quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Por que crenças ruins não desaparecem?

  Fonte: CSI – The Commitee for SkepticalInquiry                                                                   Autor: Gregory W. Lester                                                                                             Tradução: Marcus Vinicius Alves

As crenças...
  • se desenvolvem para aumentar nossa habilidade de sobrevivência, 
  • são biologicamente projetadas para ser fortemente resistentes às mudanças. 
  • Para mudar crenças, céticos precisam apontar os problemas de significados e as implicações de “sobrevivência” do cérebro em adição à discussão das evidências.

O princípio básico tanto do pensamento cético quanto da investigação científica:
  • Achar que crenças podem estar erradas.
  • é normalmente confuso e irritante para cientistas e céticos que as crenças das pessoas não mudem, mesmo quando em confronto de evidências que as neguem. 
Como as pessoas são capazes de sustentar crenças que contradizem os dados?
  • "Essa perplexidade pode produzir uma tendência infeliz por parte dos pensadores céticos de depreciar e menosprezar pessoas cujas crenças não mudem em resposta às evidências. Elas podem ser vistas como inferiores, estúpidas, ou loucas." 
  • "Essa atitude é engendrada pela falha dos céticos de entender o propósito biológico das crenças e a necessidade neurológica de que elas sejam resilientes e insistentemente resistentes às mudanças."
  • A verdade é que por sua forma de pensar rigorosa, muitos céticos não possuem um entendimento claro ou racional do que são as crenças e porque até as mais absurdas delas não desaparecem com facilidade.
  • Entender o propósito biológico das crenças pode ajudar os céticos a serem bem mais efetivos em confrontar crenças irracionais e em comunicar conclusões científicas.
Biologia e Sobrevivência

propósito primário do nosso cérebro é nos manter vivos. Certamente ele faz mais que isso, mas sobrevivência sempre é seu propósito fundamental e sempre vem primeiro. 

Se nos machucarmos a ponto de que nossos corpos só tenham energia suficiente para manter a consciência ou os nossos corações batendo, mas não os dois, o cérebro não terá problemas em optar por nos colocar em coma (sobrevivência antes de consciência), ao invés de um estado de alerta fadado à morte (consciência antes de sobrevivência).

Por toda atividade do cérebro servir ao propósito fundamental de sobrevivência, o único caminho de entender com acurácia qualquer função cerebral é examinar seu valor como ferramenta de sobrevivência. 

Mesmo a dificuldade de tratar com sucesso transtornos comportamentais como a obesidade e o vício só pode ser entendida ao examinar suas relações com a sobrevivência. 

Qualquer redução na ingestão calórica ou na disponibilidade de uma substância a que um indivíduo é viciado sempre é percebida pelo cérebro como uma ameaça à sobrevivência. 

Como resultado, o cérebro poderosamente sugere o comer em excesso ou o abuso da substânciaproduzindo as familiares mentiras, fugas, negações, racionalizações, e justificativas comumente exibidas por indivíduos sofrendo com esses distúrbios.


Sentidos e Crenças

Umas das principais ferramentas do nosso cérebro para garantir a sobrevivência são os nossos sentidos. 

Obviamente, nós precisamos ser aptos a perceber com precisão o perigo, a fim de tomar medidas destinadas a nos manter seguros. Para sobreviver, precisamos ser capazes de ver o leão vindo em nossa direção quando saímos de nossas cavernas ou ouvir o intruso invadindo nossa casa no meio da noite. 

Apenas os sentidos, no entanto, são inadequados como efetivos detectores de perigo, pois eles são muito limitados, tanto em alcance quanto em escopo. Podemos ter contato sensorial direto com apenas uma pequena parte do mundo a cada momento

O cérebro considera este um problema significativo, porque mesmo a vida comum do dia a dia exige que estejamos constantemente em movimento dentro e fora do alcance da nossa percepção do mundo como ele é agora.

Entrar em um território que nós não vimos ou ouvimos previamente nos coloca na posição perigosa de não possuir qualquer aviso prévio de potenciais perigos. Se eu entrar em uma construção desconhecida em uma parte perigosa da cidade, minhas chances de sobrevivência diminuem porque não tenho como saber se o telhado está prestes a entrar em colapso ou alguém armado me espera no próximo corredor.

Introduzindo as crenças.

  • “Crença” é o nome que damos à ferramenta de sobrevivência do cérebro, desenvolvida para aumentar e melhorar a função dos nossos sentidos de identificação de perigo. 
  • Crenças estendem o alcance dos nossos sentidos para que possamos detectar melhor o perigo e, assim, aumentar nossas chances de sobrevivência à medida que avançamos para dentro e fora de territórios desconhecidos. 
  • Crenças, em essência, são como "detectores de perigo de longo alcance" do nosso cérebro.

