domingo, 13 de dezembro de 2020

Conceitos fundamentais da Psicanálise

 

RESISTÊNCIA

  • Pode-se dizer que o conceito de resistência foi introduzido cedo por Freud e que ele exerceu um papel decisivo no aparecimento da psicanálise, impulsionando-o a renunciar à hipnose e à sugestão, por causa da resistência que lhes apunham certos pacientes. Nesse sentido, a resistência corresponde a tudo o que, no decorrer do tratamento psicanalítico, nos atos e palavras do analisando, se opõe ao acesso deste ao seu inconsciente.
  • De acordo com Freud a resistência é uma manifestação própria do tratamento. Sobre os aspectos da resistência do paciente ao processo Psicanalítico...

  • Mantém o desejo em níveis inconscientes, evitando as fantasias perigosas e afetos desagradáveis, resistindo aos esforços de torná-los conscientes.
  • A resistência resulta da representação da neurose em procurar satisfação dos impulsos infantis.
  • A tentativa de encontrar novos padrões de adaptação é acompanhada de temor. 
FANTASIAS

  • No que se refere à Conferência de Freud sobre “Os caminhos da formação dos sintomas” (1917), pode-se afirmar que a fantasia se caracteriza por se diferenciar da realidade na perspectiva neurótica.

CHISTES

  • Já o "chiste" é um comentário cômico bem-sucedido, como uma piada, o trocadilho, a função de palavras e a anedota, na análise de Freud, e podem ser inocentes ou tendenciosos. 

MANIFESTAÇÕES DAS ESTRUTURAS PSÍQUICAS

  • Segundo a Psicanálise, as manifestações das estruturas psíquicas e os mecanismos que lhes são desencadeantes são:
    • Esquizofrenia
    • Foraclusão
    • Histeria
    • Recalque
    • fetichismo
    • Recusa
DELIRANTES

  • Freud (1924) apontou que a Psicose é um distúrbio entre o ego e mundo externo. Ele chamou de "Delirantes" a forma de psicose na qual os delírios é um remendo no lugar da fenda que aparece entre o ego com o mundo externo.

TRANSFERÊNCIA

  • Freud em 1913 nos disse que como no Jogo do Xadrez uma análise encontra-se sujeita a regras semelhantes . Portanto, sobre o tratamento de ensaio ou entrevistas preliminares, é diretriz do início do tratamento psicanalítico o "Manejo da Transferência".

  • “A dinâmica da transferência” (1912), Sigmund Freud apresenta o conceito de transferência sob várias facetas. Na experiência de análise, a ideia transferencial penetrou na consciência à frente de quaisquer outras associações possíveis, porque ela satisfaz a resistência.
  • Na psicanálise, pode ocorrer na entrevista inicial um fenômeno conhecido como "transferência", que pode ser caracterizado como uma atualização de sentimentos, atitudes e condutas inconscientes, por parte do entrevistado, que correspondem a modelos que se estabeleceu no curso do desenvolvimento, especialmente na relação interpessoal com seu meio familiar.
  • A transferência pode ser definida como uma série de experiências psíquicas que são revividas, não como algo do passado, no vínculo atual com a pessoa do terapeuta.
  • A transferência pode ser considerada como uma resistência à recordação. Uma vez que a resistência é aquela parte da função  psíquica que se rebela ativamente ao trabalho terapêutico de trazer à consciência material inconsciente.
  • A transferência para o médico é apropriada para a resistência ao tratamento apenas na medida em que se tratar de transferência negativa ou de transferência positiva de impulsos eróticos reprimidos.
  • Devido à ambivalência dos neuróticos, a transferência negativa é amiúde encontrada ao lado da transferência afetuosa, e pode ser dirigida simultaneamente para a figura do médico.
  • tudo que perturba a continuação do trabalho é uma resistência e o método analítico que torna possível a elucidação ou superação da resistência é a transferência.
  • No campo da clínica psicanalítica, Freud identificou certo fenômeno no qual os sentimentos do paciente para com o analista seriam manifestações de uma relação recalcada com imagos parentais. Tal fenômeno foi inicialmente concebido como uma resistência ao tratamento, para depois ser visto como sua principal força motriz, inscrevendo-se no centro da direção da cura
TRATAMENTO DE ENSAIO

  • Sigmund Freud recomenda em um tratamento psicanalítico a realização de  um procedimento prévio, chamado de "Tratamento de Ensaio", a fim de verificar as condições do paciente para a análise.

SONHOS

  • Segundo Freud (1916) o sonho constitui uma realização de um desejo reprimido. Para Freud uma das evidências essenciais do sonho é que há vida mental durante o sono.
  • Freud (1916) acreditava que os sonhos representavam uma satisfação disfarçada de desejos e anseios reprimidos. Freud destacou várias diferenças dos sonhos em todos os aspectos. O sonho de modo geral nos deixa livre para realizar desejos ocultos e obscuros.

PARAPRAXIAS

  • São fenômenos muito comuns e muito conhecidos, observados em qualquer pessoa sadia. São atos psíquicos e surgem das mútuas interferências entre duas intenções. Um tipo de formação inconsciente.

RECALQUE

  • Segundo Freud (1923) o mecanismo da psicose, tal como a repressão na neurose deve abranger uma retirada da catexia enviada pelo ego. Esse mecanismo da Psicose foi chamado por Freud de "Recalque". Recalque é ainda na Neurose, o material reprimido que luta contra esse destino, criando a representação substitutiva.

SINTOMA

  • Para a Psicanálise o conceito de sintoma é fundamental.  
  • Segundo Freud (1917) o sintoma  aparece como expressão de um conflito psíquico, em decorrência da força psíquica do Ego e do Superego.
  • No que se refere à Conferência de Freud sobre “Os caminhos da formação dos sintomas” (1917) são a Introversão que denota o desvio da libido das possibilidades de satisfação real e a hipercatexia das fantasias.
  • é o resultado de um conflito entre o Ego  e o Id (FREUD, 1923)

NEUROSE

  • Na neurose o ego segue as ordens de qual instância psíquica, originadas da influência da consciência.

ATOS FALHOS E LAPSOS

  • Os "atos falhos" é o resultado do compromisso entre uma intenção consciente e um desejo inconsciente ligado a ele apresentando assim uma dupla face.

