Do Artigo Contextualização da Terapia de Grupos: Uma pequena apresentação da história e desenvolvimento de algumas propostas de trabalho.

O autor parte da Dinâmica de Grupo criada pelo alemão Kurt Lewin na década de 40 nos Estados Unidos, para localizar o surgimento de outras propostas que sejam condizentes com a atuação em grupos dentro de um modelo fenomenológico e apresenta, resumidamente, a proposta de trabalho com grupos da Gestalt-terapia e a sua evolução ao longo do tempo.

A DINÂMICA DE GRUPO EM KURT LEWIN


  •  Se baseou na perspectiva do gestaltismo para criar um modelo de pesquisa experimental e de intervenção em grupos. 
  • O seu trabalho inicial de pesquisa influenciou, posteriormente, em propostas de intervenção grupal e de pesquisas com grupos tais como o sociodrama de Moreno e a Pesquisa-ação. 
  •  o termo, dinâmica de grupo, é empregado de uma forma muito mais ampla, sendo praticamente utilizado em qualquer tipo de proposta de trabalho com grupos onde uma dinâmica aconteça
  • O conceito de campo tinha a utilidade de circunscrever e demarcar as fronteiras a serem consideradas em um estudo específico.
  • Atualmente, dinâmica de grupo, é um termo empregado de uma forma muito mais ampla, sendo praticamente utilizado em qualquer tipo de proposta de trabalho com grupos onde uma dinâmica aconteça.
  • Lewin afirma que o grupo deve ser sempre estudado como inserido em um campo social mais amplo e as mudanças que ocorrem neste, são sempre localizadas em um determinado tempo e espaço da existência do grupo.
  • A dinâmica de grupo para Lewin era uma reflexão e análise de todas as interferências contextuais que se expressam nos grupos e nas instituições.

T GROUPS 

  • Surge nos Eua com a finalidade de capacitação de pessoal.
  • grupos voltados para o treinamento de pessoas e com finalidades psicopedagógicas.
  • Traz a proposta de  “horizontalidade” na transmissão do conhecimento sendo bastante apropriada em grupos de formação de novos profissionais
  •  Funcionam sem ter uma tarefa inicial que não seja a própria tarefa de se voltar para os processos de funcionamento do grupo através de uma permanente autoanálise do mesmo.
RESUMO DE T GROUPS apresentado pelo Autor do Artigo:

"Buscando resumir a proposta dos T Groups: 
- Neste tipo de grupo trata-se da experiência em comum vivida dentro do mesmo, estando o grupo sob a orientação de um monitor.
- O grupo é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto da experiência. 
- O importante é o processo do grupo e não dos seus membros individuais. 
Regras para um T Group: 
- Há um horário e cronograma previsto para o funcionamento do grupo (cerca de duas horas por semana)
 - Os participantes são definidos previamente, tendo este grupo um tamanho normal entre 8/12 participantes. 
- Há um local previamente definido para o encontro do grupo. 
- A ideia é tratar das questões que dizem respeito ao grupo, logo o monitor evita que haja colocações de questões pessoais. 
- O monitor assume uma postura não-diretiva 
– não emite juízos de valor ou conselhos. Apenas traz contribuições do que percebe em relação ao funcionamento do grupo. 
- A sua interpretação dirigi-se para aquilo que percebe no grupo ou nos relacionamentos intra-grupais. 
- De acordo com Lewin, é fundamental para a evolução do grupo que haja uma atmosfera, um clima grupal apropriado. 
- O monitor tem a função de tentar perceber os entraves que acontecem impedindo esta “atmosfera”. 
- Este modelo inicial criado nos Estados Unidos em Bethel, foi levado para a França e desenvolvido por outros autores. 
- Há duas correntes diferentes no desenvolvimento dos T Groups. Uma mais psicanalítica e outra mais sistêmica."


