- Conceito aprofundado de esteriótipos, sua relação com preconceito, diferenciando-os e entendendo suas características principais, a partir da Teoria da Cognição Social da Psicologia Social.
- Entendimento da Psicologia Social sobre a exclusão, que depende da materialidade e, que também é simbólica. Como as pessoas entendem os grupos, seu valor econômico e o movimento de signos que determinam que o sujeito possa transitar em determinados ambientes e não em outros.
O PROCESSO DE EXCLUSÃO SOCIAL
As ambiguidades inerentes ao sistema de exclusão social, revela a complexidade e contraditoriedade que constitui o processo de exclusão social, partindo do enfoque de uma determinada característica em detrimento das demais. Por exemplo, análise centradas no econômico, aborda a exclusão como sinônimo de pobreza; no social, privilegiam a discriminação, etc.
FONTE: Da Vinci design
A exclusão social sob a perspectiva psicossociológica, é considerada um processo sócio-histórico, que se configura na vida social, vivido como necessidade do eu, como sentimentos, significados e ações.
As configurações da exclusão social, ressalta:
- a dimensão objetiva da desigualdade social
- a dimensão ética da injustiça
- a dimensão subjetiva do sofrimento.
A dialética da exclusão/inclusão:
A Psicologia entende que a lógica dialética inverte a ideia de inclusão social, desvinculando-a à noção de adaptação e normatização, bem como, culpabilidade individual, para ligá-la aos mecanismos psicológicos de coação.
Principal mecanismo de coação social nas sociedade, prevalecendo a desigualdade , onde o pobre é incluído por mediações de diferentes ordens, onde os outros o exclui gerando sentimento de culpa individual.
Gesta subjetividades específicas que vão desde o sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou revoltado, o que não pode ser explicado exclusivamente por determinação econômica, já que determinam e são determinadas por formas diferenciadas de legitimação social e individual. A exclusão envolve o homem por inteiro e suas relações com os outros.
NOÇÃO DE EXCLUSÃO
- Tornou-se familiar no cotidiano das mais diferentes sociedades.
- Não é apenas um fenômeno que atinge os países pobres.
- Sinaliza o destino excludente de parcelas majoritárias da população mundial
- René Lenoir traz a concepção de exclusão, não mais como um fenômeno de ordem individual mas social, cuja origem deveria ser buscada nos princípios mesmos do funcionamento das sociedades modernas.
- Qualquer estudo sobre a exclusão deve ser contextualizado no espaço e tempo ao qual o fenômeno se refere.
- O processo de exclusão no Brasil vem sendo construído há 500 anos, mas que precisa ser repensado na sociedade contemporânea.
- José de Souza Martins (1997) explica que o termo exclusão social passou a ser um rótulo - deus/demônio - responsável e explicativo de tudo e por tudo, no debate dos anos 90, onde a coisificação e fetichização fortalecem os rótulos que empurram as pessoas, os pobres, os fracos, para fora da sociedade, ´para fora de suas "melhores" e mais justas e "corretas" relações sociais.
OS PROCESSOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO.
A exclusão induz sempre uma organização
específica de relações interpessoais ou intergrupos, de alguma forma
material ou simbólica, através da qual ela se traduz:
- no caso da segregação, através de um afastamento, da manutenção de uma distância topológica;
- no caso da marginalização, através da manutenção do indivíduo à parte de um grupo, de uma instituição ou do corpo social;
- no caso da discriminação, através do fechamento do acesso a certos bens ou recursos, certos papéis ou status, ou através de um fechamento diferencial ou negativo.
Decorre do estado estrutural ou conjuntural da organização social que se inaugura um tipo específico de relação social, a partir da interação entre pessoas e grupos.
A PSICOLOGIA SOCIAL NO PROCESSO DE EXCLUSÃO
Pode contribuir para análise de fenômenos gerados a partir do estudo das relações sociais, que revela os processos marcados por diferentes alternativas de exclusão.
Tenta dar conta
das relações sociais por dupla característica, de onde pressupõe a existência de um laço social, seja ele perverso ou pervertido.
- focalizar as dimensões ideais e simbólicas e os processos psicológicos e cognitivos que se articulam aos fundamentos materiais dessas relações.
- aborda estas dimensões e processos, considerando o espaço de interação entre pessoas ou grupos, onde se constroem e funcionam.