Exemplo: Uma revista política, acusada de corrupção, se defende em um artigo cujo o clímax deveria ter sido: ‘Nossos leitores serão testemunhas do fato de que sempre agimos da maneira mais desinteressada, pelo bem da comunidade’. O editor a quem fora confiada a preparação do artigo, porém escreveu: ‘de maneira mais interesseira’’. Essa situação é chamada de Lapso de Escrita.

  • Em seus “Artigos sobre a técnica”, Freud recomenda aos praticantes da psicanálise a atenção flutuante que é a técnica empregada pelo psicanalista em consonância com a associação livre proposta ao paciente.

ASSOCIAÇÃO LIVRE

  • É um conjunto de regras técnicas desenvolvidas por Sigmund Freud que caracterizam o método psicanalítico. Dentre elas, há uma regra conhecida como regra fundamental do paciente.

DIAGNÓSTICO NA PSICANÁLISE

  • Com base no diagnóstico, o psicanalista pode operar sobre a transferência que seu paciente estabelece, uma vez que a relação transferencial do paciente com o analista passa pela sua estrutura psíquica, e é por meio desta que a análise se desenvolve.
Referências: Avaliações.

Neurose e Psicose

 

Em O Ego e Id (1923), Freud propôs uma diferenciação do aparelho psíquico, com base na qual determinado número de relacionamentos pode ser representado de maneira simples.

"A Neurose é o resultado de um conflito entre o Ego e o Id, ao passo que a Psicose é o desfecho análogo de um distúrbio semelhante nas relações entre o Ego e o mundo externo". (FREUD, 1923, p.189)

Descobertas e achados que apoiam a Tese da Neurose

1- Das Neuroses Transferenciais

  • Tem origem na recusa do ego em aceitar i impulso instintual.
  • ou na ajuda a encontrar um escoadouro motor
  • ou o ego proibir àquele impulso o objeto a que visa.
  • Resultado
    • O ego descobre sua unidade ameaçada e prejudicada por esse intruso, e continua a lutar contra o sintoma.
    • Produzido o quadro de uma Neurose
    • Na repressão o ego segue as ordens do superego, originadas da influência do mundo.
  • Freud concluiu que o ego entrou em conflito com o ID, a serviço do superego e da realidade e esse é o estado de coisas em toda neurose de transferência.
2. Os Mecanismos da Psicose
  • Distúrbio entre o ego e o mundo externo
  • Na confusão alucinatória aguda (amência) o mundo exterior não é percebido de modo algum ou a percepção dele não possui qualquer feito.
  • O mundo interno, que, como cópia do mundo externo, perde sua significação.
  • O ego cria autocraticamente, um novo mundo externo e interno.
  • Esse novo mundo é criado a partir de dois fatos.
  • De acordo com os impulsos desejosos do ID.
  • O motivo da dissociação do mundo externo é alguma frustração muito séria de um desejo, por parte da realidade - frustração que parece intolerável.
Nas outras formas de Psicose
  • Nas esquizofrenias - hebetude afetiva, ou seja, entorpecimento ou torpor afetivo.
  • Delirantes - os delírios são um remendo no lugar da fenda que aparece entre o ego com o mundo externo.
  • Nas Psicoses - as manifestações do processo patogênico são recobertas por manifestações de uma tentativa de cura ou uma reconstrução.
A etiologia das Neuroses
  • Frustração ou não realização dos desejos da infância.
  • Frustração externa ou procedentes de agente interno (no superego) que assumiu a representação das exigências da realidade.
  • O efeito patogênico depende do Ego - silencia o Id ou é derrotado pelo Id.
Pergunta-se: Qual o mecanismo análogo à repressão (recalque), por cujo intermédio o Ego se desliga do mundo externo?
  • Tal mecanismo deve ser, tal como repressão, abranger uma retirada da catexia enviada pelo Ego. Posteriormente, chamada de "Verleugnung" rejeição.
Referências:
FREUD, Sigmund. Neurose e Psicose. Obras Completas de Sigmund Freud, ed. Rio de janeiro, Imago, 1996, v. XIX

Terapia Psicanalítica - Sigmund Freud (1913)

 Sobre o início do Tratamento:

  • Recordar, Repetir e Elaborar 
  • Como no Jogo de Xadrez uma análise está sujeita a regras semelhantes
  • Sistematização
  • Do início ao fim
  • O desenvolvimento só a partir do estudo de cada caso.
Recomendações para o início do tratamento

  • Exame preliminar ou tratamento experimental de duas semanas
  • Deve seguir as regras de análise
    • Deixar o paciente falar
    • Estabelecer o diagnóstico diferencial
    • Desenvolvimento da Transferência
    • Resistência
    • Sintoma
Tempo de Tratamento
  • Duração indeterminada - é sempre de longos períodos de tempo em função da atemporalidade dos processos Ics.
    • Segundo Freud o sistema Ics consiste em impulsos carregados de desejos procurando descarregar sua catexia. No inconsciente não há censuras, logo nada é negado, podendo dois desejos incompatíveis coexistir dentro dele. O inconsciente é também intemporal.
  • O êxito do tratamento se deve à transferência e não à sugestão
    • A transferência, segundo Freud, pode emergir como um exigência intensa de amor, de atenção, de reconhecimento, ou sob formas mais moderadas: desejo se ser recebido como filho(a) predileto(a), de ser alvo de uma estreita amizade (necessidade libidinal sublimada) etc.
    • Em psicanálise, a transferência é “um processo constitutivo do tratamento psicanalítico mediante o qual os desejos inconscientes do analisando concernentes a objetos externos passam a se repetir, no âmbito da relação analítica, na pessoa do analista, colocado na posição desses diversos objetos” (ROUDINESCO & PLON, 1998, p. 766-767)


