quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O "social" da Psicologia Social.

Psicologia Social estuda ...
  •  A interação entre as pessoas.
  • as dependências e interdependências entre as pessoas e como se formam as atrações interpessoais.
  •  como o convívio social se processa, quais as leis gerais que o regem, quais as consequências do processo de interação social.
  • cientificamente o processo de interação entre as pessoas, permitindo uma melhor compreensão do comportamento social humano.
  • nossas percepções dos outros
  • nossas motivações resultantes da interação com os outros
  • nossas atitudes, comportamentos pró-sociais, antissociais, 
  • os esteriótipos e preconceitos
  • o comportamento grupal
  • a formação de amizades
  • as formas de influenciar as pessoas
Psicologia Social...
  • Contribui para o melhor entendimento de vários problemas sociais e fornece subsídios para a solução de alguns desses problemas sociais.
  • Seu objeto principal é o indivíduo em sociedade e não a sociedade propriamente dita.
  • Seu principal objetivo é estudar o poder da situação social e como ele influencia e como ele influencia o comportamento individual ou grupal. O poder da situação social constitui importante fator motivador de nosso comportamento, e portanto, o principal objeto de estudo da Psi Social.
  • Aplica os conhecimentos sobre tudo o que estuda acima citado, na solução de possíveis problemas sociais.
  • Verifica as características de determinadas situações sociais que são capazes de induzir as pessoas a se comportarem de forma distinta daquela que se comportariam caso a situação fosse diferente.
  • Fundamenta seu conhecimento no método científico e não em meras impressões ou intuições.
  • Se utiliza de palavras como "esquemas" e "categorizações", onde a categorização é um processo de subsunção (inclusão) em uma categoria, presente na formação de esteriótipos.
  • Relaciona os papéis sociais e as atitudes, afirmando que apesar de a atitude ser uma predisposição de cada sujeito, esta se forma através das interações deste sujeito nos diversos papeis sociais.

Método Experimental...
  • é o método científico de investigação social mais usado, embora não seja o único.
  • Visa estabelecer a relação de causa e efeito entre fatores situacionais e o comportamento por eles suscitado.
  • busca compreender o indivíduo e sua interação com outros indivíduos
  • busca também compreender como os comportamentos e pensamentos suscitados pela situação de interação social.
  • o investigador cria situações sociais e observa seus efeitos no comportamento individual.

As circunstâncias de sermos animais sociais, que não podem prescindir do relacionamento com o outro, faz com que nosso pensamento e nosso comportamento sejam afetados por essa realidade.

O "social" da Psicologia Social é um estudo microscópico sobre a interação de dois ou mais indivíduos, suas reações recíprocas, o pensamento que a expectativa e o contato com o outro provocam. O "Social" da Psicologia Social não é a sociedade em geral, mas sim a interação entre as pessoas.

Psicologia Social no estudo de seu objetivo específico...

Objeto de estudo: o comportamento de obediência à autoridade.

Stanley Milgram, na Universidade de Harvard, realizou uma série de experimentos destinados a estudar o comportamento de obediência à autoridade. A questão de saber se deve alguém obedecer ou não às ordens quando elas conflitam  com a consciência foi discutida desde Platão. Milgram foi o autor fundante da psicologia social nos estudos sobre conformismo.

O experimento:
O participante do estudo deveria aplicar choque em um estudante que estava sendo treinado, todas as vezes que o estudante cometesse um erro.Haviam 15 botões com intensidades diferentes de choques a serem aplicados no estudante, de 15 a 450 volts. A partir de 300 volts havia uma advertência de Perigo-choque intenso.

Resultados:
63% dos participantes obedeceram a ordem de ministrar choques de 450 volts, sem se questionar sobre o perigo do choque naquela intensidade. 
Estes alegaram que obedeceram a uma autoridade, e que a autoridade tem poder legítimo de exigir tal comportamento. Que estariam apenas cumprindo ordens, sem nenhuma responsabilidade sobre o ato.

Experimentos conduzidos por psicólogos sociais, para que se atribua responsabilidade a um ato é preciso  que se perceba a causa desse ato como sendo interna, localizada em sua pessoa, na sua vontade de agir

Philip Zimbardo, fez um novo experimento, que pretendia estudar as reações de indivíduos normais expostos a uma situação de encarceramento, para verificar o poder da situação no comportamento individual. O experimento de Zimbardo refere ao que em psicologia social se chama de influência social e persuasão e demonstra a função estruturante do desempenho de papéis sociais.

O Objeto de estudo: o poder da situação social

O Experimento:
Criou uma réplica de uma prisão no subsolo do departamento de psicologia da Universidade de Stanford. Designou 12 pessoas para serem carcereiros e 12 para seres prisioneiros. Era previsto que o experimento durasse 15 dias mas não passou nem uma semana, pois, o que era pra ser uma simulação  funcional, transformou-se num verdadeiro drama. ambos assumiram literalmente, comportamentos de prisioneiros e carcereiros, agindo violentamente, alguns depressivos, ameaças,  distorções, abuso de poder., etc. Deixaram aflorar o lado pior de suas personalidades.

Os resultados:

Se colocarmos pessoas boas numa situação infernal, a situação infernal vencerá sempre, levando o individuo a agir  a partir de traços e valores profundamente enraizados, e não socializados.

A Clínica e a Anatomia Patológica como Base da Medicina Científica Moderna

A Medicina, enquanto ciência,  faz associação das duas vertentes a seguir, desenhando a partir do séc. XVIII a Medicina Moderna:

  1. A da prática médica (experiência clínica) - lugar da relação médico-paciente. 
  • busca o discurso e a experiência do indivíduo como doente.
  1. A da medicina interna ou vertente de anatomia patológica - abertura de corpos para ver o seu interior, e possíveis causas das doenças.
  • É domínio do saber exclusivo do médico, que olha e identifica o que há de errado entre os órgãos e os exames.
Portanto, a base da ciência médica se constitui à partir das origens e da constituição da experiência clínica e anatomia patológica.

CONDIÇÕES PARA SURGIMENTO DA CLÍNICA:
  • A ciência com suas teorias e práticas surge na tentativa de responder questionamentos sobre si e sobre os outros.
  • A medicina tenta reunir o que se apresenta na queixa e na experiencia singular do paciente, com ênfase naquilo que tende a se repetir em outras pessoas.
  • A medicina moderna surge a partir da clínica na relação paciente e médico.
  • É a partir do médico no hospital, como local para observar evoluções de patologias e quadros clínicos, que o hospital se torna o observatório ideal de doenças e doenças.
1ª condiçãoreorganização  da Instituição Hospitalar, enquanto Instituição Médica.
2ª condiçãoRedefinição do Estatuto social do doente: homens passam a ser chamados cidadãos; ideal de igualdade para exercer sua liberdade. Porém, o doente era visto como alguém que poderia contaminar alguém, portanto, deveria ser afastado do convívio social para ser tratado.
3ª condição: Uso absolto da linguagem científica aplica à medicina, visando definir causas de doenças. Partia da experiência do indivíduo, seus sintomas, seus sentimentos, para definir os distúrbios.

Essas condições buscava destacar a doença em si, e não o indivíduo em sofrimento. Esse era um método empirista moldado a partir da observação do médico sobre o paciente acometido da doença. Uma nova forma de sistematizar o saber através da experiência do observador.

ASPECTOS MAIS IMPORTANTES DESSAS CONDIÇÕES:

A reorganização da Instituição Hospitalar:
  • Hospital passa a ser Instituição Médica
  • As intervenções passam a ser regulares e constantes, nova forma da medicina se relacionar com as doenças.
  • Ciência moderna organiza o conhecimento e desenvolve métodos que possibilite o acesso a esse conhecimento, daí a necessidade de um lugar específico para observação e sistematização da experiência.
  • Hospital passa a ser local de exame, fonte de construção da ciência empírica, organizando as experiências.
A redefinição do estatuto social do doente:
  • França, fins do século XVIII - advento do conceito de cidadão.
  • As doenças e os corpos dos indivíduos deixam de ser problemas exclusivamente pessoais, de caridade ou filantropia, passando a ser questão política, de Estrado ou de Saúde Pública. Além disso,também de interesse científico para conhecimento das doenças.
  • O corpo do doente passa a ser tratado pela política médica, pela vigilância sanitária, se configurando uma questão política e científica, portanto, questão de cidadania.
  • A internação hospitalar de doentes passou a ser uma questão de política sanitária e social, embora o cidadão tivesse liberdade, a internação hospitalar era um poder de polícia médica.
O método de conhecimento e a clínica
  • Philippe Pinel - Pai da Psiquiatria, buscava nas ciências naturais, uma base verdadeiramente científica para o conhecimento da realidade das doenças.
  • O método de conhecimento original das ciências:
 - As ideias se constituíam a partir da experiência, portanto, todo conhecimento humano teria origem na sensação (senso-percepção).
- As ideias mais simples às mais complexas se formariam a partir da senso-percepção humana.
- A experiência empírica possibilitaria um leitura real.

Esse processo de dá pelas transformações da visão religiosa, caritativa, filantrópica e assistencialista que se tinha das doenças, em cidadãos ficavam doentes, surgindo a noção científica da doença como entidade  ou distúrbio fisiológico, atribuindo um novo caráter a experiência de contato cotidiano.


EXPERIÊNCIA COMO FORMA DE OBTENÇÃO DE CONHECIMENTO:
  • Observar
  • descrever
  • Comparar
  • Classificar
Analisar significa...
  • observar em uma ordem sucessiva as qualidades de um objeto, a fim de lhes dar a ordem simultânea em que elas existem. Essa ordem é aquela na qual a natureza apresenta os objetos.
A NOVA LINGUAGEM DA CLÍNICA

Traduz um saber de senso comum, de uma linguagem individual para uma linguagem cientifica, que:
  •  poderia ser acessada por especialistas
  • fosse facilmente codificável em um conjunto de sinais e sintomas gerais.
  • pudesse ser descritos em manuais.
  • o sintoma que seria a realidade da doença, deveria ser enunciado com uma linguagem rigorosa.
  • Essas linguagens se referem a uma estrutura falada do percebido, ou seja, da articulação das maneiras  de ver e dizer.
Na clínica utilizava-se a relação do ATO PERCEPTIVO com o ELEMENTO DE LINGUAGEM, termos mais adequados a identificação do que se observava.

A ANÁTOMO-CLÍNICA
  • Torna-se possível a abertura de cadáveres.
  • Corpo humano passa a ser visto como objeto de conhecimento científico.
  • Surge a partir da relação entre clinica e anatomia patológica, ou seja, união da escuta e narrativa do paciente com a escuta médica e seu exame sinais e sintomas, identificando causas e disfunções.
  • Corpo do doente passa a ser o espaço de percepção da doença (essência nosológica), onde as doenças se organizavam em classes a partir do tipo de tecido. O espaço da doença deveria ser, ao mesmo tempo e imediatamente, um espaço causal.
          CLÍNICA - Leitura dos sintomas patológicos.
          ANATOMIA PATOLÓGICA - estudo das alterações dos tecidos.

Sugestão de Filme: O outro lado da nobreza.






REFERÊNCIAS
Saúde Mental  - Políticas e Instituições - Módulo 3

sábado, 24 de agosto de 2019

CONCEPÇÃO DO ENVELHECIMENTO


Segundo Fontaine (1999/2000), envelhecer implica num conjunto de processos dinâmicos que ocorre no organismo, após  sua fase de desenvolvimento e que se relacionam com mudanças de ordem psicológicas e sociais, no decorrer do tempo. Portanto, o ser humano envelhece de forma lenta e gradual, conforme o tempo vai passando.  Se caracteriza por  mudanças adaptativas e sofre influências de determinados contextos sociais.

Embora a OMS considere idosa a pessoa acima de 65 anos de idade, o autor considera que o processo de envelhecimento deveria ser visto diferencialmente, já que cada indivíduo envelhece de uma forma muito particular, devido a uma combinação de fatores genéticos, o estilo de vida, a dimensão biológica, etc., que envolve sua vida.

Fontainne (1999/2000), considera tipos diferentes de idade, tais como:

  • Idade cronológica -mede o tempo desde o nascimento até o presente. Não informa sobre o estado de evolução do sujeito.
  • Idade Biológica - diz respeito ao envelhecimento orgânico, e o estado funcional dos órgãos e das funções vitais.
  • Idade Psicológica - dada em função da personalidade e as emoções do sujeito, capacidades comportamentais que possui na interação com o meio, incluindo as capacidades mnêmicas e intelectuais, motivações e autoestima a nível de autonomia e controle.
  • Idade Social - papéis, estatutos e hábitos do indivíduo na sociedade.
O envelhecimento é multidimensional, e muitas vezes, é descrito à partir de uma conotação negativa, quando se fala em:
  • perda gradativa das funções biológicas
  • aumento da probabilidade de morte
  • associação de velhice à doenças
  • se reflete no comportamento
  • se reflete na habilidade intelectual
  • se reflete na atividade física
  • se reflete nas interações sociais.


Segundo Reis (1995) esta redução progressiva do metabolismo inicia-se a partir da década dos 20 anos e vai declinando lenta e progressivamente ao longo de toda a vida.

ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO
  • altera as funções biológicas, influenciando na saúde (funcionamento físico, cognitivo, psicológico e social)
  • perde a capacidade de manutenção do equilíbrio homeostático
  • declínio das funções fisiológicas
  • reduz o metabolismo
Muitas Teorias do Envelhecimento foram construídas na tentativa de explicar como se dá o envelhecimento. Entretanto, segundo Botelho (2000), apesar das diferenças existentes entre as diversas teorias, percebe-se que o declínio do funcionamento biológico é inevitável, e nunca se deve esquecer que o decréscimo funcional é diferente na própria pessoa e de indivíduo para indivíduo, vários órgãos e sistemas poderão refletir alterações subjacentes a um estado de diminuição das reservas homeostáticas do organismo.

ENVELHECIMENTO COGNITIVO

Aptidões cognitivas implicam em:
  • capacidade de planejamento
  • atenção e vigilância
  • funções minêmicas
  • funções intelectuais
  • funções sensório-motores
De acordo com Reis (1995) essas funções alcançam sua melhor performance entre 20 e 30 anos de idade, ficam estáveis até a década de 50, quando começam a declinar lentamente.  Muito dessas perdas cognitivas estão associadas à falta de uso e estímulos, daí a necessidade de fazê-lo.

Segundo Spar&La Rue(2002/2005) as variáveis que influenciam o grau de alteração cognitiva que as pessoas manifestam com a idade:
  • Fatores Genéticos
  • saúde
  • nível de instrução
  • atividade mental
  • atividade física
  • personalidade
  • humor
Consideram que a  INTELIGÊNCIA  tende a se manter estável durante a vida, embora se verifique declínio nas tarefas perceptivo-motoras. Esta pode se apresentar de duas formas:
  • Inteligência cristalizada - relaciona-se com a cultura, vocabulário, competências numéricas e fluidez verbal.
"atividades associadas à profundidade do saber e da experiência, do julgamento, da compreensão das relações sociais e das convenções" (Fontaine, 1999/2000, pp. 85-86)
  • Inteligência Fluida - relaciona-se com capacidades de natureza espacial e de raciocínio indutivo 
"prende-se com uma aptidão universal independente dos contextos socioculturais e da aprendizagem prévia"(Fontaine, 1999/2000).

