Recalque - Psicanálise

 Recorte do texto de Garcia-Roza GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo, Recalcamento. In.: Artigos de metapsicologia, 1914-1917: narcisismo, pulsão, recalque, inconsciente / Luiz Alfredo Garcia-Roza. — 7.ed. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008. Em: 22/09/2020 

Recalcamento 

  • um dos conceitos mais importantes da metapsicologia freudiana, segundo a história do movimento psicanalítico, onde Freud declara que “o recalcamento é o pilar fundamental sobre o qual descansa o edifício da psicanálise”.
  • O Vocabulário da psicanálise de Laplanche e Pontalis, tanto na edição francesa como na brasileira, optou por 
  •  é um processo interno ao sujeito, é também verdadeiro que este processo se dá em decorrência da censura, da lei enquanto algo que é externo ao sujeito. 
  • Recalque secundário ou recalque propriamente dito. A distinção entre as duas formas de recalque, o primário e o secundário, tem por objetivo responder à aparente contradição resultante do fato do recalque ser um mecanismo que se exerce entre dois sistemas (o Ics e o Pcs/Cs) e ao mesmo tempo o mecanismo que funda a distinção entre esses sistemas. Ao propor a hipótese do recalque primordial.
  •  Freud pretende resolver essa contradição fazendo com que o recalque primordial seja o responsável pela clivagem do psiquismo em sistemas diferenciados (o Ics e o Pcs/Cs), enquanto que o recalque propriamente dito se exerça a partir da clivagem já feita. 
  •  distinções entre o recalque primário e o recalque secundário o caráter passivo do primeiro à diferença do segundo, essencialmente ativo. 
  •  Freud se refere ao recalque secundário como uma Nachdrängen, uma pressão posterior. 
  •  Vinte anos mais tarde, no artigo Análise terminável e interminável, ao retomar a distinção entre os dois momentos do processo de recalcamento, ele afirma que “todos os recalques acontecem na primeira infância” quando o eu ainda imaturo empreende suas primeiras medidas defensivas. Trata-se aqui do recalque primordial. “Nos anos posteriores não se consumam novos recalques”, o eu recorrendo aos recalques originais, que foram conservados, para Introdução à metapsicologia freudiana.
  •  Posteriormente Freud vai substituir a ênfase dada ao conflito Ics - Pcs/Cs pelo conflito eu - recalcado, não identificando mais a consciência como instância recalcante e sim o eu (ou uma parte inconsciente do eu), governar as pulsões.
  • A impressão que se tem é que só há recalque na primeira infância, ficando o indivíduo livre desse mecanismo nos anos posteriores de sua vida. Não é o que ocorre
  • na primeira infância está presente apenas o recalque primário ou original;,
  •  a partir de então, entra em cena o recalque secundário ou recalque propriamente dito, que incide sobre os derivados do recalque primordial. 
  • É o recalque secundário o responsável pela manutenção do sistema inconsciente enquanto formado essencialmente pelo recalcado (recalcado resultante do recalque secundário); 
  • O recalque não elimina nem impede o representante e a representação (Vorstellungsrepräsentanz) de continuar agindo no inconsciente mas, ao contrário, o recalcado “continua se organizando, formando derivados e estabelecendo conexões”. 
  • O que é afetado não é o modo de ser do representante-representação no inconsciente, mas sobretudo sua relação com o sistema pré-consciente/consciente. 
  • Se alguma influência é exercida pelo recalque sobre o que ocorre no inconsciente, é no sentido de possibilitar ao recalcado uma expansão e uma riqueza de articulação maiores, precisamente por ele estar livre do controle da consciência.



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