Para Perls, há aqui um deslocamento da responsabilidade do indivíduo para o meio. A projeção não patológica é o que permite, por exemplo, a empatia entre os indivíduos.
      Ele é o contrário da Introjeção, onde o suejito acredita que pe invadido pelo mundo. Na Projeção o sujeito invade o mundo. Atribuindo ao meio o que é proprio de seu self. Percebe-se nele uma grande dificudlade de reconhecer e aceitar parte de sua personalidade. Projeta no mundo seu fracasso, desejos, carregando um traço paranóico e acaba achando que o mundo esta contra ele. Dificuldade de reconhecer-se e atribui ao mundo. Frases como: ninguem me intende, ninguém me escuta, como se o mundo não estivesse disponível para ele. Vida de ilusões e agressividade. O terapeuta precisa tentar reintegrar as partes alienadas e rejeitadas pelo sujeito, reassumindo a responsabilidade sobre seus atos de self. Pode trazer reclamação de terapeutas anterioriores. É preciso acolher e faze-lo entrar em contato consigo mesmo.

      1. 2. Retroflexão (Perls) - Consiste em voltar para si mesmo a energia mobilizada, fazer a si aquilo que gostaria de fazer aos outros ou que os outros lhe fizessem. São exemplos de retroflexão (tanto patológica como saudável): morder os dentes ou cerrar os punhos para não agredir; a masturbação; o sadismo e o masoquismo; a fala mental etc.
      O sujeito é alguem que de alguma maneira caba sendo inimigo de si mesmo. Como impulso que o sujeito que deveria colocar no mundo acaba dirigindo pra si mesmo, gerando casos de psicossomatizações. Exemplo: tem raiva, mas não consegue expressão, guarda para si. Não pderia sentir raiva de determinada pessoa, se sente culpado e dirige essa energia apra si somatizando. Tem dificuldade de dizer não. Ele deveria buscar uma forma de expressar mais as suas emoções. Um tratamento terapéutico é direcionado para coloca-la em contato com o mundo. Fazer exercicio de falar com o mundo de uma maneira mais direta e poder ter uma fonte de prazer consigo mesmo.

      1. Deflexão (Polster) - Permite evitar o contato direto, desviando a energia de seu objeto primitivo.São exemplos: desviar o olhar; "falar sobre"; usar termos técnicos etc.
      Há comportamentos especificos do sujeito deflexivo. Ele esta sempre criando muita dificuldade com o terapeuta, principalemtne quando o terapeuta é iniciante. Discurso político, filosífico vago. Tem dificuldade de entrar em contato com o mundo e nem se escuta. Precisa falar, falar e falar para não fazer contato.Pensa-se que é uma pessoa comunicativa e sociável, mas é o contrário. Tudo nela é apenas uma forma de não entrar em contato com o mundo. É preciso fazer uma boa intervenção. Precisa conduzir o cliente a entrar em contato com suas emoções, com o que sente naquele momento. Em casos extremos pode até trazer algum tipo de psicose.

      1. Proflexão (Sylvia Croker) - Uma combinação de projeção e retroflexão, consiste em fazer ao outro aquilo que gostaríamos que o outro nos fizesse.
      O sujeito que faz proflexão, faz ao mundo o que gostaria que fizesse com ele, Ele ama paraser amado, cria manobras para conseguir tocar a outra pessoa e de qlguma forma ser reconhecido por ela. Ele não consegue ser a sua propria fonte de prazer. Precisa projetar no outro e que esse reconheça quem ele é. Reclamações como sempre fiz tanto pelas pessoas, não sou reconhecido por essa pessoa. O terapeuta precisa buscar entender as suas reais necessidade e de maneira direta ele aprenda a buscar o que deseja sem buscar por intermedio de outras pessoas. Única forma de se relacionar com o mundo. Nem sempre consegue se reconhecer, precisa agradar o outro, e manipular o meio para que o outro faça como ele. Processo terapêutico deve ensinar a fazer por ele mesmo.

      1. Egotismo (Goodman) - Consiste em um reforço deliberado nas fronteiras de contato, devido a um reinvestimento de energia no ego, uma hipertrofia narcísica; geralmente é uma etapa do processo terapêutico, mas enquanto um estado crônico se torna uma patologia.
      O sujeito é alguém que possui um ego exagerado, artificial. Gosta de ter uma grande independecia, grande dificuldade de dar e receber, se sente o centro do universo, como se só ela existisse. Não é facil atender um egotista, há pessoas que podem apresentar esse tipo de comportamento no início, o que pode passar à medida que a pessoa pode comear a entrar em contato com ela. Comportamento narcisista, com excesso de controle sobre o futuro, sempre vigilante, a questão central é a pessoa queredo aniquilar o inesperado, não quer ter surpresa sobre o futuro, por isso quer controlar tudo. O terapeuta deve conduzir a pessoa a entrar em contato consigo mesmo e com o mundo começando a aprender a dvidir com o mundo.

      1. Dessensibilização 
      A pessoa que possui esse tipo de bloqueio de contato nao entra em contato nem com ela nem com o mundo, como se tivesse desintegrada. Como se parasse de existir, não tem awareness. Parece que falta alfabetização emocional, que o terapeuta é responsável pelo início dessa reeducação emocional. Não tem contato e tem dificuldade de responder às perguntas. Sugere que algo importante aconteceu na vida da pessoa, como trauma, depressão, etc. Há uma disfunção relacional, necessitando do trabalho de contato por parte do terapeuta, buscando sair dessa frieza emocional.

      1. Fixação
      Se apega de maneira excessiva a ideias, pessoas e coisas. Padrões cristalizados, ideias fixas e dificuldade de lidar com o novo, com o ajustamento criativo. Vida empobrecida e se sente incapaz de lidar com a impermanência da vida, sempre está procurando certezas. O trabalho terapeutico vai em aprender a lidar com as incertezas e riscos da vida.



      Disponível em: http://www.gestaltemfigura.com.br/gestalt-terapia/psicopatologia-mecanismos-defesa-resistencias#:~:text=Os%20mecanismos%20mais%20citados%20pelos,aus%C3%AAncia%20de%20discrimina%C3%A7%C3%A3o%20eu%2Fmeio.