Mostrando postagens com marcador Terapia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Terapia. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 8 de março de 2022

O foco na Gestalt-terapia de curta duração

O foco na psicoterapia...
  • são os pontos nos quais se concentram os esforços do terapeuta e do cliente visando ao trabalho terapêutico.
  • são áreas que serão trabalhadas de tal forma que, todo o ser do cliente se modifique, dando fluidez aos seus ajustamentos criativos, e passe a caminhar mais livremente para se tornar ele mesmo.
  • são eixos do processo terapêutico.
Rank destaca...
  • a importância da vontade do paciente no processo de cura;
  • essa motivação é importante para a escolha do foco.

A escolha do foco...

  • é a eleição de um tema central para a psicoterapia;
  • deve ser flexível e dinâmico
  • deve ser identificado nas primeiras entrevistas
  • ajustes devem ser realizados pelo terapeuta e cliente durante o processo terapêutico
  • é preciso observar o que está por traz do sintoma (não é a coisa em si, mas o que o leva a essa coisa na relação).

A proposta de foco segundo Fiorini... 

  • Modelo de foco centralizado na situação
  • pretende responder à necessidade de trabalhar com enfoques psicológicos-psicopatológicos-diagnósticos e terapêuticos coerente, integrados, em uma concepção totalizadora da experiência humana
  • foi elaborada em consonância com  a importância que se dá, em GT , ao campo existencial total do cliente.
Segundo Perls (1977, p.39)...

"a abordagem gestáltica, que considera o indivíduo uma função do campo organismo/meio e que considera seu comportamento como um reflexo de sua ligação dentro deste campo, dá coerência à concepção do homem tanto como individuo quanto ser social. As psicologias mais antigas descreviam a vida humana como um conflito constante entre indivíduo e seu meio. Por outro lado, nós o vemos como uma interação entre os dois, dentro da estrutura de um campo constantemente mutável. E uma vez que o campo está mudando constantemente, devido a sua própria natureza e ao que lhe fazemos, suas formas e técnicas de interação devem ser, elas mesmas, necessariamente fluidas e mutáveis.""

 O foco e o sintoma...

  • Sintoma...
    •  surge de um conflito presente, mas que está apoiado em uma história conflitual passada e cristalizada.
    • Aponta alguma falta, algum potencial  que não pôde se desenvolver, mas que pode se desenvolver nesse momento.
    • se há sofrimento emocional, há algum potencial a ser desenvolvido.
    • um potencial que emerge e necessita desenvolvimento exige novos ajustamentos criativos, a partir da dor provocada pelo sintoma.
    • O sintoma que dói, geralmente, é o primeiro alvo da escolha do foco na psicoterapia de curta duração, embora, não possa ser o único referencial.
    • Não se pode perder de vista  o todo do cliente, especialmente suas repetições (padrões que se repetem)
    • Trabalhar somente o sintoma, é olhar apenas para uma parte do cliente.
  • Foco...
    • deve-se buscar a compreensão do significado e do sentido desse sintoma.
    • deve ter uma clara ideia de quem é aquela pessoa que está à sua frente.
    • deve individualizar  o cliente o que pode ocorrer por dois caminhos:
      • o que o cliente tem de único e especial, só dele em todo o universo humano.
      • o que ele tem de comum com outras pessoas, o que deve ser objeto de diagnóstico, seja de estilo ou de transtorno de personalidade.
    • Tem dois fundamentos na Gt de curta-duração:
      • compreensão diagnóstica da figura - a queixa apresentada.
      • compreensão diagnóstica do fundo - estilo de personalidade de quem apresenta a queixa, seu campo existencial no qual a queixa se insere.
O gestalt-terapêuta deve levar em conta:
  • o campo fenomenológico do cliente
  • o campo existencial do cliente
  • o sofrimento do cliente
  • o fundo pessoal de onde esse sofrimento emerge

Apresentando o foco ao cliente...

