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sábado, 20 de fevereiro de 2021

Fenomenologia e Gestalt-terapia

Nenhuma corrente filosófica possui originalidade plena, já que todo pensamento começa a partir dos que antecederam ao movimento ou assunto. Um filósofo se torna importante a partir da perspectiva nova que apresenta, envolvendo método, ideias, teorias, etc.

EDMUND HUSSERL 

  • Nascido em 08/04/1859, em Prosnitz, cidade da Morávia, atualmente República Tcheca.
  • De família judia
  • Estudou astronomia em Leipzig  e matemática em Berlim e Viena.
  • A obra de Husserl revolucionou todo o pensamentos das ciências humanas no século XX e da filosofia até a contemporaneidade.
  • Encantado com as ideias de Brentano, buscou a fundamentação das ciências colocando em questão seus pressupostos, objetos de estudo e metodologias, mostrando que não se podia pensar em um único método já que haviam várias ciências e não, apenas uma. Ao variar o objeto de ciência para ciência, varia-se inevitavelmente, o método e a metodologia.
  • Pretendia demonstrar que as ciências humanas não podiam ser medidas pelo rigor das ciências naturais, sendo ineficiente para explicar as ciências do espírito e ineficaz quando se trata de vivência humana.
  • Baseado nisso, o Psicólogo não pode se basear pelas leis da lógica.
  • Afirmou que:
    •  à ciência caberiam a objetividades, a substancialidade e a exterioridade. 
    • à filosofia e à psicologia caberia a subjetividade e a interioridade.
A REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA OU EPOCHÉ

  • Procurou a redução eidética e fenomenológica de chegar a um EU e a um Objeto puros em suas propriedades essenciais, retirando todas as qualidades circunstanciais ou acidentais com o fim de fundar uma nova teoria do conhecimento de modo sólido e inquestionável.
  • Consiste em pôr entre parêntese a realidade do senso comum. É preciso captar a "essência" ou o sentido das coisas, dando à intuição o qualificativo de eidética, ou seja, "visão das essências".
  • Husserl descobre que as qualidades circunstanciais ou acidentais são fundamentais, que não há objeto sem elas, que não há Eu sem o mundo nem mundo sem o Eu.
  • O modo de chegar "às coisas mesmas" prescinde de especulações, hipóteses e leis gerais para entrar em contato com a especificidade, a originalidade e a singularidade de cada fenômeno que se mostra.
    • FENOMENOLOGIA 
      • Consiste no estudo dos fenômenos, isto é, daquilo que é dado à consciência, onde se prende tudo que é conhecido.
      • Husserl vê a consciência como uma síntese em fluxo que não tem nenhuma substancialidade, sendo mais uma dinâmica entre o sujeito e objeto, onde todo ser recebe seu sentido e valor.
      • Nada tem valor se não tiver sentido para o sujeito, relação conhecedor e objeto que abrange variadas formas de apreensão do mundo, como: razão, pensamento, intuição, sensibilidade ,etc.
      • Pretende explorar esses dados intuitivos - relação pré-reflexiva - evitando estabelecer qualquer hipótese a seu respeito.
      • Tem a noção de recomeço, como retorno à coisas mesmas.
      "Toda e qualquer ciência deverá ser precedida de uma análise fenomenológica visando estabelecer a essência do objeto de seu estudo antes de formular hipóteses ou leis."
      • A perspectiva fenomenológica constata o caráter intencional da consciência.
      • Ocorre a superação da dicotomia sujeito-objeto - a velha questão da teoria do conhecimento - já que fora da correlação consciência-objeto não existiria nem um nem outro, cujos polos dessa correlação são:
        • NOESIS - ato da consciência visando o objeto
        • NOEMA - objeto visado pela consciência.
      • Outros meios da consciência se dirigir aos objetos, além da intuição e percepção são: imaginação, memória, sentimentos, sonho.
      • Concebe o homem como o ser do mundo, sendo a consciência também do mundo.
      • Toda consciência é absoluta, havendo somente exterioridades. 
      • Considera o Introspeccionismo uma especulação impossível. Para ele todo objeto é imanente à consciência, inclusive a transcendência.
      A fenomenologia elucida não o mundo e a realidade tomados em si mesmo, mas as relações vividas e efetivas que se estabelecem entre o homem e o mundo.

        • para que se faça fenomenologia é preciso suspender todo e qualquer posicionamento ontológico e toda "realidade empírica", onde tudo que for aparente, óbvio e preconcebido é colocado em questão.