Tratamento e Dinheiro
  • Deve ser tratamento com franqueza natural como se deseja tratar as questões da vida sexual do paciente.
  • Incoerência, pudor e hipocrisia devem ser evitados.
  • Intervalo de Tempo curto para pagamento.
O tratamento no Divã
  • Remanescente da hipnose
  • Questão pessoal de Freud
  • Para que os pensamentos Ics e expressões do analista não influenciem os pcs
    • Pré-consciente (Pcs) Essa instância, considerada por Freud uma “barreira de contato”, serve como uma espécie de filtro para que determinados conteúdos possam (ou não) emergirem a nível consciente. Entende-se que os conteúdos presentes no Pcs estão disponíveis ao Consciente.
  • Isolar a Transferência Imaginária e facilitar a transferência simbólica.
Dinâmica da Cura
  • Sofrimento
  • Desejo de ser curado
  • Resistência
  • Transferência
  • Interpretação
Essência da Análise
  • Recordar
  • Repetir
  • elaborar
Disposição inata e influências
  • Precondição para enamorar-se
  • Nas pulsões que satisfaz
  • Nos objetivos que determina a si no decurso desta.
  • Freud examina:
    • A intensidade da transferência nos indivíduos neuróticos em análise - atribui à própria neurose.
    • O surgimento da transferência como resistência ao tratamento.
Contratransferência
  • Surge como resultado da influência do paciente sobre os sentimentos inconscientes do analista e estamos quase inclinados a insistir que ele reconhecerá a contratransferência, em si mesmo, e a sobrepujará (FREUD apud NASIO, 1999)
O manejo da contratransferência

  • dependerá da formação do analista, da maturidade do seu trabalho e da maturidade na profissão.

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Ideações e tentativas de Suicídio em Adolescentes com Práticas Sexuais Hetero e Homoeróticas.

  O Artigo...

  • buscou conhecer as associações entre orientação sexual e ideações e tentativas de suicídio.
  • evidenciou-se que os não heterossexuais têm mais chances de pensarem e tentarem suicídio, comparativamente aos heterossexuais. 
  •  dentre o grupo de adolescentes que se assumiram não heterossexuais, os que estão mais vulneráveis são aqueles que se autodefiniram bissexuais e “outros”, os quais constituem o grupo de pessoas menos assumidas, dentre os não heterossexuais.
  • constatou-se que os respondentes apresentam diversas opiniões e valores homofóbicos, sexistas e heterocentrados, o que revela ser o espaço escolar, onde se encontram esses jovens não heterossexuais, bastante carregado de posicionamentos discursivos discriminatórios.
  •  a questão do suicídio é uma problemática de saúde pública
  •  jovens não heterossexuais necessita de abordagens específicas para a prevenção e de atenção relativas a essa conduta.
  •  estudos sobre as homossexualidades não desconsideram as implicações das normas sexuais na construção das identidades lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTs)
Segundo Katz (1996) e Spencer (2004) a Heterossexualidade...

  •   passou a ser sinônimo de normalidade apenas em fins do século XIX, quando se construiu o discurso de que ela seria a forma ideal de felicidade amorosa e erótica, em oposição à homossexualidade. 
  •  tornou-se referência legítima dos desejos, ideais, princípios e valores (heteronormatividade)um sentimento de superioridade em relação a todas as outras manifestações plurais das sexualidades (heterossexismo)
Cardoso (2003) - Heterossexismo...

  • assume que o heterossexismo é um mito e, como tal, uma inverdade que “explica o mundo do desejo e do amor e, principalmente, [ele] garante a estabilidade das coisas
  • – o heterossexismo justifica uma ordem moral intocável; intocável porque não é questionada, não é avaliada; é aceita como um mito, uma verdade óbvia, natural e universal.
Moreno (1999) e Welzer-Lang (2001) - Sexismo...
  • e a suposta superioridade dos homens (biologicamente falando) em relação às mulheres, o qual pode se desdobrar, por exemplo, no machismo. 
Homofobia...
  •  é entendida como o medo ou o descrédito quanto às pessoas homossexuais ou àqueles que são presumidos o serem, bem como a tudo que faça referência aos atributos, esperados para um sexo, encontrados em outro sexo (Welzer-Lang, 2001). Segundo Tin (2003)
  • pode igualmente se voltar à própria pessoa homossexual, já que imprime sobre o sujeito uma negatividade em relação à homossexualidade e às pessoas homossexuais (Eribon, 2008)
  •  é um dispositivo de controle, no sentido foucaultiano (Foucault, 1988)
  • busca afastar todo e qualquer questionamento ou desestabilização da naturalização da norma(lidade) da conduta heterossexual, fundando, dessa forma, bases para o reforço do binarismo dos gêneros, o qual se aprende (Clauzard, 2002)
  • promove uma percepção negativa e homogeneizada da homossexualidade, no campo social, que resulta, no campo individual, em uma homofobia interiorizada.
Estigma....
  •  pode ser considerado como dispositivo de controle 
  • tem por objetivo  a manutenção, em alguns grupos que exibem uma diferença indesejável, do sentimento de menosvalia social imputado a eles
  •  determina inexoravelmente a sua desqualificação como Sujeitos de Direito que ao mesmo tempo que vêem negada a sua cidadania, negam-se a conquistá-la.
  • O registro negativo imputado pelo estigma provoca o que Erving Goffman descreveu como identidade deteriorada. (1988).
Borrillo (2000) aponta que as pessoas homossexuais são vitimizadas do seguinte modo: 

1) Os homens homossexuais são vitimizados, pois, em sendo homo, se “igualam” às mulheres na posição de eventual receptor do pênis. Logo, são vistos como “efeminados”, deixando de fazer parte do universo viril. Por isso, o estereótipo de que todos os homossexuais masculinos são “mulherzinhas”, “desmunhecados” e/ou “maricas”. 

2) De outro lado, as mulheres homossexuais são vitimizadas, já que, em sendo homo, supostamente deixam de cumprir sua função de “fêmea” reprodutora dos filhos “de um macho”, e não são aceitas no universo viril, ainda que emasculadas, pois não possuem o pênis. Em acréscimo, ao se identificarem enquanto lésbicas, assumem uma postura ativa em relação ao seu desejo sexual. Como tal atividade é exclusiva do universo masculino, elas são rechaçadas pelos homens e pelas outras mulheres, pois quebraram a barreira do silêncio em relação à suposta passividade feminina.