  • diagnóstico/foco do cliente
    • sofrimento pessoal
    • deseja eliminar esse sofrimento
    • percebeu que não está dando conta sozinho
    • na sua fantasia, acredita que o profissional vai resolver seu problema e aliviará sua angústia.
  • O terapeuta
    • não vai resolver o problema do cliente diretamente, mas auxiliá-lo.
    • compreende a dor do cliente de uma forma diferente do que ele é capaz de compreender.
    • ver o foco do cliente por outra perspectiva
    • elabora um modo de enxergar e lidar com o sintoma de outra forma.
    • deve dialogar com o cliente essa forma de ver o problema- linguagem compatível com o cliente
    • deve se questionar sobre sua capacidade de fazer sua parte no processo
  • O processo psicoterápico de curta duração começa a tomar corpo quando se estabelece...
    • o foco de trabalho
    • o foco de figura
    • o foco de fundo
  • A aliança terapêutica ...
    • ocorre quando o terapeuta consegue explicar seu ponto de vista de um modo que o cliente compreenda e possa verificar a pertinência da observação do terapeuta.
    • é determinante na motivação e determinação do cliente se envolver e se mobilizar na sução terapêutica.
    • está fundamentada na possibilidade do cliente cooperar
    • saber que requer o enfrentamento dos problemas e que nem sempre  será agradável ou prazeroso

O trabalho com o foco: a tarefa do terapeuta

  • saber como o terapeuta e cliente devem lidar com esse foco de trabalho.
  • Fiorini (1993, p.98) e os quatro passos básicos de cada sessão para trabalho com o foco:
  1. Primeiro passo é dado pelo cliente, ao trazer material para sessão.
  2. Segundo passo cabe ao terapeuta fazer perguntas, sugestões, associações, clarificações sobre o que o cliente traz para a situação terapêutica.
  3. terceiro passo cabe ao cliente reagir às intervenções do terapeuta
  4. Quarto passo cabe ao terapeuta aprofundar-se e fazer conexões.


Referências: PINTO, Ênio Brito. Psicoterapia de Curta Duração na Abordagem gestáltica elementos para a prática clínica. 3 edição  Summus editorial. São Paulo, 2016.

Estratégias Terapêuticas Básicas

A estratégia em um processo psicoterapêutico de curta duração fundamentado na abordagem gestáltica:

  • deve colocar ênfase em alguns pontos mais importantes para a aplicação dos recursos disponíveis na situação terapêutica.
Pontos mais importantes para aplicação dos recursos disponíveis na situação terapêutica:
  • Ênfase no olhar e do experienciar do terapeuta na situação;
  • Cuidado, ao olhar o ciente, quanto ao modelo de compreensão (se um modelo de psicopatologia de conflito e defesa ou um modelo desenvolvimentista); 
  • Orientação humanista do trabalho; 
  • Clareza quanto à visão de homem implícita na postura do terapeuta; 
  • Cuidado com o diagnóstico como indicador de caminho;
  •  Atenção a como delimitar o foco (definir o foco junto com o cliente após o diagnóstico, lembrando que o tempo é o tempo do cliente; 
  • A psicoterapia fora do consultório (tarefas para casa, manutenção do vínculo terapêutico)
A situação terapêutica:
  • É o primeiro e mais importante recurso de que dispõe o psicoterapeuta em um atendimento de curta duração 
  • Perls, Hefferline e Goodman descrevem a situação terapêutica como diretamente derivada da interação do organismo com o ambiente, tomados em separados. 
  • Para facilitar que o cliente recobre sua awareness total, a abordagem gestáltica toma a situação clínica como uma situação experimental. 
    • Isso quer dizer que é preciso que o terapeuta se engaje na situação terapêutica, que ele se lembre de que, se é a experiência de cada situação vital que possibilita o sentimento da própria existência do outro e do ambiente, isso igualmente é válido para a situação clínica.
  • A situação terapêutica existe antes mesmo que uma Gestalt comece a se formar na sessão de terapia, e será fundo para as figuras que virão. 
    • Apesar disso, Robine (2003, p. 3) lembra que o "neurótico age como se a novidade da situação aqui-e-agora não existisse (...), como se a situação fosse redutível a alguns de seus constituintes fixados, de uma vez por todas sob formas e esquemas de pensamento, de sentimento e de ação." 
"Atendi, certa vez, em psicoterapia de curta duração, um cliente de estilo obsessivo, que trazia, em determinada sessão depois de aproximadamente dois meses de terapia, a queixa de que tinha pouco espaço na vida, de que se continha muito. Explorávamos sua vivência e os significados dela, quando o cliente me disse: "Pois é, Ênio, é como se eu não usasse todo o espaço que tenho, como se eu ficasse sempre em um canto, oprimido..." Ao que lhe respondi: "Estou vendo". "Como assim? Está vendo?" "Estou vendo. Perceba como você está sentado na poltrona." A poltrona de meu consultório é de assento amplo, no qual uma pessoa pode senta-se confortavelmente; meu cliente estava sentado em um cantinho da poltrona, quase espremido no braço dela. Ele olhou para o imenso espaço vazio ao seu lado, olhou de novo, olhou para mim, moveu-se em direção ao centro da poltrona, experimentou-se nessa posição, respirou profundamente e abriu um dos mais infantis e lindos sorrisos que eu já vi na vida!" 
  • A postura do terapeuta diante da situação clínica, a atenção, como se desenrola o encontro terapêutico a cada sessão, leva a uma percepção mais acurada do que está ali, em detrimento do que não está.
  • A percepção da situação tem estreita correlação com as possibilidades de ação presentes a cada momento.
  • Um terapeuta, em um trabalho de curta duração, deve estar presente ao máximo, mais ativo que em uma psicoterapia de lona duração, mais entregue à situação terapêutica e mais aware ainda.
A compreensão do cliente:
  • demanda um cuidadoso e curioso olhar para o cliente, um  olhar o mais amplo possível, levando em contas os aspectos intrapsíquicos e relacionais, na terapia e no dia-a-dia
  • Robine (2003, p. 30), afirma que pode-se fazer a localização do trabalho terapêutico em, fundamentalmente, um de dois lugares: 
    • Ou a psicoterapia se apoia em um modelo de psicologia baseado em uma única pessoa, como por exemplo, o modelo da psicanálise clássica, em que o terapeuta tem um certo tipo de presença e função; 
    • Ou ela se inscreve em uma psicologia que compreende duas pessoas, como o modelo proposto por Ferenczi e adotado por Blint, Winniicott e outros mais, no qual o terapeuta não é mais estranho ao campo da experiência
  • Jacobs (1997, p.147) complementa e destaca a existência de uma mudança interessante e relativamente recente no campo da psicoterapia: a mudança de um modelo que ela chama de "psicopatologia de conflito e defesa", para um modelo desenvolvimentista.
    • A Gestalt-terapia de curta duração, embora não possa negar importância ao modelo de conflito e defesa, tem sua estratégia clínica fundamentada principalmente no modelo desenvolvimentista, uma vez que, esse é o campo por excelência de uma psicoterapia humanista.
    • Todo o olhar e toda a presença do terapeuta na situação terapêutica dependem de como ele compreende o ser humano.
  • "A influência de Goodman se exerce através de sua abordagem do contato, considerado como ajustamento criativo, como construção de sentido da experiência em um campo organismo/meio. 
A visão de homem na psicoterapia:

O propósito não é reconstruir personalidades como as teorias dinâmicas propõem.
  • A psicologia Humanista...
    •  tem como propósito libertar as personalidades potencialmente realizáveis e que estão presentes no sujeito.
    • pretende desvelar essa personalidade, conhecê-las e levar o indivíduo a se apropriar dela.
    • sua visão de homem se sustenta em um conceito esperançoso das pessoas e de sua capacidade para viver plenamente a vida, ainda que isso implique fazer mudanças, as vezes, dolorosas, em crenças e condutas mantidas durante muito tempo.
  • A finalidade prioritária da Gestalt-terapia de curta duração pretende...
    • desvelar e liberar as potencialidades pouco aproveitadas da personalidade, integrando-as com as potencialidades  mais à mão, e não só debelar os sintomas.
    • facilitar ao cliente as possibilidades de que ele reencontre e confie em sua espontaneidade , sua autonomia, sua capacidade de se autorrealizar, a cada situação existencial, integrando-se com o ambiente.
Um primeiro contato com o diagnóstico em Gestalt-terapia de curta duração:
  • Estratégia terapêutica
    • Diagnóstico como indicador de caminho; 
      • este não pode ser apenas um diagnóstico do cliente
      • é preciso desenvolver o diagnóstico da situação terapêutica e da situação de vida do cliente como um todo.
      • não deve se esgotar no sintoma, abrangendo o estilo de ser do cliente, o que se configura como fundo de onde emergirão as figuras.
      • deve levar em contas aspectos intrapsíquicos com ênfase maior em aspectos relacionais
    • Foco - Linhas mestras de uma compreensão diagnóstica.
Compreensão Diagnóstica baseada em 4 pontos fundamentais proposta por Pinto (2016), para que se possa determinar o foco da psicoterapia de curta duração:
  1. O fundo, o estilo de personalidade que se dá sustentação à queixa, ao sintoma; 
  2. A figura trazida pelo cliente, sua dor, sua queixa, seu sintoma identificado, o que inclui um cuidadoso olhar para seu ponto de interrupção mais importante no ciclo de contato; 
  3. A situação terapêutica, a cada sessão, nos moldes já discutidos anteriormente; 
  4. O campo existencial do cliente
Referências: PINTO, Ênio Brito. Psicoterapia de Curta Duração na Abordagem gestáltica elementos para a prática clínica. 3 edição  Summus editorial. São Paulo, 2016.