Busca compreender de que maneira as pessoas ou os grupos que são objetos
de uma distinção, são construídos como uma categoria à parte.
Traz a noção de preconceito, estereótipo, discriminação, identidade social, as representações sociais e ideológicas que traduzem meios e formas de exclusão social.
Psicologia Social, embora se limite aos processos psicológicos, cognitivos e simbólicos que podem ou acompanhar a situação da exclusão ou dela reforçar a manutenção como racionalização, justificação ou legitimação, traz uma contribuição não negligenciável para a compreensão dos mecanismos que, na escala dos indivíduos, dos grupos e das coletividades, concorrem para fixar as formas e as experiências de exclusão.
Os profissionais de psicologia se interessam pela estereotipização e os preconceitos porque estes representam um pilar central de um objetivo maior da Psicologia como ciência: a compreensão do como e do porque as pessoas sentem e reagem a cada uma das outras.
TEORIA DA COGNIÇÃO SOCIAL
- Aborda a capacidade de compreender as outras pessoas e a si mesmo, dando especial atenção às estruturas cognitivas, que são determinantes na produção do conhecimento social.
- Se caracteriza pelo estudo de todos os fatores que influenciam a aquisição, representação e recuperação de informações, e como isso influencia nos julgamentos das pessoas.
- Analisa o processamento da informação social, ou seja, os processos de aquisição, representação e recuperação de informações.
PRECONCEITOS E ESTERIÓTIPOS
- Funcionam como mediadores importantes do processo de exclusão.
- Designam os processos mentais pelos quais se operam a descrição e o julgamento das pessoas ou de grupos, que são caracterizados por pertencer a uma categoria social ou pelo fato de apresentar um ou mais atributos próprios a esta categoria.
Diferenciando preconceitos de esteriótipos:
PRECONCEITO
- Julgamento positivo ou negativo, formulado sem exame prévio a propósito de uma pessoa ou de uma coisa e que, assim, compreende vieses e esferas específicas.
- Implica numa ATITUDE, se comporta na esfera cognitiva, numa dimensão afetiva ligada às emoções e valores.
- Todos os acontecimentos sociais e todos os outros grupos são pensados e sentidos através de nossos valores, modelos e definições do que é a existência. (Subjetividade)
- Surgem a partir das representações nos processos de comunicação e no contexto sócio-histórico, mais voltado para os seus conteúdos, do que para sua forma.
ESTERIÓTIPO
- Estereótipos são associações cognitivas relacionadas com a percepção de grupos
- Os estereótipos são esquemas que concernem especificamente os atributos pessoais que caracterizam os membros de um determinado grupo ou de uma categoria social dada.
- Os esquemas facilitam e orientam o processamento da informação sobre coletividades interferindo nos processos de atenção, interpretação e memória, bem como sobre os julgamentos dos membros dos grupos percebidos.
- As formas são objetos de estudo dos esteriótipos.
- São "imagens na cabeça", representações do meio social que permitiam simplificar sua complexidade.
- Os estereótipos de deslegitimação visam a excluir moralmente um grupo do campo de normas e de valores aceitáveis, por uma desumanização que autoriza a expressão do desprezo e do medo e justifica as violências e penas que lhe infligimos.
CATEGORIZAÇÃO SOCIAL
Segmenta o meio social em classes cujos
membros são considerados como equivalentes em razão de
características, ações e intenções comuns. Essas modulações afetam as tendências para discriminar
e excluir os membros dos outros grupos.
Categorizar implica em pensar a pessoa como membro de um grupo e não admitir sua individualidade, como uma auto-definição pertencente a uma categoria social.
Tem dois
sentidos:
- A classificação em uma divisão social: colocamos as pessoas em uma categoria dada, por exemplo, homens e mulheres, jovens e velhos, etc.;
- aquele da atribuição de uma característica a alguém, caso este que podemos relacionar com a estigmatização ou estereótipo.
DISCRIMINAÇÃO
- É um comportamento manifesto, geralmente apresentado por uma pessoa preconceituosa, que se exprime através da adoção de padrões de preferência em relação aos membros do próprio grupo.
- Pode se dar pela rejeição verbal, através de palavras de insultos, etc.
REFERÊNCIAS:
A artimanha da exclusão: Bader Sawaia. Editora Vozes.
Axé estereótipos. UFBA. Faculdade de filosofia e ciências humanas. Mestrado em Psicologia.
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