Breve História...
Psicanalista austríaca classificada como
psicoterapeuta pós-freudiana.
1916 (Budapeste) teve primeiro contato com a obra de
Sigmund Freud.Seu analista Sándor Ferenczi que a incentivou a trabalhar com
crianças.
1919 tornou-se membro da Sociedade de Psicanálise de
Budapeste.
1923 passou a se dedicar integralmente a psicanálise.
1924 Apresentou no VIII Congresso Internacional de
Psicanálise o trabalho “A técnica da análise de crianças pequenas”
1927 tornou-se membro da Sociedade Britânica de
Psicanálise., publicou seu livro “O tratamento psicanalítico de crianças” onde
criticou ideias de Freud.
1945 a Sociedade Britânica de Psicanálise se divide em
três grupos: annafreudianos, kleiniano e independe.
1947 publicou Contribuições à psicanálise.
1955 fundou a Fundação Melanie Klein e publicou o
Artigo: A técnica psicanalítica
através do brinquedo; sua história, sua significação, escrito a partir de
uma conferência de 1953.
1960 – morreu aos 78 anos de idade.
Teoria das Relações Objetais
Essa teoria deriva da teoria pulsional de freud. Sua teoria difere da abordagem Freudiana em
três pontos fundamentais:
Dá ênfase menos aos impulsos biológicos e maior
importância aos padrões de relacionamento que a criança desenvolve no seu
entorno.]
Destaca a intimidade e o cuidado da mae. Ao contrario
de Freud que enfatiza o poder e o controle dos ´pais.
Busca por contato e relacionamento é a motivação
fundamental do comportamento humano e não o prazer sexual.
- Relações objetais são as relações que a criança estabelece com os objetos que estão ligados a satisfação de suas necessidades e esse objeto pode ser pessoas, coisas, ou até parte de pessoas como o seio da mãe.
Freud parte do princípio de que o ser humano busca
sempre reduzir a tensão provocada por desejos insatisfeitos. O objeto que reduz
essa tensão nas crianças é a pessoa que atende as suas necessidades, por isso,
Klein estudou a relação das crianças estabelecem com os primeiros objetos, que
são a mãe e seu seio servindo de modelo para as demais relações objetais.
Para Klein os relacionamentos estabelecidos na vida adulta nem sempre são o que aprecem. Todo relacionamento está permeado por representações psicológicas de antigos objetos que foram significativos na infância incluindo as pessoas. Enxergamos parcialmente esses objetos nas pessoas com as quais nos relacionamos, são reminiscências, restos de experiências do passado que projetamos no presente. Freud considera o Id, o Ego e o Superego, porém, Klein ignora o Id e se atém somente ao Ego e Superego:
EGO
Freud afirma que existe desde o nascimento, mas não
atribui nenhuma função psíquica ao ego antes que a criança atinja os 3-4 anos
de idade. A criança pequena é dominada pelo id. Para Klein o Ego atinge a
maturidade antes do que pensa Freud. O EGO é extremamente desorganizado nas primeiras
semanas de vida, mas já é forte o suficiente para sentir ansiedade e usar
mecanismos de defesa psíquicos e para desenvolver relações objetais tanto na
fantasia como na realidade.
Começa se desenvolver com as primeiras experiencias do
bebê na amamentação, quando a mãe não apenas o alimenta, mas lhe dá carinho e a
sensação de segurança. Em contrapartida, o bebê experimenta fome, sensação de
abandono e insegurança quando a mãe não pode atende-lo quando chora.
Melanie atribui as experiencias agradáveis e
desagradáveis ao seio bom e seio mal respectivamente. Que são fantasias
desenvolvidas pelo bebe. É a partir do seio bom e o seio mal que se iniciam as
experiências do ego que é o centro de sua personalidade. Assim todas as
experiências vividas pelo bebe passam a ser avaliadas pelo ego como
relacionadas ao seio bom e o seio mal mesmo sem estar ligada a amamentação. O
seio é apenas a primeira relação objetal do bebe que serve de protótipo para
todas as demais relações interpessoais.
O Ego precisa se dividir para emergir de maneira integrada:
Divide-se em seio bom e seio mal para lidar com as experiencias prazerosas e
desagradáveis. Eu bom quando é alimentado e amado e eu mal é vivido quando
experimenta fome e desamparo e isso é o que vai permitir que o bebe gerencie os
aspectos positivos e negativos dos objetos externos.
Com o desenvolvimento do bebe suas percepções passam a
ser mais realistas e dessa forma o ego passa a se unificar e integrar.
SUPEREGO
Percebe o superego de maneira diferente de Freud em
pelo menos, três aspectos:
Surge muito mais cedo na vida, antes dos 3 anos de
idade. Para Freud o superego só emerge aos 5 anos de idade. O superego não é
uma alteração do complexo de édipo. Ele é muito mais duro e cruel do que Freud
descreve, afirmou Klein.
Para Freud o superego suporta dois subsistemas: ego
ideal que gera sentimento de inferioridade e consciência que gera culpa. Klein
concorda que superego de crianças mais velhas funciona dessa fora, mas que em
crianças menores, gera terror ao invés de sentimento de culpa.
Melanie percebeu que as crianças pequenas têm medo de
serem devoradas, cortadas ou dilaceradas em pedaços que é um medo
desproporcional, daí o terror. Para ela esse terror vem dos desejos destrutivos
das crianças, das frustrações vividas por elas nas relações objetais e são
vividos com muita ansiedade. Como uma briga entre a energia criadora e
destruidora. A violência extrema do superego inicial é uma relação do psiquismo
a agressividade do ego que procura se autodefender dos próprios desejos
destrutivos mobilizando as pulsões de vida e de morte.
Para Klein esses embates são responsáveis por muitas
tendências antissociais em adultos. Os que se desenvolvem saudavelmente, vai
perdendo essa agressividade excessiva e vai se tornando uma consciência
realista por volta dos 6 anos de idade.
Os
impulsos dos adolescentes são mais poderosos, maior a atividade de suas
fantasias e seu ego tem outros desígnios e outra relação com a realidade. Klein
considera que há fortes pontos de analogia com a criança pequena, porque é na
puberdade o sujeito torna a encontrar um maior domínio das emoções e do inconsciente
e uma vida imaginativa muito mais rica. Nesse período, as manifestações da
angústia e os afetos exprimem com uma intensidade infinitamente maior. Na
adolescência, o Ego se esforça para combater a angústia ou modifica-la e, acaba
sendo mais bem sucedido do que na infância. No universo adolescente,
desenvolveu-se, largamente, seus interesses e atividades com o objetivo de
dominar essa angústia, supercompensá-la e dissimulá-la perante si mesmo e
perante os outros, o que faz assumindo uma postura de desafio e revolta característica
da puberdade, o que dificulta bastante a análise, daí a importância de se ter
rápido acesso à angústia do paciente e dos afetos que ele manifesta, caso
contrário poderia ser bruscamente interrompida.
Os meninos previam violentos ataques físicos nas primeiras sessões.
Para
Klein as fantasias são inatas no sujeito, e são as representantes dos instintos,
tanto libidinais como agressivos, os quais agem na vida desde o nascimento. As
fantasias são a forma de funcionamento mental primária, de extrema importância neste
período inicial da vida. Essa fantasia se transforma de acordo com o
desenvolvimento, no decorrer das experiencias corporais sendo ampliada e
elaborada, influenciando e sendo influenciada pelo ego em maturação.
Klein
parte das obras freudianas, tomando como ponto de partida a dimensão imaginária
das fantasias. As primeiras fantasias da criança é o corpo da mãe, cujas atividades
são a realização de desejos, negação de fatos dolorosos, segurança em relação
aos fatos aterrorizadores do mundo externo, controle onipotente, reparação
entre outras.
A liberação destas fantasias masturbatórias é essencial não só para a
atividade lúdica como também para todas as posteriores sublimações (Klein,
1996). Inibições graves tanto nas brincadeiras como em todo o aprendizado da
vida da criança, inclusive no aprendizado da sexualidade, têm sua origem na
repressão destas fantasias. Portanto, uma vida sexual satisfatória depende da
liberação da vida fantasmática, principalmente das fantasias masturbatórias. As
representações que as crianças do ato sexual dos pais podem ser consideradas o
conteúdo primordial que se encontra por trás destas fantasias, as quais só são
passíveis de revelação depois de um período considerável de análise e do
consequente estabelecimento na criança de conteúdos genitais. Contudo, pode–se
concluir que as fantasias atuam na mente de crianças, adolescentes e adultos,
ao longo de todo o desenvolvimento psíquico, por meio de diferentes conteúdos
imaginários.
O Caso Bill– 15 anos de idade. (Klein, pg.123-124)
Bill, de 15 anos de idade, fez uma cadeia ininterrupta de associações em torno de sua bicicleta e das diversas peças que a compunham; seu receio por exemplo, de que ela se danificasse se lhe imprimisse muita velocidade, superei-me de abundante material referente ao seu complexo de castração e sentimento de culpa por masturbação. Evidenciou-se que ele provava angustia e culpabilidade com suas relações com um certo amigo, mas essas relações não se baseavam na realidade; remontava a uma relação anterior mantida com um menino chamado Tony. Falando de uma excursão na companhia de seu amigo, durante a qual haviam trocado as respectivas bicicletas, Bill declarou que havia ficado com receio, sem que houvesse motivo para tal, de que sua bicicleta tivesse danificado. Baseando-se nessa lembrança do mesmo gênero, expliquei-lhe que seu receio parecia-se relacionar-se com as atividades sexuais mantidas com seu amigo Tony anos atrás. Quando lhe referi os motivos que me faziam pensar assim, ele concordou e lembrou-se de alguns detalhes dessa relação sexual. Seu sentimento de culpa a esse respeito e o consequente receio sexual de haver danificado seu pênis e seu corpo eram totalmente inconsistentes. Na análise de Willy, de 14 anos, cuja fase preliminar foi acima descrita, consegui descobrir com o auxílio de tópicos idênticos, a razão de seus profundos sentimento de culpa em relação ao irmão menor. Assim, quando Willy comentou que sua máquina a vapor estava necessitando de reparos, mencionou imediatamente a máquina de seu irmão, acrescentando que ficara inutilizada. Sua resistência a respeito e seu desejo de que a sessão chegasse ao fim, eram ocasionados, conforme se constatou, pelo receio de que sua mãe viesse a descobrir as relações sexuais que haviam existido entre os dois irmãos e das quais, ele em parte, se recordava. Essas relações lhe haviam deixado uma profunda culpabilidade inconsciente, pois, sendo mais forte e mais velho, obrigara algumas vezes o irmão a sujeitar-se às mesmas. Desde então, sentia-se responsável pelo desenvolvimento anormal daquele que era gravemente neurótico. Willy tinha depressão, mas esse não era o caráter anormal. Detestava a companhia de outras pessoas, era bastante tímido, retraído e inativo e não tinha boas relações com irmãos e irmãs. Contudo, sua adaptação social era aparentemente normal, sendo um bom aluno. Sua análise durou 190 sessões.
REFERÊNCIAS
- ABERASTURY, Arminda. Psicanálise da Criança teoria e técnica. Artmed. 8ª edição. São Paulo, 2008.
- FEBRAPSI-Federação
Brasileira de Psicanálise. Biografia de Melanie Klein. Disponível em:
https://febrapsi.org/publicacoes/biografias/melanie-klein.
Acesso em 31/10/2020
- KLEIN, Melanie. Psicanálise da criança. Editora Mestre Jou. 3ª edição. São Paulo, 1981
- OLIVEIRA, Marcella Pereira de. Winnicott. Melanie Klein e as fantasias inconscientes. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/wep/v2n2/v2n2a05.pdf. Acesso em: 31/10/2020.
- Didatics. Ego e superego na teoria Kleiniana. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OKOPmBvtGA0. Acesso em: 31/10/2020
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