O Luto....
Segundo Fukumitsu (2004)...
- Sobre a vivência do aqui-agora, relata que a partir do momento que constatamos que estamos lidando com um momento de crise, existe uma necessidade de que toda a situação seja inteiramente experienciada no aqui-agora.
- a visão fenomenológica-existencial se faz importante, se considerada um embasamento teórico no lidar com perdas, pelo seu pensamento de que o “agora engloba tudo que existe” (PERLS apud FUKUMITSU,2004)
- “perdas são experiências do nosso viver, experiências como inúmeras outras, que nos ensinam, transformam, deformam e formam.
- “As pessoas que confrontam perdas súbitas, traumáticas, inevitavelmente procuram um sentido de vida. Com o passar do tempo a maioria pode encontrar significado e encerrar o assunto. Encontrar significado significa ajustar-se”.
- , a vida é uma constante reciclagem, a elaboração das perdas implica num processo de reorganização individual e relacional
Aramin (apud FUKUMITSU,2004), explora três temas principais que emergem
quando acontece a situação de perda de um ente querido:
- choque,
- luto
- e depressão.
Granader (apud FUKUMITSU, 2004), apresenta sete
temas relacionados ao luto:
- raiva,
- perda de fé,
- perda da confiança no futuro,
- sonhos espirituais,
- fazer da morte uma amiga,
- convicção no destino,
- nova perspectiva da vida.
As Fases do Processo de Lidar Com as Perdas com o
objetivo de organizar suas pesquisas sobre o luto, são:
"2.2.1- O processo do luto: neste contexto, o respeito pela dor e pela situação
é fundamental e vital para a sobrevivência. Faz-se pertinente compreender a
dor como parte disso e, aceitar a nova condição, torna-se muito desafiante. É
um processo de adaptação à perda. As reações podem ser: chorar, retirar-se
dos lugares e evitar contato com os sentimentos culpando o corpo, criando
doenças e sintomas."
"2.2.2- O processo de cicatrização: Não existe um tipo de planejamento ou
manual de saída para evitar a dor provocada pelo sofrimento do luto. Contudo,
Saders (apud FUKUMITSU, 2004) propõe cinco características da fase
curativa, a seguir: "
"2.2.2.1 - Alcançando um momento decisivo: é a percepção de um novo mundo que se apresenta a partir da sua retirada de um buraco existencial, passando a conviver com pessoas novas e rotinas diferentes que podem fazer a diferença em como perceber este mundo. ""2.2.2.2 - Assumindo o controle: é necessário entender que cada pessoa é única na habilidade de controlar a sua vida. Assim, assumir a responsabilidade de decidir o que é melhor para si requer tempo, coragem e uma certeza de que é possível mudar.""2.2.2.3 -Redimensionando os papéis: as situações de perda exigem mudanças nos papéis familiares, profissionais, parentais e renunciá-los, é a tarefa mais árdua. Faz-se imprescindível criar novas possibilidades para desempenhar um novo papel. ""2.2.2.4 - Formando uma nova identidade: é compreensível que o luto cause uma postura cética a respeito do poder interno, é uma sobrevivência apesar da dor. Os significados da vida advêm de ciclos do aprender e reaprender e da compreensão do quanto se quer mudar na vida.""2.2.2.5 - Centrando-se: é a busca do equilíbrio e da harmonia que auxilia na reestruturação da pessoa. É o cuidar da vida social, da relação com a família e com os amigos. Neste momento, se existe fé, a perda é transformação, é ela que dirá o sentido da perda."
"2.2.3 - O processo de sobrevivência e recomeços: As lições de nossas
perdas: é aceitar a vida na sua totalidade apesar das perdas, é acreditar nela
com um começo, um meio e um fim, um aprender a desfrutar a vida
novamente."
O Ciclo de Contato
"O contato é um movimento transformador de junção, de síntese, que
permite a realidade se fazer e se refazer sobre si mesma num
processo nunca acabado, porque o contato, como unidade de
transformação, tende a ampliar-se ao infinito pelas possibilidades que
tem de adquirir novas propriedades a cada instante (Ribeiro,1997,
p.17)"
Este ciclo possui as
seguintes características: Nove formas de resistências; Nove formas polares a
estes mecanismos como Fatores de Cura.