Funcionalmente, nossos cérebros tratam as crenças como "mapas" de partes do mundo com as quais nós não temos contato sensorial imediato. Enquanto estou sentado em minha sala não posso ver meu carro. Embora eu o tenha estacionado em minha garagem há pouco tempo, utilizando apenas dados sensoriais imediatos eu não sei se ele ainda está lá. Como resultado, neste momento as informações sensoriais são de pouca utilidade para mim em relação ao meu carro.

Para encontrar o meu carro com algum grau de eficiência o meu cérebro deve ignorar as informações sensoriais atuais (que, se usadas em um sentido estritamente literal, não só não me ajudam a localizar o meu carro, como em verdade indicam que ele não existe mais) e por sua vez recorrer ao seu mapa interno da localização do meu carro. Esta é a minha crença de que o meu carro ainda está em minha garagem, onde o deixei. Ao utilizar a minha crença em vez de dados sensoriais, meu cérebro pode "saber" algo sobre o mundo com o qual não tenho contato sensorial imediato. Essa capacidade "estende" o conhecimento e o contato do meu cérebro com o mundo.

A característica da crença de extensão do contato com o mundo além do alcance dos nossos sentidos imediatos melhora substancialmente nossa capacidade de sobrevivência. Um homem das cavernas tem uma probabilidade muito maior de permanecer vivo se ele é capaz de sustentar a crença de que existem perigos na selva, mesmo quando seus dados sensoriais indiquem que não há nenhuma ameaça imediataUm policial estará substancialmente mais seguro se ele ou ela puder continuar a acreditar que alguém parado por uma infração de trânsito pode ser um psicopata armado, com um impulso de matar, mesmo que apresente uma aparência notavelmente inofensiva.


Além dos Sentidos

Tendo em vista que as crenças não precisam de dados sensoriais imediatos para ser capazes de prover o cérebro com valiosas informações para a sobrevivência, elas possuem a função de sobrevivência adicional de fornecer informações sobre aspectos da vida que não lidam diretamente com entidades sensoriais. Esta é a área das abstrações e princípios que envolvem coisas como "razões", "causas" e "significados." 

Eu não posso ouvir ou ver a "causachamada "zona de baixa pressão" que faz com que uma tempestade atrapalhe os meus planos do dia, então a minha capacidade de acreditar que a baixa pressão é a causa me ajudaSe eu fosse depender estritamente de meus sentidos para determinar a causa da tempestade, eu não poderia dizer o porquê dela ter ocorrido. Pelo que eu sei, ela pode ter sido arrastada por duendes voadores invisíveis que preciso acertar com a minha espingarda, se eu quiser clarear o céu. Portanto, a confiança do meu cérebro em minha "crença" na causa chamada de "baixa pressão", ao invés de dados sensoriais (ou, como no caso do meu carro, a ausência deles) auxilia na minha sobrevivência: Eu evito ser preso com diversos indivíduos perigosos por sair atirando para o céu em uma caça irrefreável a duendes voadores.

A Resiliência das Crenças

Sendo os sentidos e crenças duas ferramentas para a sobrevivência que evoluíram para aumentar uma à outra, nosso cérebro os considera separados, mas igualmente importantes fornecedores de informações para a sobrevivência. A perda de qualquer um dos dois nos coloca em perigo. Sem os nossos sentidos não poderíamos saber sobre o mundo dentro da nossa esfera de percepção. Sem as nossas crenças não poderíamos saber sobre o mundo exterior aos nossos sentidos ou sobre significados, razões, ou causas.

Isto significa que as crenças são projetadas para operar independentemente dos dados sensoriais. Em verdade, todo o valor de sobrevivência das crenças é baseado em sua capacidade de persistir em face de evidências contraditórias. 

Não é esperado que crenças mudem facilmente ou simplesmente ao ser confrontadas a evidências que as desmintamSe o fizessem, seriam praticamente inúteis como ferramentas para a sobrevivência. 

Nosso homem das cavernas não iria durar muito se a sua crença em potenciais perigos na selva evaporasse cada vez que sua informação sensorial afirmasse que não há nenhuma ameaça imediataUm policial incapaz de acreditar na possibilidade de um assassino à espreita por detrás de uma aparência inofensiva poderia facilmente terminar ferido ou morto.

Dessa forma, para o nosso cérebro, não há absolutamente nenhuma necessidade de que evidências e crenças concordem entre si. Cada um dos dois evoluiu para aumentar e complementar um ao outro ao entrar em contato com diferentes aspectos do mundo. Eles são projetados para serem capazes de discordar. 

É por isso que cientistas podem acreditar em Deus e pessoas que geralmente são bastante razoáveis ​​e racionais podem acreditar em coisas para as quais não há dados confiáveis​​, tais como discos voadores, telepatia e psicocinese.