terça-feira, 31 de agosto de 2021

A primeira entrevista na gestalt-terapia

 Peculiaridades da primeira entrevista:

  • qual a finalidade dessa priemria entrevista?
  • contexto em que ocorre
  • limites e exigências específicos de um processo terapêutico em consultório
  • características de primeira entrevista em atendimento grupal
  • características de primeira entrevista para diagnóstico.
  • características de primeira entrevista com pais de crianças e adolescentes 
  • características de primeira entrevista com criança e adolescente.
Entendimento sobre "primeira entrevista":
  • não é necessariamente um único encontro;
  • pode ser um grupo de encontros que permitirão que terapeuta e cliente se conheçam e estabeleçam o "se" e o "como" de um processo terapêutico.
  • Buscar respostas para as seguintes perguntas:
    • Existe a necessidade da terapai?
    • Deve ser feita a terapia com aquele terapeuta?
    • Como será desenvolvida a terapia?
  • Decidido sobre "fazer a terapia" é preciso saber:
    • Quando começa a primeira entrevista?
  • A psicoteraía não é a primera opção do cliente. 
    • Ele antes, já tentou outros meios alternativos para lidar com seus problemas, o que configura o início do processo terapêutico.
    • Significa que o cliente já está em contato com seu sofrimento e em busca de solução.
    • Terapia por indicação médica, provoca uma frustração na pessoa que vai fazer a psicoterapia esperando solução mágica por parte do terapeuta, pois descobre que terapia é um trabalho conjunto, e árduo, que retoma seus sofrimentos.
Fazer terapia...
  • para o cliente
    • significa dispor-se a se defrontar com aspectos de si que não conehce bem ou teme, correr risco de aceitar e promover mudanças às veszes muito doloridas na prórpia vida, saindo da posição de conforto, já conquistadas por muitas lutas.
    • é abrir-se  para o autoconhecimento e com curiosidade, para desconhecer-se com confiança.
    • se propõe a flexibilizará ampliação do diálogo, entre mudança e permanência no modo de viver.
    • sente medo em  fazer isso, precisando de coragem para se manter na terapia.
  • caminhos a percorrer para fazer a terapia
    • encontra ro psicoterapeuta
    • entrar em contato com este - telefone, email, redes sociais, presencialmente, etc
    • após esse contato, o cliente já tem suas expectativas em relação ao terapeuta e ao que ele espera da psicoterapia.
  • Três caminhso para o primeiro agendamento
  1. o terapeuta tem uma secretária
  • ele perde parte importante do primeiro contato como deixar de perceber tom de voz, oratória no telefone, facilidade ou dificuldade para agendar horario, etc
  • ao receber o pacliente pessoalemnte, nao tem sobre ele uma impressão anterior provocada pelo contato telfônico.
     2. o terapêuta tem uma secretária eletrônica
  • dificuldade de entender as gravações
  • nem sempre o cliente deixa recado, podendo desistir.
  • redução de custo com secretária.
     3. o terapeuta atende o telefone (celular)
    • cliente já conhece a voz do terapeuta no primeiro contato.
    • começam a se conhecer e verificam possibildiade de atendimento.
    • permite observar caracteristicas da pesso,a disponibilidades, dificuldade iniciais, repercuss~ies geradas no terapeuta na primeira conversa.
    • terapeuta deve estar tranquilo e disponível para seu cliente, sem pressa ou pressão.
    • cliente sempre pergunta preço da sessão, podendo ser a questão financeira um determinante no fazer ou não da terapia.
  • Quando o cliente agenda entrevista com vários terapeutas é comum que não fique em nenhum.
A procura da terapia é sinal  de que o cliente  tem esperança de melhorar sua qualidade de vida:
  • O cliente que chega é ainda um estranho que nos procura porque sofre.
  • O terapeuta deve acolhê-lo em seu sofrimento e verificar a possibilidade de, por meio de um processo psicoterapêutico, ajudá-lo a transformar esse sofrimento em crescimento.
  • Receber essa pessoa pela primeira vez exige alguns cuidados com o ambiente e conosco.
    • tempo da primeira entrevista, em torno de 50 minutos, com flexibilidade.
    • cuidado básico e concreto diz respeito ao terapeuta e ao seu ambiente de trabalho. Estar preparado para receber o paciente.
    • o terapeuta está adequadamente vestido, a recepção e a sala de atendimento estão cuidadas, há um banheiro que ele pode usar sem pressa, o terapeuta está disponível na hora aprazada.
    •  a sala, mesmo sendo do terapeuta, deve guardar espaço suficiente para ser também do cliente.
As necessárias atitudes do terapeuta nessa primeira acolhida, sobretudo aquelas que dizem respeito a ele mesmo, àquilo a que precisa estar atento a si para permanecer aberto e disponível:
  • O processo psicoterapêutico como um todo se sustenta em especial em dois pilares:
    • a relação terapêutica 
    • e a compreensão diagnóstica
Alguns procedimentos paradoxais são de vital importância no processo psicoterapêutico:

