sábado, 30 de novembro de 2019

Segunda Conferência, Londres -1935 - Fundamentos da Psicologia Analítica- Carl G. Jung

Considerações feitas por Jung na Primeira Conferência de Tavistock, Londres, 1935: estrutura da mente.


Jung explicou a existência dos processos inconscientes, que é parte da estrutura da mente, chamando atenção para o inconsciente, como esfera obscura, de natureza inatingível, porém, inferindo que existe uma fonte que o produz.

Falou sobre as três fontes dos conteúdos da consciência:
  • Conteúdos ectopsíquicos da consciência, que deriva do ambiente e são recebidos através dos sentidos. 
  • Conteúdos Endopsíquicos.  constituído da memória e dos processos de julgamento dos quais derivam também, os conteúdos ectopsíquicos. 
  • Conteúdos conscientes que seria o lado obscuro da mente, ou seja, o mundo inconsciente. O inconsciente se comunica com os conteúdos edopsíquicos, pois não se encontram sob o domínio da vontade.
Jung classificou os elementos do inconsciente em duas espécies:
  • MENTE SUBCONSCIENTE OU INCONSCIENTE PESSOAL : a primeira com material reconhecível,de origem definidamente pessoal, e diz respeito as aquisições do indivíduo ou produtos de processos instintivos da personalidade do sujeito. Há ainda os conteúdos esquecidos ou reprimidos,mais os dados criativos.  Ele chama atenção para o fato de que algumas pessoas  tem consciência das coisas, e outras não.
  • INCONSCIENTE COLETIVO OU IMPESSOAL: A parte que é totalmente desconhecida, e que "não pode" ser atribuída às aquisições individuais. Tem caráter mítico, e parece pertencer a humanidade em geral, e não à psique individual. Por serem fatores não adquiridos pelo indivíduo, tem natureza coletiva.

Os padrões de ARQUÉTIPOS, oriundos do inconsciente coletivo ou impessoal, são agrupamento de caracteres arcaicos que, em forma e significado, encerra motivos mitológicos, e surgem através dos contos de fadas, mitos, lendas e folclore.

Jung afirma que há padrões mitológicos nas camadas do inconsciente, que produz elementos impossíveis de serem considerados individuais, sobretudo, quando fica claro que se trata de natureza psíquica totalmente oposta do indivíduo.

Os sonhos trazem símbolos tremendamente profundos, onde se pode notar por exemplo, que uma pessoa sem cultura produz um sonho sofisticado, uma criança que possui sonhos mais complexos. Para explicar isso, Jung afirmou que nossa mente tem uma história, que a mente inconsciente , bem como, o corpo humano, é um depositário de relíquias e memórias do passado. Não tem a ver com misticismo, embora não se possa demonstrar claramente, sobre o inconsciente. Porém, é certo que, embora a criança não nasça consciente, sua MENTE não é uma tabula rasa, já se nasce com uma interioridade definida, e cada mente de criança tem a sua singularidade. O CÉREBRO, nasce com uma estrutura acabada com a função de fazer o indivíduo funcionar ou se inserir no mundo de hoje.

Jung relata que a camada mais profunda do inconsciente que conseguiu atingir, é aquele em que o sujeito perde a sua individualidade particular, e sua mente mergulha na mente da humanidade - não na consciência - mas o inconsciente onde ele afirma que "todos somos iguais." A esse nível, não somos singulares, mas somos um. A Psicologia primitiva explica isso quando afirma que a mentalidade primitiva é a falta de diferenciação entre os indivíduos.

Jung apresentou o seguinte diagrama:




Partindo a suposição de que a nossa esfera mental se parecesse com um globo, de onde ele conclui que são as funções ectopsíquicas:

PRIMEIRA ESFERA

  • A forma como as pessoas se manifesta, depende de seu tipo. Por exemplo, pessoas racionais manifestam-se pelo pesamento.
  • A sensação em região periférica possibilita receber impressões do mundo externo.
  • Surge em seguida o sentimento, e por fim, tem-se uma certa consciência do destino das coisas percebidas.
  • Através da intuição, pode-se ver o que está escondido nos cantos
SEGUNDA ESFERA
  • Representa o complexo consciente do ego.
  • Na endopsique surge a memória, que pode ser controlada pela vontade.
  • Componentes subjetivos das funções, nem sempre é controlado pela memória, pode ser suprimida, excluída ou intensificada pela força de vontade.
  • Afetos e invasões, controláveis pela força sobre humana, fatores mais fortes que o complexo do ego.
Jung explica que o diagrama é um sistema psíquico precário, mas que demonstra uma escala de valores, que vai decrescendo na medida em que vai se aproximando da escuridão.

O inconsciente coletivo nos diz que embora sejamos diferentes, negros, chinês ou qualquer outro homem no mundo, somos seres humanos da mesma raça que todos os homens, Temos os mesmos arquétipo, assim como, possuímos todos os órgãos do corpo físico.


Para abordar a face obscura da mente humana, Jung se utiliza de três métodos:

  • Teste de associação de palavras - uma lista de 100 palavras, pede-se para que a pessoa reaja com a primeira palavra que lhe venha a mente, e o mais rápido possível, após ter ouvido e entendido a palavra estímulo.Marca-se o tempo de cada resposta em cronômetro.  Terminadas as 100 palavras, repete-se as palavras estímulo, e pede-se para a pessoa repetir as suas respostas anteriores. As palavras erradas ou incertas são de grande importância, onde a memória falha.  O erro pode indicar que a palavra atingiu um complexo,sentimentos dolorosos ou estranhos, normalmente inacessíveis exteriormente. O que Jung afirma ser o caminho para a camada obscura.Ocorrerá aí um distúrbio na reação, que Jung afirma existirem 12 ou mais desses distúrbios. dentre alguns dos distúrbios estão: reagir com mais de uma palavra, contrariando as instruções; engano na reprodução das palavras; reação traduzida por expressão facial; riso, movimento das mãos, dos pés ou do corpo; tosse, gaguejar; reações insuficientemente expressas por respostas do tipo "sim" e "não"; não reação ao verdadeiro estímulo da palavra; repetição das mesmas palavras; uso de língua estrangeira, etc.  Respostas que para Jung estão fora do domínio da vontade. 
  • Análise de sonhos 
  • Imaginação ativa
Ainda sobre o inconsciente Jung afirmar que as coisas inconscientes são muito relativas, pois, quando se está inconsciente, esse estado é por si só, relativo. Para determinar o que se é consciente ou inconsciente é preciso perguntará pessoa, pois não há outro critério.