Blumenfeld (1992), Isay (1998) e Hardin (2000) assinalam que tais efeitos englobam: 

1) Negação da sua orientação sexual (do reconhecimento das suas atrações emocionais) para si mesmo e para os outros; 
2) Tentativas de mudar a sua orientação sexual; 
3) Sentimento de que nunca se é “suficientemente bom”, o qual conduz à instauração de mecanismos compensatórios, como, por exemplo, ser excessivamente bom na escola ou no trabalho (para ser aceito); 
4) Baixa autoestima e imagem negativa do próprio corpo, depressão, vergonha, defensibilidade, raiva e/ou ressentimento – o que pode levar ao suicídio já em tenra juventude;
 5) Desprezo pelos membros mais “assumidos” e “óbvios” da comunidade LGBT; 
6) Negação de que a homofobia é um problema social sério; 
7) Projeção de preconceitos em outro grupoalvo (reforçados pelos preconceitos já existentes na sociedade);
8) Tendência de tornar-se psicológica ou fisicamente abusivo, ou permanecer em um relacionamento abusivo; 
9) Tentativas de se passar por heterossexual, casando-se, por vezes, com alguém do sexo oposto, para ganhar aprovação social ou na esperança de “se curar”; 
10) Práticas sexuais não seguras e outros comportamentos autodestrutivos e de risco (incluindo a gravidez e o de ser infectado pelo vírus HIV); 
11) Separação de sexo e amor e/ou medo de intimidade, capaz de gerar até mesmo um desejo de ser celibatário(a); 
12) Abuso de substâncias (incluindo comida, álcool, drogas e outras).

Epidemiologia de Suicídio em Adolescentes independentemente de  orientação e ou identidade sexual
  • No Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Brasil, 1995), Art. 2º, considera-se “criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade”.
  • Para a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1986) entende como adolescente o indivíduo que possui entre 10 (dez) e 20 (vinte) anos de idade.
  •  o período da adolescência tem como característica biológica a puberdade, a qual traz consigo a maturação sexual ocorrente da mesma forma, universalmente, em meninos e meninas.
  • nesse período, o(a) adolescente irá construir sua identidade tendo como medida os referentes coletivos e não apenas os de seu núcleo familiar de origem
  • há uma busca do(a) adolescente em adotar valores e comportamentos visando à aceitação pelo grupo ao qual pertence.
  • esse período de maior desenvolvimento e amadurecimento biológico e psicológico, o(a) adolescente se torna mais susceptível a conflitos emocionais.
  •  primeiras pressões sociais, que, articuladas à realidade emocional dos envolvidos, podem contribuir para alterações de comportamento e surgimento de quadros depressivos, os quais, se não forem superados, correm risco de desembocar em ideações e tentativas de suicídio.
O Suicídio...
  •  Marcus (1995) e Cassorla (1998a; 1998b), o suicídio – ato voluntário de pôr fim à própria vida –, para muitas pessoas, pode ser a última alternativa para lidar com a tensão resultante da não aceitação de desejos (sexuais ou não), no campo social. 
  • Trata-se, portanto, de um ato intimamente ligado ao contexto onde ele se produz (Barros, 1998). 
  • Segundo Zwahr-Castro (2005), apesar de as taxas de suicídio permanecerem relativamente estáticas, nos últimos sessenta anos, nos Estados Unidos, entre os adolescentes ocorre uma maior preocupação com essas taxas por dois motivos: 

a) a taxa de suicídio, nessa faixa etária, quadriplicou nos últimos cinquenta anos; e

 b) o suicídio contagioso ou os grupos de suicídio parecem ser mais comuns entre os jovens que entre outros segmentos da população.

  • Entre os adolescentes, o suicídio é a terceira causa de morte, sendo que 4.000 jovens tiraram a própria vida, em 2001

Suicídio de Adolescentes e Orientação Sexual Homossexual: epidemiologia e casuística...

  • O ato de atentar contra a própria vida já foi entendido como pecado, crime, liberdade individual, efeitos das condições sociais (Durkheim, 1897[1969];
  •  Ariès, 1977), chegando hoje à visão contemporânea de psicopatologia ou condicionamento genético.
  • entendem-se as ideações e tentativas de suicídio de adolescentes “não heterossexuais” como efeitos dos processos homofóbicos e não uma decorrência de processos patológicos individuais. 
  • procura-se compreender o quanto o estigma de se descobrir “não heterossexual”, para si mesmo e/ou para os outros, contribui para levar um(a) adolescente ao ato de pensar e/ou de atentar contra a sua própria vida.
  • EUA -  os jovens gays são de duas a três vezes mais propensos a tentar o suicídio comparativamente aos jovens heterossexuais, compreendendo o total de 30% anual de suicídios juvenis.
 Foram investigados quatro fatores de risco ao suicídio:
  •  pensamentos sobre a própria morte, 
  • desejo de morrer, 
  • pensamentos sobre cometer suicídio 
  • tentativa de suicídio.

 Pesquisas realizadas no Brasil...

  • Entre 2.256 (98,8%) respondentes, 484 estudantes declararam já terem pensando em suicidar-se, o que representa uma prevalência de 21,5%
  • Independentemente da orientação sexual dos respondentes, as meninas (359) apresentaram uma prevalência maior, com 74,2%, de pensamentos suicidas, que os meninos 25,8% (125)
  •  Para ambos sexos, independentemente da orientação sexual, esse fato se deu, na maioria das vezes, entre os 14 e os 16 anos, 312 (67,5%)
  • A prevalência de pensamentos suicidas entre os heterossexuais foi de 20,7%. 
  • A prevalência de pensamentos suicidas entre os não heterossexuais, essa prevalência foi de 38,6%

