Pesquisa de campo realizada na Orla Marítima de Itapuã, na Cidade de Salvador.

Projeto Integrador IV:
 Eu adulto, bem-me-quero na terceira idade. 

     Pesquisa de campo aplicada na orla marítima de Itapuã, na cidade de salvador, durante a manhã do dia 15/10/2019. Essa pesquisa tem por objetivo, entrevistar pessoas que estão na fase de transição, da idade adulta para a terceira idade. 

                                              

                                              

      Foram  entrevistadas  100 pessoas, as quais 56% na faixa etária de 51-70 anos e 44% na faixa etária  de 40-50  anos de idade, sendo 66% do sexo masculino e 34% feminino.



        Buscando entender um pouco do contexto em que vivem essas pessoas, foram feitas perguntas também sobre sua condição socioeconômica e cultural. Foi constatado que a maioria das pessoas se considera de cor parda, 39% negros e apenas 13% das pessoas se denominam brancas. Do ponto de vista da escolaridade, pode-se observar que apenas uma minoria de 9% concluiu o ensino superior, e que a maioria concluiu apelas o ensino médio (45%), seguido do ensino fundamental com 41%. Contudo, apenas 1% dos entrevistados se declarou analfabeto.


        Ainda sobre o perfil dos entrevistados, 44% das pessoas são casadas, seguido de 39% de solteiros. Vale ressaltar que apenas 19% dos entrevistados vivem sozinhos, apesar do percentual de solteiros.
Pode-se apurar então que, de 59% das pessoas que vivem com seus respectivos companheiros (as), 50% vivem exclusivamente com o companheiro (a) e os 9% restantes, vivem com companheiro(a) e filhos.  E dos entrevistados que declararam viver com filhos (35%), um percentual de 26% destes vivem exclusivamente com os filhos e os 9% restantes, vivem com filhos e companheiro(a).
 A partir daí foi perguntado sobre como viviam essas pessoas, do ponto de vista financeiro, constatando-se que, 44% das pessoas se declararam autônomas, apenas 26% declararam ter um trabalho formal. Por outro lado, 26% das pessoas são aposentadas, vivendo de suas aposentadorias.