Quando os dados e as crenças entram em conflito, o cérebro não dá automaticamente a preferência para aos dados. É por isso que as crenças – mesmo crenças ruins, crenças irracionais, crenças tolas, ou crenças loucas – muitas vezes não desaparecem quando confrontadas com evidências contraditórias.

O cérebro não se importa se a crença é corroborada ou não pelos dados. Ele apenas se importa com o quanto a crença é útil para a sobrevivência. Ponto final. Assim, enquanto a parte científica e racional do nosso cérebro pode pensar que os dados deveriam se sobressair às crenças contraditórias, em um nível mais fundamental de importância o nosso cérebro não possui tal viés. É extremamente reticente em abandonar suas crenças. Como um velho soldado com sua velha arma que não acredita de verdade que a guerra acabou, o cérebro acaba se recusando a se render mesmo que os dados digam que deveria.

Crenças “Inconsequentes”

Mesmo crenças que não pareçam claramente ou diretamente ligadas à sobrevivência (como a habilidade de nosso homem das cavernas em acreditar em perigos potenciais) ainda estão intimamente ligadas à sobrevivência. 

Isto se dá porque as crenças não ocorrem individualmente ou em um vácuo. Eles estão relacionados um à outra em um sistema de forte integração que cria a visão fundamental do cérebro da natureza do mundo. 

É deste sistema que o cérebro depende a fim de experimentar a consistência, o controle, a coesão e a segurança no mundo. Ele deve manter o sistema intacto para poder sentir que a sobrevivência está sendo alcançada com sucesso.

Isto significa que mesmo crenças aparentemente pequenas e inconsequentes podem ser tão pertinentes para a totalidade da experiência de sobrevivência do cérebro quanto as crenças que são “obviamente” ligadas à sobrevivência. 

Assim, tentar mudar qualquer crença, não importa o quão pequena ou boba ela possa parecer, pode produzir efeitos em cascata por todo o sistema e, consequentemente, ameaçar a experiência de sobrevivência do cérebro. É por isso que as pessoas estão comumente dispostas a defender suas crenças, mesmo que aparentemente pequenas ou superficiais

Um criacionista não tolera acreditar na precisão dos dados que indicam a realidade da evolução não pela exatidão ou inexatidão dos dados em si, mas porque mudar até mesmo uma crença relacionada a assuntos da Bíblia e da natureza da criação rachará todo um sistema de crenças, uma visão fundamental de mundo e, em última análise, a experiência de sobrevivência do seu cérebro.

Implicações para os céticos

Pensadores céticos devem entender que por causa do valor de sobrevivência das crenças, evidências que as confrontem raramente, talvez nunca, vão ser suficientes para mudá-las, mesmo com pessoas “normalmente tão inteligentes”. Para efetivamente mudar as crenças, céticos devem atentar para o seu valor de sobrevivência, não apenas em seu valor de precisão dos dadosIsso envolve uma infinidade de elementos.

Primeiroos céticos não devem esperar que crenças mudem simplesmente devido aos dados ou supor que as pessoas são estúpidas porque suas crenças não mudam. É preciso evitar se tornar por demais crítico ou depreciativo em resposta à resistência das crenças. As pessoas não são necessariamente idiotas só porque suas crenças não cedem a novas informações. Os dados sempre são necessários, mas raramente são suficientes.

Em segundo lugar, os céticos devem aprender a sempre discutir não apenas o tópico específico abordado pelos dados, mas também as implicações que a mudança das crenças relacionadas terá para a visão fundamental de mundo e sistema de crenças dos indivíduos afetados

Infelizmente, abordar os sistemas de crenças é uma tarefa muito mais árdua e complicada do que simplesmente apresentar evidências contraditórias. Céticos devem discutir o significado dos seus dados em face da necessidade do cérebro para preservar seu sistema de crenças a fim de manter uma ideia de totalidade, consistência e controle. Os céticos devem se dispor a discutir problemas filosóficos fundamentais e a ansiedade existencial que fervilha quando quaisquer crenças são desafiadasA tarefa é, em cada detalhe, tão filosófica e psicológica quanto científica e baseada em evidências.

Terceiro, e talvez mais importante, céticos devem sempre apreciar o quão difícil é para as pessoas terem suas crenças confrontadas. É, literalmente, uma ameaça ao senso de sobrevivência do seu cérebro. É completamente normal que as pessoas fiquem na defensiva em tais situações. O cérebro se sente como que lutando por sua vida. É lamentável que isso possa acarretar em comportamentos provocativos, hostís e até cruéis, mas é compreensível também.