Os adolescentes tomados por desejos eróticos em relação a pessoas de mesmo sexo biológico – neste estudo, denominados “não heterossexuais” 
  • sentem medo da exclusão e da injúria (Verdier e Firdion, 2003; Eribon, 2008);
  • se afastam da sociedade, tornando-se vulneráveis à depressão e, em alguns casos, a pensamentos e tentativas de suicídio (SavinWilliams, 1990, 1998; Taquette e col., 2005)
Como enfatiza Castañeda (2007, p. 91)...
  •  todas as crianças são criadas por seus pais a partir de um modelo heterossexista, que as faz crer que um dia irão se casar e formar uma família: “[...] é o que lhes repetem incansavelmente seus pais, a escola, a cultura e a sociedade em geral”
  •  Dar-se conta que isso, provavelmente, não acontecerá e que será necessário renunciar a um projeto de vida longamente preparado, é um processo extremamente lento e doloroso. Trata-se de uma perda importante.
Como isso vai afetar psicologicamente o indivíduo? Elizabeth Kübler-Ross (1969), o(a)s psicólogo(a)s envolvido(a)s nos Estudos de Gênero e LGBT (Castañeda, 2007), dirão que...
  • na pessoa que toma consciência de sua homossexualidade, encontrar-se-á a negação (“Talvez não seja verdade.”), 
  • a raiva (“Por que eu?”), 
  • a barganha (“Farei de tudo para evitar isso. Vou compensar esse ‘defeito’, sendo o melhor...”), 
  • a depressão (“Nunca serei feliz.”), 
  • a aceitação (“Sou o que sou e não preciso nem me esconder, nem tentar agradar ninguém para ser aceito.”). Quando dá certo.
O suicídio em adolescentes não heterossexuais...
  • está acompanhado de certa desesperança e negação interna da sexualidade, que costumam ser reforçadas pela sociedade heteronormativa em que vivemos (Oliveira, 1998).
  •  a pressão social vai acentuar um estado de melancolia no sujeito, que dificultará que ele faça o luto da heterossexualidade
  •  a construção de uma identidade sexual na qual a pessoa se reconheça e se sinta autorizada a expressar seus desejos, ainda que o contexto em que viva não seja propício. 
O(a)s jovens bissexuais e/ou os que ainda não se definiram estão em maior risco. 
  • Isso faz supor que, em uma sociedade onde a organização das relações entre os gêneros se dá a partir de uma lógica binária de formatação da sexualidade, de fato, aquele(a)s que se sentem atraído(a)s por ambos os sexos podem mesmo encontrar maior dificuldade de compreensão e estabelecimento de parcerias amorosas, já que tal sujeito é visto ou como “indeciso”, “oportunista” ou “imaturo” (Castañeda, 2007)
  • a negociação do “sair do armário”, isto é, revelar-se LGBT para si, familiares, amigos/as e escola, passa por situações diversas e implica respostas distintas, uma vez que, em cada lugar, a homossexualidade terá um valor, uma representação, uma consequência. 
  •  A saúde sexual é concomitante à saúde mental.
  • e, a bissexualidade é bem mais incompreendida do que as identidades: gay e lésbica, que há tempos são publicitadas pelos movimentos sociais LGBT.
  •  o(a)s jovens não heterossexuais estão mais vulneráveis
Referências
FILHO, Fernando Silva Teixeira; Rondini, Carina Alexandra. Ideações e tentativas de Suicídio em Adolescentes com Práticas Sexuais Hetero e Homoeróticas.

sábado, 21 de novembro de 2020

Transtorno Depressivo e Antidepressivo

 

  • Transtornos disruptivo da desregulação do humor
    • crianças até 12 anos, irritabilidade persistente e descontrole comportamental extremo. Padrão de sintomas: transtornos depressivos unipolares ou transtornos de ansiedade, em vez de transtornos bipolares, adolescência e na idade adulta.
  • Transtorno depressivo maior (TDM)( incluindo episódio depressivo maior)
    • episódios distintos de pelo menos 2 semanas, envolvendo alterações no afeto, cognição e em funções neurovegetativas, e remissões interepisódicas.
    • O diagnóstico : único episódico/ recorrente.
    • Diferenciação da tristeza e do luto
  • Transtorno depressivo persistente ( distimia)
    • dois anos em adultos e um ano em crianças
  • Transtorno disfórico pré-menstrual.
    • específico e responsivo a tratamento. Após a ovulação e remite poucos dias após a menstruação - impacto significativo no funcionamento.
    • Um grande número de substancias e abuso, alguns medicamentos e diversas condições medicas podem estar associadas a fenômenos semelhantes a depressão.
    • esse fato é reconhecido nos diagnósticos de transtornos depressivo induzido por substancia / medicamento e de transtorno depressivo devido a outra condição médica.

  • Transtorno depressivo induzido por substâncias / medicamentos.
  • Transtorno depressivo devido a outra condição médica.
  • Outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado.
A característica comum desses transtornos é a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo.
O que difere entre eles são os aspectos de duração, momento ou etiologia presumida.

Incidência e prevalência
  • O transtorno depressivo maior tem a prevalência mais alta ao longo da vida (17%) de todos os transtornos psiquiátricos.
Sexo
  • Prevalência 2 vezes maior de TDM em mulheres que em homens.
  • Hipóteses: diferenças hormonais, efeitos departo, estressores psicossociais diferentes para mulheres e para homens e modelos comportamentais de impotência aprendida.
  • O Transtorno Bipolar I tem prevalência igual entre homens e mulheres.
  • Episódios maníacos são mais comuns em homens, e episódios depressivos são mais comuns em mulheres.
  • Quando episódios maníacos ocorrem em mulheres, elas tem mais probabilidade que os homens de apresentar um quadro misto.
  • As mulheres também têm uma taxa mais rápida de ciclagem rápida.
Idade
  • Transtorno Bipolar I - Infância ( a partir de 5 a 6 anos de idade) aos 50 anos ou mais, média de 30 anos.
  • TDM - 40 anos (50% entre 20 e 50 anos - infância e velhice.
  • Incidência do TDM pode estar aumentando entre pessoas com menos de 20 anos - uso de álcool e abuso de drogas. 
Estado civil

TDM - sem relacionamentos interpessoais íntimos - divorciados ou separados.
O transtorno Bipolar I - ocorre mais em divorciados e solteiras do que entre as casadas. Além de início precoce e discórdia conjugal resultante característica do transtorno.

Fatores socioeconômicos e culturais
  • Não correlação com TDM
  • Transtorno bipolar I - grupos socioeconômicos mais altos, mais comum em pessoas que não tem curso superior do que naqueles com diploma universitário-início precoce par ao transtorno.
Comorbidade
  • Abuso ou dependência de álcool
  • Transtornos de pânico]Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) 
  • Transtorno de ansiedade social.
  • Algumas substâncias piora o prognóstico da doença, aumentando de maneira acentuada o risco de suicídio entre indivíduos com depressão maior unipolar e bipolar.
Fatores biológicos e Aminas biogênicas

Os neurotransmissores monoaminérgicos  norepinefrina, dopamina, serotonina e histamina.

NOREPINEFRINA - age no sistema noradrenérgico da depressão.
SEROTONINA -     possui forte efeito inibidor seletivo da recaptação de serotonina, reduzindo alguns sintomas da depressão.
DOPAMINA - Sua atividade pode estar reduzida a depressão e aumentada na mania. Medicamentos como bupropriona reduzem os sintomas da depressão.