Ao contrário de Freud, que vê os processos mentais como fatores estáticos,  Jung pensa em dinâmica e relacionamento, e considera tudo relativo. Não há nada definitivamente inconsciente. Podem-se ter as mais diferentes idéias quanto ao fato de uma coisa ser desconhecida num aspecto e conhecida noutro, exceto sobre a base mitológica, que é profundamente inconsciente.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Primeira Conferência, Londres -1935 - Fundamentos da Psicologia Analítica- Carl G. Jung


Considerações feitas por Jung na Primeira Conferência de Tavistock, Londres, 1935: funções da psique humana - sentimento, pensamento, intuição e sensação.

Jung tinha o propósito de traçar um breve esboço de certos conceitos fundamentais da psicologia. Ele parte da ideia de que o processo em que se daria o trabalho, estava pautado em dois tópicos principais:

1. conceitos relativos à estrutura e conteúdo da vida inconsciente;
2. métodos usados na investigação dos elementos originários de processos psicológicos inconsciente. Este se divide em três partes:
  • método de associação de palavras.
  • método da análise de sonhos.
  • método da imaginação ativa.
Admite a impossibilidade de fazer um apanhado completo de tudo, porém ratifica  que as pesquisas históricas e mitológicas são fatores básicos importantes, para o equilíbrio, controle e distúrbios da condição mental do indivíduo.

Jung reconhece que a Psicologia ainda está começando e que as grandes teorias ainda estão por vir, pois para ele, cada novo caso quase que consiste em uma nova teoria. A psicologia ainda se encontra no berço, e que ainda há muito o que se compreender sobre o porque da psique. Há aí, uma grande preocupação com o grande número de fatos, e não das teorias em si, no que diz respeito as sutilezas de análise onírica, relacionadas aos sonhos e fantasias, e do método comparativa de investigação dos processos do inconsciente.

psicologia como ciência se relaciona inicialmente com a consciência, e a seguir com o inconsciente, já que este não pode ser diretamente explorado por ainda ser desconhecido. Tudo que se conhece sobre o inconsciente foi revelado pelo consciente. Nada se pode dizer sobre aquilo que ainda nada se sabe a respeito, portanto, inconsciente apenas sugere algo que existe, mas ainda desconhecemos a natureza desse inconsciente.

área do inconsciente é imensa e sempre contínua, entretanto, a da consciência é um campo restrito da visão momentânea, um produto da percepção e orientação do mundo externo, que provavelmente se localiza no cérebro, e sua origem é ectodérmica, ou seja, que trata das relações entre consciência e o meio externo.

Jung diverge de Freud no que diz respeito ao inconsciente e o consciente. Para Freud  o inconsciente deriva do consciente. Jung considera exatamente o contrário, que o inconsciente é o elemento natural, e que o consciente é que deriva do inconsciente.

Ao observar os primitivos, pode-se verificar que eles são atingidos apenas por pensamentos emocionais, mostrando que emoções e afetos são sempre acompanhados de enervações psíquicas.
Porém, Jung afirma que as atividades psíquicas nada representa, pois acredita que os SONHOS e as FANTASIAS estão num subnível, sobre o qual ainda desconhece.


CONSCIÊNCIA

Jung afirma não poder haver elemento consciente que não tenho EGO, para atingir a consciência é preciso se relacionar com o EGO. Portanto,a  consciência pe a relação dos fatos psíquicos com o ego.

O EGO é um dado complexo, uma percepção geral do nosso corpo e existência, e pelos registros de memória. É sempre o centro de nossas atenções e de nossos desejos. Todos de alguma maneira sabem que já vivemos em épocas passadas.  Esses dois fatores são os principais componentes do Ego, e é a força de atração do EGO que atai os conteúdos do inconsciente, daquela região obscura sobre a qual nada se conhece. Com isso, tudo o que emerge do inconsciente, torna-se consciente.


A CONSCIÊNCIA é dotada de um certo número de funções, que a orienta no campo dos fatos ectopsíquicos e endopsíquicos. 

  • A ECTOPSIQUE é um sistema de relacionamento dos conteúdos da consciência com os fatos e dados originários do meio-ambiente, um sistema de orientação que concerne à minha manipulação dos fatos exteriores, com os quais entro em contacto através das funções sensoriais. 
          As funções ectopsíquicas são quatro:
  1. SENSAÇÃO - função dos sentidos. A soma total de minhas percepções de fatos externos, percebidas pelos sentidos. A sensação diz que alguma coisa é, não exprime o que é, nem qualquer particularidade da coisa em questão. A sensa~]ao diz que alguma coisa é.
  2. PENSAMENTO - exprime o que uma coisa é. Dá nome a essa coisa e junta-lhe um conceito, pois pensar é perceber e julgar (apercepção). Jung considera o pensamento uma função racional. O pensamento exprime o que ela é. É inerente ao sujeito.
  3. SENTIMENTO - Informa através de percepções que lhe são inerentes acerca do valor das coisas. É ele que diz por exemplo, se uma coisa é boa ou não, etc. assim como o pensamento, Jung considera o sentimento uma função racional. Os valores desempenham aí um papel fundamental. O fato das pessoas racionalizarem e controlarem seus sentimentos, não quer dizer que os sentimentos deixam de existir, elas o controlam, porém, ele está ali perturbando a pessoa. O sentimento exprime o valor dessa coisa. É inerente ao individuo.
  4. TEMPO - Tudo tem passado e futuro; tudo procede de algum lugar. 
A ideia de que alo pode ou não ser bom, como um palpite, Jung chamou de INTUIÇÃO, uma espécie de faculdade mágica, coisa próxima da adivinhação. Sempre que tiver de lidar com condições para as quais nãoi haverá valores preestabelecidos ou conceitos já firmados, esta função será o único guia.

Segundo Jung a INTUIÇÃO é um tipo de percepção que não passa exatamente pelos sentidos; registra-se ao nível do inconsciente, e é onde abandono toda tentativa de explicação dizendo-lhes: 

"Não sei como isso se processa”. Não sei o que se .passa quando um homem se inteira de fatos como ele, em absoluto, não tem meios de conhecer. Não consigo dizer como coisas acontecem, entretanto a realidade aí está, e tais fenômenos são comprovados.Sonhos premonitórios, comunicações telepáticas, são propriedades da intuição... Eventualmente seu afloramento adquire características de revelação." 