        REFERÊNCIAS:
        Gestalt-terapia - fundamentos epistemológicos e influências filosóficas.
        Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)





        sábado, 25 de agosto de 2018

        A VERDADE sob a ótica de Friedriche Nietzsche

        Friedritche Nietzsche, em seu livro para além  do bem e do mal,fala "Sobre os preconceitos dos filósofos " à partir do valor da "verdade".

        Ele enseja o "desejo da verdade" como algo tentador e arriscado, pois este demanda muitas perguntas como ele mesmo diz, ruins, surpreendentes e questionáveis.

        Nietz levanta os seguintes questionamentos sobre a  origem  da verdade:

        - Quem de fato nos faz perguntas?
        - O que em nós  deseja  efetivamente "a verdade"?

        A partir daí surge uma questão  ainda mais fundamental que intenta saber se REALMENTE QUEREMOS A VERDADE.

        Admite-se então  a possibilidade do DESEJO PELA INVERDADE, ou pela INCERTEZA, ou ainda pela IGNORÂNCIA .

        Em virtude dessa nova possibilidade surgem novos questionamentos a respeito da suposta VERDADE:

        - Se o problema da verdade se deparou diante de nós  ou se fomos nós  que nos deparamos frente a verdade? Uma nova forma de olhar para o problema da verdade.

        Niet faz questionamentos ao surgimento de algo a partir de seu oposto:

        - a verdade do engano?
        - o desejo da verdade a partir do desejo do engano?
        - ação  altruísta a partir do egoísmo?

        "Tal formação é impossível, e quem a supõe  é no mínimo um tolo." 

        Para Nietz as coisas de valor mais elevado deve ter sua própria origem, e não derivar de algo inferior, constituído de um mundo transitório, tentador e enganador, um tumulto de demência e cobiça, para ele.

        Então, Nietz inverte a base de seu raciocínio e diz que "deve haver no seio da existência, no imperecível, no Deus oculto, na "coisa em si" e em "nenhuma outra parte."

        A partir daí é que os METAFÍSICOS, que investigam a realidade que transcendem as ciências  sensíveis, para fornecer fundamentos a respeito da natureza e das características primaciais do ser, fazem esse tipo de AVALIAÇÃO DE VALOR, através de seus procedimentos lógicos, à partir de sua "CRENÇA", constrói o seu " SABER" o qual chamam de "VERDADE".

        "A crença fundamental dos METAFÍSICOS  é a CRENÇA  NOS CONTRASTES."

        " de omnibus dubitandum"
        OS HOMENS DEVEM DUVIDAR"

        Nietz a partir do pensamento dos metafísicos se questiona sobre a aplicação  daquilo que estes acreditavam sobre suas próprias verdades e atribui a contrapartida aos valores por eles estabelecidas entre o verdadeiro, verossímil(não contraria a verdade) e altruísta(comportamentos dos homens em que suas ações beneficiam o outro).

        Dentro desses valores considerados superiores dos metafísicos, Nietz toma a vida fundamentada na aparência, no desejo de engano, no interesse próprio e na cobiça como possibilidade de nesses VALORES SUPERIORES QUE OS METAFÍSICOS PREGAM,  haver uma ARDILOSA APARÊNCIA, que talvez o homem se utilize para conseguir o que pretende.

        - E nesse contexto eu chamo aqui a atenção às tão  conhecidas máscaras  das quais o homem se utiliza para mostrar ou representar o que deseja à partir de sua própria convicção e conveniência.

        A partir da observação dos filósofos por Nietz, ele conclui que:

        "Convém situar a maior parte do pensamento consciente entre as atividades instintivas, até no caso do pensamento filosófico " e propõe um novo aprendizado em relação  ao HEREDITÁRIO  e o INATO.

        Ele parte da ideia de que atrás de toda aparente autonomia dos filósofos e de toda a sua logica há uma TABELA DE VALORES que norteiam a manutenção de um determinado tipo de vida a partir de exigências fisiológicas. 

        Por exemplo: Que O CERTO tem mais valor que O INCERTO, APARÊNCIA  tem menos valor que a "VERDADE".

        O que faz Nietz supor não ser exatamente o homem, "a medida das coisas".  Diante dessa conclusão,  passa afirmar que:

        "os julgamentos mais falsos, 
        são os julgamentos mais indispensáveis."

