O diagnóstico...
- O diagnóstico na Gestalt-terapia é um tema bastante polêmico entre os Gestalt-terapêuta, inclusive envolve questões delicadas como a necessidade em faze-lo ou não.
- Existiu também uma influência da antipsiquiatria dos anos 60, por conta da visão humanista da psicologia em vigor na época, que atribuía ao indivíduo o diagnóstico como um conceito reducionista ou um rotulo, mas que aos poucos foi se modificando, atentando as particularidades, a singularidade e o contexto sócio cultural, enfim questões multifatoriais.
- Atualmente os Gestalt terapeutas como; Frazão, Yontef e Delisle percebem como indispensável é o diagnóstico no processo psicoterapêutico.
- O diagnostico não é definitivo, nem é determinista, mas sim a descrição do processo vivenciado em determinado momento de vida da cliente no mundo, logo é mutável, está em constante atualização e transformação, sem ponto final.
Singularidades e Pluralidades
- O diagnostico irá nos orientar e direcionar a melhor forma de conduzir o processo psicoterapêutico e elencar as hipóteses sobre o cliente, colaborando para ampliação do poder de observação do terapeuta ao cliente.
- A intenção não é enquadrar o cliente, mas que ele possa compreender e perceber que existem outras maneiras de lidar com determinadas situações, diferente da usual, promovendo a mudança e uma flexibilização no seu modo de ser e também entender como esse cliente interage e se relaciona com os outros, com o meio, como se autorregula e se ajusta a partir da queixa trazida por ele no aqui agora no processo psicoterapêutico.
- A compreensão da singularidade desse individuo, perpassa pelos aspectos que sejam comuns a esse indivíduo e a todos os seres humanos; a alguns indivíduos e os aspectos característico desse individuo que o diferencia dos outros. Parte a princípio de uma generalização da pessoa, para o que ela tem comum com os outros e retorna ao que é único e característico dessa pessoa.
Aspectos fenomenológicos
- A Gestalt terapia por ser uma abordagem fenomenológica existencial, sua prática se fundamenta na compreensão da vivência e da experiência do cliente e no que tem sentido para ele.
- A teoria na psicoterapia compõe o fundo (momento existencial do cliente), desse processo terapêutico metódico e sistemático mais dinâmico, portanto o diagnóstico é como uma teoria sobre o cliente que se atualiza constantemente.
- O diagnóstico deve se ater a descrição do fenômeno tal como ele se apresenta a cada sessão, ao terapeuta cabe não inferir, não fazer prejulgamentos com a suspensão do a priori, para que se faça uma compreensão diagnostica intuitiva e pré reflexiva, com alternância da relação eu tu e eu isso.
- No olhar fenomenológico a queixa do cliente significa uma Gestalt aberta, que causa sofrimento é um ajustamento que não está sendo mais satisfatório.
Pensamento diagnostico Processual
- É repensado e refeito cotidianamente, cabendo ao terapeuta rever e refazer sua compreensão a respeito do caso clinico do cliente a cada sessão, sempre atento as nuances, a cada nova configuração e ajustamento.
- No diagnóstico cabe ao terapeuta estar aberto a novidade, uma presença ativa do terapeuta na relação e no contato com o cliente.
- O Gestalt terapeuta agindo fenomenologicamente não está impedido de estabelecer um diagnostico do cliente, mas proibido de fechar esse diagnóstico.
Funções do diagnóstico
- Norteador para o terapeuta, uma bussola que ajuda a organizar as informações sobre esse cliente.
- Ajuda a controlar a ansiedade do terapeuta.
- Fazer uma ligação da teoria da Gestalt terapia com outros sistemas de diagnostico, abrindo um leque de possibilidades ao terapeuta de fazer predições, sem ter que esperar que emerjam da experiência imediata.
- Permite ao Gestalt terapeuta estar fundamentado na sua perspectiva da compreensão do cliente
- Possibilita ao terapeuta não ficar isolado antecolegas de outras abordagens.
Como fazer o diagnóstico?
- A Gestalt terapia ainda não tem delineada claramente como pode ser realizada uma estrutura básica que confira uma consistência necessária, segundo Pimentel a formulação diagnóstica na Gestalt terapia inclui;
- A concepção de diagnóstico como uma produção humana na relação intencional com o outro;
- A colocação do diagnóstico atrelado a psicoterapia na apreensão do fenômeno.
- O conceito do diagnóstico como ação processual, valorizando o saber e a experiência do cliente como ser humano em um contexto socioeconômico-histórico cultural.
Compreensão diagnóstica baseada em pontos fundamentais
- O fundo é o estilo de personalidade dá sustentação a queixa e ao sintoma; a tipologia (com traços de personalidade do cliente) vai auxiliar o terapeuta fornecendo elementos para o diagnostico, como referência, favorecendo a compreensão relacional, além da aceitação das diferenças sem julgamentos e não segundo a um padrão estabelecido e repetitivo do cliente.
- A tipologia auxilia o terapeuta estar atento a possíveis psicopatologias que o cliente venha tender
- se a desenvolver.