Para Jung pensamento e sentimento não podem coexistir, Quando o pensamento é uma função superior, o sentimento é uma função inferior, e vice-versa. Ao pensar, o sujeito exclui o sentimento. Quando o pensamento é altamente diferenciado, o sentimento é altamente indiferenciado, e vice-versa. 





Jung afirma que:
  • pessoas do tipo pensamento - afirmam ter sentimentos fortes, e que são muito emocionais ou temperamentais.
  • pessoas do tipo sentimental - se agir com naturalidade não se aborrece com pensamentos e sentimentos ou raciocínios.  O pensamento surge de maneira compulsório não consegue se livrar dele.
  • pessoas do tipo intelectual, afirma que sente assim, e pronto. Não raciocina sobre seus sentimentos.
  • pessoas do tipo intuitiva , sempre se irrita quando colocado frente a realidade concreta.
Essa definição  em tipos de pessoas, só serve para a psicologia prática. Jung deixa claro que não se pode colocar pessoas em padrões, até porque somos dotados dessa ambiguidade, ora somos de um jeito, ora somos de outro.
  • A ENDOPSIQUE, por outro lado, é o sistema de relação entre os conteúdos da consciência e os processos desenrolados no inconsciente. 

Os pontos relacionados a função ectopsiquica, regem ou auxiliam nossa orientação consciente no relacionamento com o ambiente, mas não se aplicam às coisas situadas, por assim dizer, abaixo do ego, que é apenas um segmento de consciência flutuando num oceano de coisas obscuras, as coisas interiores sobre as quais nada sabemos.

Para Jung a personalidade que irá surgir, dentro de um ano, já existe em nós, porém no lado obscuro e que desconhecemos.

As funções endopsiquicas são quatro:

  1. MEMÓRIA OU REPRODUÇÃO -  nos liga aos fatos enfraquecidos na consciência. ou que se tornaram subliminares ou que foram reprimidos. A memória é a faculdade de reproduzir conteúdos inconscientes e que distingue as relações entre a nossa consciência e os conteúdos que naos e encontram visíveis.
  2. COMPONENTES SUBJETIVOS DAS FUNÇÕES CONSCIENTES -  são águas profundas, onde se começa a entrar na escuridão. Ninguém gosta de entrar num mundo sombrio e admitir seu próprio lado de sombras. O tipo de pessoa que vive entrando em tudo com o pé esquerdo, sempre em complicações, é porque vivem a sua própria sombra, sua negação.
  3. MEMÓRIA - Cheia de componentes subjetivos, é controlável ou voluntária, e ainda se recusa a funcionar. Quando tomada de EMOÇÕES E AFETOS, nos empurra a ação, onde o ego decente se anula, e somos arremessados. Faz aflorar o primitivo no indivíduo. Quando se diz, Ele esta possuído, muitas vezes tornando-o irreconhecíveis e sem autocontrole.
  4. INVASÃO - Quando o lado obscuro, o inconsciente tem domínio completo e irrompe na consciência. Nessa situação, o indivíduo é tomado pelo inconsciente, podendo-se esperar dele qualquer coisa inabitual. Os primitivos, atribuem esse estado ao demônio, pois em certos dias, se perdem, ficando sob influência estranho.



Referências:

FUNDAMENTOS DE PSICOLOGIA ANALÍTICA AS CONFERÊNCIAS DE TAVISTOCK, LONDRES-1935.
 PRIMEIRA CONFERÊNCIA
(JUNG, C.G. Fundamentos de Psicologia Analítica. Petrópolis: Vozes, 2001, volume XVIII/1).
Apresentação feita pelo Dr. H. Crichton-Miller, presidente da mesa
Google Imagens



quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Prova Colegiada - Psicologia Social

Assuntos: 

  • Conceito aprofundado de esteriótipos, sua relação com preconceito, diferenciando-os e entendendo suas características principais, a partir da Teoria da Cognição Social da Psicologia Social.
  • Entendimento da Psicologia Social sobre a exclusão, que depende da materialidade  e, que também é simbólica. Como as pessoas entendem os grupos, seu valor econômico e o movimento de signos que determinam que o sujeito possa transitar em determinados ambientes e não em outros.
O PROCESSO DE EXCLUSÃO SOCIAL

As ambiguidades inerentes ao sistema de exclusão social, revela a complexidade e contraditoriedade que constitui o processo de exclusão social, partindo do enfoque de uma determinada característica em detrimento das demais. Por exemplo, análise centradas no econômico, aborda a exclusão como sinônimo de pobreza; no social, privilegiam a discriminação, etc.

FONTE: Da Vinci design 

A exclusão social sob a perspectiva psicossociológica, é considerada um processo sócio-histórico, que se configura na vida social, vivido como necessidade do eu, como sentimentos, significados e ações.

As configurações da exclusão social, ressalta:
  • a dimensão objetiva da desigualdade social
  • a dimensão ética da injustiça
  • a dimensão subjetiva do sofrimento.
A dialética da exclusão/inclusão:

A Psicologia entende que a lógica dialética inverte a ideia de inclusão social, desvinculando-a à noção de adaptação e normatização, bem como, culpabilidade individual, para ligá-la aos mecanismos psicológicos de coação.

Principal mecanismo de coação social nas sociedade, prevalecendo a desigualdade , onde o pobre é incluído por mediações de diferentes ordens, onde os outros o exclui gerando sentimento de culpa individual.

Gesta subjetividades específicas que vão desde o sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou revoltado, o que não pode ser explicado exclusivamente por determinação econômica, já que determinam e são determinadas por formas diferenciadas de legitimação social e individual. A exclusão envolve o homem por inteiro e suas relações com os outros.

NOÇÃO DE EXCLUSÃO
  • Tornou-se familiar no cotidiano das mais diferentes sociedades. 
  • Não é apenas um fenômeno que atinge os países pobres. 
  • Sinaliza o destino excludente de parcelas majoritárias da população mundial
  • René Lenoir traz a  concepção de exclusão, não mais como um fenômeno de ordem individual mas social, cuja origem deveria ser buscada nos princípios mesmos do funcionamento das sociedades modernas.
  •  Qualquer estudo sobre a exclusão deve ser contextualizado no espaço e tempo ao qual o fenômeno se refere.
  • O processo de exclusão no Brasil vem sendo construído há 500 anos, mas que precisa ser repensado na sociedade contemporânea.
  • José de Souza Martins (1997) explica que o termo exclusão social passou a ser um rótulo - deus/demônio - responsável e explicativo de tudo e por tudo, no debate dos anos 90, onde a coisificação e fetichização fortalecem os rótulos que empurram as pessoas, os pobres, os fracos, para fora da sociedade, ´para fora de suas "melhores" e mais justas e "corretas" relações sociais.
OS PROCESSOS PSICOSSOCIAIS DA EXCLUSÃO.

