domingo, 24 de janeiro de 2021

Psicodiagnóstico - O que é?

  Psicodiagnóstico...

  • Segundo Arseno (1995, p.5) apud HUTZ at al (2016, p.16),"... fazer um diagnóstico psicológico não significa necessariamente  o mesmo que fazer psicodiagnóstico."
  • Implica automaticamente em administrar Testes, portanto, não sendo necessário aplicar testes, deixa de ser um psicodiagnóstico.
  • Toda Avaliação Psicológica que não utilize testes não deve ser chamada de psicodiagnóstico.
  • Segundo Cunha (2000,p.23) apud HUTZ et al (2016, p.16) designa um tipo de Avaliação Psicológica com propósitos clínicos, em que "... há a utilização de testes e de outas estratégias, para avaliar o sujeito  de forma sistemática, científica,  orientada para a resolução de problemas." 
  • Cunha (2000) apud Hutz et al (2016) sugere a obrigatoriedade do uso de testes, para que o processo de avaliação clínica seja chamado de "psicodiagnóstico".
  • É realizado pelo psicoterapeuta, capacitado tecnicamente a aplicá-lo.
  • O campo e Arseno (1979/2009)  apud HUTZ et al (2016, p.17) trazem a ideia de que o processo psicodiagnóstico inclui, obrigatoriamente, uma etapa de:
    •  aplicação de testes
    • aplicação de técnicas projetivas
  • Trinca (1983) apud HUTZ et al (2016, p.17) afirmou que o uso de testes ou não depende do psicólogo em relação a cada paciene.
Definições segundo o CFP-Conselho Federal de Psicologia.

Avaliação Psicológica...
  •  engloba qualquer atividade com ou sem uso de testes psicológicos.
  • é compreendida como um amplo processo de investigação, no qual se conhece o avaliado e sua demanda, com o intuito de programar a tomada de decisão mais apropriada do psicólogo.
  • refere-se a coleta e interpretação de dados, obtidos por meio de  um conjunto de procedimentos confiáveis, entendidos como aqueles reconhecidos pela ciência psicológica.
  • Processo amplo que envolve a integração de informações proveniente de diversas fontes, dentre elas, testes, entrevistas, observações e análise de documentos.
  • Utilização de diversos recursos e estratégias (incluindo os testes psicológicos) para compreensão mais aprofundada as características de uma pessoa ou situação. 
Testagem Psicológica...
  • considera um processo diferente, cuja principal fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes tipos.
  • Utilização de um teste psicológico ou uma bateria de instrumentos para fins de mensurar um traço ou uma habilidade. Procedimento de uso de ferramentas psicológicas, como testes por exemplo, para mensurar determinado(s) constructo(s).
  • Ver os  pilares da testagem: saber o que está testando; identificar os testes que medem o constructo; aplicar o teste e mesurar o resultado do teste.
Psicodiagnóstico (Cartilha  de 2013 (CFP,p.34) apud HUTZ et al (2016, p.16))
  • O Psicodiagnóstico é um processo de avaliação psicológica que só existe no contexto da clínica. Fora desse contexto, é uma Avaliação psicológica. Contempla sobretudo, o indivíduo. Psicodiagnóstico é um procedimento complexo, multifacetado, interventivo, baseado em varias informações e que permitem a elaboração embasada de um diagnostico.
  • O objetivo é se obter um diagnóstico clínico.
  • Para realizar um bom diagnóstico precisa ter domínio de base teórica sobre personalidade, inteligência, motivação e demais constructos. não é necessária uma base teórica de determinada abordagem, que se aplica na psicoterapia, por exemplo, que é uma prática interventiva.
  • Modalidade de avaliação psicológica, sem a especificação da necessidade ou não do uso de testes, como pode ser visto a seguir: "... no âmbito da intervenção profissional, os processos de investigação psicológica são denominados de avaliação psicológica, descrito em termos de suas modalidades - psicodiagnóstico, exame psicológico, psicotécnica ou perícia" (CFP, 2013, P.34, grifo nosso).
  • Segundo Wainstein (2011); Wainstein & Bandeira (2013) "...não é o uso ou não de testes ou de determinados tipos de testes, que configura a realização de um psicodiagnóstico.
  • De acordo com ARZENO (1995), Psicodiagnóstico é diferente de diagnóstico psicológico pelas seguintes razões:
    • todo psicodiagnóstico pressupõe a utilização de testes
    • O diagnóstico psicológico nem sempre os testes são instrumentos necessários ou pertinentes.  Inclui-se outras formas de diagnostico, como entrevistas, observação, por exemplo.