O ciclo encerra um programa, uma
“Gestalt”; A mudança é uma função de contato de interação entre pessoa mundo e bloqueio-fator de cura; e O Self está no centro do ciclo, é por onde os
comportamentos se revelam.
Os fatores de cura, são chamados
pelo autor de:
- fluidez,
- sensação,
- consciência,
- mobilização,
- ação,
- interação,
- contato final,
- satisfação,
- retirada.
"Fluidez: é um novo movimento, é uma renovação a partir da localização
própria no tempo e espaço, é onde há a criação e a recriação da própria vida."
"Sensação: é o estar atento aos sinais do corpo onde a pessoa sente e procura
novos estímulos.
Consciência: é o estar atento ao que acontece em volta, dar-se conta de
maneira clara e reflexiva e perceber-se recíproco com pessoas e coisas."
"Mobilização: existe a necessidade de mudança, de exigência, de expressar o
que sente sem ter medo de ser diferente dos outros."
"Ação: é a responsabilização pelos próprios atos, sem medo."
"Interação: Não se espera nada em retribuição. É sentimento de estar e
relacionar com o outro como uma forma de perceber-se como pessoa. "
"Contato final: é o reconhecimento de si mesmo como a própria fonte de
prazer, faz-se o que gosta e o que quer sem intermediário. Os relacionamentos
pessoais são diretos e claros."
"Satisfação: é a percepção de um mundo saudável em que o prazer e a vida
podem ser co-divididos como uma forma de crescimento. "
"Retirada: é a percepção do que é meu e o que é do outro. É ser fiel a si
mesmo e aceita o outro quando lhe convém."
Mecanismos neuróticos...
- é no ponto da interrupção do contato que será o local onde a energia se bloqueará e apontará a neurose.
- Os mecanismos neuróticos (de defesa) se opõem ao livre desenrolar do ciclo de contato e são numerosas as “Gestalts” inacabadas
- mecanismos de evitação do contato podem ser saudáveis ou patológicos, dependem da sua intensidade, maleabilidade e oportunidade.
- Os principais mecanismos são:
- Fixação: é o apego excessivo justificado pelo medo de ser surpreendido por uma nova realidade. Neste contexto, existe o sentimento de incapacidade que induz a pessoa a permanecer em coisas e emoções.
- Dessensibilização: é o entorpecimento diante de um contato, dificultando o estímulo da pessoa. É a diminuição sensorial do corpo que causa a perda do interesse por novas e intensas sensações.
- Deflexão: é o evitamento do contato sem qualquer direção, como os sentimentos de incompreensão, não valorização por parte dos outros e sempre desconhece os motivos pelas quais as coisas acontecem na vida.
- Introjeção: é aceitação de normas e opiniões de outros por medo da mudança e por isso prefere-se a rotina e situações controláveis. Existe o desejo de mudança, mas delega a outros as decisões da sua vida.
- Projeção: é a atribuição ao outro, de coisas que não gosta em si mesmo. Ao sentir-se ameaçado, pensa demais antes de agir e identifica nos outros dificuldades e defeitos semelhantes ao seus.
- Proflexão: é a manipulação do outro para receber o que precisa. É o desconhecimento de si como uma forma de nutrição e por isso, necessita do outro para a satisfação de sua necessidade.
- Retroflexão: é o desejo de ser como as outras pessoas desejam. O sentimento de arrependimento é comum por se considerar inadequado às ações que pratica. É o inimigo de si mesmo.
- Egotismo: é o colocar-se como o centro de tudo e ter o total controle do mundo externo. É a imposição de vontades e desejos próprios e o desprezo dos desejos alheios.
- Confluência: é a dependência do outro. Não sabe diferenciar o que é seu e o que é do outro com o objetivo de ser semelhante aos demais.
Referências:
O Processo Ciclo do Contato em uma Situação de Luto. OLIVEIRA, Leane Valente de; OLIVEIRA, Marília Zara Gentil de; LOBATO, Edilza de Aguiar –
O Processo Ciclo do Contato em uma Situação de Luto