        Admitindo essa afirmativa não se poderia viver sem aceitar:

        • as ficções da lógica
        • sem comparar a realidade com o mundo puramente inventado do incondicional
        • do igualar a si mesmo
        • sem a contínua falsificação do mundo por meio do número.
        Com isso, renunciar aos julgamentos falsos, seria renunciar a vida, uma negação da própria vida, segundo Nietzsche

        Afirmar a inverdade como uma condição de vida...significa opor perigosa resistência aos habituais sentimentos de valores, e uma filosofia com tal ousadia, só por isso, se coloca ALÉM DO BEM E DO MAL.







        segunda-feira, 20 de agosto de 2018

        A PSICOLOGIA ENTRE OS GREGOS: OS PRIMÓRDIOS - Evolução da Ciência Psicológica


        A história do pensamento humano tem um momento áureo na antiguidade, entre os gregos, particularmente no período de 700 a.C. Até a dominação romana, às vésperas da era cristã.
        As riquezas geraram crescimento, que exigia soluções práticas para a arquitetura, para a agricultura e para a organização social. Necessitando de avanços na física, na geometria, na teoria política permitindo a partir daí,  ao cidadão se ocupar das coisas do espírito, como a filosofia e a arte.
        Alguns homens, como PLATÃO  e ARISTÓTELES, dedicaram-se a compreender esse espírito empreendedor do conquistador grego, ou seja, a filosofia começou a especular em torno do homem e da sua interioridade.



        É entre os filósofos gregos que surge 
        a primeira tentativa de sistematizar uma psicologia.

        O próprio termo psicologia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa razão. Portanto, etimologicamente, psicologia significa “estudo da alma”.

        A ALMA ou ESPÍRITO era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o PENSAMENTO, os SENTIMENTOS de amor e ódio, a IRRACIONALIDADE, o DESEJO, a SENSAÇÃO e a PERCEPÇÃO.”

        FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS

        Preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo através da percepção.

        Discutiam se o mundo existe porque o homem o vê ou se o homem vê um mundo que já existe.
        Havia uma oposição entre os idealistas (a ideia forma o mundo) e os materialistas (a matéria que forma o mundo já é dada para a percepção). 

        Sócrates (469-399 a.C)  
        VEM DAR CONSISTÊNCIA À PSICOLOGIA


         A principal preocupação de SÓcrates 
        era o limite que separa o homem do animal.
        Postulou como a principal característica humana era a razão. A razão permitia ao homem sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da irracionalidade.
        Ao definir a razão como peculiaridade do homem ou como essência humana, Sócrates abre um caminho que seria muito explorado pela psicologia. As teorias da consciência são, de certa forma, frutos dessa primeira sistematização na filosofia.

        Platão (427-347 a.C.),  
        discípulo de Sócrates.

           • Definiu a cabeça, como o “lugar” para a razão no corpo físico, onde se encontra a alma do homem.

        • O elemento de ligação da alma com o corpo seria a medula, que ele considerava necessário porque Platão concebia a alma separada do corpo.
        • Quando alguém morria, a matéria (o corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.

        Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da história da Filosofia

        • Sua contribuição foi inovadora- postulou que alma e corpo não podem ser dissociados.
        • Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua psyché ou alma. Desta forma, os vegetais, os animais e o homem teriam alma.
        • Os vegetais teriam a alma vegetativa, que se define pela função de alimentação e reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a função de percepção e movimento. E o homem teria os dois níveis anteriores e a alma racional, que tem a função pensante.

        ARISTÓRTELES chegou a estudar as diferenças 
          entre a razão, a percepção e as sensações

        Esse estudo está sistematizado no da anima, que pode ser considerado o primeiro tratado em psicologia.
        2 300 anos antes do advento da psicologia científica, os gregos já haviam formulado duas “teorias”:

         a platônica, que postulava a imortalidade da alma e a concebia separada do corpo,
        a aristotélica, que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de pertencimento ao corpo.

        Bibliografia: BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias, uma introdução ao estudo da Psicologia: 13ª Ed. SP.: Editora Saraiva

        Epistemologia - Não se faz nenhum ciência sem Epistemologia.

        Não existe um método lógico de conceber ideias novas ou de reconstruir logicamente esse processo. A fórmula da criatividade, a busca do novo é uma aventura pelo desconhecido. Como procurar o que não se conhece? Se alguém sabe o que procura, então não é novo. E se novo é, não se tem como saber o que se procura. Mas como buscar, o que não se sabe direito o que é e nem onde está?"
        - Trecho de Filosofia da ciência, de Alberto Oliva

        O TERMO EPISTEMOLOGIA - FILOSOFIA DA CIÊNCIA

        De origem grega, o termo Epistemologia é composto das palavras "episteme" e "logos".
        Episteme significa "conhecimento teórico"
        logos significa "palavra", embora seja mais usado no sentido de "estudo" ou "ciência.

        OUTROS NOMES DADOS À EPISTEMOLOGIA:
        TEORIA DO CONHECIMENTO (PELOS ALEMÃES E ITALIANOS)
             GNOSEOLOGIA (PELOS FRANCESES)
             FILOSOFIA DA CIÊNCIA (NAS ÚLTIMAS DÉCADAS)

        O QUE É EPISTEMOLOGIA?
        Ramo da Filosofia que se ocupa de três etapas importantes para as ciências, do ponto de vista do conhecimento lógico e racional:
        VALIDAÇÃO 
        ESTRUTURAÇÃO
        SUSTENTAÇÃO
        Esta ciência se ocupa de uma determinada parte da realidade para explicá-la, usando de uma série de métodos para isso.

        OBJETIVO DA EPISTEMOLOGIA
        Diferenciar a ciência autêntica da pseudociência,
        a investigação mais conscienciosa de uma investigação superficial, a busca da verdade de um único valor estabelecido.
        Criticar programas e resultados errôneos.
         Sugerir novos enfoques promissores para os fenômenos da vida humana.
        OBJETO DE ESTUDO DA EPISTEMOLOGIA
        Estuda a natureza do conhecimento obtido nas diversas ciências, daí ser considerada a ciência das ciências, com a finalidade de distinguir a ciência fática, realística e autêntica da pseudociência.
        A Epistemologia é relativa a teoria do conhecimento.

        O PROBLEMA CENTRAL DA EPISTEMOLOGIA
        Estudar a relação sujeito-objeto, onde:
        Sujeito: aquele que vem a conhecer a partir da ciência.
        Objeto: todo processo ou fenômeno que pode ser conhecido, sobre o qual o sujeito desenvolve a sua atividade.
        O PROBLEMA DA EPISTEMOLOGIA É A RELAÇÃO ENTRE O QUE SE CONHECE E O QUE PODE SER CONHECIDO.

        O QUE É A CIÊNCIA?
        SCIENTIA = CONHECIMENTO = EPSTEME
        Em sentido estrito (stricto senso) é um conhecimento sistemático, seguro, sólido e bem fundamentado.

        RESPONSABILIDADE DA EPISTEMOLOGIA 
        ENQUANTO CIÊNCIAS DAS CIÊNCIAS
        DIZER se o que sabemos é válido ou não
        SE UTILIZAR de distintos pressupostos lógicos.
        VERIFICAR se um conhecimento é real ou fictício.
        epistemologia, é um ramo da filosofia necessário para a Psicologia, na medida em que a última se serve da primeira, para afirmar sua identidade enquanto conjunto de saberes científicos.

        TRIPÉ DE SUSTENTAÇÃO FILOSÓFICA DE UMA TEORIA 
        1.EPISTEMOLOGIA - ciência da VALIDAÇÃO do conhecimentoresponde o PORQUÊ das coisas.
        2.METODOLOGIA - ciência dos MEIOS para alcançar o conhecimento, responde COMO acontecem as coisas.
        3.ONTOLOGIA - ciência da ESSÊNCIA do conhecimento, explica O QUE é a coisa. 

        O ENCONTRO ENTRE FILOSOFIA E PSICOLOGIA
        Demanda o tripé de sustentação bem definido:
        O quê? Porquê? Como?
        A Psicologia se ocupa muito da Filosofia para  validar-se, em virtude de sua NATUREZA CONTRADITÓRIA, tendo em vista as DIVERSAS CORRENTES TEÓRICAS que dizem DIFERENTES COISAS sobre DIFERENTES OBJETOS DE ESTUDOS, dando origem às DIVERSAS ABORDAGENS existentes na Psicologia.
         Cada área da Psicologia possui a própria epistemologia, logo, a Psicanálise, por exemplo, não possui a mesma epistemologia, ontologia nem metodologia do behaviorismo, assim como a Gestalt não possui a mesma do psicodrama.
        O MÉTODO CIENTÍFICO
        Método = meta (através) e hodos (caminho)
        ESTRUTURA LÓGICA
        Enunciado de um problema – observação dos fatos
        Formulação de uma hipótese – proposta ou possibilidade para ser testada e comprovada ou não.
        Testes experimentais da hipótese – testar para ter certeza
        Conclusão – Resultado dos experimentos.

        Fontes: 
        HTTPS://UNIVERSORACIONALISTA.ORG/O-QUE-E-EPISTEMOLOGIA-SCIFILO/