"PARECE NÃO HAVER UM CONSENSO A RESPEITO DA NOMENCLATURA UILIZADA PARA DESIGNAR O ENCAMINHAMENTO DE UM INDIVÍDUO PARA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA."

Psicodiagnóstico segundo Hutz et al (2016)...
  • "...procedimento científico de investigação e intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas e/ou testes  com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas, visando um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou dinâmico) construindo á luz de uma orientação teórica que subsidia a compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos." (HUTZ et al., pg.27, 2016)

  • "...abrange qualquer tipo de avaliação psicológica de caráter clínico que se apoie em uma teoria psicológica de base e que adote uma ou mais técnicas (observação, entrevista, testes psicométricos, técnicas projetivas, etc.) reconhecidas pela ciência psicológica." (p;20)
Atualmente o psicodiagnóstico é considerado um Processo não interventivo, mas que, porém, em algum nível geral, ocorre um impacto de intervenção junto ao avaliado e avaliador.
  • É perigoso considerar as práticas avaliativas apenas em sua dimensão investigativa, excluindo aspectos interventivos e terapêuticos que lhes são inerentes.
  • O psicodiagnóstico precisa de uma teoria psicológica que o fundamente. 
  • Na atualidade, observa-se uma supervalorização de instrumentos psicométricos e projetivos em detrimento da escuta e da tarefa de síntese compreensiva que deve ser realizada pelo psicólogo a partir de todas as informações coletadas durante a avaliação.
  • Em alguns casos, a teoria psicológica tem cada vez menos influência no processo, seja por não orientar o próprio processo avaliativo, seja por não estar comtemplada na construção dos instrumentos que são utilizados de forma indiscriminada.

REFERÊNCIAS
HUTZ, C.S.; BANDEIRA, D.R.; TRENTINI, C.M.; KRUGM J.F. Psicodiagnóstico. Coleção Avaliação Psicológica, Artmed. Porto Alegre, 2016. 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Considerações importantes da psicoterapia, segundo Carl jung.

  • A psique humana é extremamente  ambígua, sendo preciso indagar se este comportamento ou aquele traço de caráter é verdadeiro, ou se está simplesmente compensando o seu contrário.
  •  Jung considera dois tipos de temperamentos, comportamentos: extrovertido e introvertido.
  • Na questão de temperamento, não pode deixar de mencionar que há pessoas de postura essencialmente espiritual e outras cujas atitudes são essencialmente materialistas.
  • Jung busca através dos sonhos, pistas, meditar sobre o sonho com mais profundidade, embora não tendo uma teoria dos sonhos, não se trata portanto, de um método cientifico (pg.55). Embora não seja um método científico, para Jung na prática, indica ao paciente, em que direção aponta o inconsciente. Jung tem a única preocupação de que o sonho é importante para o paciente e se este faz fluir a sua vida.
  • Os sonhos podem ser aleatórios, fazer referências a coisas do passado já acontecidas,  coisas que ficaram soterradas em algum momento do passado e nem o paciente sabe conscientemente disso, podendo aí levantar pistas. Também podem oferecer pistas do presente ou ainda de algo que n]ao aconteceu ainda em sua vida, compostos de pressentimentos, intuições de coisas possíveis. Além disso, podem haver sonhos de conteúdos analógicos à mitologia, podendo sonhar com formas bizarras inacreditáveis, desconcertantes. Em qualquer desses casos, Jung revela que é preciso buscar junto ao paciente o fator eficaz do sonho. Para isso o psicoterapeuta precisa obter maior informação a respeito da psicologia primitiva, da mitologia, da arqueologia e da história das religiões comparadas.

