Segundo Fontaine (1999/2000), envelhecer implica num conjunto de processos dinâmicos que ocorre no organismo, após sua fase de desenvolvimento e que se relacionam com mudanças de ordem psicológicas e sociais, no decorrer do tempo. Portanto, o ser humano envelhece de forma lenta e gradual, conforme o tempo vai passando. Se caracteriza por mudanças adaptativas e sofre influências de determinados contextos sociais.
Embora a OMS considere idosa a pessoa acima de 65 anos de idade, o autor considera que o processo de envelhecimento deveria ser visto diferencialmente, já que cada indivíduo envelhece de uma forma muito particular, devido a uma combinação de fatores genéticos, o estilo de vida, a dimensão biológica, etc., que envolve sua vida.
Fontainne (1999/2000), considera tipos diferentes de idade, tais como:
- Idade cronológica -mede o tempo desde o nascimento até o presente. Não informa sobre o estado de evolução do sujeito.
- Idade Biológica - diz respeito ao envelhecimento orgânico, e o estado funcional dos órgãos e das funções vitais.
- Idade Psicológica - dada em função da personalidade e as emoções do sujeito, capacidades comportamentais que possui na interação com o meio, incluindo as capacidades mnêmicas e intelectuais, motivações e autoestima a nível de autonomia e controle.
- Idade Social - papéis, estatutos e hábitos do indivíduo na sociedade.
O envelhecimento é multidimensional, e muitas vezes, é descrito à partir de uma conotação negativa, quando se fala em:
- perda gradativa das funções biológicas
- aumento da probabilidade de morte
- associação de velhice à doenças
- se reflete no comportamento
- se reflete na habilidade intelectual
- se reflete na atividade física
- se reflete nas interações sociais.
Segundo Reis (1995) esta redução progressiva do metabolismo inicia-se a partir da década dos 20 anos e vai declinando lenta e progressivamente ao longo de toda a vida.
ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
- altera as funções biológicas, influenciando na saúde (funcionamento físico, cognitivo, psicológico e social)
- perde a capacidade de manutenção do equilíbrio homeostático
- declínio das funções fisiológicas
- reduz o metabolismo
Muitas Teorias do Envelhecimento foram construídas na tentativa de explicar como se dá o envelhecimento. Entretanto, segundo Botelho (2000), apesar das diferenças existentes entre as diversas teorias, percebe-se que o declínio do funcionamento biológico é inevitável, e nunca se deve esquecer que o decréscimo funcional é diferente na própria pessoa e de indivíduo para indivíduo, vários órgãos e sistemas poderão refletir alterações subjacentes a um estado de diminuição das reservas homeostáticas do organismo.
ENVELHECIMENTO COGNITIVO
Aptidões cognitivas implicam em:
- capacidade de planejamento
- atenção e vigilância
- funções minêmicas
- funções intelectuais
- funções sensório-motores
De acordo com Reis (1995) essas funções alcançam sua melhor performance entre 20 e 30 anos de idade, ficam estáveis até a década de 50, quando começam a declinar lentamente. Muito dessas perdas cognitivas estão associadas à falta de uso e estímulos, daí a necessidade de fazê-lo.
Segundo Spar&La Rue(2002/2005) as variáveis que influenciam o grau de alteração cognitiva que as pessoas manifestam com a idade:
- Fatores Genéticos
- saúde
- nível de instrução
- atividade mental
- atividade física
- personalidade
- humor
Consideram que a INTELIGÊNCIA tende a se manter estável durante a vida, embora se verifique declínio nas tarefas perceptivo-motoras. Esta pode se apresentar de duas formas:
- Inteligência cristalizada - relaciona-se com a cultura, vocabulário, competências numéricas e fluidez verbal.
"atividades associadas à profundidade do saber e da experiência, do julgamento, da compreensão das relações sociais e das convenções" (Fontaine, 1999/2000, pp. 85-86)
- Inteligência Fluida - relaciona-se com capacidades de natureza espacial e de raciocínio indutivo
CAPACIDADE DE MEMÓRIA
No idoso é mais acentuado o esquecimento, portando, todos os componentes das memórias são afetadas pelo envelhecimento:
- "memória imediata (onde se inclui a memória de trabalho) é possível dizer que o envelhecimento parece estar associado a um ligeiro declínio destas aptidões mnésicas" (Spar & La Rue, 2002/2005).