Referências:
SAdock, Benjamim. Compêndio de Psiquiatria: cincia do comportamento e psiquiatria clínica.
Aula da Professora Me.Elisangela Cata Preta

Depressão e Suicídio: uma correlação

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Depressão e Suicídio: uma correlação
  • A influência da depressão no suicídio abrange diversos fatores (social, pessoa e psíquico), como os transtornos mentais.
  • Classificação do suicídio em dois momentos: 
    • primeiro quando o suicídio era considerado ilegal. 
    • O segundo momento a condenação do suicídio passa ser absoluta e sem exceção.
  • Sintomas característicos da Depressão:
    • tristeza, desesperança, falta de motivação e desinteresse pela vida, esses fatores são influenciadores no comportamento suicida.
Conceito de suicídio
  • A palavra suicídio tem origem no latim “sui caedere”; sui = si mesmo e caedes = ação de matar. Por vezes, o termo suicídio pode ser nomeado como morte voluntária, intencional ou auto infligida (FERREIRA, 2008).
  •  Na Língua portuguesa, “suicidar-se é dar a morte a si mesmo, matar-se”. Por vezes, “quando o indivíduo não consegue êxito em tal ação, é considerado como tentativa de suicídio”. Tanto a tentativa como o ato suicida em sim são motivados por ideação suicida, ou seja, “pensamentos que levam o indivíduo a planejar a própria morte” (CARDOSO, 2012, p. 43).
Conceito de Depressão

  • tem origem no latim depressus, ato de deprimir-se. 
  • Segundo Teodoro (2010), a depressão é classificada como transtorno mental, que envolve uma complexa interação entre fatores orgânicos, psicológicos e ambientais.
  •  São comuns na depressão sintomas de angústia, rebaixamento de humor, perda de interesse, apatia, choro persistente, sentimento de impotência, perda de prazer e energia frente à vida. 
  • De acordo com Barbosa, Macedo e Silveira (2011), a ideação suicida também é um sintoma da depressão. 
Estatísticas de Suicídio

  • anualmente um milhão de pessoas se suicidam no mundo;
  •  a cada 45 segundos uma pessoa se suicida em algum lugar do planeta.
  •  Os índices mais altos de suicídio são observados nos países da Europa Oriental, América Central e América do Sul. 
  • Quanto à tentativa de suicídio, segundo a Organização Mundial de saúde - OMS (2011), a tentativa supera o número de suicídio em pelo menos dez vezes, cerca de 15 a 25% das pessoas que tentam suicídio, tentarão se matar novamente. (BARBOSA; MACEDO; SILVEIRA, 2011).
  • A Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP (2009) aponta um elo entre o comportamento suicida e os transtornos mentais. Os dados comprovam que de 15.629 pessoas que suicidaram, 90% dos casos enquadrariam em algum transtorno mental. 
  • A depressão maior se destaca com o índice de 35,8% dos casos de suicídio. 
  • Frente essas constatações, e por ser a depressão e o suicídio, problemas de saúde pública, tal estudo pode contribuir com novas pesquisas a cerca dessa temática e para os profissionais de saúde que constantemente lidam com essas situações.

Relatos sobre Depressão...

  • Ao abordar sobre a depressão, é necessário inicialmente compreender que a depressão não é uma doença do século XXI. Apesar de que foi somente no século XIX que formou-se a depressão comum. Anteriormente a depressão era denominada de melancolia, ou seja, “Per-turbações há muito chamadas de melancolia são agora definidas como depressão” (GONÇALES; MACHADO, 2007, p. 298).
  • Hipócrates formulou a primeira classificação nosológica dos transtornos mentais, descrevendo e nomeando a melan-colia, mania e a paranoia (LACERDA; SOUZA, 2013)
  • Robert Burton (1621), estudou sobre as doenças mentais, ainda na modernidade publi-ca a obra “A anatomia da melancolia” defendendo a diferenciação dos quadros de melancolia e de loucura, atualmente popularizada pela nomenclatura de mania. Burton é pioneiro ao des-crever o quadro de síndrome que viria a ser explicado como transtorno bipolar, associando este transtorno à melancolia. Em sua obra, há referência à distinção de entre dois modos me-lancólicos, a positiva e o quadro de doença crônica (LACERDA; SOUZA, 2013).
  • Segundo Lacerda e Souza (2013), a termologia depressão ganha espaço a partir do sé-culo XIX, substituindo a expressão melancolia, juntamente com suas predileções, por uma entidade nosológica independente.
  • Conforme Solomon (2002), a primeira metade do século XIX foi profícuo nos estudos da depressão, em especial no território francês. Philippe Pinel e Jean-Etienne Dominique Esquirol induziram no tratamento, o caráter humanizado. 
  • Pinel define a melancolia ou, na terminologia usada por ele, de “delírio sobre um assunto exclusivo”, como uma caracterização parcial de insanidade composta de delírios que levam a apatia e a solidão, que tinham causas nas experiências de vidas, em configurações nervosas, ou em predisposições físicas e psicológicas do indivíduo.
  • Kraepelin propõe uma subdivisão das doenças em duas entidades, transtornos afetivos e psicoses esquizofrênicas, postulando de forma basilar a compreensão da doença mental por mais de um século. Neste ínterim, a depressão foi considerada como parte da psicose maníaco-depressiva, com atribuições hereditárias, com ênfase nos fatores internos, em detrimento dos externos.
  • Freud em 1917, com a publicação do artigo, “Luto e Melancolia”, destaca a extensa área clínica da melancolia, com as interferências somáticas e psicogênicas. Ele defende que na melancolia ocorre um empobrecimento e esvaziamento do próprio ego, propiciando um delí-rio de inferioridade, principalmente moral, agregando à insônia e a inibição de apetite. Freud também aponta, que na melancolia a tentativa ao suicídio, e que a melancolia se torne mania. (LOPES, 2005).
  • Atualmente, conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-V (2013, p. 255), o transtorno depressivo tem como características: “presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam signi-ficativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo”. Ainda segundo o DSM-V a depressão classifica em:
    • transtorno disruptivo da desregulação do humor, 
    • transtorno depressivo maior, 
    • transtorno depressivo persistente, 
    • transtorno disfórico pré-menstrual, 
    • transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, 
    • transtorno depressivo devido á outra condição médica, 
    • outro transtorno depressivo especificado 
    • e transtorno depressivo não especificado

Segundo o Manual de DSM-V (2013, p. 162), o transtorno depressivo maior é caracterizado, por:

  • Humor deprimido deve estar presente na maior parte do dia, além de estar presente quase todos os dias.
  •  Insônia ou fadiga frequentemente são a queixa principal apresentada, e a falha em detectar sintomas depressivos associados resultará em sub diagnóstico. 
  • A tristeza pode ser negada inicialmente, mas pode ser revelada por meio de entrevista ou inferida pela expressão facial e por atitudes. 
  • Fadiga e perturbação do sono estão presentes em alta proporção de casos; 
  • perturbações psicomotoras são muito menos comuns, mas são indicativas de maior gravidade geral, assim como a presença de culpa delirante ou quase delirante.