A lição para os céticos é entender que as pessoas geralmente não possuem a intenção de serem más, grosseiras, teimosas ou estúpidas quando elas são desafiadas. É uma luta pela sobrevivência. A única maneira eficaz de lidar com este tipo de defesa é a de desarmar o conflito ao invés de inflamá-lo

Tornar-se sarcástico ou menosprezar o outro simplesmente dá às defesas da outra pessoa um ponto de apoio para impelir um “toma lá, dá cá” que justifica os seus sentimentos de estar sendo ameaçado ("É claro que lutamos contra os céticosolha como eles são babacas e hostís!"), ao invés de se focar na verdade.

Os céticos só vão ganhar a guerra pelas crenças racionais ao continuar, mesmo quando confrontados com respostas defensivas dos outros, a usar comportamentos que são infalivelmente dignos e cuidadosos, demonstrando respeito e sabedoria. Para que os dados falem alto, os céticos devem sempre se abster de gritar.

Finalmente, deve ser reconfortante para todos os céticos lembrar que a parte verdadeiramente mais fantástica de tudo isto não é que tão poucas crenças mudem ou que as pessoas podem ser tão irracionais, mas que as crenças de qualquer um podem se modificar. 

A habilidade dos céticos para alterar suas próprias crenças em resposta às evidências é um verdadeiro dom; uma habilidade única, poderosa e preciosa. 

É genuinamente uma "função cerebral superiorna medida em que vai de encontro a algumas das mais naturais e biologicamente fundamentais necessidades

Os céticos devem entender o poder e, verdadeiramente, o risco que esta habilidade os concede. Eles têm em sua posse uma habilidade que pode ser assustadora, capaz de mudar vidas, e capaz de induzir dor. Ao direcionar esta habilidade a outrem ela deve ser usada com cuidado e sabedoriaDesafiar crenças deve sempre ser feito com zelo e compaixão.

Céticos devem se lembrar de sempre manter os olhos no objetivo. Eles devem ver à longo prazoEles devem se esforçar em tentar vencer a guerra pelas crenças racionais, não se envolver em uma luta até a morte por qualquer batalha em particular com uma pessoa em particular ou uma crença em particular. Não só as evidências e métodos dos céticos devem ser idôneos, diretos e imparciais, como também sua atitude e conduta.


Lester, G. W. (2000). Why Bad Beliefs Don't Die. Skeptical Inquirer., 24 (6)
Gregory W. Lester, Ph.D. é psicólogo e professor da University of St. Thomas em Houston, Texas, e atua em Houston e em Denver, Colorado.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Noções do Direito e Psicologia

  •   O papel do psicólogo na atuação jurídica não se limitou na confecção de perícias técnicas e pareceres.
  • Houve uma expansão e por isso a necessidade de se ter uma noção sobre alguns aspectos da área do Direito. 
Compreender alguns aspectos do Direito implica no conhecimento mais aprofundado da Psicologia Jurídica.

  • Tanto o Direito como a Psicologia são áreas autônomas de conhecimento, o que contribui para a sua interdisciplinaridade. ( PUTHIN, 2018)
  • A Psicologia complementa com conhecimento à prática do Direito e vice-versa ( PUTHIN, 2018), e na Psicologia Jurídica , percebe-se claramente a relação entre a Psicologia e o Direito.
  • Nota-se também que a Psicologia Jurídica não é apenas um auxílio na operacionalização do Direito, mas é elemento fundamental ao Direito e essencial para a Justiça ( TRINDADE, 2012).
  • Apesar da relação entre a Psicologia e o Direito é necessário uma capacitação técnica do psicólogo jurídico para atuar em parceria com os profissionais do Direito, fazendo uso da linguagem da área e compreendendo suas especificações.
Áreas abrangidas pelo Direito que são de suma importância na formação do psicólogo jurídico, condição sinequanon para atuação e conhecimento da área:

DIREITO CONSTITUCIONAL 
  • Ramo do Direito Público interno que analisa e interpreta as normas constitucionais, consideradas normas mais importantes no ordenamento jurídico, Leis Supremas de um Estado de soberano de direito, que regulamenta e delimita o poder estatal.
 DIREITO TRABALHISTA 
  • Área do Direito Público e privado que rege as relações de trabalho entre empregados e empregadores, através de um conjunto de normas jurídicas. 
  • Atuação do psicólogo abrangendo as condições emocionais dos indivíduos trabalhadores e o dano moral e psicológico. 
DIREITO PENAL 
  • Ramo do Direito Público constituído por um conjunto de normas jurídicas que definem as infrações penais e cominam as respectivas sanções com vistas à proteção de bens jurídicos fundamentais.
  •  Atuação do psicólogo encarando o crime como sendo o resultado grave de alteração da conduta humana e suas motivações. 
DIREITO CIVIL 
  • Ramo do direito privado, que trata do conjunto de normas jurídicas (regras e princípios) que regulam as relações jurídicas entre as pessoas. 
  • Atuação do psicólogo para tratar a capacidade da pessoa e a doação e interdição por causa de doença mental ou psicológica. 
  • Nas questões de família, abrangendo separação, divórcio, regulamentação de visitas, guarda, doação, e, principalmente, questões relacionadas aos problemas emocionais, como raiva, ciúmes, medo, ódio, retaliação e vingança de um cônjuge em relação ao outro.
CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
  • Trata-se de um ordenamento jurídico, um conjunto de normas que visam à proteção e defesa aos direitos do consumidor, disciplinando as relações de consumo entre fornecedores e consumidores. 
  • Atuação do psicólogo na prestação de serviços médicos e na intervenção nos casos de tratamento de Saúde Mental. 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) 
  • Dispõe que a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoa humana.
  •  Atuação no direito da criança e do adolescente, assegurando, principalmente, o direito à família natural, o direito à família saudável, livre de drogas e outras dependências, o direito à escola e o direito à saúde, envolvendo não só o bem-estar físico, mas emocional e psicológico. 
ESTATUTO DO IDOSO 
  • Lei nº 10.741, de 1ºde outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso, dispõe sobre papel da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público de assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. 
  • Atuação do psicólogo na garantia dos direitos do idoso, exiginso cuidados especiais e atenção psicológica. 
DIREITO ADMINISTRATIVO