A exclusão induz sempre uma organização específica de relações interpessoais ou intergrupos, de alguma forma material ou simbólica, através da qual ela se traduz: 
  • no caso da segregação, através de um afastamento, da manutenção de uma distância topológica;
  • no caso da marginalização, através da manutenção do indivíduo à parte de um grupo, de uma instituição ou do corpo social; 
  • no caso da discriminação, através do fechamento do acesso a certos bens ou recursos, certos papéis ou status, ou através de um fechamento diferencial ou negativo. 
Decorre do estado estrutural ou conjuntural da organização social que se inaugura um tipo específico de relação social, a partir da interação entre pessoas e grupos.

A PSICOLOGIA SOCIAL NO PROCESSO DE EXCLUSÃO


Pode contribuir para análise de fenômenos gerados a partir do estudo das relações sociais, que revela os processos marcados por diferentes alternativas de exclusão.

Tenta dar conta das relações sociais por dupla característica, de onde pressupõe a existência de um laço social, seja ele perverso ou pervertido.
  • focalizar as dimensões ideais e simbólicas e os processos psicológicos e cognitivos que se articulam aos fundamentos materiais dessas relações. 
  • aborda estas dimensões e processos, considerando o espaço de interação entre pessoas ou grupos, onde se constroem e funcionam. 
Busca compreender de que maneira as pessoas ou os grupos que são objetos de uma distinção, são construídos como uma categoria à parte. 

Traz a noção  de preconceito, estereótipo, discriminação, identidade social, as representações sociais e ideológicas que traduzem meios e formas de exclusão social.

Psicologia Social, embora se limite aos processos psicológicos, cognitivos e simbólicos que podem ou acompanhar a situação da exclusão ou dela reforçar a manutenção como racionalização, justificação ou legitimação, traz uma contribuição não negligenciável para a compreensão dos mecanismos que, na escala dos indivíduos, dos grupos e das coletividades, concorrem para fixar as formas e as experiências de exclusão.

Oprofissionais de psicologia se interessam pela estereotipização e os preconceitos  porque estes representam um pilar central de um objetivo maior da Psicologia como ciência: a compreensão do como e do porque as pessoas sentem e reagem a cada uma das outras.

TEORIA DA COGNIÇÃO SOCIAL
  • Aborda a capacidade de compreender as outras pessoas e a si mesmo, dando especial atenção às estruturas cognitivas, que são determinantes na produção do conhecimento social.  
  • Se caracteriza pelo estudo de todos os fatores que influenciam a aquisição, representação e recuperação de informações, e como isso influencia nos julgamentos das pessoas.
  • Analisa o processamento da informação social, ou seja, os processos de  aquisição, representação e recuperação de informações.

PRECONCEITOS E ESTERIÓTIPOS
  • Funcionam como mediadores importantes do processo de exclusão.
  • Designam os processos mentais pelos quais se operam a descrição e o julgamento das pessoas ou de grupos, que são caracterizados por pertencer a uma categoria social ou pelo fato de apresentar um ou mais atributos próprios a esta categoria.
Diferenciando preconceitos de esteriótipos:

PRECONCEITO

É um atitude negativa em relação a uma pessoa, baseada na crença de que ela tem das características negativas atribuídas a um grupo.
  • Julgamento positivo ou negativo, formulado sem exame prévio a propósito de uma pessoa ou de uma coisa e que, assim, compreende vieses e esferas específicas.
  • Implica numa ATITUDE, se comporta na esfera cognitiva, numa dimensão afetiva ligada às emoções e valores.
  • Todos os acontecimentos sociais e todos os outros grupos são pensados e sentidos através de nossos valores, modelos e definições do que é a existência. (Subjetividade)
  • Surgem a partir das representações nos processos de comunicação e no contexto sócio-histórico, mais voltado para os seus conteúdos, do que para sua forma.

ESTERIÓTIPO
  • Estereótipos são associações cognitivas relacionadas com a percepção de grupos
  • Os estereótipos são esquemas que concernem especificamente os atributos pessoais que caracterizam os membros de um determinado grupo ou de uma categoria social dada.
  • Os esquemas facilitam e orientam o processamento da informação sobre coletividades interferindo nos processos de atenção, interpretação e memória, bem como sobre os julgamentos dos membros dos grupos percebidos.
  • As formas são objetos de estudo dos esteriótipos.
  • São "imagens na cabeça", representações do meio social que permitiam simplificar sua complexidade. 
  • Os estereótipos de deslegitimação visam a excluir moralmente um grupo do campo de normas e de valores aceitáveis, por uma desumanização que autoriza a expressão do desprezo e do medo e justifica as violências e penas que lhe infligimos.
CATEGORIZAÇÃO SOCIAL

Segmenta o meio social em classes cujos membros são considerados como equivalentes em razão de características, ações e intenções comuns. Essas modulações afetam as tendências para discriminar e excluir os membros dos outros grupos.

Categorizar implica em pensar a pessoa como membro de um grupo e não admitir sua individualidade, como uma auto-definição pertencente a uma categoria social.

Tem dois sentidos:
  •  A classificação em uma divisão social: colocamos as pessoas em uma categoria dada, por exemplo, homens e mulheres, jovens e velhos, etc.;
  •  aquele da atribuição de uma característica a alguém, caso este que podemos relacionar com a estigmatização ou estereótipo. 
DISCRIMINAÇÃO

  • É um comportamento manifesto, geralmente apresentado por uma pessoa preconceituosa, que se exprime através da adoção de padrões de preferência em relação aos membros do próprio grupo.
  • Pode se dar pela rejeição verbal, através de palavras de insultos, etc. 