1º Paradoxo:
  •  busca da postura de não procurar para poder encontrar
  • o terapeuta deve esvazar-se o mais possível diante de seu novo cliente, a ponto de se abrir para se surpreender com ele.
  • Olhar com interesse para essa pessoa que chega, deixar-se impressionar por ela sem, a priori, procurar possíveis patologias ou potenciais ainda não desenvolvidos, sem ter um roteiro prévio para a entrevista.
  •  uma pessoa que se dispõe a verificar se pode ajudar profissionalmente a outra.
2º Paradoxo:
  • vem da expectativa do cliente de encontrar ajuda com o terapeuta
  • o terapeuta não tem certeza, a princípio, de que seu serviço e seu arsenal teórico serão úteis àquele que o procura.
  • A única crença que um terapeuta pode ter no começo é a de que somente um ser humano pode acolher outro ser humano em momentos de intensa angústia, de sofrimento ou de impasses paralisantes.
  • O cliente procura a técnica, o especialista, mas precisa receber primeiro a compaixão, matriz da empatia tão fundamental para a relação terapêutica.
  • a compaixão provém do reconhecimento e do compartilhamento da condição humana, às vezes tão precária diante das demandas da existência.
3º Paradoxo:
  • embora deva receber humana e humildemente seu novo cliente, o terapeuta não é obrigado a atender essa pessoa em terapia.
  •  Acolher para uma primeira entrevista não é o mesmo que se comprometer a iniciar um processo psicoterapêutico com a pessoa acolhida.
  •  o terapeuta tem o dever de se perguntar se tem condições de firmar com essa pessoa um compromisso que promete ser intenso e duradouro
  • terapeuta deve se questionar antes de pegar o caso:
    • se  a pessoa toca meus sentimentos, provoca-me, instiga-me, se me sinto esperançoso em um trabalho com ela.
    • essa comoção é suficientemente confiável para um trabalho duradouro? 
    • Essa esperança tem mesmo relação com o encontro ou é um a priori que introjetei?
    •  Meu conhecimento terapêutico é bom o bastante para atender essa pessoa? 
    • Algum preconceito meu pode atrapalhar esse trabalho? 
    • Posso mesmo encarar essa aventura? 
  • questões mais objetivas do processo terapêutico:
    • como será o pagamento pelo trabalho e os horários?
    • conseguirá manter determinados horários para atender ao cliente?
4º Paradoxo:
  • tem relação com uma aparente ansiedade por parte do terapeuta.
  • ele não sabe se poderá corresponder; não tem ideia de como aquele encontro irá toca-lo em relação a nossos valores, crenças, esperanças, sentimentos, formas de lidar com o belo e o trágico da vida.
  •  o terapeuta não deve se preocupar em parecer bom ou especialmente competente, mas em estar – humanamente – presente.
  • ao psicoterapeuta compete facilitar ao cliente a expressão de sua vivência e a ampliação da esperança de transformar essa dor em atualização com sentido, e isso só se dá com a presença viva e sensível de outro ser humano.
"Independentemente dos anos de prática do terapeuta, a primeira entrevista mobiliza, faz-nos viver o que Perls, Hefferline e Goodman (1997, p. 45) chamam de “excitação do crescimento criativo”– que não pode ser confundida com a ansiedade propriamente dita, embora com ela se pareça. A excitação do crescimento criativo é uma vivência de ampliação da awareness e da energia que nos permite nos colocarmos mais plenamente ante uma situação; é, por exemplo, o que vive um artista momentos antes de pisar no palco para uma apresentação."

