quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Terapia Estrutural de Minuchin

ESTRUTURA FAMILIAR
  • Conjunto invisível de exigências funcionais que organiza as maneiras pelas quais os membros da família interagem.
  • Quando essas transações se repetem estabelecem padrões de como, quando e com quem se relacionar, e esses padrões reforçam o sistema.
  • O sistema familiar diferencia e leva a cabo suas funções através dos subsistemas, sendo cada indivíduo um subsistema  dentro da família. 
  • Subsistemas são formados por geração, sexo, interesse ou por função.
  • Fronteiras de um subsistemas são as regras que definem quem participa e como.

OBJETO DE ESTUDO 


Minuchin foca na família nuclear e na estrutura do sistema familiar em análise, observando os seguintes aspectos:
  • as regras da família
  • como as regras são comunicadas entre os membros da família
  •  como os papéis estão definidos no sistema
  • relaciona as normas e os papéis no sistema.
As intervenções são centradas no problema do sistema. Quando o sistema está homeostático, ou seja, não há disposição dos membros para buscar elementos externos de mudança do sistema,  Minuchin intervém com maior ênfase no sistema.

ALIANÇA TERAPÊUTICA

Criada por Minuchin, ocorre quando o terapeuta se alia ao PI, problema identificado do sistema,  fazendo com que o PI se sinta a vontade, com apoio para falar.

CONCEITOS IMPORTANTES
  • Diagnóstico estrutural - leva em conta como essa pessoa se organiza.
  • Estrutura do sistema familiar: FRONTEIRAS;SUBSISTEMAS;SISTEMA DE REPRESSÃO E ESTRESSES.
1. FRONTEIRAS

São as regras que definem  QUEM PARTICIPA de cada subsistema e COMO PARTICIPA.

Determinam quem são os participantes de cada subsistema da família e garantem sua particularidade, possibilitando o funcionamento eficaz do sistema familiar.

Essas fronteiras estão entre um subsistema e outro, como uma linha tênue e invisível entre um subsistema e outro. 

Há três tipos de fronteiras:
  • Fronteiras nítidas - responsável pela construção das relações esclarecidas, onde as pessoas dizem sim ou não objetivamente. Nítida é uma família funcional, tem fronteira mas é acessível, flexível.
  • Fronteiras difusas - quando as relações são complexas e os papéis confusos. Não está clara a função de cada membro da família, havendo um excesso de preocupação e comunicação entre eles. Nesse caso, um subsistema invade outro subsistema. São famílias emaranhadas, sem limites, onde todos fazem tudo.
  • Fronteiras rígidas - as relações são distantes e as pessoas  não se conhecem bem. Excesso de limites. família desligada uns dos outros. Foco na regra e não no afeto.

2. SUBSISTEMAS

É a partir da identificação desses subsistemas que o psicólogo consegue identificar se o sistema está funcional ou não.

Exemplos: 
  • Relação entre pais e filhos, o papel de parentalidade é um subsistema.
  • Relação entre irmãos, o papel fraternal é um subsistema.
  • Relação entre marido e mulher, o papel conjugal é um subsistema.
Cada membro tem o seu subsistema. Analisa-se as conexões entre os membros da família para identificar os subsistemas, ou seja, analisa os papéis de cada um para identificá-lo no sistema.
Há famílias que não têm todos os 4 subsistemas: 
  • CONJUGAL - prevê uma reciprocidade, uma conexão, sempre juntos, apoio mútuo.Ocorre entre marido e mulher. Está disfuncional quando deixam de compactuar desses mesmos objetivos.
  • PARENTAL - proteção, limite,  intuição, nutrição (alimentação e abrigo) e socialização (relação com outras pessoas). Sempre ocorre do pai para o filho ou da mãe para o filhoEstá disfuncional quando os pais não conseguem prover esses objetivos.
  • FRATERNAL - Primeiro laboratório social, ter um irmão, com o qual aprende a competir e dividir. Ocorre entre irmãos. Está disfuncional quando os irmãos não conseguem resolver entre si, nada.
  • EXECUTIVO - pode ser composto por qualquer membro da família. Para identificá-lo é preciso observar: quem paga as contas; quem são os provedores da famíliaEsse subsistema interfere em todos os outros subsistemas da família.

