quinta-feira, 3 de junho de 2021

Entrevista Lúdica Diagnóstica

 A avaliação psicológica e o atendimento de crianças destacam-se como duas das principais atividades profissionais nesse contexto.

Segundo pesquisadores (Hallberg & Ortiz, 2005)...

  •  o uso da entrevista lúdica diagnóstica se sobressai nessas práticas, sendo referida como uma técnica usada diariamente por psicólogos que trabalham com crianças.
  • Essa técnica de coleta e análise de informações tem como principal fundamentação teórica os estudos de Sigmund Freud, Melanie Klein e Anna Freud.

Nos anos de 1930, Melanie Klein e Anna  Freud desenvolveram as primeiras sistematizações da técnica e do valor do jogo como instrumento de investigação clínica (Affonso, 2011a, 2012a; Hwang, 2011; Stürmer, 2009; Werlang, 2000). 
  • há muitas décadas passou-se a utilizar brinquedos, jogos e instrumentos lúdicos como mediadores da comunicação entre o avaliador e o avaliando para fins de diagnóstico psicológico.

A entrevista lúdica...
  • e muito difundida e praticada por profissionais da área
  •  a entrevista lúdica diagnóstica ainda é um campo a ser investiga do devido à carência de definições mais claras sobre sua operacionalização (Kornblit, 1979/2009)
  • contempla uma série de técnicas ditas como mutáveis de acordo com os objetivos específicos do profissional que as utiliza.
  • A entrevista clínica realizada com crianças em um contexto psicodiagnóstico também pode ser chamada de entrevista lúdica diagnóstica, que se configura como um procedimento técnico utilizado a fim de conhecer e compreender a realidade da criança em processo de avaliação.
  • é uma entrevista inicial realizada com a criança, ou seja, refere-se à primeira etapa diagnóstica.
  • potencializa a análise dos resultados de outras técnicas co mumente empregadas durante o psicodiagnóstico com crianças, como a entrevista com pais ou responsáveis, a entrevista familiar e os testes projetivos e psicométricos, por exemplo (Affonso, 2011a; Castro et al., 2009).
  • permite compreender e formular hipóteses sobre a problemáti ca do paciente (Aberastury, 1962/1986; Efron et al., 1979/2009).
  • permite conceituar o principal conflito atual do paciente, evidenciar as principais defesas ante a ansiedade e sua qualidade, e tornar manifestas as fantasias da criança quanto à doença, à cura e ao tratamento.
  • não segue uma padronização rígida para todos os casos atendidos. Essa prática profissional mostra-se extremamente flexível, sem a existência de uma regra única para sua execução, sendo caracterizada por uma maleabilidade alicerçada no fato de que a decisão quanto aos procedimentos a serem seguidos é resultado do próprio processo avaliativo (Krug, 2014).

Cuidados Técnicos no inicio do processo avaliativo de crianças:

  • A avaliaçaõ da criança começa no contato telefônico, perpassa pelos cuidados técnicos tomados na ocasião da marcação da primeira consulta.
  • Contato telefônico inicia a escuta diagnóstica.
  • o psicólogo deve refletir sobre quem está entrando em contato com ele, os motivos relatados para o contato, as perguntas feitas e a forma com que o interlocutor se coloca ao telefone
  • Embora a literatura (Krug, 2014; Ocampo & Arzeno, 1979/2009) indique que a maioria dos psicólogos opta por marcar as primeiras entrevistas apenas com os pais, juntos ou separados, para somente depois conhecer a criança pessoalmente, outros realizam os encontros iniciais de formas diversas.
  • Blinder e colaboradores (2011), assim como Ocampo e Arzeno (1979/2009), afirmam ser im prescindível o comparecimento dos pais às entrevistas, podendo ser separadamente ou com ambos, quando há cordialidade entre eles.
Características do processo avaliativo de crianças...
  • Variabilidade e flexibilidade. Isso inclui a quantidade e a frequência dos encontros, a forma de pagamento e as avaliações concomitantes, além de sigilo.
  • Uma média de 4 a 7 encontros para realização de Psicodiagnóstico com crianças.
  • Os encontros devem ser semanais.
  • Horário, lugar, duração e honorários são elementos do enquadre que devem permanecer o mais estáveis possível (Blinder et al., 2011).
  • Avaliações comcomitantes ocorre quando a criança é encaminhada para outros tipos de avaliação.
  • Importante refletir sobre o que pode e não pode ser revelado à criança.

Características da sala de atendimento da entrevista lúdica diagnóstica:

  • são necessárias algumas condições mínimas que possibilitem o desenvolvimento adequado da técnica. 
  • Segundo Efron e colaboradores (1979/2009), é importante refletir sobre o assunto, já que os aspectos formais da hora do jogo diagnóstica interferem em seu conteúdo. 
  • Essas condições incluem algumas características da sala de atendimento infantil.
  • Estrutura Física:  atualmente, uma diversidade de modelos utilizados pelos psicólogos (Krug, 2014). A sala de atendimento deve ter um tamanho razoável, isto é, não precisa ser muito grande, mas deve ser ampla, de maneira que a criança não se sinta limitada em suas possibilidades de movimento. Deve ter luminosidade e temperatura controladas pelo psicólogo. Isso permite maior conforto e segurança ao paciente e ao profissional.
  • A sala de atendimento deve possibilitar à criança uso pleno dos objetos nela dispostos, sem restrições. A estrutura deve permitir que ela brinque inclusive com materiais que possam sujar a sala. Além disso, o paciente deve sentir-se completamente livre, podendo movimentar-se no espaço e sentar-se no chão.
  • A segurança é requisito prioritário na confi gu ração do espaço de atendimento.
Procedimentos de realização da entrevista lúdica diagnóstica:
  • é preciso refletir sobre a real necessidade desse procedimento.
  • Assim, é comum receber as crianças no con sultório apenas após conhecer um pouco sobre suas características, rotinas e vivências através dos pais e responsáveis.
  • Embora não exista um padrão único de condução da entrevista lúdica, o modelo de avaliação psicodiagnóstica orientado psicanaliticamente se baseia em algumas premissas técnicas compartilhadas pela maioria dos profissionais (Krug, 2014).
  • A comunicação deve ser feita com linguagem acessível à criança, mostrando respeito à sua expressão afetiva.
  • A entrada na sala de atendimento já é objeto de avaliação por parte do psicólogo.
  • O papel do psicólogo pode ser descrito à criança como o de alguém que quer conhecer, descobrir e compreender o que a está deixando triste, irritada, incomodada ou confusa, por exemplo. Affonso (2011a) recomenda que o es clarecimento à criança quanto ao papel do psi cólogo seja feito dessa forma.
  • A realização do contrato de trabalho com a criança é feita no início, durante ou no final da entrevista, dependendo dos primeiros movimentos do paciente. Assim, o psicólogo pode avaliar as condições da criança para compreen der as combinações a serem feitas.
  • O contrato inclui o estabelecimento de alguns limites que proporcionarão o enquadre ne cessário para o trabalho avaliativo. A partir de uma perspectiva winnicottiana, Blinder e colaboradores (2011) entendem que um enquadre bem  estruturado proporciona a possibilidade da análise da transferência, uma vez que ela costuma ocorrer antes sobre o enquadre do que sobre a pessoa do analista.
Finalização do processo avaliativo:
  • agendar entrevistas devolutivas com os pais e com a criança.

Referências:

HUTZ et al, 2016. cap.8 -Jefferson Silva Krug,  Denise Ruschel Bandeira e Clarissa Marceli Trentini

Nenhum comentário:

Postar um comentário