5º Paradoxo:
  • diz respeito a uma pergunta que o terapeuta deve se fazer em todo esse início de trabalho: 
    • será que essa pessoa precisa mesmo de terapia? 
    • Esse caminho seria o melhor para ela?
    • Terapia não é para todo mundo – muito menos para todos os momentos da vida
    • a compreensão diagnóstica, um dos pilares dos primeiros atendimentos, na medida em que conduzirá o olhar do terapeuta para os pontos cuja observação é necessária para a recomendação, ou não, do início de um processo psicoterapêutico, além de embasar a estratégia terapêutica que será proposta.
    • A compreensão diagnóstica, por exemplo, possibilitará a proposição de uma terapia mais breve ou mais longa, a frequência de sessões semanais, a necessidade de recursos adicionais
Yontef (1998, p. 279): “Não podemos evitar diagnosticar. A nossa opção é: fazê-lo de maneira superficial ou não deliberada ou, ao contrário, de maneira bem ponderada e com awareness completa”. 
  •  É parte do treinamento do terapeuta buscar ter a melhor noção possível de seu padrão de estar no mundo, de se relacionar e de perceber as pessoas.
  • Grande parte do nosso modo de perceber é dada pelo que herdamos, pelas construções que fazemos vida afora, pelos valores que nos orientam, pela nossa história, pelas nossas habilidades, pelos nossos horizontes.
O pontos mais significativos para a compreensão diagnóstica na primeira entrevista:
  • analisemos o trabalho multiprofissional interdisciplinar.
    • o psicólogo tenha sensibilidade e conhecimento suficiente para encaminhar seu cliente para avaliação médica sempre que perceber que isso pode ser útil para o cliente e tranquilizador para o trabalho efetivamente psicoterapêutico.
    •  sofrimentos que necessitem de apoio psiquiátrico para que a psicoterapia seja efetiva, vale a regra de exigir uma avaliação médica antes de iniciar o processo psicoterapêutico.
    • é um exercício de observação fundamentada na abertura perceptiva e na profunda confiança na formação de sentido do observado e do vivido pelo terapeuta.
    • Busca-se compreender "como":
      • como: como o cliente é diante do terapeuta;
      • como ele se relaciona;
      • como é seu mundo; 
      • como ele gesticula; 
      • como fala; 
      • como ouve; 
      • como se movimenta pelos caminhos da vida;
      •  como se dá conta de si;
      •  como se repete e como se surpreende; 
      • como lida com o tempo e com o espaço; 
      • como ele se desenvolve; que potencialidades explora e quais evita, 
      • como faz isso; 
      • que ajustamentos criativos ele fez, faz e/ou poderá fazer; 
      • que sabedorias ele tem e reconhece,
      •  que sabedorias tem e não reconhece, 
      • como faz ou não esses reconhecimentos, 
      • que sabedorias não tem;
      •  como ele se cuida e como se descuida; 
      • como lida com os sentimentos; 
      • como lida com sua sexualidade; 
      • como lida com os mistérios da vida; 
      • como lida com a religiosidade; 
      • como se apropriou, ou não, dos valores que o orientam; 
      • como sonha e como lida com seus sonhos; 
      • como dá significado e sentido à sua história: 
      • como ele se lembra; 
      • como lida com as lembranças;
      • como se brinca e como brinca; 
      • como ele está, esteve e nunca esteve; 
      • como gostaria e como gostará de estar
"“Como” é a palavra-chave para a compreensão diagnóstica na abordagem gestáltica, e embora essas questões necessitem de tempo para ser observadas já na primeira entrevista algumas se destacam e fundamentam a indicação, ou não, da terapia – e o como dela." (FRAZÃO; FUKUMITSU.2015)
 
Outras observações a serem feitas:
  • a queixa que o cliente traz à terapia. 
  • Como ela é? 
  • Como é vivida e relatada pelo cliente? 
  • Que sentido ele dá a ela? 
A queixa que o cliente traz...