3. SISTEMA DE REPRESSÃO

Refere-se ao que reprime a família; o que organiza a família num determinado formato; as orientações são a forma de repressão.  

Há duas formas de SISTEMA DE REPRESSÃO:
  • GENÉRICO - estabelecido pela sociedade, porém cada contexto tem sua própria regra, levando-se em consideração as questões culturais. É generalista, universal, traz expectativas que não são  expectativas daquela família.  Exemplo: é genérico que o pai queira que o filho seja protegido pelos pais.
  • IDIOSSINCRÁTICO - os papéis são eleitos pelos próprios membros do sistema, envolvendo expectativas mútuas dos indivíduos da família, onde os padrões permanecem automaticamente, como uma acomodação mútua dada a eficácia funcional, ou seja, o conjunto das expectativas são compartilhadas com o sistema familiar. Exemplo:  Quando uma mãe espera que um filho resolva um problema emocional dela, é idiossincrático.
4. ESTRESSE

O estresse acontece quando se atribui ao problema uma origem, quando se sabe que, na CIRCULARIDADE o problema está em todas as partes do sistema, não apresentando uma causa específica. Contudo, a família identifica o problema (PI)  entre os membros da família.

Há 4 tipos de estresses: 

1º Contato com uma força externa

Pode ocorrer um EVENTO EXTERNO  com algum dos membros do sistema, e este acaba levando essa força externa para dentro do sistema. Exemplo: um dos membros perde o emprego. Ao levar para casa a notícia da perda do emprego, estará levando aos demais o problema do desemprego.

2º  Força externa em contato com toda a família

Um deslizamento de terra(força externa) impactando sobre toda a família.

3º Estresse de ponto de transição

Estressores relacionados ao ciclo vital. A família está transitando  no contexto de vida: mortes, nascimento, casamento, faixa-etária, fase adulto, divórcio, etc.

4º Estresse por questões idiossincráticas

Questões idiossincráticas: exemplo um filho autista. O estressor é criado pelo próprio sistema, pois tem família que não tem problemas em ter um filho autista, e outras tem, como a não aceitação.


ACOMODAÇÃO NO PROCESSO TERAPÊUTICO

É o início de qualquer terapia na sistêmica, onde o cliente entra, senta e o psicólogo se sente convidado a entrar no sistema. A família entende que o psi é parte do sistema, ou seja, uma forma de aliança que o psi faz com a família. O psi só faz parte do sistema, como membro, quando a família fala uns com os outros como se estivesse em casa. Nem sempre esse entrosamento acontece na primeira sessão, e se por ventura, não acontecer, o psi fica impossibilitada de atendê-los, devendo encaminhar para outro profissional. O espaço terapêutico é um campo de diagnóstico. Nunca sente primeiro que a família. Deixe-os sentar antes e observe os locais onde sentam, se sentam junto a alguém, se sentam separados de alguém, podendo verificar onde estão as alianças e os conflitos.

Após a acomodação, o psi inicia as alianças. O psi se alia ao PI para que ele se sinta apoiado, e livre para falar, devolvendo o que o psi diz para o sistema, a fim de atiçar o conflito, ou seja, causando estresse. A aliança com o PI traz estressores a forra e tira todos os membros da acomodação.

Minuchin sugere iniciar a aliança pelo PI, e depois tira o estresse do PI e joga no sistema, já que pertence a todos os membros, passando a compartilhar do estresse.  Ele chamou isso de escalonamento do estresse, que é necessário porque a maioria das pessoas chegam no consultório com o PI definido.

As TROCAS DE PAPÉIS possibilitam que um veja o outro como ele é, e se perceber através do outro.
As METÁFORAS ajudam quando fazem sentido pra a família.


Aula do dia 25/10/2019

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