Identificado o perfil dos entrevistados, partiu-se para as perguntas que buscam alcançar o objetivo da pesquisa: Identificar o que o adulto de hoje está fazendo, para que tenha uma vida de qualidade na terceira idade.
Diante das diversas colaborações possíveis na busca por essa vida de qualidade, pode-se afirmar que a atuação do psicólogo nessa fase é de grande valia, podendo colaborar em várias frentes como nos sugere Leandro-França e Murta (2014).  Entre estas intervenções estão: as abordagens comportamentais e cognitivo-comportamental tanto para tratamento quanto para prevenção; a terapia life review (revisão de vida) utilizada como estratégia preventiva da depressão em idosos; as intervenções de preparação para aposentadoria (PPA); a terapia comunitária, frequentemente aplicada a grupos de idosos de baixo poder aquisitivo com o objetivo de auxiliar no empoderamento e na resiliência.
Confirmando essa percepção sobre a importância do trabalho do psicólogo, pode-se observar que 83% das pessoas concordam totalmente, que o acompanhamento psicológico, na transição adulto-idoso, é de grande importância.  Apenas 11% concordou com a necessidade do psicólogo, porém, com ressalvas. Contudo, apenas 3% discordou totalmente, o que demonstra uma maior conscientização da população em relação ao papel do psicólogo.
Seguindo com a pesquisa, procurou-se saber como os entrevistados percebem as perdas cognitivas no processo de envelhecimento e, a maioria de 78% das pessoas concordam totalmente que ao envelhecer, há perda de memória, dificuldade de raciocínio lógico, dentre outros aspectos. Porém, 15% das pessoas concordaram com ressalvas, sinalizando que não é necessariamente um padrão de perdas cognitivas para todas as pessoas. Apenas 3% discorda totalmente dessa ideia. Percepção corroborada pelos estudos e Gallahue e Ozmun (2005) constatam que, no período compreendido entre os 20 e 90 anos, o córtex cerebral experimenta perda de 10% a 20 % de massa, podendo ocorrer em outras partes do cérebro prejuízo de até 50%. Assim, à medida que o cérebro envelhece, a atividade bioquímica (neurotransmissores) é afetada frequentemente.
Para ser mais objetivo, quanto a finalidade da pesquisa, foi perguntado se as pessoas concordam ou não, com o fato de que as suas escolhas, enquanto adultos, poderiam influenciar em seu processo de envelhecimento, sobretudo, em relação a ter uma vida de qualidade na terceira idade; 80% das pessoas concordam totalmente com essa ideia de que a vida adulta é fator determinante da vida de qualidade quando idoso; 10% concordam com ressalvas e, apenas 9% discorda totalmente dessa ideia.
Pensando sobre a relação do adulto-idoso no sistema familiar, foram feitas as seguintes perguntas: “É possível que o idoso tenha autonomia sobre sua própria vida?”  Sobre essa questão, 54% dos entrevistados afirmaram que é possível ter autonomia sobre sua vida na fase idosa, porém 30% afirmou o contrário. A outra pergunta foi:“ A família influencia no processo de conquista dessa autonomia?”  74% das pessoas concordaram totalmente com a ideia de que a família acaba influenciando na conquista da autonomia, na transição adulto-idoso. Porém, 17% concordou parcialmente, e apenas 5% discordou totalmente sobre a interferência da família na autonomia do indivíduo.
Podemos verificar que, apesar de não ser unânime, um percentual alto de entrevistados considera que a família influencia na busca por sua autonomia, o que vale ressaltar que, pelo olhar sistêmico, a família é considerada um todo onde seus membros interagem e se comunicam mutuamente, de forma que as ações de um impactam sobre os demais membros, e o desequilíbrio desse sistema pode provocar o desequilíbrio do indivíduo em seu desenvolvimento biopsicossocial. Ressalta-se também que o modelo de família tem mudado ao longo dos tempos, criando novas realidades que mantém o sistema familiar em eterno processo de integração e interação, não somente entre seus próprios membros, mas também com o contexto em que está inserido. Ou seja, podemos afirmar que. “seja qual for o modelo de família ela é sempre um conjunto de pessoas consideradas como unidade social, como um todo sistémico onde se estabelecem relações entre os seus membros e o meio exterior” (DIAS, 2011).
Perguntou-se à essas pessoas, se as limitações da terceira idade, no âmbito da sociedade brasileira, eram respeitadas: 58% em sua maioria discordou totalmente, Apenas 11% das pessoas acreditam que esses limites são completamente respeitados, e 13% admitem o respeito aos idosos, porém, com ressalvas. Esse resultado ratifica a percepção de desrespeito social em relação às dificuldades do idoso, que vão desde atitudes simples ou já garantidas, como respeitar direitos previstos em lei, e culminam com ações complexas e importantes que envolvem cuidados e proteção.
Um modelo de atendimento ao idoso que poderia ser considerado eficiente envolve uma atenção completa desde o acolhimento, passando pelo monitoramento e se encerra nos momentos finais de vida. Como nos diz, Veras e Oliveira (2018), os adequados modelos de atenção à saúde para idosos, portanto, são aqueles que apresentam uma proposta de linha de cuidados, com foco em ações de educação, promoção da saúde, prevenção de doenças evitáveis, postergação de moléstias, cuidado precoce e reabilitação. Para colocar em prática todas as ações necessárias para um envelhecimento saudável e com qualidade de vida, é preciso repensar e redesenhar o cuidado ao idoso, com foco nesse indivíduo e em suas particularidades (VERAS, OLIVEIRA 2018). Isso trará benefícios não somente aos idosos, mas também qualidade e sustentabilidade ao sistema de saúde brasileiro
Sabe-se que o envelhecimento atual apresenta-se com um perfil novo e traz consigo situações, contextos e demandas também novas e igualmente desafiantes no que diz respeito à longevidade. A partir desse contexto, 34% das pessoas acreditam que o adulto não tem se preparado, adequadamente, para o processo de envelhecimento; 25% acredita que de alguma forma, esse adulto vem se preparando para envelhecer; e, 21% concordaram totalmente com a ideia de que o adulto está se preparando para a velhice. Pessoalmente, voltando o olhar para sua própria vida atual,  54% dos entrevistados afirmaram que estão preparados para envelhecer bem; 15% afirmaram que de alguma forma estão preparados, mas talvez não em todos os aspectos; 18% das pessoas afirmam categoricamente, não estarem preparados para envelhecer.
Contudo, fica evidente que, quando o adulto de hoje, procura investir numa vida de qualidade, e nos cuidados necessários para viver bem o atual momento, de alguma maneira estará se preparando para atravessar a transição adulto-idoso, e conquistar uma vida de qualidade na velhice, considerando o contexto social e histórico no qual está inserido e também toda a sua trajetória de vida.
A pesquisa quantitativa possibilitou a elaboração dos gráficos a seguir, demonstrando as perspectivas desse adulto com relação ao processo de envelhecimento:


