Finalidade da Terapia Boweniana:
- O trabalho terapêutico de família, trabalha o indivíduo para alcançar maior capacidade de pensar, sentir e agir por si só, autonomamente, deixando de estar suscetível ao desequilíbrio, frente às situações tensas.
Conceitos Básicos da Teoria Boweniana:
1. PROXIMIDADE
Sentimento de pertença como força que coloca o indivíduo para dentro do sistema. Tudo que o indivíduo faz, tende a repetir o que a família faz. Ausência de individualidade, pouca consciência de si, alta ansiedade no sistema, pseudo-self, indiferenciação do self.
2. INDIVIDUALIDADE/INDIVIDUAÇÃO
Força contrária à proximidade, apresenta uma distância da família, da história geracional, colocando o indivíduo para fora do sistema. Presença de individualidade, maior consciência de si, baixa ansiedade nos sistema, eu-sólido, diferenciação do self.
Atenção: Todo processo terapêutico, tem por objetivo, equilibrar essas duas forças: proximidade e individualidade. E é justamente essa busca em tentar equilibrar essas duas forças que Bowen chamou de diferenciação do self.
3. ANSIEDADE
- É baixa, quando a diferenciação é alta.
- É alta, quando a diferenciação é baixa.
4. TRIANGULAÇÃO
- Tem por finalidade reduzir a ansiedade, de forma momentânea, ou seja, a triangulação se forma por três organismos do sistema para solucionar um conflito momentâneo, reduzindo a ansiedade do sistema, visando resolver o problema. Portanto, a triangulação é funcional.
5. TRIÂNGULO
- Se forma para solucionar um conflito permanente, e nunca se desfaz no sistema. Portanto, o triângulo é disfuncional. Se forma quando não se consegue resolver um problema no sistema, se torna uma estrutura fixa, e o casal nunca resolve o problema. É quando a triangulação vira um triângulo.
6. PROCESSO EMOCIONAL DA FAMÍLIA NUCLEAR
- É do sistema e não do indivíduo em si.
- Está relacionada à proximidade e individuação.
- MAIOR PROXIMIDADE, maior ansiedade, as pessoas e grudam mais no sistema, indiferenciação. Exemplo: familiares moram perto, estão sempre juntos. Existe uma fusão de papéis, como se fossem uma família só. Um se mete na vida do outro e criam uma relação de dependência. Só tomam uma decisão se consultar antes, escutar alguém da família de origem. Simbiose, massa de ego indiferenciada e relação de co-dependência.
- MAIOR INDIVIDUAÇÃO, menor ansiedade, ideia de que já não precisa mais da família de origem, que pode seguir seu caminho, e ter autonomia para fazer diferente. Dissociação dos papéis, relação de independência em relação aos membros da família. Tem autonomia desenvolvida, eu-sólido, diferenciação do self.
- ROMPIMENTO EMOCIONAL, ocorre quando os membros da família não conseguem perceber que existe esse elo com a família, mesmo rompendo com o sistema. Para isso, é preciso REAPROXIMAR os organismos do sistema, para perceberem esse elo que não se desfaz nunca.
Atenção: O processo de construção da diferenciação do self é conseguir integrar as referências que as famílias de origem trazem para o núcleo familiar.
7) PROJEÇÃO FAMILIAR - TRANSMISSÃO MULTIGERACIONAL
- Ocorre quando uma geração não dá conta de resolver as tensões do sistema, e acabam projetando nas gerações seguintes essas tensões, podendo transmiti-las de geração em geração, daí a Transmissão Multigeracional.
Jenival, casado com Noca, tiveram
um filho chamado Hercúlio.
Jenival possui alto grau de
diferenciação, tem autonomia, e um eu-sólido bem desenvolvido.
Noca possui baixo grau de
diferenciação, dependente emocionalmente, Pseudo-self, cobra atenção e companhia
de Jenival. Como Jenival não atende às suas expectativas, Noca projeta em seu
filho Hercúlio, a cobrança de lhe fazer companhia, já que o pai não faz. O
filho, atende ao pedido da mãe, se formando aí uma triangulação entre eles. Se
o problema fosse resolvido, com o pai passando a dar atenção à mãe, Hercúlio
ficaria livre para seguir. Porém, Jenival não está disposto a mudar, e Noca continua
a projetar em Hercúlio aquilo que lhe falta. Nesse caso a triangulação se torna
um triângulo, já que se torna uma relação permanente entre eles no sistema.
Hercúlio aos 35 anos, casa-se Jonélio,
assumindo sua relação homoafetiva. Hercúlio tem baixa diferenciação do self,
dependência emocional, alta ansiedade, e Pseudo-self. Acredita que aquela relação
que a mãe lhe ensinou é o ideal de relação que poderia construir. Do mesmo
jeito que cuidou da mãe, achava que iria encontrar uma pessoa com os mesmos
cuidados com ele. Porém, Jonélio tem alto grau de diferenciação do self e não
lhe dá os cuidados que ele gostaria, assim como deu a sua mãe. Tentam resolver
essa tensão no sistema, adotando uma criança recém-nascida. Entretanto, quando
esta criança, chamada Hermínia, completa 10 anos de idade, Hercúlio começa a
projetar nela as suas expectativas de cuidados. Porém, hermínia tem alto grau
de diferenciação, e diz que não tem obrigação de cuidar do pai, e quem tem que
lhe dar atenção é Jonélio, seu marido. Hermínia nega qualquer possibilidade do
pai, porém, continua indiferenciada em relação à família. Mesmo Hercúlio tendo atendido às
possibilidades da mãe Noca, ele também continuou indiferenciado em relação à
família. Ambos continuam indiferenciados porque na primeira projeção Noca
continua com o problema em relação ao marido, nada foi resolvido, e na segunda
projeção, Hercúlio também continua com o problema em relação ao marido Jonélio,
pois as projeções tendem a não resolver a tensão do sistema. Ao envolver duas
gerações (Multigeracional) por meio das projeções, na segunda projeção já
ocorre a transmissão. Ambas são famílias disfuncionais, com baixa
diferenciação. (História criada em sala por Profa. Patrícia Caldeira)
FAMÍLIA DISFUNCIONAL - BAIXA DEFERENCIAÇÃO
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