REFERÊNCIAS:
A artimanha da exclusão: Bader Sawaia. Editora Vozes.
Axé estereótipos. UFBA. Faculdade de filosofia e ciências humanas. Mestrado em Psicologia.

domingo, 3 de novembro de 2019

Sexualidade na Terceira Idade: desmistificando preconceitos com Rádila Fabrícia Salles

Rádila realizou uma pesquisa com o objetivo de analisar as concepções sobre a atividade sexual dos idosos frente às mudanças no processo de envelhecimento.

A sexualidade humana é um fenômeno complexo, onde estão presentes fatores biológicos, psicológicos e socioculturais. Ela chama atenção para o fato de que a sexualidade não se restringe ao ato sexual em si, mas está na maneira como se vive  e expressa, através de gestos, como se anda, se veste, etc. Envolve os fenômenos da vida sexual, sendo determinado por três aspectos biológicos, psicológicos e social.

Socialmente, a sexualidade do idoso acaba sendo restringida devido a ideia de que o idoso não sente desejo sexual,  o que Rádila chama a atenção para a necessidade de que a sociedade reveja seus conceitos e preconceitos, pois o idoso sente necessidade de troca afetiva por toda a vida. Isso pode levar o idoso a reprimir seus desejo a  enfrentar sentimentos de culpa e de vergonha.

Papaleo Netto (2007) chama atenção para os seguintes fatores:
  • a vida sexual deixou de ser meio de procriação e se tornou fonte de satisfação e realização pessoal.
  • As pessoas chegam a idades mais avançadas não dispostas a abandonar a vida sexual.
  • A AIDS obriga a todos repensar a sexualidade.
Outro fator que dificulta o dioso a enfrentar as mudanças ocorridas é a falta de comunicação, pois essa geração não tem o hábito de falar de suas dificuldades, nem de sexualidade.

Em sua pesquisa Rádila observou que 5% dos entrevistados  têm faixa etária acima de 80 anos, porém sua maioria 75% entre 60 e 69 anos. Observou-se que a grande maioria deles não busca informações sobre sexo, e que a escassez de informação sobre sexualidade é grade, não se sentem preparados para lidar com o assunto e se sentem excluídos do contexto.

Para os autores, o envelhecimento não é uma etapa somente de perdas mas também de aquisições como visão ampla da existência, e que embora, as relações sexuas aconteçam com menor frequência, ainda acontecem, dado as interferências biológicas, psicológicas e sociais. É necessário entender o significado do sexo nessa etapa da vida para o indivíduo, já que este enfrenta diversas dificuldades físicas e psicológicas provenientes da velhice. Vicente (2005) diz que a sexualidade é uma característica humana que não se perde com o tempo, mas se vai desenhando conforme a história vivenciada pelo corpo durante sua trajetória existencial, isso mostra que, a sexualidade do idoso é fruto da vida sexual que ele teve durante sua vida.

Rádila pode constatar que 51,7% dos idosos são ativos sexualmente, contrariando muitos dos valores sustentados pela sociedade atual, embora 95% tenham enfrentado alterações como indisposição, falta de interesse, problemas de saúde, privacidade e disponibilidade de companheiro(a). Contatou-se que não há idade para a prática do sexo, e que homens e mulheres saudáveis podem manter-se sexualmente ativos, independentemente da idade.

REFERÊNCIAS:
Congresso nacional de envelhecimento humano
Sexualidade na terceira idade: desmistificando preconceitos
Rádila Fabricia Salles
Fundação educacional de Fernandópolis - FEF.


quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Terapia Estrutural de Minuchin

ESTRUTURA FAMILIAR
  • Conjunto invisível de exigências funcionais que organiza as maneiras pelas quais os membros da família interagem.
  • Quando essas transações se repetem estabelecem padrões de como, quando e com quem se relacionar, e esses padrões reforçam o sistema.
  • O sistema familiar diferencia e leva a cabo suas funções através dos subsistemas, sendo cada indivíduo um subsistema  dentro da família. 
  • Subsistemas são formados por geração, sexo, interesse ou por função.
  • Fronteiras de um subsistemas são as regras que definem quem participa e como.

OBJETO DE ESTUDO 


Minuchin foca na família nuclear e na estrutura do sistema familiar em análise, observando os seguintes aspectos:
  • as regras da família
  • como as regras são comunicadas entre os membros da família
  •  como os papéis estão definidos no sistema
  • relaciona as normas e os papéis no sistema.
As intervenções são centradas no problema do sistema. Quando o sistema está homeostático, ou seja, não há disposição dos membros para buscar elementos externos de mudança do sistema,  Minuchin intervém com maior ênfase no sistema.

ALIANÇA TERAPÊUTICA

Criada por Minuchin, ocorre quando o terapeuta se alia ao PI, problema identificado do sistema,  fazendo com que o PI se sinta a vontade, com apoio para falar.

CONCEITOS IMPORTANTES
  • Diagnóstico estrutural - leva em conta como essa pessoa se organiza.
  • Estrutura do sistema familiar: FRONTEIRAS;SUBSISTEMAS;SISTEMA DE REPRESSÃO E ESTRESSES.
1. FRONTEIRAS

São as regras que definem  QUEM PARTICIPA de cada subsistema e COMO PARTICIPA.

Determinam quem são os participantes de cada subsistema da família e garantem sua particularidade, possibilitando o funcionamento eficaz do sistema familiar.

Essas fronteiras estão entre um subsistema e outro, como uma linha tênue e invisível entre um subsistema e outro. 

Há três tipos de fronteiras:
  • Fronteiras nítidas - responsável pela construção das relações esclarecidas, onde as pessoas dizem sim ou não objetivamente. Nítida é uma família funcional, tem fronteira mas é acessível, flexível.
  • Fronteiras difusas - quando as relações são complexas e os papéis confusos. Não está clara a função de cada membro da família, havendo um excesso de preocupação e comunicação entre eles. Nesse caso, um subsistema invade outro subsistema. São famílias emaranhadas, sem limites, onde todos fazem tudo.
  • Fronteiras rígidas - as relações são distantes e as pessoas  não se conhecem bem. Excesso de limites. família desligada uns dos outros. Foco na regra e não no afeto.

2. SUBSISTEMAS

É a partir da identificação desses subsistemas que o psicólogo consegue identificar se o sistema está funcional ou não.