- memória remota diz respeito a informações armazenadas e consolidadas há bastante tempo e aparenta manter-se conservada independentemente da idade (Fontainc, 1999/2000; Vaz Serra, 2006).
Importante salientar que a capacidade de se comunicar permanece estável ao longo da vida, embora possam apresentar maior dificuldade de compreensão de mensagens longas ou complexas, além de esquecer nomes. Continuam com a mesma capacidade de manutenção da atenção, e com o declínio das funções executivas, compromete comportamentos complexos.
PERSPECTIVA PSICOLÓGICA DO ENVELHECIMENTO
Envolve os seguintes fenômenos:
- reações emocionais
- personalidade
- controle
- autoconceito
- estilo de coping (competir em pé de igualdade, superando dificuldades)
ALTERAÇÕES AFETIVAS RELACIONADAS COM O ENVELHECIMENTO
INCONTINÊNCIA EMOCIONAL - produz intensas reações afetivas e incapacidade de controle. Essa instabilidade emocional diz respeito a súbitas mudanças emocionais.(Ballone,2004)
FORMA DE LIDAR COM DIFICULDADES -envelhecer exige reordenamento de prioridades pessoais, mudança de estilos de coping.
Tipos de coping que mantém no idoso o sentimento de autoeficácia e controle de sua vida, segundo Paul (2006):
COPING ASSIMILATIVO - "finalidade de diminuir as perdas através de esforços compensatórios, ou seja, os indivíduos procuram transformar uma situação menos positiva, numa situação mais adequada aos seus objetivos".
COPING ACOMODATIVO - " diminuem o nível de aspirações de desempenho pessoal, adaptando os novos objetivo às suas limitações."
Outro aspecto que aparentemente se mantém constante é o AUTOCONCEITO, a concepção que a pessoa tem de si mesma.
A DEPRESSÃO no idoso é comum em função da tendência em se centrar muito no seu passado, acaba sentindo angústia em relação ao presente, e medo em relação ao futuro. Esta pode ser ampliar a incapacidade do sujeito, quando associada a perturbações de foro físico e cognitivo.
DIMENSÃO PSICOLÓGICA DO ENVELHECIMENTO (NERI)
Perspectiva do Ciclo de Vida: que adota o critério de estágios como principio organizador do desenvolvimento, estando nos estágios mais avançados contidos os anteriores, pressupondo uma coordenação entre o desenvolvimento individual e a história das instituições sociais.
ENVELHECIMENTO SOCIAL se dá a partir das relações interpessoais ( famílias, trabalho, amigos, etc), que vai impactar em alterações em diversos níveis do desenvolvimento. O idoso além de passar pela mudança de papéis também acaba perdendo outros, em função da idade.
"A qualidade de vida, o bem-estar subjetivo e a satisfação de viver dependem, então, da manutenção das relações sociais e da prática de atividades produtivas (Fontaine, 1999/2000). Várias investigações realizadas concluíram que o isolamento é um fator de risco para a saúde e, por consequência, os apoios sociais de natureza emocional ou instrumental podem ser uma mais valia para a manutenção do equilíbrio psicossocial do indivíduo (Fontaine, 1999/2000)."
Embora os idosos tenham poucas relações interpessoais no âmbito das redes sociais, quando comparados a pessoas mais jovens, atribuem maior valor a família, aos amigos de longa data.
"Na realidade, os sentimentos de felicidade e de bem-estar subjetivo não se degradam com a idade e os idosos têm tanta satisfação em viver como os jovens (Fontaine, 1999/2000). O idoso saudável revela-se uma pessoa ativa e envolvida nos seus interesses que, neste sentido, pouco se diferencia do adulto de meia-idade, podendo o envelhecimento transformar-se numa época em que se descobrem novos aspectos da vida e em que os acontecimentos são analisados numa perspectiva diferente e mais equilibrada (Vaz Serra, 2006)."
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