No Transtorno disruptivo da desregulação do humor  (DSM-V, 2013)

  • tem como característica principal a irritabilidade crônica grave, ou seja, o indivíduo manifesta raiva e demonstram comportamentos de explosão ocasionados por frustrações. 
No transtorno depressivo persistente (DSM-V, 2013)

  •  o sujeito apresenta um humor depressivo crônico, pelo período mínimo de dois anos. Em crianças e adolescentes o humor pode ser irritável, com duração mínima de um ano. 
No transtorno disfórico pré-menstrual (DSM-V, 2013)

  •  é caracterizado pela alteração do humor, irritabilidade, disforia e ansiedade, durante a fase pré-menstrual. 
No transtorno depressivo induzido por substância/ medicamento (DSM-V, 2013)

  • está associado à ingestão, injeção ou inalação de uma substância, advinda de drogas, medicamentos, manifesta-se por efeitos fisiológicos, da intoxicação ou abstinência. 

Depressão na perspectiva psicanalítica (SAMPAIO apud SOUSA, 2015, p. 13)....

  • A depressão deve-se a perda real ou imaginária, do objeto amado. 
  • Após a perda desse objeto, sensações mistas de amor e ódio são vivenciadas, mas não há a exteriorização dessas hostilidades, voltando-se contra ao próprio indivíduo. 
  • É por “receio da repetição de uma nova perda semelhante, a pessoa fecha-se em sim mesma” 
Depressão na Teoria Cognitiva (SAMPAIO; BECK apud SOUSA, 2015)...
  • a depressão é considerada como uma perturbação dos processos cognitivos que estão ligados ao comportamento. 
  • Três fatores desencadeiam a depressão: 
    • sendo os esquemas cognitivos disfuncionais; 
    • tríade cognitiva 
    • erros cognitivos. 
  • Os esquemas cognitivos disfuncionais são construídos na infância frente vivencias de eventos traumatizantes, perda ou insucesso. 
  • A tríade cognitiva refere-se visão pessimista que o indivíduo tem de si próprio, do mundo e do futuro. 
  • E os erros cognitivos, consistem numa interpretação errônea da realidade, enquadrando na visão negativa.
Estatísticas da Depressão...
  • a depressão atinge cerca 121 milhões de pessoas em todo globo. Estimam-se que, 5% a 10% da população sofrerá com a doença ao longo da vida. Hoje, a depressão representa a terceira causa de doença mundial e em países desenvolvidos está em primeiro lugar. Além disso, os transtornos mentais representam-se 12% das doenças em todo mundo. Em países desenvolvidos os índices são elevados, 23%, na Europa destaca-se com um índice de 26,6%. Assim, calcula-se que a depressão estará em primeiro lugar como “doença mundial” até em 2030 (LOPES, 2005).
  • Em relação ao gênero, a incidência é de 10% para o sexo feminino e 5% para o sexo masculino de desenvolver a doença. As diferenças apresentadas entre homens e mulheres, justificam-se pelos aspectos fisiológicos, o papel social desempenhado gênero, e pela maior sensibilidade emocional das mulheres. Quando a classificação, a depressão maior apresenta um índice alarmante, pois afeta em todo o mundo, 50 milhões de pessoas (SOUSA, 2015).
Suicídio segundo (DURKHEIM, 2000, p. XXV)...
  • considera que: “a unidade de análise é a sociedade e não o indivíduo”
  • “vulgarmente, o suicídio é, antes de tudo, o ato de desespero de um homem que não faz mais questão de viver.”
  • “chama-se suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima e que ela sabia que produziria esse resultado."(DURKHEIM, 2000, p. 11-14).
  • no século XIX, o suicídio passa a ser uma manifestação da doença mental, considerando um problema de ordem moral. Também no século XIX, em 1897, que Durkheim na obra “O suicídio: estudo Sociológico”
  • Durkheim (2000) nesse distingue o suicídio em três tipos:
    • o suicídio egoísta, 
    • suicídio altruísta 
    • suicídio anômico, a partir das influências do meio social, religiosidade, família, sociedade, política, grupos profissionais e a própria relação indivíduo/sociedade.
Fatores que levam o sujeito a cometer suicídio segundo a OMS(2011):
  • os transtornos mentais, 
  • relações familiares, 
  • gênero sexual, 
  • faixa etária de vulnerabilidade, 
  • abuso de álcool, 
  • drogas ou fármacos 
  • situações sociais desfavoráveis, como pobreza e desemprego.
Para Krüger e Werlang (2010) a prática suicida ganha força em situação complexa no contexto familiar, que envolvem:
  •  a perda do emprego, 
  • rompimento do namoro,
  • matrimonio, 
  • saída dos filhos de casa, 
  • a falta de ocupação, 
  • agregados pelas expectativas construídas em histórias passadas, 
  • presentes em torno do futuro.
  • condições socioeconômicas 
  • padrão de possibilidades de consumo de roupas, alimentos, lazer, entre outros, interligados aos contextos biopsíquico, podem motivar as pessoas cometerem o suicídio. (ABREU et al 2010).
Influências da depressão no ato suicida
  • Deve-se considerar a existência de vulnerabilidade, fatores de riscos propensos a influenciar os indivíduos a cometerem o suicido.
  • 30% dos casos de suicídio praticados no mundo  tem como destaque os transtornos mentais com destaque os transtornos depressivos.
  • O suicídio associado a depressão vitima cerca de 850 mil pessoas por ano (OMS, 2006, p.24)
O suicídio, nessa ótica, não pode ser diagnosticado como um sintoma da depressão, mas como um recurso que incide sobre as pessoas deprimidas, já que, “só se pode considerar todos os suicidas deprimidos se a tendência ao suicídio for estipulada como uma condição por si só suficiente para o diagnóstico da depressão” (SOLOMON, 2002, p. 226).