Exemplos: 
  • Relação entre pais e filhos, o papel de parentalidade é um subsistema.
  • Relação entre irmãos, o papel fraternal é um subsistema.
  • Relação entre marido e mulher, o papel conjugal é um subsistema.
Cada membro tem o seu subsistema. Analisa-se as conexões entre os membros da família para identificar os subsistemas, ou seja, analisa os papéis de cada um para identificá-lo no sistema.
Há famílias que não têm todos os 4 subsistemas: 
  • CONJUGAL - prevê uma reciprocidade, uma conexão, sempre juntos, apoio mútuo.Ocorre entre marido e mulher. Está disfuncional quando deixam de compactuar desses mesmos objetivos.
  • PARENTAL - proteção, limite,  intuição, nutrição (alimentação e abrigo) e socialização (relação com outras pessoas). Sempre ocorre do pai para o filho ou da mãe para o filhoEstá disfuncional quando os pais não conseguem prover esses objetivos.
  • FRATERNAL - Primeiro laboratório social, ter um irmão, com o qual aprende a competir e dividir. Ocorre entre irmãos. Está disfuncional quando os irmãos não conseguem resolver entre si, nada.
  • EXECUTIVO - pode ser composto por qualquer membro da família. Para identificá-lo é preciso observar: quem paga as contas; quem são os provedores da famíliaEsse subsistema interfere em todos os outros subsistemas da família.

3. SISTEMA DE REPRESSÃO

Refere-se ao que reprime a família; o que organiza a família num determinado formato; as orientações são a forma de repressão.  

Há duas formas de SISTEMA DE REPRESSÃO:
  • GENÉRICO - estabelecido pela sociedade, porém cada contexto tem sua própria regra, levando-se em consideração as questões culturais. É generalista, universal, traz expectativas que não são  expectativas daquela família.  Exemplo: é genérico que o pai queira que o filho seja protegido pelos pais.
  • IDIOSSINCRÁTICO - os papéis são eleitos pelos próprios membros do sistema, envolvendo expectativas mútuas dos indivíduos da família, onde os padrões permanecem automaticamente, como uma acomodação mútua dada a eficácia funcional, ou seja, o conjunto das expectativas são compartilhadas com o sistema familiar. Exemplo:  Quando uma mãe espera que um filho resolva um problema emocional dela, é idiossincrático.
4. ESTRESSE

O estresse acontece quando se atribui ao problema uma origem, quando se sabe que, na CIRCULARIDADE o problema está em todas as partes do sistema, não apresentando uma causa específica. Contudo, a família identifica o problema (PI)  entre os membros da família.

Há 4 tipos de estresses: 

1º Contato com uma força externa

Pode ocorrer um EVENTO EXTERNO  com algum dos membros do sistema, e este acaba levando essa força externa para dentro do sistema. Exemplo: um dos membros perde o emprego. Ao levar para casa a notícia da perda do emprego, estará levando aos demais o problema do desemprego.

2º  Força externa em contato com toda a família

Um deslizamento de terra(força externa) impactando sobre toda a família.

3º Estresse de ponto de transição

Estressores relacionados ao ciclo vital. A família está transitando  no contexto de vida: mortes, nascimento, casamento, faixa-etária, fase adulto, divórcio, etc.

4º Estresse por questões idiossincráticas

Questões idiossincráticas: exemplo um filho autista. O estressor é criado pelo próprio sistema, pois tem família que não tem problemas em ter um filho autista, e outras tem, como a não aceitação.


ACOMODAÇÃO NO PROCESSO TERAPÊUTICO

É o início de qualquer terapia na sistêmica, onde o cliente entra, senta e o psicólogo se sente convidado a entrar no sistema. A família entende que o psi é parte do sistema, ou seja, uma forma de aliança que o psi faz com a família. O psi só faz parte do sistema, como membro, quando a família fala uns com os outros como se estivesse em casa. Nem sempre esse entrosamento acontece na primeira sessão, e se por ventura, não acontecer, o psi fica impossibilitada de atendê-los, devendo encaminhar para outro profissional. O espaço terapêutico é um campo de diagnóstico. Nunca sente primeiro que a família. Deixe-os sentar antes e observe os locais onde sentam, se sentam junto a alguém, se sentam separados de alguém, podendo verificar onde estão as alianças e os conflitos.

Após a acomodação, o psi inicia as alianças. O psi se alia ao PI para que ele se sinta apoiado, e livre para falar, devolvendo o que o psi diz para o sistema, a fim de atiçar o conflito, ou seja, causando estresse. A aliança com o PI traz estressores a forra e tira todos os membros da acomodação.

Minuchin sugere iniciar a aliança pelo PI, e depois tira o estresse do PI e joga no sistema, já que pertence a todos os membros, passando a compartilhar do estresse.  Ele chamou isso de escalonamento do estresse, que é necessário porque a maioria das pessoas chegam no consultório com o PI definido.

As TROCAS DE PAPÉIS possibilitam que um veja o outro como ele é, e se perceber através do outro.
As METÁFORAS ajudam quando fazem sentido pra a família.


Aula do dia 25/10/2019

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Síntese dos conteúdos de Psicopatologia

A TRANSFORMAÇÃO DO HOSPITAL EM INSTITUIÇÃO MÉDICA (Mód.2)
  • ·        Final do Império Romano, Hospitais eram administrados pelas instituições religiosas e filantrópicas, com a finalidade de dar assistência aos pobres, desamparados e excluídos socialmente.
  • ·        1656, na França, hospital deixa de ser filantrópico e passa a ser uma Instituição de internação geral, de caráter público e estatal. Os internamentos se davam não pela necessidade de cuidar da saúde, mas pela necessidade de retirar da sociedade possíveis ameaças à saúde pública(exclusão).
  • ·         Fins do Séc XVIII, hospital passa a ser visto como instrumento terapêutico. Hospital geral de Paris é reestruturado, partindo da observação de seus pacientes, onde o hospital passa a ser ima instituição médica e a medicina um saber hospitalar.
  • ·        Com a Institucionalização médica, as doenças passam a ser agrupadas, os pacientes isolados como objeto de estudo, passa a ser um lugar de exame e saber científico, os pacientes passam a ser separados por alas de doenças compatíveis.
  • ·        Surge o princípio do Isolamento: isolar para observar; observar para conhecer e conhecer para administrar.