  • pode não ser decisiva para a terapia.
  • é o meio pelo qual a pessoa chega ao terapeuta, devendo esse caminho ser confirmado e acolhido.
  • é a ferida que está exposta, é a dor que evidencia um sofrimento
  •  é o modo por intermédio do qual as potencialidades agora disponíveis, mas ainda não atualizadas, pedem passagem. 
  • aponta um sentido para as possíveis e necessárias mudanças
"Se a compreensão diagnóstica for bem-feita, permitirá que a primeira entrevista levante questões e pontos que aparecerão na terapia ao longo de muito tempo. Se for capaz de compreender o jeito de ser de seu cliente, o terapeuta poderá ajudar a retomada de seu crescimento porque terá uma base mais sólida para se aventurar na relação terapêutica, e também poderá fazer prognósticos, aventar possibilidades, traçar estratégias e horizontes suficientemente amplos para o processo terapêutico." (FRAZÃO; FUKUMITSU.2015)

O diálogo...
  • o é o caminho por excelência do processo psicoterapêutico desde o início
  • o terapeuta ouvi mais di que fala, ele não pode ser só ouvidos; precisa mostrar ao cliente como o compreende e como entende a situação que o traz à terapia. 
  •  compreensão e acolhimento se dá sobretudo pela comunicação verbal e não verbal.
  • É preciso que o profissional comente o prognóstico que imagina para o trabalho, com clareza e sensibilidade.
  • Um posicionamento ético para não fazer r falsas promessas, em não prometer curas, mas em demonstrar, quando é o caso, confiança em que a psicoterapia seja um recurso sólido e indicado para que o cliente lide com eficácia com as questões que o afligem.
Conclusão da primeira entrevista...
  •  é feito entre o terapeuta e o cliente
  • também entre o terapeuta e os responsáveis pelo cliente no caso de atendimento, por exemplo, de crianças, adolescentes e alguns idosos
  • estabelece as regras básicas que regerão o trabalho
Aliança Terapêutica...
  • confiança de que essa pessoa tem saúde suficiente para assumir sua parte no trabalho terapêutico.
  •  esse contrato serve para que se esclareçam, entre outros:
    •  os procedimentos a ser adotados com relação a horários, 
    • a faltas do cliente ou do terapeuta,
    •  à reposição de horários, 
    • a férias e feriados,
    • à remuneração,
    •  à disponibilidade do terapeuta fora dos horários estabelecidos 
    •  ao tempo da terapia nos casos de psicoterapia breve
O contrato na Gestalt-terapia...
  • por ser baseado na confiança, em terapias não institucionais é melhor que esse contrato seja verbal, não por escrito, preservando assim a confiabilidade mútua, princípio pétreo da relação terapêutica dialógica.

Referências:
FRAZÃO, Lilian Meyer; FUKUMITSU, Karina okajima. A Clínica, a relação psicoterapêutica e o manejo em Gestalt-terapia. Summus editorial.  São Paulo, 2015. cap. 1. A primeira entrevista.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Entrevista inicial e ansiedade

 


