Murray Bowen (1913-1990) foi um psiquiatra americano e professor de psiquiatria na Universidade de Georgetown. Bowen estava entre os pioneiros da terapia familiar e um notável fundador da terapia sistêmica. A partir da década de 1950, ele desenvolveu uma teoria de sistemas da família.
Murray Bowen (1990,1991) criou a Teoria Boweniana, que fundamenta a Terapia Sistêmica.
TEORIA BOWENIANA
- Seu objeto de estudo é a FAMÍLIA NUCLEAR,
- Recorre à FAMÍLIA DE ORIGEM como ferramenta para ajudar a reduzir a tensão familiar, ou seja, recorre ao HISTÓRICO GERACIONAL dessa família nuclear.
- Primeiro, sempre olha o NÚCLEO FAMILIAR, depois recorre à FAMÍLIA DE ORIGEM.
- Objetivo da Teoria: Identificar a DIFERENCIAÇÃO do indivíduo em relação à família, e é essa CAPACIDADE DE DIFERENCIAÇÃO que vai implicar na saúde mental do individuo.
ENTENDENDO INDIFERENCIAÇÃO /DIFERENCIAÇÃO
Massa Indiferenciada do Ego
- Conceito central da Teoria de Bowen
- Significa fusão ou aglutinação, quando o sentimento de pertença requer do indivíduo máxima renúncia de sua autonomia.
- A criança ao nascer está totalmente indiferenciada (dependente) da família, e esta passará a vida construindo tentando se diferenciar (ganhar autonomia) desta, e é essa autonomia que vai fazê-la alcançar seu grau de diferenciação em relação à sua família de origem.
- DIFERENCIAÇÃO - MAIS AUTONOMIA - INDIVIDUALIDADE
- INDIFERENCIAÇÃO - MAIS DEPENDÊNCIA - PROXIMIDADE
No CONTEXTO FAMILIAR encontra-se três sentimentos:
- de pertença
- de diferenciação
- de individuação
Quanto mais acolhido o indivíduo no contexto familiar, maior a liberdade para buscar sua individualidade, subjetividade, singularidade, que implica na busca de sua INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL: capacidade de PENSAR, AGIR e SENTIR por si só.
Há dois TIPOS DE DIFERENCIAÇÃO:
DIFERENCIAÇÃO INTRAPSÍQUICA
- Capacidade de separa PENSAMENTO de SENTIMENTO.
- Pessoas pouco diferenciadas, dificilmente fazem essa diferença, pois não conseguem pensar com objetividade.
- Pessoas muito diferenciadas, facilmente distinguem pensamento de sentimento, pois conseguem pensar objetivamente.
DIFERENCIAÇÃO INTERPESSOAL
- Diz respeito às pessoas com as quais nos relacionamos.
- Pessoas maduras, tendem a aumentar o nível de diferenciação interpessoal.
- Pessoas imaturas, tendem a diminuir o nível de diferenciação interpessoal.
PESSOAS REBELDES/ REATIVIDADE
Bowen chama de REAÇÃO as respostas dadas de forma IMPULSIVA. O ideal é que se consiga RESPONDER SEM REAGIR, conseguindo conter a própria REATIVIDADE diante do outro.
- Pessoas rebeldes são altamente reativas e o self é pobremente desenvolvido. Tem seus valores e crenças formados em oposição aos pais, e acabam desenvolvendo um PSEUDO-SELF.
PADRÕES REATIVOS, segundo Bowen:
- CONDESCENDENTE- evitar sempre conflitos, procura acertar tudo, pseudo Self. No 2º quadrante.
- REBELDE - Sempre do contra, opositor, sempre contraria uma figura de referência. Padrão reativo, rebelde. Não sabe o que quer, mas só sabe que quer contrariar. No 2º quadrante.
- ATACANTE - diante de situação de ansiedade, acaba atacando. Alto padrão reativo. Baixa autoestima. Diminui o outro para se sustentar ou ignora o outro me achando melhor que ele. No 1º quadrante.
- DESERTOR - Quando acha que não vai dar conta de um briga acaba fugindo, muda de assunto, deserta porque acha que não dá conta. 2º quadrante.
PSEUDO-SELF ocorre quando a pessoa vive em função desagradar para atender às expectativas dos outros, e pode se formar pelo pensamento grupal, influenciável. Ou quando constroem seus valores e crenças em oposição aos pais, não importando se fazem sentido para o indivíduo.
EU-SÓLIDO é contrário ao PSEUDO-SELF, onde as crenças e valores são consistentes. O indivíduo resiste a pensamentos grupais e não tenta influenciar nem mudar ninguém.
O GRAU DE INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL
Varia entre duas pessoas, e envolve o HISTÓRICO GERACIONAL, daí a necessidade de analisar os seguintes aspectos:
- O grau que os pais alcançaram em relação às suas famílias de origem.
- A relação dos pais com os filhos.
Quando emaranhado nessas relações, a autonomia e a individuação varia de pessoa e fica preso ao campo emocional familiar.