A CLÍNICA E A ANATOMIA PATOLÓGICA COMO BASES DA MEDICINA CIENTÍFICA MODERNA (Mód.3)

  • ·        Relação medico paciente se estabelece com o surgimento da clínica.
  • ·        Hospital se torna observatório de doenças, realizados por médicos, passando a ser Instituição Médica, com a reorganização da instituição hospitalar. Organização do conhecimento de métodos que possibilite o acesso ao conhecimento.
  • ·        Redefinição do Estatuto social do doente, considerados cidadãos, frente ao ideal de igualdade. As doenças e corpos dos pacientes deixam de ser problemas exclusivamente pessoa, passando a ser uma questão política de Estado e Saúde Pública.
  • ·        Método de Pinel para obtenção do conhecimento por meio da análise: Observar; descrever; comparar e classificar. Traduz o saber do senso comum para o científico a partir desses conhecimentos. Para tanto, torna-se possível a abertura de cadáveres, onde o corpo passa a ser o espaço de percepção da doença.

A CONSTITUIÇÃO DO PARADIGMA PSIQUIÁTRICO (Mód.4)

  • ·        “O gesto de Pinel”: desacorrentou os alienados.
  • ·        Hospital passa a ser espaço para a loucura.
  • ·        O saber produzido no hospital permitiu que as doenças fossem agrupadas a partir da observação.
  • ·        Lugar de exames e laboratório, permitindo a classificação das doenças.
  • ·        Passa a ser local onde se obtém a cura, e deixa de ser lugar de exclusão e morte.
  • ·        Estratégias de Pinel: Isolamento do mundo exterior/ Constituição da ordem asilar/Relação terapêutica de autoridade.
  • ·        ISOLAMENTO, pois isolado se OBSERVA melhor o que se quer conhecer cientificamente, para se DESCREVER, COMPARAR e CLASSIFICAR. Era visto como princípio terapêutico.
  • ·        Doenças passam a ser agrupadas por semelhanças e diferenças. ARRANJO Nosográfica da loucura: doenças passam a ser agrupadas por classe, ordem e espécie.
  • ·        Pinel percebeu que os doentes comuns eram diferentes dos loucos.
  • ·        Os diferentes tipos de loucura foram chamados de ALIENAÇÃO MENTAL.
  • ·        Alienista eram aqueles que contribuem para a cura da alienação mental, aquele que traz o alienado para a realidade.
  • ·        Tratamento Moral de Pinel incluía estratégias voltadas para a reeducação da mente alienada, impondo um regime disciplinar no hospital, que quando não eram seguidos, eram castigados com a função de reduzir os desvios cometidos pelos alienados. Tinha como objetivo trazer o alienado para a realidade objetiva, pois entendiam a alienação mental como um distúrbio mora, das paixões.
  • ·        Dom Pedro II foi o primeiro Hospital de Alienados do Brasil, no Rio de Janeiro. Os loucos eram isolados mediante a justificativa de que era seguro para eles e a família, de que precisavam vencer suas resistências pessoais, Submetê-los ao regime médico, impor-lhes novos hábitos intelectuais e morais.
  • ·        Os loucos só poderiam se tornar cidadãos quando sua razão fosse plenamente restabelecida.


HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA E DAS POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL (mód.9)

  • ·        Surge a partir do aumento demográfico no Rio de Janeiro, onde doenças se proliferaram surgindo a preocupação com os loucos que circulavam livremente pela cidade.
  • ·        Cria-se uma Comissão de Salubridade para elaborar um amplo diagnóstico sanitário nas Instituições.
  • ·        Inicialmente o Hospício Pedro II, era mantido sob a tutela da igreja, pela Santa casa de Misericórdia. E, após duras críticas, no final do séc. XIX a Instituição Hospitalar passa por grandes transformações, onde o médico passa a ter poder no tratamento dos alienados e assumem controle da Instituição.
  • ·        Com os médicos no poder, aplicou-se as ideias de Pinel: Isolamento, Tratamento Moral e Disciplinar.
  • ·        Segunda metade do séc XIX até a República intensificam-se as críticas, reconhecendo que o Dom Pedro II não conseguira cumprir a sua missão de cura dos alienados, abrindo espaço para surgimento das Colônias de Alienados.
  • ·        Com a primeira Reforma psiquiátrica no Brasil assumiu Juliano Moreira, aumentando a influência das ideias alemãs na psiquiatria.
  • ·        Surge a era dos choques e a Psiquiatria comunitária descobre-se em 1930 com os choques insulínicos e cardiazólicos, da eletroconvulsoterapia e as lobotomias como perspectiva de cura.
  • ·        1960 -Nascimento da Indústria da Loucura com as privatizações da psiquiatria, onde o estado passa a comprar tratamentos psiquiátricos fornecidos por instituições privadas e não mais a fornecer os serviços, o que levou a crise da Previdência Social entre 1970 e 1980, quando 97% dos recursos se destinavam ao pagamento desses serviços.
  • ·        1973 com a Reforma Psiquiátrica, traz o conceito atual de sociedade sem manicômios.
  • ·        Surge uma nova concepção de saúde, como direito de todo cidadão e dever do Estado, e a saúde passa a ser vista com qualidade de vida.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Genograma - Técnica de Bowen, de maior relevância para a Terapia Sistêmica

Para aplicação da técnica na terapia, é preciso criar uma estrutura mínima para elaboração do genograma junto ao cliente ou à família.

Material adequado para constituição do genograma:
  • Cavalete de papel metro.












  • Pilotos coloridos. 

Usar as cores diferentes para cada emento do genograma, possibilita maior clareza e entendimento ao visualizar o genograma: Sugestão:

  • configuração do sistema: usar uma cor.
  • Relações entre os membros do sistema: usar uma cor mais intensa.
  • Legenda: outra cor qualquer.





O genograma de Bowen possui cerca de 250 símbolos que podem ser:
  1. símbolos das configurações familiares

Algumas regras devem ser observadas:
  • O genograma deve ser começado no meio da folha.
  • Os nomes das pessoas devem ser colocados ao redor do símbolo.
  • As idades dentro do símbolo.
  • O homem sempre vem primeiro, à esquerda da mulher.
  • Informações adicionais devem ser escritas nos símbolos das relações. 
  • N(Namoro) C(casamento) S(separação) R (Reconciliou) D(Divorciou)
  • Os filhos sempre aparecem por ordem de nascimento, do mais velho para o mais novo.
2. Símbolos das relações entre os membros do sistema.


