sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Adolescência e a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)


TIPOS DE DIFICULDADES

Além de levar em conta aspectos desenvolvimentais, cabe observar se as dificuldades dos adolescentes são do tipo INTERNALIZANTES (ansiedade e depressão) ou EXTERNALIZANTES (oposição, desafios e condutas antissociais), o que determinará a escolha de técnicas predominantemente cognitivas ou comportamentais, respectivamente (Fig. 1.1).

Comportamentos desafiadores
Infrações
Práticas sexuais de risco

Em função das modificações nos níveis cognitivo e afetivo durante a adolescência, a atenção a fatores como autoestima e capacidade de regulação ­emocional dos adolescentes também pode ser importante para profissionais comprometidos com a promoção da saúde. 

A testagem de um modelo preditivo sobre o impacto dessas variáveis para a satisfação global com a vida, compreendida como bem-estar subjetivo, níveis de felicidade e de atribuição de significado à experiência, ou bem-estar psicológico, apresentou correlações significativas.

 Tal associação é especialmente válida entre autoestima e bem-estar ­subjetivo. Quanto às estratégias de regulação emocional, observa-se que a reavaliação cognitiva, ou a mudança de significado da experiência, a fim de modificar seu impacto emocional, esteve positivamente correlacionada aos dois tipos de bem-estar (psicológico e subjetivo). 

A supressão emocional ou a inibição do comportamento emocional expressivo pareceram estar negativamente associadas às duas dimensões (Freire & Tavares, 2011). Dessa forma, compreende-se a importância de trabalhar os componentes da autoestima e da expressão/supressão de emoções para a promoção de contextos que estimulem a aquisição das habilidades exigidas para a consecução das tarefas desenvolvimentais da adolescência.

Nesse contexto do trabalho com as emoções e demais processos mentais, surge um novo ABC (Attention, Balance and Compassion). As terapias cognitivas de terceira onda baseadas em mindfulness passam a representar uma revolução importante em modelos, métodos e práticas terapêuticas. 

Os ­esforços não visam apenas minimizar o impacto da psicopatologia nas trajetórias em desenvolvimento, mas também promover resiliência. Busca-se, como foco primordial, agir sobre os processos metacognitivos e promover o sentido para a vida, revisitando atitudes humanas, como mente de principiante, não julgamento, paciência, não esforço, autodisciplina, confiança, abrir mão e aceitação. Essas atitudes levam à compaixão e à conexão (Goleman & Senge, 2014; Kabat Zinn, 2013). 

As habilidades sociais fluem com esse novo paradigma, já que compaixão inclui empatia e avança em direção à transformação. Compaixão pode ser definida como uma tomada de consciência do sofrimento, pela preocupação empática e pelo desejo de ver o alívio do mal em questão, bem como uma capacidade de resposta ou de prontidão para ajudar a aliviar esse sofrimento em si ou no outro. A consciência surge quando é gerada atenção de modo particular, com propósito, aqui e agora e sem julgamento. A consciência é cultivada pelo ato de prestar atenção (Kabat Zinn, 2013).
Nessa linha de raciocínio, a percepção de apoio da família e dos amigos e o domínio de habilidades sociais são considerados preditores do bem-estar psicológico dos adolescentes, independentemente da configuração familiar em que estejam inseridos (Leme, Del Prette, & Coimbra, 2015). 

A demonstração de habilidades sociais na adolescência permite a satisfação da necessidade de integração ao âmbito social dos indivíduos, e essa interação reforça o aprendizado de novos comportamentos e estratégias adaptativas (Caballo, 2003). 

As habilidades sociais definem o modo como os desafios e as oportunidades inerentes às interações sociais são manejados a fim de influenciar os níveis de satisfação com a vida dos adolescentes como pode ser visto a seguir:

Empatia
Autocontrole
Civilidade
Capacidade de demonstração de afeto
Desenvoltura social

Em contrapartida, baixos índices de habilidades sociais podem estar correlacionados a indicadores da presença de transtornos psicológicos, como DEPRESSÃO, TRANSTORNO DE ANSIEDADE E TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO DE SUBSTÂNCIAS (Wagner & Oliveira, 2007). 

Diferenças de contexto, como a frequência em escola pública ou particular, podem, contudo, mediar essa relação. Adolescentes de escola pública tendem a apresentar transtornos psicológicos associa­dos a baixos índices de habilidades sociais. Supõe-se que o contexto em que se encontram aqueles que frequentam escolas particulares apresenta recursos familiares e sociais que minoram essa limitação e provê condições para o desenvolvimento de comportamentos socialmente assertivos (Von Hohendorff, Couto, & Prati, 2013).






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