Inconsciente Coletivo 

  •  É um funcionamento psíquico inconsciente, genérico, humano, que está na origem não só das nossas representações simbolicamente modernas, mas também de todos os produtos análogos do passado da humanidade. (pg.63).
  • Jung afirma estar aí, um processo vital, extraconsciente da alma humana, que pode ser observada pelo inconsciente coletivo. (pg.64). Seria o afloramento da parte histórica da alma.
  • Considera que a alma não se importa com as nossas categorias de realidade. Que para ela é real tudo o que antes de mais nada é eficaz. 
  • É preciso descobrir o quanto a alma é diferente do consciente para que seja capaz de reconhece-la.

Referências: 

JUNG. Carl Gustave. Obra completa. A prática da psicoterapia. Volume 16/1 Psicoterapia. 16 edição. Editora Vozes. Rio de Janeiro, 2018. 8 reimpressão.

O que é psicoterapia?


Sobre a psicoterapia...

  •  é uma ciência e um método científico." (pg.32)
  • a Teoria da sugestão (por hipnose) que propusera reagir aos sintomas, foi substituída pela concepção psicanalítica de Freud, que sabia que a causa da doença não era afastada pela repressão ao sintoma, tornando possível a conscientização das causas patogênicas.
  • Pesquisas feitas nos últimos 50 anos mostraram que os principais processos etiológicos, isto é, que estuda as causas das doenças, têm natureza inconsciente.
  • As mudanças na psicoterapia surgem a partir da teoria sobre as perturbações neuróticas. Verificou-se que, ao atingir um sintoma, logo surgia outro, já que não se buscava atingir a causa do problema.
  • Toda psicoterapia moderna para ser respeitada por sua seriedade científica, depende do interesse amplo e sem reservas dispensado a cada paciente individualmente. O que gera um procedimento muito trabalhoso e demorado para as neuroses.

Teoria das Neuroses ou Teoria do Trauma - Freud e Breuer

  • Método Catártico...

... que procurava fazer com que os momentos traumáticos, que originaram a doença, retornassem à consciência do paciente, o que demandava do paciente a energia necessária para reviver o problema.

...exigia um aprofundamento cuidadoso e individual de cada caso particular, uma atitude paciente e inquisitiva, voltada para os eventuais momentos do trauma. 

...Só pela observação e exame minucioso do material produzido pelo paciente, era possível constelar os momentos traumáticos, para se chegar na ab-reação das situações emocionais causadoras da neurose. 

... pacientes que entravam em estado de relaxamento propiciaria a ab-reação das recordações traumáticas, mas nem todos os resultados eram satisfatórios através desse método.

  • Teoria do Recalque - Freud 
... a maioria dos casos de neurose era causados por traumas, especialmente, os de origem sexual.

... essa teoria considera que as neuroses são muito mais distúrbios do desenvolvimento.

... o terapeuta deve rastrear emoções e tendências sexuais da infância recalcadas no paciente, o que só é possível através de um amplo exame de anamnese e atuais atividades de fantasias do paciente, já que se trata de materiais inconscientes.

  • O que transformou a psicoterapia moderna em um método de tratamento psicanalítico-individual?
... as descobertas de  Freud, de que as emoções infantis aparecem principalmente nos sonhos, o que torna o tratamento psicanalítico totalmente individual.

... Adler chamou de Tratamento psicológico-individual.