Referências:

Depressão e suicídio: uma correlação.Gláucia Lopes Silva Assumpção1, Luciele Aparecida de Oliveira2, Mayra Fernanda Silva de Souza3. disponível em: file:///C:/Users/lecou/Downloads/15973-Texto%20do%20artigo-61061-1-10-20180309.pdf

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Saúde Mental no trabalho: principais tendências


A psique segundo Sigmund Freud

  • Mundo interno (Superego) e Mundo externo (Id) e Ego fica na linha que divide o Mundo interno do Mundo externo Procura equilibrar o Id e o Superego com uma força chamada pulsão. 
  • O que não se resolve o ego recalca e o que se resolve o ego sublima.  
  • A energia gasta para recalcar ou sublimar se chama catexia. 
  • Quando recalca pode ser um sofrimento patogênico e quando sublima se resolve. O inconsciente é psicodinâmico porque os conteúdos circulam, retornam ainda que seja recalcado, e se manifesta através de sintomas

Christophe Dejours

A psicodinâmica do trabalho

   A psicodinâmica do trabalho é uma abordagem científica, desenvolvida em França na década de 1980, por Christophe Dejours.

       Dejours tem pesquisado a vida psíquica no trabalho há mais de 30 anos, tendo como foco o sofrimento psíquico e as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos trabalhadores para a superação e transformação do trabalho em fonte de prazer.

        Para Dejours o início da história da psicodinâmica do trabalho se dá nos anos 1970 do século XX, na França, muito próxima na época da psicopatologia do trabalho. Em meados dos anos 1990 seus estudos começam a investigar o tema do sofrimento no trabalho aliviando a relação causal precedente utilizada pelos psicopatologistas do trabalho da época. O foco de preocupação agora é problematizar o sofrimento gerado na relação homem-­trabalho, quando o trabalho é fonte .

Dejours então se torna um pioneiro que vai formular a nova ciência tratada “análise do sofrimento psíquico resultante do confronto dos homens com a organização do trabalho”. Dejours, em definição posterior, entende que se trata da “análise psicodinâmica dos processos intra e intersubjetivos mobilizados pela situação de trabalho”. O sofrimento passa a ser o centro da análise que, articulada às exigências da organização do trabalho, revela os modos de subjetivação, principalmente, da classe trabalhadora

O trabalho muitas vezes cura... transformação em trabalho criativo. Demanda do sujeito uma readaptação constante por parte do trabalhador.

O eu real não existe. O real é na ordem do insuportável. Tudo é simbólico, a mente percebe as imagens e as representações são imaginárias.  O esquizofrênico tenta operar no mundo real e não consegue. Quem é seu pai real? Aquele que vc pensa é imaginário, se teve sentimento está no simbólico. As verdades do imaginário são verdades pessoais, fantasia...

Psicodinâmica - Alguns conceitos

Organização do trabalho

  • a organização do trabalho aparece como o resultado de um processo complexo de negociação.
  • Trabalho
  • “é a atividade desenvolvida por homens e mulheres para fazer face ao que não é já dado pela organização prescrita do trabalho”
  • o sentido do trabalho é entendido de forma dinâmica como algo que é construído nas relações intersubjetivas que têm lugar em situações concretas de trabalho e tem como centro a questão do reconhecimento

Dinâmica do Reconhecimento

        => eixo central da análise psicodinâmica do trabalho.

        Cooperação

  • regras de trabalho
  • mobilização subjetiva dos sujeitos.
  • Contribuição - retribuição
  • Os julgamentos,  --  trabalho e seus resultados não ao sujeito.
  • Julgamento de utilidade - racionalidade instrumental - eficácia
  • Julgamento de beleza -  racionalidade prática racionalidade                      
  • subjetiva

                                      TRABALHO 

                    SOFRIMENTO   -    RECONHECIMENTO


        Julgamento (ter) => retribuição simbólica (ser) => realização de si

·       dinâmica da construção fortalecimento da identidade

·       mobilização subjetiva  => real  -  trabalho=> realização de si


Estrutura da psique - Psicanálise

                  



        Dejours, estudou o papel da organização do trabalho em relação aos efeitos positivos e negativos que este pode exercer sobre o funcionamento psíquico do trabalhador.

Conceitos Básicos

1 - Divisão de tarefas;

2 - Divisão de  homens.


DIVISÃO DE TAREFAS

  • Trabalho que se deve executar dentro de um prazo fixo.
  • Qualquer trabalho que se faz por dever ou necessidade.
  • Trabalho remunerado por unidade de serviço ou empreitada.

1 - O conteúdo das tarefas; 

2 - Modo operatório (fluxo do trabalho)  

Organização formal 

  • Divisão das tarefas  

Organização Real

3. O descompasso entre a organização formal e a real favorece o sofrimento mental.   

Divisão de homens                                                    

1 – Compreende a forma pela qual as pessoas dão divididas em uma organização e as relações interpessoais que se estabelecem;

2 – Podem gerar conflitos interpessoais evocados de sofrimento humano.






CARGA PSÍQUICA

  •         Tudo o que envolve o trabalho
  •         Vivência subjetiva
  •         Aumenta quando a liberdade de organização do trabalho diminui
  •         Positiva =Trabalho Equilibrante
  •         Negativa= Trabalho Fatigante



SINTOMAS E DEFESAS

  •         Sofrimento (patogênico, criativo e ético)                          
  •         Desprazer e tensão
  •         Fadiga
  •         Descompensação de acordo com as estruturas psíquicas


O Sentido do trabalho

  • Mobilização subjetiva: Processo pelo uso de recursos psicológicos, permite a transformação do sofrimento a partir do resgate do sentido do trabalho.
  • Trabalho vivo: O que o trabalho deve acrescentar, inventado pelos trabalhadores; envolve a criatividade, que dá sentido ao sofrimento.
  • Flexibilização da organização de trabalho
  • Clínica do Trabalho






Referências: Aula do Prof. Dr. Antonio Figueiredo