  • Ramo do direito público que trata de princípios e regras que disciplinam a função administrativa e que abrange entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública na consecução do interesse público. 
REFERÊNCIAS
PUTHIN, S. R. et al. Psicologia Jurídica. Porto Alegre: SAFAH, 2018. RECURSO ONLINE.
ROEHRIG, L. D. et al. Caderno de psicologia jurídica. Curitiba: Unificado, 2007.
TRINDADE, J. Manual de psicologia Jurídica para operadores de direito. 6 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.

Psicologia Jurídica e principais Resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP)

  A maneira prática e as Resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que dizem respeito a atuação do psicólogo no âmbito jurídico.

  • O psicólogo deve desenvolver uma prática psicológica comprometida com os princípios dos direitos humanos e com a ética profissional, com vistas à criação de dispositivos que favoreçam novos processos de subjetivação, potencializando a vida das pessoas que recorrem à justiça ( PUTHIN, 2018).
RESOLUÇÃO CFP nº 013/2007

  • Institui a Consolidação das Resoluções relativas ao Título Profissional de Especialista em Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para seu registro.
    • Art. 3º - As especialidades a serem concedidas são as seguintes:
    IV. Psicologia Jurídica:

    ● Colaborar no planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência;
    ● Centrar sua atuação na orientação do dado psicológico repassado não só para os juristas como também aos indivíduos que carecem de tal intervenção, para possibilitar a avaliação das características de personalidade e fornecer subsídios ao processo judicial, além de contribuir para a formulação, revisão e interpretação das leis;

    RESOLUÇÃO CFP nº 12/2011

    Regulamenta a atuação da (o) psicóloga (o) no âmbito do sistema prisional:

    ● Prestar atendimento e orientação a detentos e seus familiares visando à preservação da saúde;
    ● Acompanhar os detentos em liberdade condicional, na internação em hospital penitenciário, bem como atuar no apoio psicológico à sua família;
    ● Desenvolver estudos e pesquisas na área criminal, construindo ou adaptando os instrumentos de investigação psicológica.

    RESOLUÇÃO CFP nº 8/ 2010

    Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciário.

    ● Atuar como perito judicial nas varas cíveis, criminais, Justiça do Trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias, para serem anexados aos processos;
    ● Realizar atendimento e orientação a crianças, adolescentes, detentos e seus familiares;
    ● Colaborar em pesquisas e programas socioeducativos e de prevenção à violência.

    É possível fornecer laudos sigilosos diante de inquirição judiciária, desde que o psicólogo verifique quais informações devem ser fornecidas em cada contexto, visando à garantia do sigilo profissional e a proteção da intimidade das pessoas envolvidas.

    A estruturação e publicação destas Resoluções específicas para a atuação do psicólogo jurídico colaborou com o desenvolvimento da prática e a reformulação do modelo de atuação psicológica buscando uma nova forma de intervenção, tendo como principal preocupação o resgate da cidadania e a promoção de bem-estar (ROEHRIG et al, 2007).