Identificação do PI e múltiplos casamentos:


Obs.: Toda informação adicional que não tem símbolo, deve ser escrita nas linhas das relações, tais como, data, ano, motivo do conflito, causa de morte, de briga, etc.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Síntese dos conteúdos de Psicopatologia


A TRANSFORMAÇÃO DO HOSPITAL EM INSTITUIÇÃO MÉDICA (Mód.2)
  • ·        Final do Império Romano, Hospitais eram administrados pelas instituições religiosas e filantrópicas, com a finalidade de dar assistência aos pobres, desamparados e excluídos socialmente.
  • ·        1656, na França, hospital deixa de ser filantrópico e passa a ser uma Instituição de internação geral, de caráter público e estatal. Os internamentos se davam não pela necessidade de cuidar da saúde, mas pela necessidade de retirar da sociedade possíveis ameaças à saúde pública(exclusão).
  • ·         Fins do Séc XVIII, hospital passa a ser visto como instrumento terapêutico. Hospital geral de Paris é reestruturado, partindo da observação de seus pacientes, onde o hospital passa a ser ima instituição médica e a medicina um saber hospitalar.
  • ·        Com a Institucionalização médica, as doenças passam a ser agrupadas, os pacientes isolados como objeto de estudo, passa a ser um lugar de exame e saber científico, os pacientes passam a ser separados por alas de doenças compatíveis.
  • ·        Surge o princípio do Isolamento: isolar para observar; observar para conhecer e conhecer para administrar.


A CLÍNICA E A ANATOMIA PATOLÓGICA COMO BASES DA MEDICINA CIENTÍFICA MODERNA (Mód.3)

  • ·        Relação medico paciente se estabelece com o surgimento da clínica.
  • ·        Hospital se torna observatório de doenças, realizados por médicos, passando a ser Instituição Médica, com a reorganização da instituição hospitalar. Organização do conhecimento de métodos que possibilite o acesso ao conhecimento.
  • ·        Redefinição do Estatuto social do doente, considerados cidadãos, frente ao ideal de igualdade. As doenças e corpos dos pacientes deixam de ser problemas exclusivamente pessoa, passando a ser uma questão política de Estado e Saúde Pública.
  • ·        Método de Pinel para obtenção do conhecimento por meio da análise: Observar; descrever; comparar e classificar. Traduz o saber do senso comum para o científico a partir desses conhecimentos. Para tanto, torna-se possível a abertura de cadáveres, onde o corpo passa a ser o espaço de percepção da doença.

A CONSTITUIÇÃO DO PARADIGMA PSIQUIÁTRICO (Mód.4)

  • ·        “O gesto de Pinel”: desacorrentou os alienados.
  • ·        Hospital passa a ser espaço para a loucura.
  • ·        O saber produzido no hospital permitiu que as doenças fossem agrupadas a partir da observação.
  • ·        Lugar de exames e laboratório, permitindo a classificação das doenças.
  • ·        Passa a ser local onde se obtém a cura, e deixa de ser lugar de exclusão e morte.
  • ·        Estratégias de Pinel: Isolamento do mundo exterior/ Constituição da ordem asilar/Relação terapêutica de autoridade.
  • ·        ISOLAMENTO, pois isolado se OBSERVA melhor o que se quer conhecer cientificamente, para se DESCREVER, COMPARAR e CLASSIFICAR. Era visto como princípio terapêutico.
  • ·        Doenças passam a ser agrupadas por semelhanças e diferenças. ARRANJO Nosográfica da loucura: doenças passam a ser agrupadas por classe, ordem e espécie.
  • ·        Pinel percebeu que os doentes comuns eram diferentes dos loucos.
  • ·        Os diferentes tipos de loucura foram chamados de ALIENAÇÃO MENTAL.
  • ·        Alienista eram aqueles que contribuem para a cura da alienação mental, aquele que traz o alienado para a realidade.
  • ·        Tratamento Moral de Pinel incluía estratégias voltadas para a reeducação da mente alienada, impondo um regime disciplinar no hospital, que quando não eram seguidos, eram castigados com a função de reduzir os desvios cometidos pelos alienados. Tinha como objetivo trazer o alienado para a realidade objetiva, pois entendiam a alienação mental como um distúrbio mora, das paixões.
  • ·        Dom Pedro II foi o primeiro Hospital de Alienados do Brasil, no Rio de Janeiro. Os loucos eram isolados mediante a justificativa de que era seguro para eles e a família, de que precisavam vencer suas resistências pessoais, Submetê0los ao regime médico, impor-lhes novos hábitos intelectuais e morais.
  • ·        Os loucos só poderiam se tornar cidadãos quando sua razão fosse plenamente restabelecida.


HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA E DAS POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL (mód.9)

  • ·        Surge a partir do aumento demográfico no Rio de Janeiro, onde doenças se proliferaram surgindo a preocupação com os loucos que circulavam livremente pela cidade.
  • ·        Cria-se uma Comissão de Salubridade para elaborar um amplo diagnóstico sanitário nas Instituições.
  • ·        Inicialmente o Hospício Pedro II, era mantido sob a tutela da igreja, pela Santa casa de Misericórdia. E, após duras críticas, no final do séc. XIX a Instituição Hospitalar passa por grandes transformações, onde o médico passa a ter poder no tratamento dos alienados e assumem controle da Instituição.
  • ·        Com os médicos no poder, aplicou-se as ideias de Pinel: Isolamento, Tratamento Moral e Disciplinar.
  • ·        Segunda metade do séc XIX até a República intensificam-se as críticas, reconhecendo que o Dom Pedro II não conseguira cumprir a sua missão de cura dos alienados, abrindo espaço para surgimento das Colônias de Alienados.
  • ·        Com a primeira Reforma psiquiátrica no Brasil assumiu Juliano Moreira, aumentando a influência das ideias alemãs na psiquiatria.
  • ·        Surge a era dos choques e a Psiquiatria comunitária descobre-se em 1930 com os choques insulínicos e cardiazólicos, da eletroconvulsoterapia e as lobotomias como perspectiva de cura.
  • ·        1960 -Nascimento da Indústria da Loucura com as privatizações da psiquiatria, onde o estado passa a comprar tratamentos psiquiátricos fornecidos por instituições privadas e não mais a fornecer os serviços, o que levou a crise da Previdência Social entre 1970 e 1980, quando 97% dos recursos se destinavam ao pagamento desses serviços.
  • ·        1973 com a Reforma Psiquiátrica, traz o conceito atual de sociedade sem manicômios.
  • ·        Surge uma nova concepção de saúde, como direito de todo cidadão e dever do Estado, e a saúde passa a ser vista com qualidade de vida.