... Jung afirma que quase sempre uma neurose é produto de uma evolução defeituosa, que demorou anos e anos para se formar, e que não existe processo curto e intensivo que a corrija, tornando o tempo um fator insubstituível na cura. (pg.35)

Porque as neuroses não são consideradas doenças graves?
  • Não são tangíveis nem corporais.
  • Não matam como é o caso, por exemplo, de determinadas doenças físicas.
  • Esquecem-se que podem ser extremamente deletérias, com prejuízos psíquicos e sociais graves, como isolamento social, por exemplo.
  • As faculdades de medicina têm dado pouca importância ao fato de ser grande o número de neuroses existentes e enormes a incidência das implicações psíquicas em doenças orgânicas, motivo pelo qual os próprios médicos adoecem sem ter consciência do que acontece.
É preciso considerar que uma neurose...
  •  não deve ser vista apenas do ponto de vista clínico, mas também do ponto de vista psicológico e social.
  • é um fenômeno muito mais psicossocial do que uma doença sensu strictiori
  • vai além do conceito de doença, de um corpo isolado, disfuncional.
  • é preciso considerar o homem neurótico como um sistema de relação social enfermo.
Freud X Adler X Jung sobre as neuroses...
  • Freud representa o racionalismo científico do século XIX. A psicanálise freudiana está longe de ser a solução para todos os problemas. Jung afirma que sua verdade se limita ao sistema sexual da relação, mas é cega a tudo quanto não lhe esteja subordinado.
  • Adler  representa as tendências político-sociais do início do século XX. Ele provou que não são poucas as neuroses e que podem ser explicadas de maneira diferente, com melhores resultados. O tratamento tem como meta terapêutica a conscientização dos conteúdos e das tendências causadores das doenças,  e redução aos instintos primitivos e simples, a fim de restabelecer ao paciente sua condição humana natural e sem deformações.
  • Jung insistiu na maior individualização do método terapêutico e na irracionalização ao fixar suas metas, a fim de garantir a maior imparcialidade possível.  No desenvolvimento psicológico é necessário que se deixe imperar a natureza, evitando influenciar o paciente com seus próprios pressupostos filosóficos, sociais e políticos. Para Jung ainda que as pessoas sejam iguais perante a lei, elas são bastante desiguais, e cada um só pode alcançar a felicidade a seu próprio modo. Cada um deve conhecer-se a si mesmo e a sua maneira de ser, gerando coragem para assumi-la.
A psicoterapia moderna implica em...
  • fazer com que o desenvolvimento falho, neurótico retome seus rumos naturais.
  • reeducar a pessoa, que em grande parte é inconsciente de sua personalidade, até que ela mesma, consiga trilhar conscientemente, o caminho certo, reconhecendo sua responsabilidade social.
  • a medida que a personalidade do sujeito vai emergindo, também vai sendo possível solicitar uma maior colaboração sua.
Quantidade de sessões na psicoterapia junguiana...
  • casos graves -  3 a 4 sessões semanais.
  • casos leves -  1 a 2 horas semanais.
  • Nos intervalos entre uma sessão e outra, o paciente precisa realizar alguns trabalhos sob a supervisão do psicoterapeuta. Para isso, Jung ensina-lhes os conhecimentos psicológicos necessários a esse fim, que o libertarão mais rapidamente possível das terapias.
  • Interrompe o tratamento de 10 em 10 semanas para que o paciente dependa novamente do ambiente normal de sua vida, evitando a tendência que a sua doença já traz em depender de alguém para viver. Estimula a sua autonomia.
  • Qualquer tratamento sério e meticuloso é demasiadamente demorado, não adiantando abreviar o tempo.
  • Espaçar as sessões e preencher os intervalos entre elas com o próprio trabalho do paciente, torna menos oneroso e mais rápido o tratamento.
  • Nos casos de neuroses é imprescindível uma certa reeducação e transformação da personalidade, pois se trata de uma evolução deficiente do indivíduo, que, em regra, remonta à infância.
  • O método moderno deve levar em consideração os pontos de vistas pedagógicos e filosóficos, que demandam estudos sobre psicologia primitiva, mitologias e religiões, que irão fundamentar a compreensão simbólica dos sonhos.

Referências: 

JUNG. Carl Gustave. Obra completa. A prática da psicoterapia. Volume 16/1 Psicoterapia. 16 edição. Editora Vozes. Rio de Janeiro, 2018. 8 reimpressão.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Princípios básicos da prática da psicoterapia - Carl Jung

 

A Psicoterapia Junguiana...

  • não é um método simples e evidente.
  • é um tipo de procedimento dialético, isto é, de um diálogo ou discussão entre duas pessoas.(pg.13)
  • a pessoa é um sistema psíquico, que, atuando sobre outra pessoa, entra em interação com outro sistema psíquico (pg.13) estabelecendo aí a relação psicoterapêutica psicólogo-paciente ou ainda, interação p´siquica.
  • a psicoterapia deixa de ser um método aplicável de maneira estereotipada por qualquer pessoa, visando um resultado. com base nos seguintes fatos:
    1. a necessidade de reconhecer que era possível interpretar os dados da experiência de diferentes maneiras.
    2. Surgiram diversas escolas de concepções opostas, baseadas em pressupostos psicológicos especiais que produzem resultados psicológicos específicos. Cada uma desses métodos e teorias tem sua razão de ser, devido aos êxitos obtidos em certos casos.
    3. As contradições em qualquer ramo da ciência comprovam apenas que o objeto da ciência tem propriedades, que só pode ser apreendida pelas contradições.
    4. se individualidade fosse singularidade, isto é, se o indivíduo fosse totalmente diferente de qualquer outro indivíduo, a psicologia seria impossível enquanto ciência, isto é, ela consistira num cais de opiniões subjetivas.
      • A individualidade é relativa, pois apenas complementa a conformidade ou a semelhança entre os homens, e podem se referir apenas a partes do sistema psíquico conformes, e que podem portanto, serem comparadas e apanhadas estatisticamente.
O psicoterapeuta na terapia individual...
  • Pode fazer declarações legítimas apenas a respeito do ser humano genérico, ou pelo menos relativamente genérico, e jamais fazer afirmações sobre o indivíduo.
  • Tudo que o psicoterapeuta encontrar nele mesmo, ou seja, em sua individualidade, corre o risco de violentar o outro, e abalar seu poder de persuasão.
  • Precisa renunciar à sua superioridade no saber, a toda e qualquer autoridade e vontade de influenciar, para que consiga fazer um tratamento psíquico com alguém.
  • deve adotar o método dialético de confrontar as averiguações mútuas, deixando o outro a oportunidade de apresentar seu material o mais completamente possível, se eximindo de seus pressupostos. Único meio de se relacionar com o cliente.  Todo desvio dessa atitude significa terapia por sugestão, em que o indivíduo não importa perante o genérico.
  • Só importa o método em que o terapeuta tem confiança; Sua fé no método é decisiva. Se acreditar, ele fará por seu paciente tudo quanto estiver ao seu alcance, com seriedade e perseverança, e esse esforço voluntário e essa dedicação têm efeito terapêutico.
  • Os limites são fixados pela antinomia individual-coletivo, enquanto critério psicológico, pois há pessoas com traço principal o coletivo, e outras com traço principal a individualidade.

As neuroses oriundas da valorização exagerada do individual se dividem em dois grupos, do ponto de vista psicológico:

  • um contém homens coletivos de individualidade  subdesenvolvida
  • outro, homens individualistas de atrofia da adaptação ao coletivo.
O enfoque terapêutico também se diferencia com essa distinção, uma vez que, um individualista neurótico, não pode sarar, a não ser que, reconheça o homem coletivo dentro de si e a necessidade de ajustamento coletivo. Por outro lado, há aqueles que estão adaptados ao coletivo, precisam desenvolver o individual.

"O terapeuta não é mais um sujeito ativo, mas ele vivencia junto um processo evolutivo individual." (pg.18)

  • Há a exigência de análise para o próprio analista. (Jung) sair da condição de superior, conselheiro, para alguém que experiencia junto, colocando-se em pé de igualdade ao cliente.
  • O os analistas também têm seus complexos (Freud) 
  • Aquilo que não está claro para o analista, porque não o queremos reconhecer em nós mesmos, nos eleva a impedir que se torne consciente no paciente, em detrimento do mesmo.
  • o dialogo analítico final entre psicólogo e cliente tem que incluir a personalidade do psi. 
  • A relação psicólogo-cliente tem que ser um método dialético, em que a personalidade do paciente tenha a mesma dignidade e direito de existir do psicólogo.
  • o efeito terapêutico depende de um lado do "rapport" (relação) chamada por Freud de Transferência, e por outros, de força de persuasão e de penetração da personalidade do psi.
  • o psicoterapeuta corre o risco de se envolver nas neurosos de seus pacientes
Uma pessoa exclusivamente coletiva...
  • pode mudar através de sugestão
Uma pessoa exclusivamente individual...
  • só pode se tornar o que é  e sempre foi,.
Cura...
  •  tem o sentido de transformação
  • sempre que possível e não for sacrificar a personalidade do paciente em demasia, ele deve ser transformado terapeuticamente.
  • Se o paciente reconhece que a cura pela transformação significaria renunciar demais à sua personalidade, então o psicólogo deve renunciar a sua vontade de transformar. O analista deve deixar aberto o caminho individual da cura, caminhando para o processo de individuação, e não mais de transformação da personalidade.
Processo de Individuação..
  • o paciente se torna aquilo que de fato já é.
  • aprende a ver com gratidão os seus sintomas neuróticos.
  • percebem que esses sintomas neuróticos sinalizam que está desviando de seu caminho individual e, quando e onde coisas importantes tinham ficado inconscientes.
  • Jung mostrou e transmitiu o conceito de individuação, mostrando ou tentando mostrar, os fenômenos do inconsciente no próprio material empírico, pois no processo evolutivo individual, o inconsciente passa a ocupar o primeiro plano.
  • A evolução psíquica individual  produz a princípio algo muito parecido com o velho mundo das fábulas, o que permite compreender que o caminho individual produz a impressão de um recuo a tempos pré-históricos, de uma regressão  na historia da evolução espiritual, e como se algo muito inconveniente estivesse acontecendo - algo que a intervenção terapêutica deveria impedir.
  • Jung observou que o mesmo acontecia com as psicoses paranoicas da esquizofrenia, podendo encontrar aí grande volume mitológico. Chama atenção para o perigo de se expor a camada mitológica da psique, uma vez que, esses conteúdos exercem sobre o paciente grande fascínio.
  • O processo de cura mobiliza essas forças para alcançar seus objetivos.
"...a simples reflexão sobre a razão  por que certas situações da vida ou certas experiências são patogênicas, nos faz descobrir que a maneira de ver as coisas muitas vezes, tem um papel decisivo."(pg;28)
  • certas coisas se tornam nocivas ou perigosas, simplesmente porque, existem outras maneiras de vê-las . 
  • Exemplo: a riqueza significa a felicidade e a pobreza, a infelicidade. Porém, nem todo rico é feliz e nem todo pobre é infeliz.
  • Importante que o analista amplie o seu conhecimento na área das ciências do espírito, para estar a par do simbolismo dos conteúdos psíquicos do cliente. 
Atuar dentro do campo da psicologia das neuroses  torna imprescindível conhecer os pontos de vista de Sigmund Freud e de Adler.

  • As neuroses mais difíceis precisam, em geral, de uma análise redutiva dos seus sintomas e dos seus estados.
  • Agostinho distingue dois pecados capitais:
    • cobiça -  corresponde ao princípio do prazer de Freud.
    • orgulho - corresponde à vontade de poder, querer estar por cima de Adler.
O tratamento...
  • Tratamento Analítico-dedutivo - 1ª fase que termina quando as sessões começam a ficar monótonas e repetitivas, sugerindo estar em vias de paralisação. Três ou quatro sessões iniciais.
  • Tratamento Sintético - 2ª fase que equivale ao método dialético e à individuação. Deve-se aí espaçar mais as consultas, estimulando a autonomia do paciente, a sua habilidade em interpretar os próprios sonhos.
  • Essa autonomia ou trabalho feito pelo paciente conduz a assimilação progressiva do inconsciente, à integração final de sua personalidade e eliminação da dissociação neurótica.


JUNG. Carl Gustave. Obra completa. A prática da psicoterapia. Volume 16/1 Psicoterapia. 16 edição. Editora Vozes. Rio de Janeiro, 2018. 8 reimpressão.