    REFERÊNCIAS
    BRASIL. Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 008/2010. Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciário. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2021.
    BRASIL. Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 013/2007. Institui a Consolidação das Resoluções relativas ao Título Profissional de Especialista em Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para seu registro. Profissão psicólogo: legislação e resoluções para a prática profissional. Brasília: CFP, 2007. p.232.
    LAGO, V de M. et al. Um breve histórico da Psicologia Jurídica no Brasil e seus campos de atuação. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 26, nº4, p 483-491, out/dez 2009.
    PUTHIN, S. R. et al. Psicologia Jurídica. Porto Alegre: SAFAH, 2018. RECURSO ONLINE.
    ROEHRIG, L. D. et al. Caderno de psicologia jurídica. Curitiba: Unificado, 2007.

    sábado, 20 de fevereiro de 2021

    Psicologia Jurídica no Brasil

    • Já era praticada antes da regulamentação da Psicologia enquanto profissão.
    • Teve início na década de 1960
    • Área de especialidade da Psicologia.
    • Tem como objeto de estudo os comportamentos complexos de interesse jurídico compreendendo suas atividades nos tribunais e fora deles, dando suporte ao Direito (PUTHIN, 2018)
    ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS NA ÁREA CRIMINAL
    • Os primeiros trabalhos do psicólogo na área jurídica ocorreram na área criminal, como perito indicado para a realização dos diagnósticos psicológicos ( LAGO, 2009).
    • De acordo com Lago (2009) é importante ressaltar que no Sistema Penitenciário Brasileiro ocorre o trabalho do Psicólogo há mais de 40 anos, porém, somente com a promulgação da Lei de Execução Penal que o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pelas Instituições Penitenciárias.
    ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS NA ÁREA CÍVIL
    •  Poder Judiciário
    •  Teve início na década de 1980, como estagiário ou voluntário.
    •  Atuação  junto ao Juizado de Menores na área do Direito da Infância e do adolescente.
    • acompanharam a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente ( ECA) e como consequência de algumas diretrizes preconizadas neste Estatuto, o atendimento à criança e ao adolescente foi reestruturado nos termos legais, face às entidades que abrigavam os menores culminando na extinção da conhecida Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (FEBEM)( PUTHIN, 2018)

    A Psicologia Jurídica como um campo de atuação do psicólogo tem-se feito presente nas diversas instituições do direito, tais como (ROEHRIG et al, 2007):

    ● Sistema penitenciário;
    ● Varas de Família Varas da Infância e da Juventude;
    ● Juizados Especiais (Cível e Criminal);
    ● Varas de Penas Alternativas;
    ● Varas Cíveis em geral.

    Áreas de atuação do psicólogo jurídico:
    • Psicologia e Direito - Interdisciplinaridade
    • Têm um objeto comum: a conduta humana
    • Estudo da personalidade e da conduta humana, quando o sujeito infringe  a lei.
    CFP - Conselho Federal de Psicologia
    • Regulamenta o título de especialista em psicologia jurídica.
    • Promove concurso na área.
    • Pós graduações em outras instituições, reconhecido pelo MEC.

    REFERÊNCIAS
    LAGO, V de M. et al. Um breve histórico da Psicologia Jurídica no Brasil e seus campos de atuação. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 26, nº4, p 483-491, out/dez 2009.
    PUTHIN, S. R. et al. Psicologia Jurídica. Porto Alegre: SAFAH, 2018. RECURSO ONLINE.
    ROEHRIG, L. D. et al. Caderno de psicologia jurídica. Curitiba: Unificado, 2007.

    Fenomenologia e Gestalt-terapia

    Nenhuma corrente filosófica possui originalidade plena, já que todo pensamento começa a partir dos que antecederam ao movimento ou assunto. Um filósofo se torna importante a partir da perspectiva nova que apresenta, envolvendo método, ideias, teorias, etc.

    EDMUND HUSSERL 

    • Nascido em 08/04/1859, em Prosnitz, cidade da Morávia, atualmente República Tcheca.
    • De família judia
    • Estudou astronomia em Leipzig  e matemática em Berlim e Viena.
    • A obra de Husserl revolucionou todo o pensamentos das ciências humanas no século XX e da filosofia até a contemporaneidade.
    • Encantado com as ideias de Brentano, buscou a fundamentação das ciências colocando em questão seus pressupostos, objetos de estudo e metodologias, mostrando que não se podia pensar em um único método já que haviam várias ciências e não, apenas uma. Ao variar o objeto de ciência para ciência, varia-se inevitavelmente, o método e a metodologia.
    • Pretendia demonstrar que as ciências humanas não podiam ser medidas pelo rigor das ciências naturais, sendo ineficiente para explicar as ciências do espírito e ineficaz quando se trata de vivência humana.
    • Baseado nisso, o Psicólogo não pode se basear pelas leis da lógica.
    • Afirmou que:
      •  à ciência caberiam a objetividades, a substancialidade e a exterioridade. 
      • à filosofia e à psicologia caberia a subjetividade e a interioridade.
    A REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA OU EPOCHÉ