  • Foi trabalhado a temática sobre como um psicólogo muito ansioso pode prejudicar a primeira entrevista de sua experiência profissional. Esse encontro trouxe aspectos importantes de aprendizado que precisam ser considerados ao realizar as entrevistas iniciais de seus clientes, a fim de que, a primeira entrevista seja mais eficaz no que diz respeito à qualidade da relação estabelecida entre psicólogo e o cliente.
  • Quando o entrevistador é muito ansioso, deve buscar os meios de lidar com essa ansiedade para que, ao estar em processo terapêutico possa se manter em equilíbrio, focado nos objetivos da entrevista para a qual, se dispôs a realizar. Segundo Freud (1926) apud Franco; Wondracek (2007), “O psicanalista deve constantemente analisar a si mesmo. Analisando a nós mesmos, ficamos mais capacitados a analisar os outros”. 
  •  O psicólogo deve se preparar emocionalmente para a entrevista. A ansiedade pode ser benéfica na medida em que ela possa te ajudar a realizar o trabalho.  Quando a ansiedade é descontrolada, deve-se buscar ajuda terapêutica para resolver as suas questões pessoais, e poder lidar com as questões do outro.
  • É de extrema importância que o psicólogo tenha domínio da técnica aplicada na entrevista inicial, bem como, do aparato teórico que sustenta a abordagem que escolheu trabalhar. Uma entrevista inicial, geralmente, se dá com a utilização de uma ficha de entrevista, previamente planejada, chamada anamnese. Entretanto, percebe-se que é de extrema importância que o entrevistador não fique rigorosamente preso, aos critérios da ficha de anamnese. É muito importante, especialmente no primeiro encontro, que mantenha o olhar atento para a pessoa, buscando compreender as razões que a levaram a buscar um psicólogo, demonstrando interesse em entender as suas motivações para estar ali.
  • A anamnese não deve ser vista como referencial único que tem que ser seguido a risca. Serve de orientação, para trazer ao diálogo, temas relevantes que podem não ter sido falado durante a conversa. Jamais dever ser a prioridade no sentido do seguimento rígido e mecânico da condução de uma entrevista estruturada. Sendo assim, nem sempre se consegue preencher totalmente e anamnese, o que não invalida a entrevista. O importante, sobretudo, na primeira entrevista é a relação que se estabelece entre o psicólogo e o cliente, de maneira que o cliente se sinta acolhido integralmente e compreendido pelo psicólogo.
  • O terapeuta deve ter sempre o cuidado para não enquadrar o outro no seu sistema de valores, entrando no mérito do julgamento. Se despir de seus valores faz com que o entrevistador entenda melhor o sistema psíquico do cliente, o que acontece com o outro, as relações interpessoais, suas atitudes e comportamentos numa relação empática que deve se estabelecer no setting terapêutico. É preciso estar inteiro com o outro, mantendo a escuta ativa com atenção plena nas verbalizações e ações do sujeito.
  • Quando o psicólogo vai a uma entrevista imaginando o que pode ouvir, acaba transmitindo a sua ansiedade para o cliente. Dessa forma, vai estar ouvindo o outro e ao mesmo tempo, pensando a partir de seus valores, como poderia ou deveria ser, comprometendo a eficácia do atendimento. É preciso empatia para compreender o outro, suportar ouvir as queixas, as repetições, sem pensar nos seus valores. É preciso gostar de ouvir o outro, e adquirir a capacidade de se interessar pelo que ele traz, sem pensar nas suas questões pessoais. 
  • Na primeira entrevista se supõe que ainda não há uma transferência. Ao oferecer um serviço como o de Psicologia, é preciso conquistar habilidades para estar na condição de psicólogo de forma inteira. Para isso, o psicólogo precisa desejar estar no lugar e na função que está desempenhando, para que, ocorra aí o processo de transferência. 

Constratransferência - Psicanálise

 

  • Pode ocorrer resistência do lado do profissional em relação ao paciente, o que também afeta o vínculo terapêutico e que Freud deu o nome de Contratransferência.
  • Trabalhamos um video do Prof. Hélio Miranda Júnior sobre a contratransferência.
  • Reação do analista do sujeito que se coloca no lugar do analista àquilo que vem do analisando ou paciente. Como uma reação ligada a alguma coisa que dificulta a análise. Isso acontece em diversos momentos, diversas formas o que reforça a ideia de Freud de que todo analista precisa ser analisado, devendo aí procurar seu analista pra fazer análise daquilo que o afeta e que vem do analisando.
  • Jung afirmou que deveria sobrepujar a essas diferenças porque a contratransferência acontece porque vem daquilo que afeta o próprio analista,
  • Destaca a posição do analista que não é pura, pois, não há nenhum analista que termine sua análise estando totalmente analisado.
  • O analista deve tomar o material que vem do paciente como material de trabalho, algo que diz respeito aquela relação específica, e que diz respeito ao paciente e não a ele. Tomar aquilo para além da análise é responder ao material gerando a contratransferência.
  • Os pós-freudianos afirmam que o material que surge da contratransferência também pode ser um material que  deve servir para a condução da própria análise.
  • Identificada a contratransferência ou o analista vai buscar a supervisão com seu próprio analista para levar adiante a análise do paciente, ou vai encaminhar o analisando a outro analista para seguir com a análise.
  • A ética da psicanálise (ética do bem-dizer-se do analisando que vai conduzir ao bem-estar) está além da ética da psicologia (ética do bem-estar) devendo aí sempre estar presente.
  • O analista não deve expor ao analisando a contratransferência para que não cause o mal estar. Lidar com a ideia de que algo nele é impactante ou afeta o próprio analista pode gerar esse desconforto.
  • É importante identificar que tipo de contratransferência aparece na análise e porque ela apareceu.
  • Processo terapêutico não tem como objetivo a análise do inconsciente. Visa mais o bem-estar. Resolveu o conflito que traz o mal-estar, resolveu o problema.
  • A análise é o bem dizer, leva o sujeito ate o final da análise, analisar o inconsciente que esta por traz do problema