GRUPOS DE ENCONTRO

  • Criado pelo psicoterapeuta americano Carl Rogers, como uma proposta da busca de atuação em moldes não diretivos.
  • não diretividade é um modelo de relação onde às relações de poder sejam as mais horizontais possíveis. 
  • Rogers acreditava que os únicos conhecimentos que podem influenciar o comportamento de alguém são aqueles que a própria pessoa descobre e se apropria, logo o papel do coordenador não é o de ensinar nada e nem de ser o dono da verdade, mas de perceber isso.
  • O modelo não-diretivo é um modelo não acabado no qual o processo do grupo vai acontecendo espontaneamente, sem um objetivo previamente definido e sem uma preocupação com resultados.
  •  Rogers (1982, pg.142) apud Albuquerque afirma que o modelo não diretivo é, “voltar a treinar os professores no respeito às capacidades interpessoais usando-as no estabelecimento de relações mais empáticas e de apoio com os alunos.” 
  • Rogers acreditava que  indivíduo acaba por se conhecer a si próprio e a cada um dos outros mais completamente do que o que lhe é possível nas relações habituais ou de trabalho, relacionando-se melhor no grupo.
GRUPOS OPERATIVOS
  • de origem argentina e criada pelo psicanalista Pichon-Rivière, partiram das considerações de Rogers.
  • modelo de atuação em grupo bastante focado para o papel da intervenção nas instituições.
  • baseava-se em cumprimento da tarefa, mas, sempre buscando, um olhar macro sobre a realidade, tentando explicitar as relações de poder que atravessavam as relações grupais.
  • Criou a proposta do grupo interativo. O que caracteriza este modelo de intervenção grupal é que este é conduzido, explicitamente, para a realização de uma tarefa, que pode ser o aprendizado, a elaboração de um diagnóstico ou até a busca da cura de determinados sintomas.
  • este modelo de grupo atua promovendo a ruptura de determinados comportamentos estereotipadas que dificultam ou impedem o aprendizado e a comunicação.
  • Desenvolveu  uma teoria sobre os diversos tipos de vínculos. Acreditava-se que as relações entre as pessoas se dessem como uma espiral dialética na qual, tanto o sujeito como o objeto, se influenciava mutuamente.  
  •  Grupos operativos passaria por três momentos: a pré-tarefa(momento no qual o grupo está paralisado diante das suas ansiedades e medos), a tarefa ( o grupo se assume como sujeito ativo e passa a elaborar estratégias para o seu funcionamento, começam a ocorrer transformações.) e o projeto(o grupo ganha a possibilidade de criar táticas próprias para produzir mudança.)

SOCIODRAMA E PSICODRAMA

  •  são modelos de intervenção grupal desenvolvidos pelo criador do Psicodrama, J. L. Moreno.
  • grupo com objetivos psicoterápicos, onde o foco do trabalho centrava-se nas questões emocionais dos participantes do grupo.
  • usou técnicas teatrais com um objetivo terapêutico que, segundo Moreno, estaria diretamente relacionado à obtenção de uma maior espontaneidade que o teatro traria para a vida dos seus participantes pela representação de diversos papéis dramáticos.  
  • A cena dramática tem, então, esta função terapêutica e os recursos da improvisação teatral passaram a ser utilizados como uma técnica específica de trabalho grupal – o psicodrama propriamente dito.
  •  trata-se sempre de liberar a espontaneidade e a criatividade, a capacidade de inventar uma história pessoal ou uma história coletiva

OS GRUPOS NA GESTALT - TERAPIA
  • Visão de grupo enquanto sistema.
  • A ideia de Pensamentos Holístico para se pensar o ser humano.
  • Olhar estético para o funcionamento do grupo.
  • Uma proposta prática de atuação no grupo onde o psicoterapeuta exercia um papel bastante centralizador e, valendo-se de técnicas, principalmente dentro do estilo hot-seat, trabalhava os membros individualmente.
  • Perls destacava que os membros do grupo eram permanentemente influenciáveis uns pelos outros, compondo uma nova configuração a cada momento.
 As atuações em grupo foram bastante modificadas a partir da inspiração do pensamento sistêmico no cenário da psicologia clínica e social. 

TEORIA DOS SISTEMAS - implica em trabalhar com grupos, ou melhor, estar em grupo, é lidar com indeterminação, mutualidade, reconstrução, reconfiguração e principalmente com as surpresas e sustos em todos os momentos.
  • O coordenador do grupo também é um membro integrante e participativo do grupo; é uma peça de composição do sistema. Quando se trata, portanto, de um grupo humano, fala-se de um sistema aberto no qual as transformações operam continuamente gerando novas informações e reformando as informações iniciais. 
  • A função do coordenador do grupo deixa de ser a de trabalhar os membros individualmente, mesmo que dentro do grupo, mas passar a considerar os fenômenos grupais como indicativos do momento do grupo e buscar uma compreensão do grupo como um TODO, que é sempre mais que a soma das suas partes individuais e, a partir disto desenvolver um olhar de “leitura grupal” e do uso de técnicas que levem a um modelo de intervenção sistêmico. 




REFERÊNCIAS:

ALBUQUERQUE,Patrícia L. – Contextualização da terapia de grupo uma pequena apresentação da história e do desenvolvimento de algumas propostas de trabalhos com grupo. Revista IGT na Rede, V.8, Nº 15, 2011, Página 216 de 226 Disponível em http://www.igt.psc.br/ojs/ ISSN 1807-2526 ARTIGO. Acesso em 07/03/2020 às 12:30,

Nenhum comentário:

Postar um comentário