  • Procurou a redução eidética e fenomenológica de chegar a um EU e a um Objeto puros em suas propriedades essenciais, retirando todas as qualidades circunstanciais ou acidentais com o fim de fundar uma nova teoria do conhecimento de modo sólido e inquestionável.
  • Consiste em pôr entre parêntese a realidade do senso comum. É preciso captar a "essência" ou o sentido das coisas, dando à intuição o qualificativo de eidética, ou seja, "visão das essências".
  • Husserl descobre que as qualidades circunstanciais ou acidentais são fundamentais, que não há objeto sem elas, que não há Eu sem o mundo nem mundo sem o Eu.
  • O modo de chegar "às coisas mesmas" prescinde de especulações, hipóteses e leis gerais para entrar em contato com a especificidade, a originalidade e a singularidade de cada fenômeno que se mostra.
    • FENOMENOLOGIA 
      • Consiste no estudo dos fenômenos, isto é, daquilo que é dado à consciência, onde se prende tudo que é conhecido.
      • Husserl vê a consciência como uma síntese em fluxo que não tem nenhuma substancialidade, sendo mais uma dinâmica entre o sujeito e objeto, onde todo ser recebe seu sentido e valor.
      • Nada tem valor se não tiver sentido para o sujeito, relação conhecedor e objeto que abrange variadas formas de apreensão do mundo, como: razão, pensamento, intuição, sensibilidade ,etc.
      • Pretende explorar esses dados intuitivos - relação pré-reflexiva - evitando estabelecer qualquer hipótese a seu respeito.
      • Tem a noção de recomeço, como retorno à coisas mesmas.
      "Toda e qualquer ciência deverá ser precedida de uma análise fenomenológica visando estabelecer a essência do objeto de seu estudo antes de formular hipóteses ou leis."
      • A perspectiva fenomenológica constata o caráter intencional da consciência.
      • Ocorre a superação da dicotomia sujeito-objeto - a velha questão da teoria do conhecimento - já que fora da correlação consciência-objeto não existiria nem um nem outro, cujos polos dessa correlação são:
        • NOESIS - ato da consciência visando o objeto
        • NOEMA - objeto visado pela consciência.
      • Outros meios da consciência se dirigir aos objetos, além da intuição e percepção são: imaginação, memória, sentimentos, sonho.
      • Concebe o homem como o ser do mundo, sendo a consciência também do mundo.
      • Toda consciência é absoluta, havendo somente exterioridades. 
      • Considera o Introspeccionismo uma especulação impossível. Para ele todo objeto é imanente à consciência, inclusive a transcendência.
      A fenomenologia elucida não o mundo e a realidade tomados em si mesmo, mas as relações vividas e efetivas que se estabelecem entre o homem e o mundo.

        • para que se faça fenomenologia é preciso suspender todo e qualquer posicionamento ontológico e toda "realidade empírica", onde tudo que for aparente, óbvio e preconcebido é colocado em questão.

        REFERÊNCIAS:
        Gestalt-terapia - fundamentos epistemológicos e influências filosóficas.
        Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu (orgs.)





        segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

        Palestra: Jung de férias. As viagens de Bollingen. Ana Maria Galrão Rios - Instituto Freedom

                                                                    

           1ª Palestra do Ciclo: 

        "JUNG DE FÉRIAS. AS VIAGENS DE BOLLINGEN

        Ana Maria Galrão Rios - Instituto Freedom


        A casa: Kusnacht

            

        Biblioteca da Casa de Jung






        A porta da Casa Kusnacht


        Jung em casa


        Emma Jung - esposa
        Família de Jung

        Bollingen: Um lugar para ser.

        "A torre dava-me a impressão de que eu renascia da pedra."
         A beira do lago Zurich, Jung construiu sua casa de pedra, onde vivenciava plenamente a natureza: fora e dentro de si. Lugar onde ele conseguia se afastar do ruído das cidades e das pessoas, para imersão em seu próprio inconsciente. A extroversão cansava Jung e a Introversão o descansava. Um entrega ao inconsciente a partir da vida consciente. 

        "Local no qual Jung ia em busca de solidão. "-nesse espaço fechado vivo só comigo mesmo. Guardo a chave e ninguém pode entrar lá sem a minha permissão. No correr dos anos pintei a parede deste quarto, exprimindo tudo o que me conduz da agitação do mundo à solidão, do presente ao intemporal. É um recanto da imaginação e da reflexão; as fantasias são muitas vezes desagradáveis e árduas; é um lugar de concentração espiritual." (JUNG, A TORRE, p.197)

        Jung dizia que com o trabalho, conseguiu ancorar no mundo seus mergulhos no inconsciente, mas que não era suficiente, não eram reais o bastante. Portanto, para ele era necessário representar seus pensamentos mais íntimos e seu saber na pedra, nela inscrevendo, de algum modo, uma profissão de fé: sem minha terra, sua obra não teria vindo a luz. Jung trabalhava com as pedras; fazia esculturas

        "-Invocado ou não, Deus está presente."