- Uma tipologia é eficaz porque ajuda na compreensão e acolhimento das pessoas de acordo padrões que são universais, no qual o terapeuta irá considerar como uma estrutura que fundamenta a base nas quais o cliente organiza sua identidade e singularidade.
O diagnóstico do estilo de personalidade
Eneagrama...
- É uma tipologia utilizada por alguns Gestalt terapeutas que descreve 9 tipos de personalidades.
Tipologia é baseada no DSM-V...
- É um construto, um instrumento auxiliar com 5 eixos;
- Transtornos clínicos ( doenças mentais de instalação determinada)
- Os Transtornos processuais ou traços de personalidade;
- As Condições médicas gerais;
- Problemas psicossociais e ambientais;
- Avaliação global do funcionamento por meio de uma escala determinada pela APA( Associação Norte-americana de Psiquiatria)
- O DSM IV contém 10 tipos de transtornos de personalidade; paranoide, esquizoide, esquizotípica, antissocial, borderline, histriônica, narcisista, esquiva, dependente e obsessiva compulsiva.
Tipos de Personalidade
- A diferença entre estilo e transtorno de personalidade está fundamentada no grau de rigidez, por conta da cristalização de algum estilo, pois todos nós temos a possiblidade desenvolver algum tipo de transtorno em algum momento da vida. Não existe um estilo de personalidade puro, mas sempre um prevalece como básico.
- O DSM IV denomina transtornos de personalidade, para além de uma patologia um estilo de personalidade ou um construto.
- O construto é um recurso que enquanto instrumento terapêutico pode ser utilizado como uma referência, porém não deve ser único, nem definitivo, ele se aplica a uma série de conceitos usados na psicologia como; psicótico, neurótico, ansioso, adolescente etc., que usado sem o devido cuidado, acaba por reduzir a pessoa a um conceito ou rotulando-a.
Estratégias terapêuticas para os estilos de personalidade
- Estilo paranoide exigira tolerância do terapeuta das suspeições com respeito a ele, deve-se trabalhar a modo de ampliar a capacidade crítica do cliente, diminuir a coesão entre pensamentos e emoções.
- Estilo esquizoide ampliar sensações corporais prazerosas é o primeiro passo na terapia com a experimentação do contato pleno na relação terapêutica, ampliação da rede social do cliente e enriquecimento da cognição para aumentar sua energização,
- Estilo esquizotípico é geralmente confuso, deve-se trabalhar simultaneamente a coesão entre a cognição e os contatos interpessoais.
- Estilo antissocial é raríssimo na terapia, deve-se ajuda-lo a diminuir a centralização sobre si, ampliar tolerância a passividade a fim de que se torne menos impulsivo.
Estilos de Personalidades
- Estilo borderline existe antes de tudo e sempre limites muito claros, a partir de um trabalho no setingg terapêutico que permita aumenta a coesão interna entre ele e seus afetos.
- Estilo histriônico precisa obter a consciência sobre sua capacidade de acomodar acontecimentos sem ter de si modificar, ser auxiliado a centrar-se mais em si do que no ambiente e ampliar sua capacidade de tolerância as consequências intra e interpessoais de suas ações
- Estilo narcisista o mais comum, precisa aumentar a concentração sobre o outro
- Estilo esquiva deve-se trabalhar ampliando a sensibilidade ao prazer e a tolerância a dor, especialmente a ansiedade.
- Estilo dependente, o terapeuta deve evitar coloca-se muito ativo e ajudar o cliente a vencer a sua tendência a se descentrar da sua experiência para dar conta do ambiente
- Estilo obsessivo compulsivo, exige que o terapeuta uma atenção especial ao dilema, do cliente sobre si ou do outro, o cliente precisa aumentar sua capacidade de energizar e agir.
O Diagnóstico e a queixa
- A queixa é (uma configuração cristalizada, um pedir de novo, uma interrupção no contato), precisa olhar com muita atenção para essas descontinuações de contato e do que ficou inacabado, o sintoma é um estado, um processo, o organismo sinalizando que algo não está satisfatório.
- Deve-se olhar para história de vida, a situação clínica do cliente, se houver algum transtorno situacional ou transtorno psíquico e se faz uso medicamentoso, para que se pense em possíveis intervenções.
O Diagnóstico do terapeuta
- Acontece a partir da percepção e da consciência do terapeuta, sobre o que o motiva a trabalhar com aquele cliente, sensações, sentimentos e reflexões que ela provoca, um autodiagnostico de si próprio dessa relação, habilidades a serem desenvolvidas, aprimoradas ou desafios.
- Determinada relação com o cliente vai lhe proporcionar segurança e a real medida da sua competência ou não no decorrer do processo psicoterapêutico, assim como sua disposição em dar continuidade ao processo psicoterapêutico.
Referência:
Pinto, Ênio Brito. Psicoterapia de Curta duração na
abordagem gestáltica: elementos para a prática clínica; 3.
ed. São Paulo: Summus, 2016
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