CAPACIDADE DE MEMÓRIA

No idoso é mais acentuado o esquecimento, portando, todos os componentes das memórias são afetadas pelo envelhecimento:
  • "memória imediata (onde se inclui a memória de trabalho) é possível dizer que o envelhecimento parece estar associado a um ligeiro declínio destas aptidões mnésicas" (Spar & La Rue, 2002/2005). 
  • memória remota diz respeito a informações armazenadas e consolidadas há bastante tempo e aparenta manter-se conservada independentemente da idade (Fontainc, 1999/2000; Vaz Serra, 2006).
Importante salientar que a capacidade de se comunicar permanece estável ao longo da vida, embora possam apresentar maior dificuldade de compreensão de mensagens longas ou complexas, além de esquecer nomes. Continuam com  a mesma capacidade de manutenção da atenção, e com o declínio das funções executivas, compromete comportamentos complexos.

PERSPECTIVA PSICOLÓGICA DO ENVELHECIMENTO

Envolve os seguintes fenômenos:
  • reações emocionais
  • personalidade
  • controle
  • autoconceito
  • estilo de coping (competir em pé de igualdade, superando dificuldades)
ALTERAÇÕES AFETIVAS RELACIONADAS COM O ENVELHECIMENTO

INCONTINÊNCIA EMOCIONAL - produz intensas reações afetivas e incapacidade de controle. Essa instabilidade emocional diz respeito a súbitas mudanças emocionais.(Ballone,2004)

FORMA DE LIDAR COM DIFICULDADES -envelhecer exige reordenamento de prioridades pessoais, mudança de estilos de coping. 

Tipos de coping que mantém no idoso o sentimento de autoeficácia e controle de sua vida, segundo Paul (2006):

COPING ASSIMILATIVO - "finalidade de diminuir as perdas através de esforços compensatórios, ou seja, os indivíduos procuram transformar uma situação menos positiva, numa situação mais adequada aos seus objetivos".

COPING ACOMODATIVO - " diminuem o nível de aspirações de desempenho pessoal, adaptando os novos objetivo às suas limitações."

Outro aspecto que aparentemente se mantém constante é o AUTOCONCEITO, a concepção que a pessoa tem de si mesma.

DEPRESSÃO no idoso é comum em função da tendência em se centrar muito no seu passado, acaba sentindo angústia em relação ao presente, e medo em relação ao futuro. Esta pode ser ampliar a incapacidade do sujeito, quando associada a perturbações de foro físico e cognitivo.

DIMENSÃO PSICOLÓGICA DO ENVELHECIMENTO (NERI)

Perspectiva do Ciclo de Vida: que adota o critério de estágios como principio organizador do desenvolvimento, estando nos estágios mais avançados contidos os anteriores, pressupondo uma coordenação entre o desenvolvimento individual e a história das instituições sociais. 

ENVELHECIMENTO SOCIAL se dá a partir das relações interpessoais ( famílias, trabalho, amigos, etc), que vai impactar em alterações em diversos níveis do desenvolvimento. O idoso além de passar pela mudança de papéis também acaba perdendo outros, em função da idade.

"A qualidade de vida, o bem-estar subjetivo e a satisfação de viver dependem, então, da manutenção das relações sociais e da prática de atividades produtivas (Fontaine, 1999/2000). Várias investigações realizadas concluíram que o isolamento é um fator de risco para a saúde e, por consequência, os apoios sociais de natureza emocional ou instrumental podem ser uma mais valia para a manutenção do equilíbrio psicossocial do indivíduo (Fontaine, 1999/2000)."

Embora os idosos tenham poucas relações interpessoais no âmbito das redes sociais, quando comparados a pessoas mais jovens, atribuem maior valor a família, aos amigos de longa data.

"Na realidade, os sentimentos de felicidade e de bem-estar subjetivo não se degradam com a idade e os idosos têm tanta satisfação em viver como os jovens (Fontaine, 1999/2000). O idoso saudável revela-se uma pessoa ativa e envolvida nos seus interesses que, neste sentido, pouco se diferencia do adulto de meia-idade, podendo o envelhecimento transformar-se numa época em que se descobrem novos aspectos da vida e em que os acontecimentos são analisados numa perspectiva diferente e mais equilibrada (Vaz Serra, 2006)."

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O pensamento Sistêmico Novo-Paradigmático

ASPECTOS HISTÓRICO DO PENSAMENTO SISTÊMICO

Teoria reconhecida na primeira metade do século XX. Antes houveram algumas teorias que contribuíram para se chegar ao pensamento sistêmico.  Os pilares para o desenvolvimento do Pensamento Sistêmico segundo Capra (2006), foram:
  • Séc.XVI e XVII - Revolução científica com as descobertas da Física, Astronomia e Matemática- Mundo do Mecanicismo Cartesiano.
  • Séc. XVIII, Antoine Lavoisier, confirma importância dos processos químicos para o funcionamento dos organismos vivos.
  • Entre o séc XVIII e fina do séx. XIX surge o Movimento Romântico em contraposição ao mecanicismo,em que a natureza teria uma forma móvel e seguiria um padrão de relações dentro de um grande todo organizado e harmonioso.
  • Segunda metade do Séc. XIX - aperfeiçoamento do microscópio , avanços na biologia, teoria das células.
  • Séc XX - Surge a Biologia Organísmica ou Organicismo contrário ao mecanicismo,  tornando-se forte influenciadora do pensamento sistêmico.
CONCEPÇÃO ORGANÍSMICA

"Segundo a concepção Organísmica, as propriedades essenciais de um organismo pertencem ao todo, de maneira que nenhuma das partes as possuem, pois tais propriedades surgem justamente das interações entre as partes. Portanto, as propriedades das partes podem ser entendidas apenas a partir da organização do todo. O Organicismo coloca o foco no entendimento das relações organizadoras sendo que a concepção de organização foi aperfeiçoada posteriormente com o conceito de auto-organização."

Com a Ecologia foi possível compreender os sistemas vivos como redes, a partir disso Capra afirma haver redes que se formam dentro de outras redes.

Década de 1920, surge também a Física Quântica (Werner Heisenberg, 1920) contrariando pensamento newtoniano, evidenciado que não se pode decompor o mundo em unidades elementares, de forma independente, mas sim, que estas só podem ser compreendidas nas interrelações, ou seja o todo determina o comportamento das partes. Surge também a Gestalt que reconhecia a existência de uma totalidade irredutível como aspecto chave da percepção.

Por fim, em 1940, Ludwig Von Bertalanffy apresenta a Teoria geral dos sistemas e Norbert Wiener inicia a elaboração da cibernética, vindo ambas a se configurar os limites paradigmáticos da Teoria Sistêmica.

TEORIA GERAL DOS SISTEMAS (TGS) E/OU TEORIA SISTÊMICA (TS)
  • TGS é mais ampla que a TS, pois abrange todas as áreas do conhecimento.
  • TS  é mais voltada para a Psicologia.
  • Bertalanffy confere importância ao Pensamento Sistêmico como um movimento científico por meio de suas concepções de sistema aberto e de sua Teoria Geral dos Sistemas. Vê os organismos vivos como sistemas abertos  que se se alimentam de um contínuo fluxo de matéria e de energia extraídas e devolvidas ao meio ambiente
  • Estuda os princípios universais aplicáveis aos sistemas em geral, sejam eles de natureza física, biológica ou sociológica.
  • SISTEMA  é um complexo de elementos em estado de interação.(Bertalanffy )
  • A interação ou a relação entre os componentes torna os elementos mutuamente interdependentes e caracteriza o sistema, diferenciando-o do aglomerado de partes independentes (Vasconcellos, 2010). 
  •  os fenômenos não podem ser considerados isoladamente, e sim, como parte de um todo.
O Psicólogo de um modo geral deve sempre recorrer ao passado e ao presente para compreender seu cliente.No Pensamento Sistêmico tudo está interligado, e tem por objetivo, quebrar paradigmas para formar novos paradigmas. 

O profissional sistêmico, deve buscar a aproximação  do cliente, ao invés do afastamento, tendo em vista que este faz parte do sistema. Nessas condições, a tentativa de ser neutro emocionalmente, e permanentemente, em todos os atendimentos, pode gerar um distanciamento do profissional sistêmico, em relação ao paciente.

Na Psicologia Sistêmica novo-paradigmática, é permitido e possível que o psicólogo sistêmico venha a se envolver emocionalmente com o problema de seu cliente, sem ter que controlar por exemplo, lágrimas emotivas.  Isso não quer dizer que sempre vai acontecer, mas que pode acontecer, eventualmente. 

Esse envolvimento emocional é permitido desde que o psicólogo sistêmico saiba o objetivo dessa emoção, e ainda, saiba como esta pode ser útil no processo terapêutico. O autocontrole de seu papel em circunstâncias de envolvimento emocional é necessário, para que o profissional não acabe perdendo seu lugar em relação ao cliente.

Caso o Psi, não deseje se deixar levar pela emoção, pode expressar aquilo que te afeta ou te incomoda por palavras, perguntando sobre o assunto.

Importante salientar que o Psi Sistêmico entra no sistema com a sua subjetividade, se relaciona e se coloca como parte do processo.

Quando o profissional é afetado pelo sistema, deve-se ter um olhar do ponto de vista da instabilidade, o que ocorre quando se aplica uma técnica , em que se espera um determinado resultado, mas o resultado é completamente diferente daquilo que se espera. Nesse caso, se faz uma visão simplista, fugindo da complexidade do sistema. Uma pessoa IMPLICADA tem consciência das possíveis consequências das técnicas que ela aplica.

Compreensão teórica  é fundamental para o Pensamento Sistêmico, que implica em:
  •  Reconhecer o sujeito em seu contexto.
  • Os fatos não são previsíveis
  • O terapeuta faz parte do sistema o qual intervém.
  • Ampliar seu olhar cobre a situação
  • Questionar a problemática apresentada
  • Trabalhar com a pessoa alternativas de modos funcionais de relacionamento.
  • Admitir a condição de ESTAR  e não de ser, etc.
  • Visa destravar a intersubjetividade entre Psicólogo e Paciente.
  • Não faz diagnóstico, por admitir a intersubjetividade no processo terapêutico.
  • Desmarcar a terapia quando não estiver com a mente voltada para a terapia(ética), para não ferir o princípio da intersubjetividade. É preciso estar inteiro no processo terapêutico.
  • Deve excluir a palavra CONTROLE, aprendendo a usar as suas emoções no processo terapêutico, e não controlando-as, demandando assim, grande gasto de energia. 
  • As emoções podem ser reveladas por meio do diálogo, e não necessariamente pelo choro.
  • A Abordagem Sistêmica na prática trás a ideia de que qualquer elemento é capaz de modificar o sistema, adentrando no conceito de GLOBALIDADE. Perceber o contexto em que ocorre o sistema, não determina como o outro vai se comportar, ou se vão se comportar igualmente, mesmo tendo vivido situações semelhantes. Exemplo: quem foi abusado sexualmente, não será necessariamente um abusador. Quando se determina que quem foi abusado será um abusador, está se naturalizando  as coisas, sem levar em conta que as pessoas podem reagir completamente diferente do que se espera.
  • A psicologia Sistêmica não atende àquelas pessoas que  não estão dispostas a falar de suas relações no sistema, mas que desejam falar exclusivamente de si. Seria ético recomendar a uma outra abordagem.
  • A família para fazer parte do sistema não precisa estar presente fisicamente. Ela entra no sistema a partir do cliente.
MENTE SISTÊMICA ou PENSAMENTO SISTÊMICO
  • AMPLIA O FOCO DA OBSERVAÇÃO - COMPLEXIDADE
         Permite que o observador perceba em que circunstâncias o fenômeno acontece. as relações intrassistêmicas e intersistêmicas, uma teia de sistemas. Admitir a complexidade do sistema, avaliando o contexto, a história de vida, os valores, crenças e significados sobretudo daquilo que parece óbvio, abrange o olhar para o todo no sistema, e não para um determinado foco. Só a partir daí o Psi vai conseguir compreender - elaborar - ajudar, lembrando que o Psi não conserta nada, ajuda a reorganizar o sistema. Admite-se aí que qualquer membro do sistema pode afeta-lo como um todo, verificando-se aí os casos em que quando um adoece na família, a família adoece junto, ratificando o fenômeno da GLOBALIDADE. Portanto, não há relação de causa e efeito no sistema, mas sim, há relações no sistema e todas elas causam ou afetam esse sistema (MULTICAUSALIDADE).
  • DESCREVE O VERBO ESTAR - INSTABILIDADE
         Distingue o dinamismo das relações presentes, algo em constante mudança e evolução, assumindo a instabilidade, a imprevisibilidade e incontrolabilidade do sistema. Admitir que qualquer membro do sistema pode afeta-lo.
  • ACATA OUTRAS DESCRIÇÕES - INTERSUBJETIVIDADE
         Reconhecer sua própria participação na formação da realidade com que está trabalhando, passa a atuar no espaço de intersubjetividade, atuando na co-construção das soluções. Num sistema as relações se estabelecem por meio da interação entre as diversas subjetividades que envolvem os elementos de um sistema.

Pensar sistêmicamente, e com base nos pressupostos da COMPLEXIDADE, INSTABILIDADE E INTERSUBJETIVIDADE, deve-se aprender a utilizá-los e não conceituá-los, e ainda, aprender a se abster do NÃO, nas relações do sistema.

Esteves de Vasconcellos 1995 a cita "o pensamento sistêmico como o novo paradigma da ciência."
Pensar sistematicamente é pensar dentro dos seguintes princípios ou a partir dos  pressupostos.

Wilden (1972) trás a ideia de que: "o conceito de sistema se refere aos modos em que acontecem as relações ou conexões entre os elementos e as relações entre as relações" (p.204).

O autor considera que um profissional para ser sistêmico,vive-ver o mundo e atua nele - assume para si esses pressupostos. O profissional deve questionar o sistema pensando em cuidar, e não pensando em investigar ou categorizar, é o que faz o Psicólogo.

Cecchim (1991) afirma que: " o que vemos como sistema é simplesmente o encaixe de seus membros uns com os outros" (p.13).  Esse terapeuta sistêmico enfatizou a necessidade de exercitarmos sempre a maneira sistêmica de pensar e sugeriu o seguinte exercício:
  • observar as interações entre os membros da família,
  • observar as interações dos terapeutas com o cliente.
  • O verbo "ser" é proibido. Deve ser substituído sempre pelo verbo "estar". Não falar no verbo ser, e usar somente o verbo estar, implica dizer que tudo pode ser circunstancial e não definitivo.
  • As situações observadas devem ser ditas e descritas como se vê a situação, sem contradizer o que já disseram.
  • O foco da observação deve ser ampliado até que o terapeuta, faça ele mesmo parte do cenário de observação.
  • Observar se há relação de causalidade entre os membros da família, isto é, observar responsabilidades.
PENSAMENTO RELACIONAL
  • Admitir a complexidade e a incerteza das coisas, faz o terapeuta sistêmico utilizar o pensamento relacional, sobre o qual, se este não é verdadeiro em si, deve estar relacionado com o que ou com quem?
  • construção intrassubjetiva do conhecimento também introduz instabilidade, deixando de ter a expectativa da previsibilidade e controlabilidade.
  • As três dimensões - complexidade, subjetividade e intersubjetividade - exercem  relações recursivas e articuladoras entre as três dimensões, já que distinguir as conexões e articulações é uma característica da forma sistêmica de pensar.
NOVOS PARADIGMAS DA CIÊNCIA SISTÊMICA
  • COMPLEXIDADE - sistemas amplos, redes, ecossistemas, causalidade circular, recursividade, contradições, pensamento complexo.
  • INSTABILIDADE - desordem, evolução, imprevisibilidade. saltos qualitativos, auto-organização, incontrolabilidade. Tudo está em constante movimento é preciso portanto, considerar em que situação você está e como você foi estimulado a agir, ratificando os pressupostos da instabilidade., lembrando que você sempre ESTÁ e nunca É, na sistêmica.Exemplo disso, uma pessoa está depressiva, e não é depressiva. Uma pessoa está ansiosa e não é ansiosa. Essa condição de estar admite a possibilidade de ser passageiro aquele estado em que a pessoa se encontra, podendo muda-lo.
  • INTERSUBJETIVIDADE - inclusão do observador, autorreferência, significação da experiência na conversação, co-construção. Sempre precisa ser VALIDADA, ou seja acatada pelo observador.
Nem tudo que é apresentado hoje, como pensamento sistêmico, é novo-paradigmático. Isso ocorre porque algumas propostas apresentadas como sistêmica, não contemplam a inclusão do observador. Não se admite na constituição da "realidade", já que esta inclusão, requer a disposição para enfrentar as dificuldades naturais de mudar paradigmas. Acreditam que tem um conhecimento especial desse mundo, quando se abstrai de mudar paradigmas. É preciso rever nossas crenças sobre como conhecemos o mundo.

Capra 1996, p.50, em sua Teoria dos sistemas vivos, assume duas grandes dimensões do pensamento sistêmico:
  1. O pensamento sistêmico é CONTEXTUAL
  2. O pensamento sistêmico é PROCESSUAL
O MUNDO QUE CRIAMOS DEPENDE DE NOSSA ESTRUTURA PESSOAL (DETERMINISMO ESTRUTURAL).
  • O mundo que ele cria depende de seus valores, epistemologia e crenças(subjetividade);
  • É no cientista que se produz a quebra de paradigmas.
  • O cientista que aceita a pergunta sobre a observação de um fenômeno natural, e se permite refletir é que aparecem os caminhos da objetividade.
  • É fundamental para mudarmos uma visão de mundo, nos permitir a reflexão.
  • Ao mudar sua visão de mundo o cientista já não é mais o mesmo.
  • cientista novo-paradigmático, sente-se livre para usar recursos e conhecimentos desenvolvidos quando convier. Pensamento complexo.
  • Muita coisa muda com a mudança de paradigma.
  • O cientista admite que tanto a  complexidade quanto a auto-organização são aspectos dele próprio.
Falar de pensamento sistêmico novo-paradigmático, é falar em uma epistemologia que distingue o observador nas três dimensões: complexidade, instabilidade e intersubjetividade.
Conceitos de sistemas segundo (Barcellos & Moré, 2007; Osorio, 2002; Vasconcellos, 2010):
    1. NÃO-SOMATIVIDADE afirma que o sistema não é a soma das partes, devendo-se considerar o todo em sua complexidade e organização; assim, embora o indivíduo faça parte da família, ele mantém sua individualidade. A exemplo disso, numa terapia de casal, as partes devem ser ouvidas em conjunto, e não individualmente, já que a psicoterapia individual vai abstrair as relações entre as partes, ou apresentar uma visão a partir do olhar individual de cada um, e não a partir dos dois.  Na terapia de casal o psicologo sistêmico deve focar a atenção no que se diz do outro, e como se diz a respeito do outro. E nas Terapias individuais podem ser revelados segredos, unilateralmente, que a outra parte do casal desconhece,  que colocam em risco a condição do psicólogo em lidar na Terapia de Casal, por ter um acesso privilegiado a alguma informação que não pode ser revelada.
    2.  HOMEOSTASE é o processo de autorregulação que mantém a estabilidade do sistema preservando seu funcionamento, ou seja, como o sistema se retroalimenta para manter a mesma dinâmica. Quando não há por parte dos elementos do sistema uma disposição para mudar a retroalimentação desse sistema.
    3.  MORFOGÊNESE é o processo oposto a homeostase, ou seja, é a característica dos sistemas abertos de absorver os aspectos externos do meio e mudar sua organização. Quando há uma disposição por parte dos elementos do sistema para mudar a forma de retroalimentação desse sistema, reorganizando o sistema.
    4.  CIRCULARIDADE também chamada de causalidade circular, bilateralidade ou não-unilateralidade, diz respeito à relação bilateral entre elementos, sendo que esta relação é não linear e obedece a uma sequência circular.  Envolve muitos fatores e não apenas um fator determinante.
    5. EQUIFINALIDADE, refere que em um sistema aberto, o resultado de seu funcionamento independe do ponto de partida, ou seja, o equilíbrio é determinado pelos parâmetros do sistema; diferentes condições iniciais geram igualdade de resultados e diferentes resultados podem ser gerados por diferentes condições iniciais. Pode-se ter uma mesma finalidade, mas não quer dizer que as mesmas estratégias têm que ser usadas em todas as circunstâncias.
    6. EQUICAUSALIDADE,  pode-se ter as mesmas causas, mas o sistema pode tomar direções completamente diferenciadas, ratificando a ideia de que todo sistema é aberto
    INTERAÇÃO GERA RETROALIMENTAÇÃO (FEEDBACKS)

    retroalimentação ocorre sempre em tempos diferentes. Dentro de um sistema, a retroalimentação se comporta de maneira positiva em determinado tempo, e se comporta de maneira negativa , em outro momento. Não se deve pensar em positivo e negativo, no sentido de ser bom ou ruim, ambos tem o seu valor dentro de um sistema. 
    • Retroalimentação POSITIVA - Quando se está ABERTO A NOVAS CONSTRUÇÕES dentro do sistema, e transformando o sistema. Quando a família está aberta ao sistema, apresentam DISPOSIÇÃO para MUDAR O SISTEMA, e alterar o funcionamento do sistema naquele momento, a tendência é que o sistema encontre novas formas, novas regras, caracterizando a MORFOGÊNESE (fedd +)
    • Retroalimentação NEGATIVA - Gera uma estabilidade no sistema, mantendo a relação como ela é. A NÃO DISPOSIÇÃO para MUDAR O SISTEMA, mantém a mesma lógica de retroalimentação, caracterizando a HOMEOSTASE (feed -).
    SINERGIA E ENTOPIA
    • NA SINERGIA os elementos estão interagindo, ou seja, os elementos do sistema estão conectados, possuem o mesmo dinamismo e objetivos dentro daquele contexto.
    • NA ENTOPIA não há sinergia dentro do sistema. Os objetivos são diferentes e seus elementos estão desconectados com o sistema. Exemplo: pessoa que vive num sistema familiar, mas não compactua dos mesmos objetivos e ideais, vivem juntos porém, isolados.
    CAIXA PRETA

    É onde estão os aprendizados e memórias, as quais poderemos acessa-la.
    Importante salientar que a Psicologia Sistêmica não considera o Inconsciente como parte da estrutura psíquica.  É a caixa preta que tem tudo que precisamos. Esta jamais é criada. Ela simplesmente existe e já está pronta. Por exemplo, quando uma pessoa se sente capaz de acessar uma determinada estrutura, para descobrir a sua capacidade de se superar em determinados aspectos, é na caixa preta que vai buscar. É onde ele pode acessar as histórias e descobrir nelas as suas capacidades guardadas. A Psicologia sistêmica não acessa a caixa preta individual do cliente, mas sim, a caixa preta de todo o sistema, admitindo sua complexidade na família.

    PI - PACIENTE IDENTIFICADO

    Termo usado para aquele membro do sistema que é identificado ou apontado pelos demais membros como a causa de todos os problemas que corrompem o bom funcionamento do sistema. Porém, o Psicólogo Sistêmico não vê no sistema a existência de um PI, o próprio sistema que o aponta.

    FAMÍLIA FUNCIONAL E DESFUNCIONAL

    • FUNCIONAL - há uma satisfação entre os membros da família. O sistema é bom para todos, então é considerado funcional.
    • DESFUNCIONAL - ocorrem insatisfações entre os membros da família, bastando que apenas um membro esteja insatisfeito para que seja desfuncional o sistema.

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    Para a próxima aula: Contrucionismo Social e Cibernética.

    CONSTRUTIVISMO E CONSTRUCIONISMO SOCIAL

    Marilene Grandesso (2000) estuda diferentes tipos de construtivismo (construção do indivíduo) e o construcionismo social (construção coletiva), sob a ótica das CONVERGÊNCIAS e das DIVERGÊNCIAS entre eles. Essas duas correntes, construtivista e construcionista social, representa uma transição que possa favorecer a convivência e o diálogo entre as diferenças. Qualquer teoria psicológica construtivista ou construcionista - sobre como as pessoas constroem seu conhecimento do mundo tem relação com a intersubjetividade ou a objetividade entre parênteses; ambas caminham para a objetividade ao contrário da teoria sistêmica novo-paradigmática. Logo, observa-se uma transição entre uma epistemologia filosófica e uma epistemologia científica:

    CIÊNCIA TRADICIONAL          -           CIENTISTA NOVO-PARADIGMÁTICO
    Epistemologia filosófica                              Epistemologia científica.
    (Filosofia da Ciência)                                 (Ciência da ciência)
    Epistemologia para a ciência                       Epistemologia par ao viver
    (para conhecer e atuar cientificamente)      (para estar e agir no mundo, inclusive para fazer ciência)

    Na perspectiva do novo paradigma, a postura ética do cientista é uma implicação necessária e inevitável dos seus novos pressupostos epistemológico, especialmente o pressuposto da co-construção da realidade, que trás o sujeito do conhecimento para o âmbito da ciência. Vasconcellos elucida que seremos sempre éticos se efetivamente aceitarmos o outro " como legítimo outro na convivência"(Vasconcellos apud Maturana 1990, p.25).

     Já Forest (1973) afirma que para ser ético, o especialista precisa estar sempre se interrogando

    - Com essas minhas ações estou abrindo alternativas para que sistema ?-família, grupo de trabalho, comunidade,etc. 
    - Posso escolher autonomia para um caminho melhor para si mesmo?
    - Minha ação está condizente com minhas crenças em que o sistema é auto-organizador?
    - estou levando em consideração as conexões inter sistêmicas e as possíveis repercussões de minha ação em outros pontos da rede ou do sistema de sistemas?

    Obs.: Essas respostas só virão a partir da constante interação com o sistema.

    O olhar do profissional deve ser atento às motivações, sabendo que o que cada um diz fala mais de si do que da coisa observada. Isso fará com o profissional amais tente impor ao sistema as soluções que ele mesmo considera as melhores. O profissional não será portanto um especialista em solução, mas sim, um especialista na criação de contextos de autonomia. 

    Vasconcellos pensa que uma forma de trabalhar pelo desenvolvimento dessa postura ética e a realização de exercícios e vivências várias que permitam experimentar as características sistêmicas de nossa inserção no universo, em todas as suas dimensões.(p.178)

    Nas questões da interdisciplinaridade, que é a relação das disciplinas que têm uma correlação entre si, Vasconcellos, entende que sendo o pensamento complexo uma condição básica para essa prática, a partir do pensamento novo paradigmático, não se pode pensar em complexidade sem incluir o sujeito, assumindo a objetividade entre parênteses, já que o sujeito é a subjetividade em si. Admitir a construção da intersubjetividade do conhecimento da natureza, é se colocar na posição privilegiada do cientista, de estar em diálogo com outros cientistas.

    pensamento sistêmico novo-paradigmático, sendo admitido como novo paradigma da ciência,  se contradiz à ideia de "certo" ou "certeza". A partir desse paradigma não se admite mais a ideia de certeza. Todo o trabalho é desenvolvido num espaço consensual.

    CRITÉRIOS FUNDAMENTAIS DO PENSAMENTO SISTÊMICO
    •  Cada um dos sistemas forma um todo com relação as suas partes e também é parte de um todo. 
    • O primeiro dos critérios fundamentais do Pensamento Sistêmico se refere à mudança das partes para o todo, a partir do entendimento de que as propriedades essenciais são do todo de forma que nenhuma das partes as possui, pois estas surgem justamente das relações de organização entre as partes para formar o todo. 
    • Outro critério diz respeito à capacidade de deslocar a atenção de um lado para o outro entre níveis sistêmicos (Vasconcellos, 2010).
    • O pensamento é contextual, pois a análise das propriedades das partes não explica o todo. 
    • É ambientalista porque considera o contexto.
    •  A ênfase está nas relações e não nos objetos, ou seja, os próprios objetos são redes de relações, embutidas em redes maiores. 
    • O mundo vivo é entendido como uma rede de relações. 
    • O conhecimento científico é tido como uma rede de concepções e de modelos sem fundamentos firmes e sem que um deles seja mais importante do que outros. 
    • O mundo material é visto como uma teia dinâmica de eventos interrelacionados (Vasconcellos, 2010). 
    •  mudança da ciência objetiva para a epistêmica; o método de questionamento torna-se parte integral das teorias científicas.

    REFERÊNCIAS:
    Inferências feitas em sala de aula sobre o assunto. Minhas anotações.
    ARTIGO CIENTÍFICO: As Origens do Pensamento Sistêmico: Das Partes para o Todo
    Autores:  Lauren Beltrão Gomes1 ,Simone Dill Azeredo Bolze2 ,Rovana Kinas Bueno3 ,Maria Aparecida Crepaldi4 . Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v18n2/v18n2a02.pdf

    quarta-feira, 21 de agosto de 2019

    Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da ciência.


    Esteves de Vasconcellos 1995 a cita "o pensamento sistêmico como o novo paradigma da ciência."
    Pensar sistematicamente é pensar dentro dos seguintes princípios:
    • COMPLEXIDADE
    • INSTABILIDADE
    • INSTERSUBJETIVIDADE
    Wilden (1972) trás a ideia de que: "o conceito de sistema se refere aos modos em que acontecem as relações ou conexões entre os elementos e as relações entre as relações" (p.204).

    O autor considera que um profissional para ser sistêmico vive-ver o mundo e atua nele - assume para si esses pressupostos.

    Cecchim (1991) afirma que: " o que vemos como sistema é simplesmente o encaixe de seus membros uns com os outros" (p.13).  Esse terapeuta sistêmico enfatizou a necessidade de exercitarmos sempre a maneira sistêmica de pensar e sugeriu o seguinte exercício:
    • observar as interações entre os membros da família,
    • observar as interações dos terapeutas com o cliente.
    • O verbo "ser" é proibido. Deve ser substituído sempre pelo verbo "estar". Não falar no verbo ser, e usar somente o verbo estar, implica dizer que tudo pode ser circunstancial e não definitivo.
    • As situações observadas devem ser ditas e descritas como se vê a situação, sem contradizer o que já disseram.
    • O foco da observação deve ser ampliado até que o terapeuta, faça ele mesmo parte do cenário de observação.
    • Observar se há relação de causalidade entre os membros da família, isto é, observar responsabilidades.
    MENTE SISTÊMICA
    • AMPLIA O FOCO DA OBSERVAÇÃO - COMPLEXIDADE
             Permite que o observador perceba em que circunstâncias o fenômeno acontece. as relações intrassistêmicas e intersistêmicas, uma teia de sistemas.
    • DESCREVE O VERBO ESTAR - INSTABILIDADE
             Distingue o dinamismo das relações presentes, algo em constante mudança e evolução, assumindo a instabilidade, a imprevisibilidade e incontrolabilidade do sistema.
    • ACATA OUTRAS DESCRIÇÕES - INTERSUBJETIVIDADE
             Reconhecer sua própria participação na formação da realidade com que está trabalhando, ´passa a atuar no espaço de intersubjetividade, atuando na co-construção das soluções.

    PENSAMENTO RELACIONAL
    • Admitir a complexidade e a incerteza das coisas, faz o terapeuta sistêmico utilizar o pensamento relacional, sobre o qual, se este não é verdadeiro em si, deve estar relacionado com o que ou com quem?
    • construção intrassubjetiva do conhecimento também introduz instabilidade, deixando de ter a expectativa da previsibilidade e controlabilidade.
    • As três dimensões - complexidade, subjetividade e intersubjetividade - exercem  relações recursivas e articuladoras entre as três dimensões, já que distinguir as conexões e articulações é uma característica da forma sistêmica de pensar.
    NOVOS PARADIGMAS DA CIÊNCIA SISTÊMICA
    • COMPLEXIDADE - sistemas amplos, redes, ecossistemas, causalidade circular, recursividade, contradições, pensamento complexo.
    • INSTABILIDADE - desordem, evolução, imprevisibilidade. saltos qualitativos, auto-organização, incontrolabilidade.
    • INTERSUBJETIVIDADE - inclusão do observador, autorreferência, significação da experiência na conversação, co-construção.
    Nem tudo que é apresentado hoje, como pensamento sistêmico, é novo-paradigmático. Isso ocorre porque algumas propostas apresentadas como sistêmica, não contemplam a inclusão do observador. Não se admite na constituição da "realidade", já que esta inclusão, requer a disposição para enfrentar as dificuldades naturais de mudar paradigmas. Acreditam que tem um conhecimento especial desse mundo, quando se abstrai de mudar paradigmas. É preciso rever nossas crenças sobre como conhecemos o mundo.

    Capra 1996, p.50, em sua Teoria dos sistemas vivos, assume duas grandes dimensões do pensamento sistêmico:
    1. O pensamento sistêmico é CONTEXTUAL
    2. O pensamento sistêmico é PROCESSUAL
    Além disso, apresenta a Teoria da Cognição de Santiago, de Maturama e Varela:
    • Faz afirmações sobre suas contribuições que preservam a existência da realidade objetiva, admitindo a possibilidade de um universo. 
    • Trás a ideia de "conhecimento aproximado da realidade"
    A PALAVRA ARTICULAÇÃO
    • Associada a uma forma de articular, que é a própria ciência tradicional, a dialética.
    • Permite o resgate e a integração da ciência tradicional pelo cientista novo-paradigmático.
    • Corresponde a ultrapassagem da Ciência tradicional (teorias e técnicas) para o cientista novo-paradigmático ( complexidade, instabilidade e intersubjetividade)
    O MUNDO QUE CRIAMOS DEPENDE DE NOSSA ESTRUTURA PESSOAL (DETERMINISMO ESTRUTURAL).
    • O mundo que ele cria depende de seus valores, epistemologia e crenças(subjetividade);
    • É no cientista que se produz a quebra de paradigmas.
    • O cientista que aceita a pergunta sobre a observação de um fenômeno natural, e se permite refletir é que aparecem os caminhos da objetividade.
    • É fundamental para mudarmos uma visão de mundo, nos permitir a reflexão.
    • Ao mudar sua visão de mundo o cientista já não é mais o mesmo.
    • cientista novo-paradigmático, sente-se livre para usar recursos e conhecimentos desenvolvidos quando convier. Pensamento complexo.
    • Muita coisa muda com a mudança de paradigma.
    • O cientista admite que tanto a  complexidade quanto a auto-organização são aspectos dele próprio.
    Falar de pensamento sistêmico novo-paradigmático, é falar em uma epistemologia que distingue o observador nas três dimensões: complexidade, instabilidade e intersubjetividade.

    CONSTRUTIVISMO E CONSTRUCIONISMO SOCIAL

    Marilene Grandesso (2000) estuda diferentes tipos de construtivismo (construção do indivíduo) e o construcionismo social (construção coletiva), sob a ótica das CONVERGÊNCIAS e das DIVERGÊNCIAS entre eles. Essas duas correntes, construtivista e construcionista social, representa uma transição que possa favorecer a convivência e o diálogo entre as diferenças. Qualquer teoria psicológica construtivista ou construcionista - sobre como as pessoas constroem seu conhecimento do mundo tem relação com a intersubjetividade ou a objetividade entre parênteses; ambas caminham para a objetividade ao contrário da teoria sistêmica novo-paradigmática. Logo, observa-se uma transição entre uma epistemologia filosófica e uma epistemologia científica:

    CIÊNCIA TRADICIONAL          -           CIENTISTA NOVO-PARADIGMÁTICO
    Epistemologia filosófica                              Epistemologia científica.
    (Filosofia da Ciência)                                 (Ciência da ciência)
    Epistemologia para a ciência                       Epistemologia par ao viver
    (para conhecer e atuar cientificamente)      (para estar e agir no mundo, inclusive para fazer ciência)

    Na perspectiva do novo paradigma, a postura ética do cientista é uma implicação necessária e inevitável dos seus novos pressupostos epistemológico, especialmente o pressuposto da co-construção da realidade, que trás o sujeito do conhecimento para o âmbito da ciência. Vasconcellos elucida que seremos sempre éticos se efetivamente aceitarmos o outro " como legítimo outro na convivência"(Vasconcellos apud Maturana 1990, p.25).

     Já Forest (1973) afirma que para ser ético, o especialista precisa estar sempre se interrogando

    - Com essas minhas ações estou abrindo alternativas para que sistema ?-família, grupo de trabalho, comunidade,etc. 
    - Posso escolher autonomia para um caminho melhor para si mesmo?
    - Minha ação está condizente com minhas crenças em que o sistema é auto-organizador?
    - estou levando em consideração as conexões inter sistêmicas e as possíveis repercussões de minha ação em outros pontos da rede ou do sistema de sistemas?

    Obs.: Essas respostas só virão a partir da constante interação com o sistema.

    O olhar do profissional deve ser atento às motivações, sabendo que o que cada um diz fala mais de si do que da coisa observada. Isso fará com o profissional amais tente impor ao sistema as soluções que ele mesmo considera as melhores. O profissional não será portanto um especialista em solução, mas sim, um especialista na criação de contextos de autonomia. 

    Vasconcellos pensa que uma forma de trabalhar pelo desenvolvimento dessa postura ética e a realização de exercícios e vivências várias que permitam experimentar as características sistêmicas de nossa inserção no universo, em todas as suas dimensões.(p.178)

    Nas questões da interdisciplinaridade, que é a relação das disciplinas que têm uma correlação entre si, Vasconcellos, entende que sendo o pensamento complexo uma condição básica para essa prática, a partir do pensamento novo paradigmático, não se pode pensar em complexidade sem incluir o sujeito, assumindo a objetividade entre parênteses, já que o sujeito é a subjetividade em si. Admitir a construção da intersubjetividade do conhecimento da natureza, é se colocar na posição privilegiada do cientista, de estar em diálogo com outros cientistas.

    pensamento sistêmico novo-paradigmático, sendo admitido como novo paradigma da ciência,  se contradiz à ideia de "certo" ou "certeza". A partir desse paradigma não se admite mais a ideia de certeza. Todo o trabalho é desenvolvido num espaço consensual.


    Referências: 

    VASCONCELLOS, Maria Jospe Esteves de. Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da ciência. Campinas, SP. papirus.2002;`

    Psicologia Social - Interação Humana

    Conceituando

    Psicologia social é uma ciência situada na fronteira entre a psicologia e a sociologia e estuda cientificamente, como as pessoas pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras. É o estudo científico da influência recíproca entre as pessoas (interação social) e do processo cognitivo gerado por esta interação (pensamento social).

    Os seres humanos vivem em constante processo de dependência e interdependência, seja pelo aperto de mão, por uma reprimenda, elogio, sorriso, um simples olhar, etc., coisas que suscitam uma resposta social. Essas ações mútuas afetam pensamentos, emoções e comportamentos entre os envolvidos. Assim, a resposta emitida servirá de estímulo social, por onde se estabelece a interação social.

    Psicologia social é uma ciência situada na fronteira entre a psicologia e a sociologia. É o estudo científico de como as pessoas pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras. Estuda fenômenos sociais comportamentais e cognitivos decorrentes da interação entre pessoas, e que o faz através da utilização do método cientifico. 

    O Objeto material da Psicologia Social é a Interação Humana e  suas consequências cognitivas e comportamentais, aquilo que a Psicologia Social estuda, por meio de um método científico.

    A cognição social é um campo da psicologia social que investiga a forma como as pessoas compreendem as outras pessoas e elas mesmas (Fiske e Taylor, 2008). Surgiu do interesse de psicólogos sociais pela psicologia cognitiva, que começaram a utilizar os modelos cognitivos para entender os processos básicos subjacentes às interações sociais. Essa área de pesquisa tem como aspectos básicos:
    • o mentalismo, que confere importância aos processos e representações mentais;
    • a formação, operação e mudança dos processos cognitivos dentro dos contextos sociais;
    • a utilização de métodos, teorias e modelos desenvolvidos em outras áreas pela psicologia social, como a psicologia cognitiva e a neurociência social cognitiva;
    • a aplicação ao mundo real (aplicação à temas como comportamento de ajuda, preconceito, esteriótipos, relacionamentos íntimos e outros).

    Como as pessoas percebem a dinâmica dos grupos?

     A Percepção social ou simplesmente a Impressão que fazemos dos outros pode ser influenciada por vários motivos:
    • a) condicionamentos e experiências anteriores envolvendo alguém ou um grupo.
    • b) estados de humor da pessoa e afetividade ( depressão, raiva, felicidade, amor)
    • c) seletividade da percepção ou escolha de figuras específicas
    • d) atalhos perceptivos (heurística) que dizem respeito a forma como o sistema cognitivo se organizou para:

    1. representar e fazer comparações,
    2. a memorização e acesso de informação
    3. julgar probabilidades
    4. julgar a partir da auto-referência
    e) por último o falso consenso ou ideia de partilha irrestrita de caracteres.
    Por que é importante entender esse processo?
    Porque somos seres sócio-culturais que agem no mundo e deflagram atitudes importantes. Seus comportamentos influenciam os outros ou você mesmo é influenciado pelo outro a nível de cognição e desejo. Frequentemente ouvimos:
    “Não gosto de fulano. Ele é x, pertence aos xxxx, defende xx ideia e age de forma xxxxx”(outro como ameaça). “Ciclano é y, sempre será y, odeio y.”(outro como fraqueza e imobilidade). “Beltranos não mudam, se é x certamente faz y.”( outro como previsível)
    Essas falas podem descrever situações que realmente acontecem mas são antes formadas por processos sociocognitivos. Isso é tão real e vívido para o indivíduo que constitui o seu mundo de relações, positiva ou negativamente.Um vai se afastar começando a criar esteriótipos ou se aproximar criando esteriótipos. Descriminar ou violentar alguém por acreditar e pertencer a um grupo e ser moralmente melhor ou mais adaptado. Ambos sofrem em todas essas condições, porque o ser humano é fundamentalmente relacional e dependente de uma coerência interna. É evidência de realidade, mas também exigência de justiça, amor, beleza, verdade,etc. 
    O comportamento influencia a atitude e o a atitude influencia o comportamento. Mas além das determinações comportamentais há de ser lembrado a existência de regras sociais, hábitos e consequências.
    O autor trás os seguintes questionamentos para reflexão:
    "1 Alguém é preconceituoso porque quer? Sim e não. Liberdade implica escolha e o individuo opta por continuar uma impressão mesmo depois de esclarecida. Apesar disso nossos comportamentos são multiplamente influenciados, sendo quase impossível controlar todas as variáveis. Antes de ser preconceituoso com o preconceituoso, vale a pena refletir: qual o ambiente que se insere, qual sua história, qual sua situação cultural. Isso tudo não na intenção de desculpá-lo, mas compreender porque age dessa forma e propor mudanças. Se elas não ocorrerem volta a questão da liberdade."
    "2 Ser preconceituoso é mal caratismo ou falta de inteligência? Sim e não. Pode ser que o individuo tenha uma cognição desadaptativa, dificuldades de aprendizagem e relacionamento, motivados por causas orgânicas comprovadas ou distúrbios de personalidade. No entanto, vale a mesma intenção do primeiro enunciado. É preciso colocar o preconceito em análise, senão a atitude se resumirá ao próprio problema que a originou, ou seja, combater o preconceito sendo preconceituoso."
    "3 O preconceituoso que sofre procura terapia como a vítima do preconceito? Será que vítima é um termo adequado? Sim e não. Entendemos que as pessoas são multi determinadas e ainda apresentam liberdade de escolha. Um perverso confesso não sofre com sua investida, um antissocial pode investir sem sofrer a despeito da sua consciência não totalmente esclarecida. Vítima é termo adequado se a pessoa não tem condição psíquica ou moral de se defender. Talvez seria melhor dizer injustiçado ou falsamente atribuído pela atividade cognitiva."
    "4 Nos livramos dos preconceitos? Não. Eles estão relacionados a nossa confrontação da realidade, o modo como compreendemos e sobrevivemos no mundo. Porém, todavia,contudo somos capazes de refletir sobre os esteriótipos e combater a descriminação, subprodutos da nossa percepção social."
    Diferenças entre ESTERIÓTIPO, PRECONCEITO e DISCRIMINAÇÃO
    ESTERIÓTIPO é atribuição de aspectos típicos por diferentes tipos de mecanismos (ex: semelhança, pregnância, conformidade, disparidade).
    PRECONCEITO é atitude negativa diante de um estereótipo.
    DISCRIMINAÇÃO é preconceito transformado em ato (Ex: racismo, agressão a homossexuais, violência contra a mulher.)
    Formar estereótipos por termos de organização mental e categórica, tende a esquecer a singularidade, agrupamos por familiaridade de estímulos, mesmo que inconscientemente.
    6 Como atenuar o preconceito, elaborar os estereótipos e expurgar as discriminações?
    1. Pela socialização, confrontação com a diferença, contato.
    2. Pela atividade terapêutica.
    3. Pela dessensibilização das camadas de caráter que se forma desde a infância.
    4. Pela observância e controle dos estados emocionais entre outras.
    5. Pela humildade e empatia, as pessoas sofrem por motivos que desconhecemos de ambos os lados.
    REFERÊNCIAS:
    • Psicologia Social de Aroldo Rodrigues,  Evelin Assma e Bernardo jablonski - 27ª edição revista e ampliada.
    • https://psicologiadoimaginario.wordpress.com/2016/04/01/percepcao-social-atitudes-e-esteriotipos/