Do ponto de vista qualitativo, a pesquisa buscou compreender o que as pessoas pensam sobre o envelhecimento, e também sobre o que seria uma vida de qualidade na terceira idade, com ênfase naquilo que eles, enquanto adultos, estão fazendo para alcançarem essa conquista.
Em 2050, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), haverá 2 bilhões de idosos. Trata-se um número impactante que reforça a necessidade de buscar formas de envelhecer bem e com qualidade, sem esquecer os impactos biopsicossociais e cognitivos que interferem diretamente nesse resultado. As pessoas entrevistadas levantaram como pontos importantes para esse envelhecimento de qualidade aspectos como trabalho e salário digno, saúde física para permanecer ativo, alimentação saudável, dormir bem para se ter um descanso adequado, viver sem preocupação, fazer atividades físicas, estar em família, o estado de humor estando de bem com a vida, poder usufruir do lazer, conseguir uma aposentadoria digna, ser respeitado socialmente, gozar de sabedoria pela experiência de vida satisfatória, ter paz, viver com tranquilidade, ter tempo para si, cuidar da mente estimulando a mesma em atividades saudáveis, estado emocional equilibrado, dançar, se sentir feliz, segurança, conseguir se manter ativo e com mobilidade, investir em educação, conquistas um transporte digno, passear, viajar, assistência médica, autonomia, estabilidade, e por fim, poder ter um bom psicólogo para cuidar de si.
Segundo Papália (2013), afirmou que o envelhecimento se constitui num processo gradual e inevitável de mudanças significativas, que afetam integralmente os aspectos biopsicossociais e cognitivos do Idoso, portanto, é preciso considerar que a transição adulto-idoso implica em realizações processuais sobre as quais, irão impactar positiva ou negativamente, sobre a qualidade de vida na velhice. Sendo assim, os entrevistados relataram algumas ações necessárias desde a vida adulta até a fase idosa, a fim de garantir uma vida de qualidade satisfatória, conforme pode ser visto a seguir: dentro do possível que a vida de cada entrevistado permite realizar nesse momento, enquanto adultos, estes consideram que conseguir manter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos, estar trabalhando, cuidar da saúde, ter acesso a assistência médica, ter mais tranquilidade e menos estresse, ter estabilidade financeira, ter uma casa própria, cuidar do lado espiritual, guardar renda para viver a velhice dignamente, ler um bom livro, viajar, dormir bem, fazer exames periódicos, ser presente junto à família, ter um animal de estimação, práticas religiosas, estudar, se configurando aí as práticas necessárias para se conquistar uma vida de qualidade.
Embora existam muitas teorias sobre o desenvolvimento humano em geral, percebe-se que ainda são incipientes as teorias específicas para compreender o processo de envelhecimento mais profundamente, a fim de conhecer os aspectos que contribuem para uma maior longevidade do idoso da contemporaneidade. Diante do exposto, perguntou-se a essas 100 pessoas, o que elas pensam a respeito do processo de envelhecimento, considerando sua trajetória de vida. A seguir alguns relatos dos entrevistados:
“envelhecer com esse sistema é um presente de Deus”; “a mente é fundamental no estado de felicidade do sujeito; “envelhecimento é uma fase natural da vida;enfrentar os problemas com resiliência; conquistar tranquilidade e estar aposentado; “ ter sabedoria de vida; “estar numa família bem estruturada;é bonito estar velho;”Envelhecer é uma idade nova idade”; “é aceitar as próprias limitações”.
Essas pessoas apresentam uma perspectiva positiva na velhice, em função da vida que levam como adultos atualmente. Entretanto, há aqueles que relatam perspectivas negativas em relação ao processo de envelhecimento, quando afirmaram que: “envelhecer é um sofrimento”; “é uma fase de enfermidades”; “de isolamento familiar”; “de dores emocionais”; “do medo de morrer”, “de preocupação”; “fase de limitações”; “sem perspectiva”; “inatividade.

Alguns afirmaram que, essa fase não deveria existir, ou deveria demorar um pouco mais para chegar; outros, nem desejam pensar, entregando a Deus a sua responsabilidade em conquistar uma vida de qualidade na velhice.

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            Turmas de Psicologia da FTC - 3º e 4º semestres.








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