PROCESSO DE PROJEÇÃO FAMILIAR
- Caracteriza-se pela transmissão da IMATURIDADE ou BAIXO GRAU DE DIFERENCIAÇÃO dos pais para com os filhos.
- O filho que é objeto de projeção dos pais, fica mais unido a eles, positiva ou negativamente, apresentando menor grau de diferenciação do self.
- TRANSMISSÃO MULTIGERACIONAL identifica o problema da pessoa como produto do relacionamento dos pais dela. Daí a necessidade de se analisar o histórico geracional do indivíduo.
Independência emocional bem diferenciada, a emotividade e a subjetividade não são influências fortes entre os pais, e entre eles e os filhos.
- Baixa emotividade e pressão, permite ao filho, crescer PENSANDO, SENTINDO e AGINDO por SI MESMO.
- Alta emotividade e pressão, não permite ao filho, crescer PENSANDO, SENTINDO e AGINDO por SI MESMO.
CORTE OU ROMPIMENTO EMOCIONAL
- Os membros familiares são "obrigados" a seguir os passos da família de origem, como uma exigência intransponível.
- Aquele que sai dessa regra, ou aquele que permanece na casa dos pais, estão da mesma forma ligados emocionalmente a eles.
CERCA DE BORRACHA DE BOWEN
- Serve para manter os membros da família juntos. Na medida em que o indivíduo vai se diferenciando, não há rompimento com a família, porque o sentimento de pertença àquela família de origem se fortalece, junto com a conquista da autonomia.
ESCALAS DE DIFERENCIAÇÃO DO SELF
- Instrumento para avaliar o GRAU VARIADO DE INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL do indivíduo, em relação à sua família.
- A independência emocional do indivíduo dependerá de quanto seus pais são independentes emocionalmente em relação à suas famílias.
- ANSIEDADE BAIXA - pessoas menos reativas; pessoas mais responsivas; maior diferenciação do self.
- ANSIEDADE ALTA - pessoas mais reativas; pessoas menos responsivas; menor diferenciação dos self.
O nível de DIFERENCIAÇÃO INTRAPSÍQUICA de Bowen, se reporta à sua ESCALA, que vai desde o mais baixo grau de diferenciação até o mais alto grau de diferenciação, considerado por ele impossível de se atingir. Essa escala mostra o quanto se distancia e se aproxima o indivíduo, da diferenciação.
QUADRANTES DA ESCALA DE BOWEN
1º QUADRANTE ( Nível de diferenciação de 0 à 25)
- pessoas sentimentais, extremamente reativas, dificuldade de manter relações duradouras, faz pouco uso da razão, submissas, comportamentos controversos.
- Pouco maduras emocionalmente, alta ansiedade, indiferenciadas de seu sistema familiar. Alta emotividade, não pensa, age ou sente por si só; dependentes emocionalmente. Pseudo-self. Indiferenciação do self (proximidade)
2º QUADRANTE (Nível de diferenciação entre 25-50)
- Self pobremente definido, com alguma mas não expressiva, capacidade para diferenciar-se. Personalidades mutáveis, carentes de opiniões e convicções próprias. Falso eu. Sofre influências externas. Pessoas adaptáveis, sentem necessidade de aceitação, sempre havendo uma necessidade de referência.
- Imaturas emocionalmente, alta ansiedade ainda e reativa, indiferenciadas de seu sistema familiar, principalmente em relação a uma figura que ele segue como exemplo, embora já apresente alguma capacidade de diferenciação. Alta emotividade, dependência emocional. Pseudo-self. Indiferenciação do self (proximidade).
3º QUADRANTE (Nível de diferenciação entre 50-75)
- Possui opinião bem definida. Desenvolvem sintomas físicos, emocionais e sociais severos, porém, momentâneos, já que se recuperam rápido (Resilientes). Enfrenta os problemas com mais calma, pouca ansiedade, equilíbrio, evitando crises. Possui a falsa impressão que sabem distinguir, ordenar as emoções quando pressionados.
- Quando a pessoa chega nesse quadrante, ela tem alta terapêutica.
- Maduras emocionalmente, baixa ansiedade, responsiva, diferenciadas de seus sistema familiar,individualidade. Eu-sólido. Independência emocional.
4º QUADRANTE (Nível de diferenciação entre 75-95)
- Pessoas bem diferenciadas. Segue seus princípios, seguras, capaz de ouvir os outros, avaliar seus pontos de vista, modificar suas crenças. São surpreendidos por respostas emocionais frente às pressões.
- Bowen acha impossível chegar nesse quadrante. Que nem Jesus teria chegado. Esse quadrante existe como inspiração para se chegar a ele.
O trabalho terapêutico de família, trabalha o indivíduo para alcançar maior capacidade de pensar, sentir e agir por si só, autonomamente, deixando de estar suscetível ao desequilíbrio, frente às situações tensas.
- Quanto maior a consciência de si, maior autonomia, maior diferenciação.
- Quanto menor a consciência de si, menor autonomia, menos diferenciação.
Fontes: Autoridade e autonomia em tempos líquidos: A teoria sistêmica na contemporaneidade.Nina Guimarães, 2014. Editora Rachel Kopit. Google Imagens
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