        Gostava de velejar, sempre viveu à beira da água em Zurich. Apresentava uma necessidade de busca pela natureza. Valorizava a vida natural, renunciando à eletricidade, acendia ele mesmo a lareira e o fogão. Não havia água corrente em Bollingen, era preciso tirar água do poço, e ele o fazia pessoalmente, acionando uma bomba natural. Rachava a lenha e cozinha para ele mesmo. Jung dizia que esses trabalhos simples tornam o homem simples, e é muito difícil ser simples (JUNG, A TORRE, p.198). Dizia viver em cada árvore, no sussurro das vagas, das nuvens, nos animais que vão e vêm e nos objetos. Uma verdadeira imersão.

        Incubação - Jung ficava sozinho permitindo que o seu inconsciente chegasse e permeasse. Ele fazia tudo, limpeza, comida, as panelas tinham nome. De onde Jung escrevia seus livros.  Se estamos conectados a nossa raiz mais profunda todos os nossos atos estão conectados com o mundo. (energia). O que o ego não dá conta acaba adoecendo no indivíduo.

        Jung fez muitas viagens em busca de si mesmo. 

        VIAGEM À ÁFRICA

        Em 1920 foi ao Norte da África, onde encontrou uma civilização árabe. Percebeu que o europeu não fazia parte daquele mundo. Podia sentir um cheiro de sangue que parecia embeber a terra, relacionada aos instintos mais primitivos dos povos que ali vivam e viveram. Teve uma impressão profunda, um ataque violente e inesperado de camadas histórias do inconsciente e dos afetos e sensorialidades, que ainda estava muito enraizada nos povos africanos. Sentiu um certo sentimento de superioridade. um desejo inconsciente de reencontrar a si mesmo , nessa camada primitiva e instintiva, cheia de afetos e inteireza da infância, assim como viviam os africanos. Isso causou um enorme conflito em Jung, entre sua razão e suas emoções que acabou adoecendo de enterite e foi embora, retornando cinco anos mais tarde à África.

        VIAGEM A PUEBLOS: NOVO MÉXICO

        Os índios acreditavam que os europeus eram loucos, pois pensavam com a cabeça. O índio Ochwiay Biano representava um sentido cosmológico, de dignidade, pois acreditava e agia todos os para evocar o sol. O índio que faz levantar o sol.

        VIAGEM A ÁFRICA DE NOVO: QUÊNIA E UGANDA 1925

        "Havia um silêncio do eterno começo, do mundo como sempre fora na condição do não-ser. A Europa, a mãe de todos os demônios, aqui não poderia me atingir - nem telegramas, nem chamados telefônicos, nem cartas, nem visitas; minha forças psíquicas libertas mergulhavam de novo, na felicidade, na imensidão do mundo original."(JUNG, A TORRE, p.233)

        "Tinha a impressão de estar completamente só. era o primeiro homem, que sabia ser este o mundo e que, atraves de seu conhecimento, acabara de criá-lo naquele instante."

        "Aqui não é o homem, mas Deus quem domina: não a vontade ou a intenção, mas um desígnio impenetrável."

        EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE DE JUNG

        Jung teve uma experiência noturna da dança, durante a qual gritava em suiço-alemão e chicote de rinoceronte. Até o Nilo, para o Egito, Jung teve medo de "going black" queria fugir da África, pois devia conservar intacta, fossem quais fossem as circunstancias, a sua personalidade europeia. Estava tão imiscuído na cultura africana, que sonhou com barbeiro negro americano querendo que seus cabelos ficassem frisados, e então acorda assustado. Esses também foi um motivo de conflito para Jung, que acabou novamente adoecendo, com laringite e febre.

        ÍNDIA EM 1938

        Recebeu convite do governo e foi à Índia. Tiveram longas conversas a respeito de outra civilização altamente diferenciada. Evitou o contato com homens santos. Jung não se achava merecedor de contatar a sabedoria deles.

        "Bem e mal não como fenômeno moral, como europeus o encaram, mas como parte da natureza. O homem que não atravessa o inferno de suas paixões também não as supera" (p.243)

        O indiano não tinha como meta atingir a perfeição moral, mas sim o estado de Nirdvandba, ou seja, livrar-se da natureza e por conseguinte atingir pela meditação o estado sem imagens, o estado de vazio.

        Jung ao contrário, se mantinha em contemplação viva da natureza e das imagens psíquicas, não queria desembaraçar-se nem dos homens sem dele mesmo, sem da natureza, pois tudo isso, representava ao seus olhos uma indescritível maravilha. A natureza, a alma e a vida me aparecem como uma expansão do divino."

        Jung trabalhou até o final de sua vida. Sempre descansou em Bollingen até se despedir para ir viver o resto de seus dias em Zurich, onde veio a falecer. 

        Carl Gustav Jung nasceu na Turgóvia, Suíça, 26 de julho de 1875 e morreu em Küsnacht, em Zurique, Suíça, 6 de junho de 1961.

        REFERÊNCIAS: