quarta-feira, 30 de setembro de 2020

O ensino das avaliações psicológicas no Brasil - Síntese

  O QUE É...

  • a avaliação psicológica é um procedimento que está inserido em todas as áreas de atuação profissional do psicólogo.
  • antes da avaliação é necessário que se faça a análise do funcionamento dos indivíduos para atender adequadamente suas demandas.
A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA O PSICÓLOGO

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA...
  •  deve ser componente curricular obrigatório
  •  está inserida em todas as áreas da Psicologia.
  • desenvolve a compreensão sobre técnicas de coleta de informações.
  • Permite integrar dados provenientes de diferentes fontes
  • Construção de relato de resultados
  • devolutiva de informações.
  • está relacionada a um conjunto de habilidades que todo psicólogo deve adquirir ao longo de sua formação, independentemente da área que irá atuar profissionalmente.
  • Ganha sentido quando associadas a outras áreas da Psicologia, como: Psicopatologia, Desenvolvimento Humano, Diferenças Individuais, Processos Básicos em Psicologia.
  • promove o desenvolvimento do raciocínio em Psicologia.
  • Não se restringe, portanto, ao ensino de técnicas isoladas de outros contextos da Psicologia.
  • Proporciona ao estudante experiências teórico-práticas resultando no desenvolvimento de competências para uma atuação autônoma e responsável.
  • A responsabilidade permeia o Código de Ética do Psicólogo, que proporciona um infindável processo de reflexão sobre as práticas psicológicas.
Ao longo do processo de formação do psicólogo, espera-se que possam desenvolver 27 competências básicas, listadas a seguir:
  1. Conhecer os processos históricos da avaliação psicológica em âmbito nacional e internacional
  2. Conhecer a Legislação pertinente à avaliação Psicológica: 
  • Resoluções do CFP, 
  • Código de Ética Profissional do psicólogo, 
  • Histórico do Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos-SATEPSI)
      3. Considerar os aspectos éticos na realização da avaliação psicológica.
      4. Analisar se há condições de espaço físico adequados para a avaliação e estabelecer condições suficientes para tal.
      5. Ser capaz de compreender a avaliação psicológica enquanto processo, aluando seus conceitos às técnicas de avaliação.
      6. Ter conhecimento sobre funções, origem, natureza e uso dos testes de avaliação psicológica.
      7. Ter conhecimento sobre o processo de construção de instrumentos psicológicos.
      8. ter conhecimento sobre validade, precisão, normatização e padronização de instrumentos psicológicos.
      9. Escolher e interpretar tabelas normativas dos manuais de testes psicológicos.
     10. ter capacidade crítica para refletir sobre as consequências sociais da avaliação psicológica.
     11. Saber avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva, afetiva e comportamental em diferentes contextos.
     12. Ter conhecimento sobre a fundamentação teórica de testes psicométricos e do fenômeno avaliado.
     13, Saber administrar, corrigir, interpretar e redigir os resultados de testes psicológicos e outras técnicas de avaliação.
     14.Selecionar instrumentos e técnicas de avaliação de acordo com objetivos , público alvo e contexto.
     15. ter conhecimento sobre a fundamentação teórica de testes projetivos e/ou expressivos e do fenômeno avaliado.
     16.  saber planejar uma avaliação psicológica de acordo com objetivo, público alvo e contexto.
     17. Planejar processos avaliativos e agor de forma coerente com os referenciais teóricos adotados.
     18. Identificar e conhecer peculiaridades de diferentes contextos de aplicação da avaliação psicológica;
     19. Saber estabelecer rapport no momento da avaliação.
     20. Conhecer teorias sobre entrevista psicológica e conduzi-las com propriedade.
     21. Conhecer teorias sobre observação  do comportamento e conduzi-las adequadamente.
     22. Identificar as possibilidades de uso e limitações de diferentes técnicas de avaliação psicológica, analisando-as de forma crítica.
     23. Comparar e integrar informações de diferentes fontes obtidos na avaliação psicológica.
     24. Fundamentar teoricamente os resultados decorrentes da avaliação psicológica.
     25. Elaborar laudos e documentos psicológicos, bem como, ajustar sua linguagem e conteúdo de acordo com destinatário e contexto.
     26. Comunicar resultados decorrentes da avaliação psicológica aos envolvidos no processo, por meio de devolutiva verbal.
     27. Realizar encaminhamentos ou sugerir intervenções de acordo com os resultados obtidos no processo de avaliação psicológica.

PARTE 2: DISCIPLINAS E CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS BÁSICOS.
  • Processos psicológicos básicos
  • Construção de Instrumentos psicológicos
  • Fundamentação teórica de testes psicométricos para avaliação cognitiva.
  • Administração, correção. interpretação, e redação dos resultados de testes psicológicos e outras técnicas de avaliação afetiva e comportamental.
  • Psicopatologias I, II, III
  • Estágio básico, obrigatório supervisionado em avaliação psicológica.


REFERÊNCIAS

Slide do professor Lucas Matias Félix

Entrevista psicológica no Psicodiagnóstico - Síntese

  O PSICODIAGNÓSTICO...

  • É um tipo de avaliação psicológica desenvolvida no âmbito clínico. 
  • Inicia-se a partir de uma demanda do cliente.
  • Tem foco específico, ou seja, o motivo da avaliação, que irá guiar todo o processo: escolha de técnicas e instrumentos a serem utilizados.
AS ENTREVISTAS INICIAIS...
  • É indispensável uma entrevista inicial, tanto com o profissional que solicitou o psicodiagnóstico, como com o cliente a ser avaliado. Além desses, pais, responsáveis, e outros profissionais se necessário.
  • Permite aprofundar as queixas ou motivos trazidos em um momento inicial.
  • têm como objetivos conhecer o paciente que chega para a avaliação e compreender o motivo do psicodiagnóstico.
  • Possibilita aos psicólogos avaliadores  se abastecer do maior número e das mais variadas fontes de informação.

CONTATO COM O PROFISSIONAL ENCAMINHADOR

  • Diversos profissionais, como psicoterapeutas, professores, médicos de diversas especialidades, fonoaudiólogos, nutricionistas, entre outros, podem encaminhar um paciente para esse tipo de avaliação.
  • O encaminhamento pode ser realizado tanto por meio de um contato pessoal entre os profissionais quanto por meio de uma solicitação por escrito.
  • o ideal é realizar um contato direto com a fonte do encaminhamento a fim de esclarecer dúvidas e certificar-se acerca do pedido.
  • questionar sobre o motivo pelo qual o profissional solicitou a avaliação e a percepção que ele tem do paciente e das queixas trazidas, assim como, o impacto delas na vida do paciente.
  • possibilita uma melhor compreensão dos objetivos do psicodiagnóstico do caso em questão, auxilia os avaliadores a dar início a um levantamento de hipóteses e a construir o plano de avaliação.

  • A PRIMEIRA ENTREVISTA...
    • pode ocorrer antes ou após o contato com outros familiares
    • crianças ou dependentes se realiza a entrevista com os pais.
    • permite conhecer as expectativas em relação à avaliação, obter informações acerca do motivo do encaminhamento e fazer esclarecimentos sobre o processo.
    • Inicia-se um vínculo e uma relação de confiança entre o profissional e os responsáveis pelo paciente que será avaliado.
    • o profissional deve se mostrar aberto para responder aos mais diversos questionamentos que podem ser trazidos por eles e estabelecer uma relação de confiança.
    • o ambiente deve ser acolhedor que possibilite ao paciente e a seus familiares sentirem-se seguros e confortáveis.
    • Possibilita a confirmação ou não daquelas primeiras impressões surgidas no momento do encaminhamento.
    • Questionar se eles sabem a razão da avaliação e como percebem as queixas relativas a seu(sua) filho(a).
    • Se conhecem o trabalho do psicólogo e se têm alguma ideia de como funciona um psicodiagnóstico. 
    • "Deve-se explicar, que o psicodiagnóstico ocorre dentro de um tempo limitado, que, durante esses encontros, tenta-se compreender a queixa trazida conversando com a criança, utilizando algumas técnicas que vão desde brincadeiras até a aplicação de instrumentos, e que, ao fim do processo, será dada uma devolução tanto para os pais como para o paciente e para o profissional que solicitou a avaliação." (ADRIANA) 
    • Começa a se formar uma imagem sobre o paciente, embora nem sempre as informações trazidas pelos pais ou responsáveis são a realidade.
    • coletar de informações relacionadas ao paciente que serão significativas para o delineamento de um plano de avaliação.
    O QUE DEVE SER QUESTIONADO OU EXPLICADO AO CLIENTE

    COM CRIANÇAS...
    • Se ele(a) sabe porque veio ao psicólogo.
    • Comunicar sobre os encontros que terão.
    • Informar sobre possíveis atividades.
    • falar sobre o objetivo dos encontros: conhecer melhor e entender as dificuldades do cliente.

    COM ADOLESCENTES...

    • É importante que o paciente sinta-se - responsável por seu processo de avaliação desde o início.
    • A primeira entrevista pode ocorrer com o adolescentes apenas, se os pais estiverem de acordo, autorizando-o, já que é menor de idade.
    • Pode-se conversar com o paciente adolescente incialmente, e em um segundo momento, com os pais ou responsáveis.
    • Ao longo do processo, os responsáveis deverão ser chamados para outras entrevistas, par coleta de dados de anamnese do paciente.
    COM ADULTOS...
    • O mesmo procedimento, exceto pela necessidade da presença dos pais.

    QUESTÕES RELEVENTES NA PRIMEIRA ENTREVISTA...
    • Desde quando os sintomas se manifestam? 
    • Existe algum fator desencadeante? 
    • Qual a intensidade? 
    • Em que ambientes eles ocorrem? 
    • Como o paciente percebe esses sintomas? 
    • Qual a influência dos sintomas na vida diária? 
    • Quais os prejuízos que eles vêm trazendo para a vida do paciente?
    •  Em que áreas da vida (social, familiar, educacional/laboral) os sintomas/problemas trazem prejuízos? 
    • Como a família, os amigos e outras pessoas que convivem com o paciente observam o problema?
    • Que tipo de suporte (social, familiar, financeiro) ele tem para lidar com o problema? 
    • Com quem vive e quem o auxilia em suas dificuldades?
    •  Ele já passou por algum tipo de atendimento profissional antes? 
    • Quais profissionais o acompanham?
    Questões importantes em relato de ideação suicida:
    • Escuta ativa, atenta, empática.
    • O paciente tem planos de suicídio? 
    • Já pensou de que forma e com que meios colocaria esses planos em prática? 
    • Existe alguma data prevista para isso? 
    • Já realizou tentativas anteriores?
    "Estudos demonstram que a presença de transtornos mentais, como os do humor e a esquizofrenia, e as tentativas prévias de suicídio estão entre os principais fatores de risco para o suicídio" (Brasil, 2006; Werlang, Borges, & Fensterseifer, 2005) apud Adriana.

    Na evidência de risco de suicídio...
    •  não se pode liberar um paciente para que saia sozinho do atendimento. 
    • É importante criar um espaço de escuta empática e atenta para as questões trazidas, a fim de que ele também consiga aliviar sua angústia. 
    • deve-se informar o paciente sobre a necessidade de entrar em contato com os familiares ou amigos mais próximos, que deverão ser orientados a não deixá-lo só em nenhum momento, em função do risco existente, e a impedir o acesso a meios que possibilitem o suicídio (medicamentos, armas, cordas, etc.). 
    •  paciente em acompanhamento psiquiátrico, deve-se contatar o profissional, também com a autorização do paciente e dos familiares, para que sejam adotadas as medidas necessárias.
    • paciente não está em acompanhamento psiquiátrico, dependendo da gravidade do risco, pode-se orientar a família para a busca de internação psiquiátrica do familiar. 

    ETAPAS DA ENTREVISTA INICIAL

    1ª Etapa - paciente encaminhado para avaliação
    • Contato com a fonte de encaminhamento para levantamento de informações.
    • Se aplica a crianças, adolescentes e adultos.
    2ª Etapa - Entrevista com paciente e responsáveis.
    • Paciente Adulto - a primeira entrevista geralmente é realizada com o próprio paciente.
    • Paciente Adolescente - A primeira entrevista pode ser realizada com o próprio adolescente, seguida por entrevista com os pais ou responsáveis.
    • Paciente criança - A primeira entrevista é realizada com os responsáveis. Posteriormente, marca-se com a criança.
    3ª Etapa - Entrevistas com outras fontes de informação
    • Sempre com a autorização do paciente e, se for o caso, de seus responsáveis, pode-se coletar informações de outras fontes, como familiares, professores, outros profissionais que acompanham o paciente.

    O PLANO DE AVALIAÇÃO...

    • Que técnicas e testes podem ser utilizados com esse paciente? 
    • Qual o seu nível de compreensão? 
    • Qual sua capacidade de comunicação?
    • O paciente faz uso de lentes ou de aparelho auditivo? 
    • Tem algum problema de visão ou alguma dificuldade motora? 
    • É destro ou canhoto? 
    • Qual sua escolaridade? 
    • É alfabetizado?

    Essas perguntas são importantes para definir o tipo de teste a ser aplicado de acordo com a dificuldade do paciente:

    •  um paciente com dificuldade para identificar cores, por exemplo, não se pode utilizar um teste como o Rorschach.
    •  avaliação da área cognitiva não poderia contemplar exercícios verbais, se a criança tem dificuldade de comunicação verbal.
    •  pacientes que utilizam lentes ou aparelho auditivo é importante lembrar que o uso do aparelho ou dos óculos será imprescindível para a realização dos testes.

    MODELOS DE ENTREVISTA INICIAL

    Livre 

    •  é mais aberta, podendo partir de uma pergunta mais generalista e seguir sendo construída ao longo do seu desenvolvimento. 
    • De acordo com Tavares (2003), em um contexto de avaliação, mesmo a entrevista livre deve ter algum tipo de direcionamento por parte do avaliador.
    • É importante ter em mente os temas que pretende abordar, mesmo não tendo nada elaborado, mantendo o foco de investigação.
    • investiga-se questões específicas aos sintomas apresentados e questões mais generalistas, como aquelas relativas aos marcos de desenvolvimento
    Semiestruturada 

    • Para Ocampo e Arzeno (2009), a entrevista inicial se caracterizaria como uma entrevista semidirigida. o paciente é quem constrói a forma como as informações serão trazidas. 
    • É ele quem irá definir quais dados relativos ao seu problema serão abordados primeiramente e que outros dados serão incluídos.
    • O avaliador poderá auxiliar na estruturação desse campo de informações questionando aquilo que pode ter se mostrado como contraditório, impreciso, ambíguo ou incompleto e assinalando algumas questões quando o paciente não souber como iniciar ou dar continuidade ao seu relato durante a entrevista.
    • Possuem perguntas pré-formuladas.
    • O avaliador segue um roteiro de perguntas.
    • Podem surgir novas perguntas.
    • São bem aplicadas para realização de anamnese.
    • Cada fase do desenvolvimento demanda perguntas específicas.

    Estruturada

    • são mais raras no contexto clínico. 
    • a limita o avaliador tanto no que se refere às perguntas que podem ser feitas quanto no tipo de resposta que pode ser obtida
    • seguem um roteiro bastante rígido, contendo perguntas e alternativas de respostas determinadas (Laville & Dionne, 1999)
    • Não existe liberdade para que se acrescentem novas questões nem a possibilidade de o paciente trazer respostas diferentes daquelas preestabelecidas.
    • servem para algum tipo de protocolo de avaliação ou em situações de pesquisa


    REFERÊNCIAS.

    HUTZ, C.S.; BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C.M.; KRUG, J.S. Psicodiagnóstico.  Coleção avaliação psicológica. Artmed. São Paulo, 2016. Cap.5 - A entrevista psicológica no Psicodiagnóstico.

    terça-feira, 29 de setembro de 2020

    Controlando a dor





    A DOR...

    • é um fenômeno multidimensional influenciados por fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais. 
    • É uma experiência subjetiva mas pode ser mensurada por meio de auto/heterorrelato e sinais objetivos de alteração fisiológica e comportamental.
    • É uma sensação ou experiência emocional desagradável causada por um dano tecidual real ou potencial e de descrita em termos de tal dano (IASP, 2008) (Associação Internacional para o Estudo da Dor).

    A DOR X SAÚDE PÚBLICA

    Segundo Lozito (2001)...
    • é um importante problema de saúde pública
    • afeta mais de 50 milhões de norte-americanos
    • custa 100 bilhões de dólares por ano em tratamento médico, nos EUA. 
    ... a dor enquanto modelo BIOPSICOSSOCIAL.
    • distingue entre os mecanismos biológicos pelos quais estímulos dolorosos são processados pelo corpo: 
    • a experiência emocional  e subjetiva da dor e os fatores sociais e comportamentais  são compreendidos neste estudo.
    IMPORTÂNCIA E TIPOS DE DOR

    Pesquisadores dividem a DOR em três categorias:
    1. AGUDA
    • é cruciante e pungente e normalmente se localiza em uma parte ferida do corpo.
    • pode durar de alguns segundos a vários meses
    • tende a diminuir quando ocorre a cura.
    • Exemplos: queimadura, fratura, fadiga muscular, etc.

           2. RECORRENTE
    • envolve episódios de desconforto intercalados com períodos  sem dor ou menos dor.
    • tendem a se repetir por mais de três meses (Gatchel e Maddrey, 2004)
    • Exemplo: Enxaquecas periódicas


           3. CRÔNICA
    • é persistente
    • tendem a durar mais de 3 meses
    • permanecem após a cura da lesão que a causou ou acompanha uma lesão que não se cura.
    • Exemplo: fibromialgia


    A DOR E SUA NATUREZA MULDIMENSIONAL E SUBJETIVA
    • de difícil mensuração
    • clínicos e pesquisadores desenvolveram diversas maneiras de avaliá-la: Medidas Físicas, Medidas Comportamentais e Medidas de autoavaliação.
    MEDIDAS FÍSICAS
    • avalia-se a dor mensurando as mudanças fisiológicas específicas que a acompanham.
    • Exemplo: eletromiografia é um exame que avalia a quantidade de tensão muscular apresentada por pacientes que sofrem de cefaleias ou dores lombares.
    • Faz-se o registro minucioso das mudanças que ocorrem na frequência cardíaca, na velocidade da respiração, na pressão arterial, na temperatura e na condutividade da pele, que são indicadores da excitação autonômica que acompanha a dor.
    MEDIDAS COMPORTAMENTAIS
    • Mensura a dor no comportamento do paciente.
    • Pode ser mensurado por amigos, parentes ou profissionais de saúde em sessões clínicas estruturadas.
    • Wilbert Fordyce (1976) pioneiro na pesquisa sobre a dor, desenvolveu um programa de treinamento comportamental no qual um observador como o colega de quarto do paciente, monitora de 5 a 10 comportamentos que costuma indicar o começo da dor.
    • NA clínica, enfermeiros e outros profissionais de saúde são treinados para observar sistematicamente os comportamentos do paciente durante procedimento de rotina.
    • Um inventário bastante utilizado é a Pain Behavior Scale, que consiste em uma série de comportamentos, alvo, incluindo verbalizações de queixas, expressões faciais, posturas anormais e mobilidade (Feuerstein e Beattie, 1995).
    MEDIDAS DE AUTOAVALIAÇÃO
    • solicita que o paciente responda ao questionário, atribuindo um valor numérico ao seu nível de desconforto a determinada situação.
    • as escalas de avaliação de dor podem ser baseadas em relatos verbais, onde a pessoa escolhe, a partir de uma lista a palavra que melhor descreve sua dor.
    • Muitos clínicos sugerem ao paciente que confeccionem um diário da dor, no qual avaliem episódios de dor durante um período, registrando eventos cotidianos, medicamentos, etc.



    REFERÊNCIAS

    SATRAUB, Richard O. Psicologia da Saúde: uma abordagem biopsicossocial. 3ª edição. Artmed. 
    Google Imagens

    domingo, 27 de setembro de 2020

    O desastre na perspectiva sociológica e psicológica

     

    • o artigo tem por objetivo revisar e discutir conceitos de desastre na perspectiva de autores da Sociologia e da Psicologia.
    • No âmbito da Sociologia a palavra desastre abrange fenômenos delimitados no tempo e no espaço, capazes de causar danos físicos, perdas, rupturas sociais e mudanças no funcionamento da rotina diária. 
    •  No âmbito da Psicologia, o termo, que faz menção a eventos súbitos e com potencial traumático delimitados no tempo e no espaço, refere-se a fenômenos coletivos que geram alto grau de estresse e provocam consequências/reações psicológicas nos envolvidos. 
    • é fundamental compreender o desastre dentro do contexto social
    DESASTRE NO ÂMBITO DA PSICOLOGIA
    • o interesse pelos desastres, segundo Puy e Romero (1998), foi suscitado no contexto da Segunda Guerra Mundial, em que os diversos organismos oficiais do governo norte-americano financiavam estudos em Psicologia do Trauma, com o objetivo de extrapolar os resultados obtidos em contextos de desastres, aplicando-os às situações bélicas. 
    • Na última década, o desenvolvimento da Psicologia no campo dos desastres tem dado ênfase à resiliência psicológica e aos comportamentos adaptativos diante dos novos cenários do pós-desastre. 
    • Atualmente o interesse tem se deslocado para as intervenções e avaliações com base na comunidade, dentro de princípios consistentes com os modelos públicos de saúde mental (Dodge, 2006; Reyes, 2006c).
    • A ênfase está no fortalecimento da resiliência comunitária, em consonância com as características culturais de cada contextono atendimento das necessidades psicossociais e no cuidado com a saúde mental tanto dos profissionais quanto dos seus beneficiários (Ager, 2006; Dass-Brailsford, 2010; Dodge, 2006)

    A Psicologia dos Desastres ou Psicologia nas/em emergências e desastres:

    • a área ainda em desenvolvimento no Brasil e um campo ainda jovem, inclusive nos países desenvolvidos (Reyes, 2006a).
    • Na última década, como os deslizamentos no Rio de Janeiro, enchentes em Santa Catarina e o incêndio da Boate Kiss em Santa Maria, profissionais da Psicologia têm se mobilizado no sentido de oferecer apoio psicossocial às vítimas e aos familiares, porém não há formação específica na área e a Psicologia dos Desastres.
    • Recentemente (08/05/2013) o Conselho Federal de Psicologia publicou nota técnica sobre a atuação de psicólogos em situações de emergência e desastre relacionadas com a Política Nacional de Defesa Civil. A nota destaca que as situações de emergências e desastres têm implicado a mobilização de serviços públicos e iniciativas privadas e/ou complementares.
    •  segundo Reyes (2006b), é um campo da Psicologia que em situações de desastre atua de modo a oferecer respostas de curto prazo ao estresse agudo, enfatizando intervenções com base na comunidade. 
    • utiliza técnicas como as da intervenção em crise, visando o gerenciamento do estresse e com ênfase na diminuição da excitação emocional, na resolução de problemas e na adoção de estratégias de coping efetivas.
    • se aproxima da Psicologia do Trauma, a Psicologia dos Desastres dela também se distingue, de diferentes modos. 

    Quando se instala uma crise, inúmeras demandas podem surgir, como aquelas ligadas à sobrevivência humana, à infraestrutura, à moradia, à comunicação e outras:

    •  os desastres costumam ocasionar enormes perdas materiais e humanas, as quais, na maioria das vezes, tendem a ser rapidamente esquecidas.
    • pessoas afetadas podem ter perdido familiares, amigos, estrutura de apoio comunitário, trabalho e outros bens de valor para a sobrevivência.
    •  O psicólogo dos desastres necessita ser um expert não apenas em trauma, mas também em perdas e em mudança comunitária.
    • é preciso conhecer como trabalhar em e com comunidades de maneira coordenada e em colaboração com diferentes profissionais e organizações.
    • as consequências traumáticas deste tipo de evento ainda são muito enfatizadas por teóricos da Psicologia
    • McFarlane e Norris (2006) conceituaram desastre como “um evento com potencial traumático o qual é experimentado coletivamente, com início agudo e delimitado no tempo” (p. 04)
    • Cabe considerar que, além do potencial traumático, a exposição prolongada à ameaça de um desastre e a não previsibilidade do seu término - como ocorre com as secas - são situações geradoras de altos níveis de estresse, interferindo na saúde psicológica e influenciando a percepção de segurança quanto ao futuro (McFarlane & Norris, 2006)
    • Além das características físicas de um evento que estão relacionadas com as suas consequências, é preciso conhecer  o contexto em que ele ocorre.

    DESASTRES, EMERGÊNCIAS E ACIDENTES

    • Quarantelli (1998) enfatizou que não existe consenso sobre o conceito de desastre.
    • Britton (1986) considerou desastres, emergências e acidentes como períodos de crise social, caracterizados por diferentes graus de estresse coletivo. 
    GarciaRenedo (2008) sistematizou as ideias de Britton e acrescentou:
    •  o termo “catástrofe” como sendo o evento de maior grau de estresse coletivo; 
    • o acidente estaria no extremo de menor estresse coletivo, sendo um evento em que a ruptura aconteceria para um grupo muito específico de vítimas;
    • a  emergência uma situação de crise interferiria nas atividades realizadas por um determinado grupo de pessoas.
    •  O desastre implicaria num maior número de pessoas afetadas, assim como na ruptura da maioria das estruturas sociais e da infraestrutura comunitária, como acontece no caso dos terremotos.
    • catástrofes se referem  à ruptura de todas as estruturas sociais de uma sociedade, como, por exemplo, o que ocorreu no Tsunami do Sudeste Asiático e no contexto das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.

    A diferenciação entre cada um desses eventos se daria em torno de três critérios, segundo (Garcia-Renedo, 2008):

    1.  número de pessoas implicadas
    2.  capacidade de resposta do sistema.
    3.  ruptura e danos nos sistemas sociais 

    DEFINIÇÕES DE DESASTRE NA PERSPECTIVA DA SOCIOLOGIA E DA PSICOLOGIA 

    Na Sociologia: 

    • Fritz (1961, p.312) "Eventos, observáveis no tempo e espaço, no qual as sociedades ou suas subunidades (comunidades ou regiões) sofrem danos físicos e perdas e/ou rupturas no funcionamento de sua rotina. Ambas, causas e consequências desses eventos estão relacionadas com as estruturas sociais e processos das sociedades ou suas subunidades."
    • Brittom (1989, p.254)  Um produto social como expressão da vulnerabilidade da sociedade humana que depende da interação entre os seres humanos e sua utilização do espaço físico e social.
    Nenhuma dessas definições faz menção explícita às implicações psicológicas dos desastres. No tocante à Psicologia, foram selecionadas três definições:

    • Quarantelli(1985, p.50) Quando, numa ocasião de crise, a demanda por ação excede a capacidade de resposta. A ênfase está no esforço coletivo para dar conta da crise particular por meio da restauração das capacidades ao nível das demandas".
    • McFarlane e Norris (2006, p.04) "Um evento com potencial traumático o qual é experimentado coletivamente, com início agudo e delimitado no tempo. Desastres podem ser atribuídos a causas naturais, tecnológicas e humanas".
    • García-Renedo, Gil Beltrán e Valero Valero (2007, p. 40) "Uma situação traumática que gera um alto grau de estresse aos indivíduos de uma sociedade ou uma parte dela, devido à ação de um agente em uma comunidade vulnerável (natural, humano ou uma combinação de ambos), produzindo uma alteração no funcionamento, tanto em nível comunitário como individual, assim como uma série de reações e consequências psicológicas nas pessoas envolvidas. As demandas criadas excedem os recursos habituais de respostas disponíveis na comunidade."
    CONSIDERAÇÕES SOBRE  DESASTRE
    • abrange diferentes eventos e/ou processos com características distintas.
    • não pode ser compreendido desvinculado do contexto no qual ele ocorre.
    • devem ser consideradas as variáveis físicas, sociais, políticas, econômicas e outras que possam estar implicadas.
    • o termo desastre como um processo que tem sua origem na interação entre seres humanos e seu contexto social (Britton, 1986)
    • é a expressão aguda da vulnerabilidade em suas diferentes dimensões (física, social, ambiental, etc.)
    • desafiam a capacidade humana de resposta (Quarantelli, 1985), podendo trazer consigo perdas (Fritz, 1961) repentinas e prolongadas no tempo.
    • os desastres são processos que, além de evidenciar a capacidade de enfrentamento de indivíduos e grupos, despertam para a necessidade de transformação da realidade social.

    REFERÊNCIAS

    O DESASTRE NA PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA E PSICOLÓGICA1 Eveline Favero2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel-PR, Brasil Jorge Castellá Sarriera Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS, Brasil Melina Carvalho Trindade Domus - Centro de Terapia de Casal e de Família, Porto Alegre-RS, Brasil

    Ideações e Tentativas de Suicídio em Adolescentes com Práticas Sexuais Hetero e Homoeróticas

     

    •  Pesquisa aplicada a adolescentes com idade entre 12 e 20 anos.
    • Pretendia conhecer as associações entre orientação sexual e ideações e tentativas de suicídio.
    •  Conclui-se que a questão do suicídio é uma problemática de saúde pública e que a população de jovens não heterossexuais necessita de abordagens específicas para a prevenção e de atenção relativas a essa conduta.
    HETEROSSEXUALIDADE
    • a heterossexualidade passou a ser sinônimo de normalidade apenas em fins do século XIX, , quando se construiu o discurso de que ela seria a forma ideal de felicidade amorosa e erótica  (Katz, 1996 e Spencer, 2004).
    • a heterossexualidade tornou-se referência legítima dos desejos, ideais, princípios e valores (heteronormatividade), produzindo, assim, um sentimento de superioridade em relação a todas as outras manifestações plurais das sexualidades (heterossexismo).(r Eribon e Haboury, 2003)
     Princípios desconstrucionistas das teorias pós-estruturalistas (Higgins, 1993):
    • Cardoso (2003) assume que o heterossexismo é um mito e, como tal, uma inverdade que “explica o mundo do desejo e do amor, além de garantir a estabilidade das coisas.
    •  o heterossexismo justifica uma ordem moral intocável; intocável porque não é questionada, não é avaliada.  é aceita como um mito, uma verdade óbvia, natural e universal.
    • esta ordem moral heterossexista sustenta o edifício econômico e político que questionamos”
    SEXISMO
    • É uma suposta superioridade dos homens (biologicamente falando) em relação às mulheres e, basicamente, sobre tudo o que diz respeito ao feminino
    • Desdobra-se para o machismo, que se nutre do poder dos homens e sobre tudo que diz respeito ao feminino
    • Essa arbitrariedade legitima a violência contra a mulher.
    HOMOFOBIA
    • é o medo ou o descrédito quanto às pessoas homossexuais ou àqueles que são presumidos o serem, bem como a tudo que faça referência aos atributos, esperados para um sexo, encontrados em outro sexo (Welzer-Lang, 2001). 
    • o termo é empregado para significar um processo específico de violência física, simbólica e/ou social contra o(a)s homossexuais.
    • A homofobia é um dispositivo de controle, no sentido foucaultiano (Foucault, 1988), que busca afastar todo e qualquer questionamento ou desestabilização da naturalização da norma(lidade) da conduta heterossexual
    • Tem  finalidade de oprimir todo(a)s aquele(a)s que ousam sentir, experimentar ou dizer de suas orientações e/ou identidades sexuais diversas da heterossexualide.
    •  promove uma percepção negativa e homogeneizada da homossexualidade, no campo social, que resulta, no campo individual, em uma homofobia interiorizada (estigma)
    Borrillo (2000) aponta que as pessoas homossexuais são vitimizadas do seguinte modo:

    1) Os homens homossexuais são vitimizados, pois, em sendo homo, se “igualam” às mulheres na posição de eventual receptor do pênis. Logo, são vistos como “efeminados”, deixando de fazer parte do universo viril. Por isso, o estereótipo de que todos os homossexuais masculinos são “mulherzinhas”, “desmunhecados” e/ou “maricas”.

     2) De outro lado, as mulheres homossexuais são vitimizadas, já que, em sendo homo, supostamente deixam de cumprir sua função de “fêmea” reprodutora dos filhos “de um macho”, e não são aceitas no universo viril, ainda que e masculadas, pois não possuem o pênis. 

    Em acréscimo, ao se identificarem enquanto lésbicas, assumem uma postura ativa em relação ao seu desejo sexual. Como tal atividade é exclusiva do universo masculino, elas são rechaçadas pelos homens e pelas outras mulheres, pois quebraram a barreira do silêncio em relação à suposta passividade feminina.

    Blumenfeld (1992), Isay (1998) e Hardin (2000) assinalam que tais efeitos englobam:

     1) Negação da sua orientação sexual (do reconhecimento das suas atrações emocionais) para si mesmo e para os outros; 

    2) Tentativas de mudar a sua orientação sexual; 

    3) Sentimento de que nunca se é “suficientemente bom”, o qual conduz à instauração de mecanismos compensatórios, como, por exemplo, ser excessivamente bom na escola ou no trabalho (para ser aceito); 

    4) Baixa autoestima e imagem negativa do próprio corpo, depressão, vergonha, defensibilidade, raiva e/ou ressentimento – o que pode levar ao suicídio já em tenra juventude; 

    5) Desprezo pelos membros mais “assumidos” e “óbvios” da comunidade LGBT; 

    6) Negação de que a homofobia é um problema social sério;

    7) Projeção de preconceitos em outro grupoalvo (reforçados pelos preconceitos já existentes na sociedade).

    8) Tendência de tornar-se psicológica ou fisicamente abusivo, ou permanecer em um relacionamento abusivo; 

    9) Tentativas de se passar por heterossexual, casando-se, por vezes, com alguém do sexo oposto, para ganhar aprovação social ou na esperança de “se curar”; 

    10) Práticas sexuais não seguras e outros comportamentos autodestrutivos e de risco (incluindo a gravidez e o de ser infectado pelo vírus HIV); 

    11) Separação de sexo e amor e/ou medo de intimidade, capaz de gerar até mesmo um desejo de ser celibatário(a); 

    12) Abuso de substâncias (incluindo comida, álcool, drogas e outras).

    Epidemiologia de Suicídio em Adolescentes Independentemente de Orientação e/ou Identidade Sexual

    O Adolescente

    • A adolescência é um período do desenvolvimento humano que possui diferentes interpretações para cada cultura e momentos históricos (Santos, 1996).
    • No Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Brasil, 1995), Art. 2º, considera-se “criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade” , enquanto a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1986) entende como adolescente o indivíduo que possui entre 10 (dez) e 20 (vinte) anos de idade.
    • O adolescente em adotar valores e comportamentos visando à aceitação pelo grupo ao qual pertence.
    •  tornam-se mais susceptível a conflitos emocional
    • passa a entrar aos poucos no universo adulto, recebendo as primeiras pressões sociais, que, articuladas à realidade emocional dos envolvidos, podem contribuir para alterações de comportamento e surgimento de quadros depressivos, os quais, se não forem superados, correm risco de desembocar em ideações e tentativas de suicídio.
    O suicídio
    • Marcus (1995) e Cassorla (1998a; 1998b), o suicídio – ato voluntário de pôr fim à própria vida, para muitas pessoas, pode ser a última alternativa para lidar com a tensão resultante da não aceitação de desejos (sexuais ou não), no campo social. 
    • Ato intimamente ligado ao contexto onde ele se produz (Barros, 1998). 
    •  Arenales e colaboradores (2002) salientam a existência de uma tendência de aumento dos suicídios em adolescentes, a partir dos anos 1950, tendo as taxas de suicídio nesse grupo triplicado desse período até os anos 80, estabilizando-se posteriormente. 
    • EUA tem como maior preocupação com essas taxas por dois motivos: 
              a) a taxa de suicídio, nessa faixa etária, quadriplicou nos últimos cinquenta anos; 
              b) o suicídio contagioso ou os grupos de suicídio parecem ser mais comuns entre os jovens que entre outros segmentos da população. 
    •  os pensamentos sobre o suicídio são ainda mais comuns que as tentativas ou os suicídios efetivados
    No Brasil, os dados de DATASUS de 2002 apontam que:
    • Entre 15 a 19 anos, a taxa de mortalidade por suicídio é de 4 para homens e 2 para mulheres em 100.000 habitantes e, no que tange à internação, a estimativa era de 583,3, para o ano de 2003. 
    • Para o Estado de São Paulo, a taxa é 7, enquanto, para a capital, é de 1,5 por 100.000 habitantes. 
    • Considerando o sexo do indivíduo independente da faixa etária, na capital paulista, tem-se 6.4 homens e 1,5 mulheres por 100.000 habitantes (D’Oliveira, 2005)
    • os homens, ao tentarem suicídio, têm mais “sucesso” (arma de fogo) comparativamente às mulheres,(medicamentos, enforcamento ou estrangulamento) por conta da tipologia do suicídio. embora as mulheres tentem mais.
    •  o suicídio como ocupando a 6ª posição entre as principais causas de óbito entre jovens de 15 a 24 anos.
    Suicídio de Adolescentes e Orientação Sexual Homossexual: epidemiologia e casuística
    •  entendem-se as ideações e tentativas de suicídio de adolescentes “não heterossexuais” como efeitos dos processos homofóbicos e não uma decorrência de processos patológicos individuais.
    • procura-se compreender o quanto o estigma de se descobrir “não heterossexual”, para si mesmo e/ou para os outros, contribui para levar um(a) adolescente ao ato de pensar e/ou de atentar contra a sua própria vida.
    • Pesquisas revelam que adolescentes homossexuais tem maior propensão a tentar suicídio que adolescentes heterossexuais.(Estado de Massachusetts, jovens LGBT 35,3% tentaram suicídio e Jovens Heterossexuais apenas 9,9%.
    • e o suicídio entre homossexuais, particularmente entre adolescentes e jovens adultos, tem sido considerado alto, nos últimos 25 anos.
    No Brasil foi feita uma pesquisa entre estudantes do ensino médio, em 2009:;
    • Aplicou-se um questionário de 131 perguntas, na sua maioria fechadas.
    • O questionário possui questões que abordam a identificação pessoal, trajetórias sexuais, homofobia, ideações e tentativas de suicídio e histórico de violência sexual e/ou física.
    • Considerou-se como fator a orientação sexual dos estudantes. As variáveis de desfecho usadas foram: pensamentos e tentativas suicidas, histórico de violência sexual e física. 
    • Entre 2.256 que responderam ao questionário, 484 estudantes declararam já terem pensando em suicidar-se, o que representa uma prevalência de 21,5%.
    • as meninas (359) apresentaram uma prevalência maior, com 74,2%, de pensamentos suicidas, que os meninos 25,8% (125) 
    •  Para ambos sexos, independentemente da orientação sexual, esse fato se deu, na maioria das vezes, entre os 14 e os 16 anos, 312 (67,5%)
    • A prevalência de pensamentos suicidas entre os heterossexuais foi de 20,7%. Entre os não heterossexuais, essa prevalência foi de 38,6%.
    • Em 480 adolescentes que disseram ter pensado em se matar, 442 são heterossexuais. Dentre estes, 137 (31,0%) tentaram se matar.
    • , evidenciouse que os não heterossexuais têm mais chances de pensar e tentar suicídio, comparativamente aos heterossexuais
    Os adolescentes tomados por desejos eróticos em relação a pessoas de mesmo sexo biológico – neste estudo, denominados “não heterossexuais” –, sentem medo da exclusão e da injúria (Verdier e Firdion, 2003; Eribon, 2008), se afastam da sociedade, tornando-se vulneráveis à depressão e, em alguns casos, a pensamentos e tentativas de suicídio (SavinWilliams, 1990, 1998; Taquette e col., 2005). 

    O suicídio em adolescentes não heterossexuais está acompanhado de certa desesperança e negação interna da sexualidade, que costumam ser reforçadas pela sociedade heteronormativa em que vivemos (Oliveira, 1998). 

    - Qual é a duração desse processo de luto? Segundo Castañeda (2007), para certas pessoas, ele nunca tem fim – e talvez seja a diferença mais importante entre os homossexuais “felizes” e aqueles que nunca terminam de fazer o luto da heterossexualidade, que é imposta como ideal de comportamento sexual.  É importante tomar consciência desse luto, que pode durar indefinidamente ou ressurgir sob formas diferentes.

    REFERÊNCIAS:
    Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-12902012000300011&script=sci_arttex

    Recalque - Psicanálise

      Recorte do texto de Garcia-Roza GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo, Recalcamento. In.: Artigos de metapsicologia, 1914-1917: narcisismo, pulsão, recalque, inconsciente / Luiz Alfredo Garcia-Roza. — 7.ed. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008. Em: 22/09/2020 

    Recalcamento 

    • um dos conceitos mais importantes da metapsicologia freudiana, segundo a história do movimento psicanalítico, onde Freud declara que “o recalcamento é o pilar fundamental sobre o qual descansa o edifício da psicanálise”.
    • O Vocabulário da psicanálise de Laplanche e Pontalis, tanto na edição francesa como na brasileira, optou por 
    •  é um processo interno ao sujeito, é também verdadeiro que este processo se dá em decorrência da censura, da lei enquanto algo que é externo ao sujeito. 
    • Recalque secundário ou recalque propriamente dito. A distinção entre as duas formas de recalque, o primário e o secundário, tem por objetivo responder à aparente contradição resultante do fato do recalque ser um mecanismo que se exerce entre dois sistemas (o Ics e o Pcs/Cs) e ao mesmo tempo o mecanismo que funda a distinção entre esses sistemas. Ao propor a hipótese do recalque primordial.
    •  Freud pretende resolver essa contradição fazendo com que o recalque primordial seja o responsável pela clivagem do psiquismo em sistemas diferenciados (o Ics e o Pcs/Cs), enquanto que o recalque propriamente dito se exerça a partir da clivagem já feita. 
    •  distinções entre o recalque primário e o recalque secundário o caráter passivo do primeiro à diferença do segundo, essencialmente ativo. 
    •  Freud se refere ao recalque secundário como uma Nachdrängen, uma pressão posterior. 
    •  Vinte anos mais tarde, no artigo Análise terminável e interminável, ao retomar a distinção entre os dois momentos do processo de recalcamento, ele afirma que “todos os recalques acontecem na primeira infância” quando o eu ainda imaturo empreende suas primeiras medidas defensivas. Trata-se aqui do recalque primordial. “Nos anos posteriores não se consumam novos recalques”, o eu recorrendo aos recalques originais, que foram conservados, para Introdução à metapsicologia freudiana.
    •  Posteriormente Freud vai substituir a ênfase dada ao conflito Ics - Pcs/Cs pelo conflito eu - recalcado, não identificando mais a consciência como instância recalcante e sim o eu (ou uma parte inconsciente do eu), governar as pulsões.
    • A impressão que se tem é que só há recalque na primeira infância, ficando o indivíduo livre desse mecanismo nos anos posteriores de sua vida. Não é o que ocorre
    • na primeira infância está presente apenas o recalque primário ou original;,
    •  a partir de então, entra em cena o recalque secundário ou recalque propriamente dito, que incide sobre os derivados do recalque primordial. 
    • É o recalque secundário o responsável pela manutenção do sistema inconsciente enquanto formado essencialmente pelo recalcado (recalcado resultante do recalque secundário); 
    • O recalque não elimina nem impede o representante e a representação (Vorstellungsrepräsentanz) de continuar agindo no inconsciente mas, ao contrário, o recalcado “continua se organizando, formando derivados e estabelecendo conexões”. 
    • O que é afetado não é o modo de ser do representante-representação no inconsciente, mas sobretudo sua relação com o sistema pré-consciente/consciente. 
    • Se alguma influência é exercida pelo recalque sobre o que ocorre no inconsciente, é no sentido de possibilitar ao recalcado uma expansão e uma riqueza de articulação maiores, precisamente por ele estar livre do controle da consciência.

    https://www.youtube.com/watch?v=R1Y63kWQFFM

    O Estudo das diferenças individuais no Brasil

      A psicologia brasileira na primeira metade do século passado; 

    •  buscava conhecer o sujeito bem, sobretudo do ponto de vista de sua capacidade física e mental e, mais ainda, de suas aptidões e tendências.
    • Havia uma contínua preocupação em conhecer a realidade psíquica do cidadão brasileiro a partir do seu perfil intelectual, motivacional e comportamental
    • foram produzidos numerosos estudos sobre inteligência, aptidão, prontidão, interesses e, em menor extensão, sobre personalidade.

    A Psicologia na segunda metade do século passado:

    •  décadas de 1970 e 1980, as pesquisas sobre diferenças individuais sob a perspectiva fatorial reduziram-se drasticamente.
    • novos paradigmas de investigação ganharam destaque, especialmente o cognitivismo-construtivismo e o cognitivismo-processamento de informação.
    • 1990, ressurge o interesse na mensuração de fenômenos psicológicos.
    •  a Psicologia no Brasil, o início do terceiro milênio se caracteriza pelo esforço técnico-acadêmico de profissionais e pesquisadores em melhorar os instrumentos psicológicos já existentes.
    • Surgem novas informações sobre o desempenho mental de crianças, de adolescentes e de adultos brasileiros

    1900 A 1960: INÍCIO E DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO DAS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS

    • Brasil no início do século XX - assistia a passagem do capital  escravagista para o capital industrial.
    • o estudo psicológico do comportamento humano era efetuado por médicos, educadores, engenheiros e administradores do serviço público.
    • Na década de 1930, os médicos foram os primeiros a criar laboratórios experimentais de psicologia para o estudo do comportamento humano, principalmente da conduta anormal, com o auxílio de especialistas estrangeiros. 
    • Um dos poucos médicos que se aproximou do estudo das diferenças individuais foi o psiquiatra Ulisses Pernambuco que, em 1925, criou o Instituto de Seleção e Orientação Profissional de Pernambuco.
    • o governo estadual de Pernambuco passa a exigir dos candidatos ao exame de seleção da Escola Normal e similares uma certidão de idade mental
    • Em 1925, enquanto o Laboratório de Pizzoli se aprofundava no estudo da aprendizagem utilizando testes de nível mental, a direção da Escola Normal de São Paulo passa a fazer  avaliação da maturidade na leitura e na escrita.
    • Em 1931, Lourenço Filho iniciou o processo de padronização do Teste ABC com 15.605 crianças do Estado de São Paulo e, posteriormente, com 24.500 crianças do Estado do Rio de Janeiro.
    •  Ignorava-se na época, que as diferenças individuais em inteligência são mais acentuadas no estágio da compreensão da leitura (ler para aprender) do que na fase de decodificação (aprendendo a ler). 
    • 1920, na cidade de Belo Horizonte, o governo estadual contratou estrangeiros, principalmente suíços e franceses, para impulsionar a recém-criada Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Minas Gerais.
    • 1929, Antipoff iniciou uma série de investigações em crianças mineiras sobre desenvolvimento da inteligência, psicomotricidade, interesses e outros aspectos psicológicos.
    O estudo das diferenças individuais alcançou seu ápice nos anos de 1930 graças aos trabalhos administrativos e acadêmicos em psicologia educacional de Lourenço Filho.

    • preocupação constante em aplicar princípios e métodos da mensuração psicológica ao sistema educacional brasileiro. 
    • 1930 e 1940, o cenário econômico do Brasil caracterizava-se pelo rápido crescimento industrial e, com ele, a necessidade de identificar pessoas aptas a assumirem postos de administração e do setor operário.
    • necessidade de implantar um sistema de avaliação psicológica no Estado de São Paulo provinha dos trabalhos das estradas de ferro, em que era necessário selecionar aprendizes, motoristas e despachantes. 
    •  1930, ocorrendo, a partir daí, um significativo aumento das avaliações psicológicas.
    •  1936 a 1940, ao criar-se o primeiro Gabinete de Psicotécnica da Escola Técnica Getúlio Vargas, a seleção de pessoal, inicialmente restrito à área industrial, estendeu-se também ao serviço público.
    •  1940 e 1945, com a crescente aceleração da industrialização do Estado de São Paulo, observou-se uma grande demanda para formação de especialistas sobre testes e medidas psicológicas, e criaram-se diversos cursos e centros que, de forma isolada, trabalhavam em objetivos estabelecidos pelas instituições requerentes. 
    • No período entre 1945 a 1950, iniciaram-se os concursos públicos, incorporando técnicas de avaliação psicológica e trabalhos de orientação profissional em escolas técnicas como o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). 
    • Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, viu a necessidade de criar um instituto que cuidasse do fator humano no trabalho.
    • 1940 e 1960, uma fase de desenvolvimento e de aplicação de técnicas psicológicas, sendo considerada como referência exemplar na área da psicologia psicométrica (Sparta, 2003)
    • O postulado básico da orientação profissional era a identificação das diferenças individuais nas pessoas e nas ocupações. 

     Estudos sobre inteligência:

    • A mensuração da inteligência no Brasil, na primeira metade do século passado, acompanhava aquela praticada em países mais desenvolvidos, adaptando-as a realidade do país.
    • A pesquisa de Antipoff com o Desenho da Figura Humana aplicado a 500 crianças de 7 a 11 anos evidenciou um menor desempenho das crianças brasileiras com relação às crianças americanas.
    • s. O teste solicitava, entre outras coisas, cópia de figuras, reconhecimento de figuras, resolução de problemas e cálculo.
    • Segundo a  Teoria Desenvolvimental das Diferenças Cognitivas de Gênero existem taxas diferentes de amadurecimento físico e mental.
    • as diferenças intelectuais considerando a região geográfica também foram estudados por Ginsberg (1951), que analisou os dados de desempenho intelectual de 4.610 crianças de cinco Estados do Brasil. 
    • Os dados novamente apontavam uma relação entre o nível socioeconômico e o desempenho das crianças em testes de nível mental. 
    •  Em nível internacional, alguns estudos mostram que as diferenças cognitivas entre os sexos são reais (Lynn, 1999), porém,  há ainda um terceiro grupo de estudos que mostra que as diferenças estão estreitando-se com o passar do tempo (Feingold, 1988).
    • 1950, a força preditiva da inteligência no setor laboral foi prontamente investigada nas escolas técnicas
    •  teste das Matrizes Progressivas de Raven e as notas escolares não era o instrumento forte o suficiente  para prever o aproveitamento escolar.
    • 1953 a 1958 surge o  o teste INV, do psicólogo Pierre Weil, cujo manual alerta  para a simplicidade do tratamento estatístico em função do tempo disponível para a apresentação do relatório final pela comissão encarregada da análise quantitativa.
    • Estudos apontam que as diferenças regionais, a região Sul apresenta resultados médios mais elevados do que as regiões menos desenvolvidas
    Estudos sobre personalidade

    • os estudos na área da personalidade estavam vinculados à área psiquiátrica.
    • a maioria das investigações sobre personalidade adotava ou a explicação biológica para os aspectos anormais, ou a explicação mais compreensiva, individual e clínica para os aspectos normais da personalidade.
    •  pouco se aplicavam os princípios de mensuração psicológica ao estudo da personalidade.
    •  A explicação predominante baseava-se em pressupostos psicodinâmicos.
    • final da década de 1940, a vinda do Prof. Mira y Lopez ao Brasil, e com ele a prova miocinética PMK, permitiu a investigação sistemática dos traços normais e anormais da personalidade.
    • 1950 e 1960 se caracterizam pela intensificação dos estudos da personalidade com base em resultados de testes chamados projetivos, como o Rorschach e o TAT e em menor proporção o Teste Zulliger.
    • Os estudos na área da personalidade geralmente eram feitos em pequenos grupos e sem preocupação com a questão da representatividade amostral. 
    1970 – 1980: EMERGÊNCIA DE OUTROS PARADIGMAS DE INVESTIGAÇÃO

    • O brasil com população dobrada, e inúmeras diferenças regionais, sociais, econômicas e políticas.
    • Na mobilização por explicações acadêmicas para o fenômeno, abandonou-se a produção sobre diferenças individuais na perspectiva psicométrica e ganharam força outros paradigmas de investigação quais sejam, na área da inteligência, o sociocognitivismo, o cognitivismo-construtivismo e o processamento de informação. Queriam saber por que havia expressiva evasão escolar entre as crianças.
    Estudos sobre inteligência

    • décadas de 1970 e 1980 caracterizam-se pelas frequentes discussões a respeito dos parcos resultados acadêmicos e cognitivos de indivíduos de baixo nível socioeconômico, principalmente de crianças escolares.
    • Muitos trabalhos foram publicados em resvistas de Psicologia.'
    • Poppovic inaugurou, no Brasil, o conceito de “marginalização cultural”, equivalente a “privação cultural”, “carência cultural”, “deficiência cultural”, termos que vigoravam na década de 1960 nos EUA para explicar as diferenças de desempenho cognitivo e acadêmico entre crianças de baixo e alto nível socioeconômico. 
    • As diferenças de desempenho cognitivo e escolar entre as crianças de classes econômicas alta e baixa apareciam em quase todos os estudos. 
    • Em 1970 a desnutrição passa a ser vista como uma das causas ambientais pelo fracasso cognitivo e escolar. Alimentação é determinante no nível de inteligência.
    •  A aplicação de um instrumento cognitivo, elaborado por Poppovic, mostrou diferenças significativas entre os grupos com relação a três das sete áreas contempladas pelo instrumento: funções psiconeurológicas, conceitos básicos e linguagem.
    • A polêmica acadêmica sobre déficit versus diferenças cognitivas das camadas de nível socioeconômico baixo era necessária para responder ao grave problema educacional da evasão e da repetência escolar.

    Aplicaram os seguintes testes:

    Teste do desenho da figura humana (teste de Goodenough)
    •  avalia a maturidade intelectual, nas suas funções  perceptivas, de abstração e generalização na criança e no adolescente de 03 à 15 anos de idade. 
    • Se caracteriza como um teste projetivo pois é através do desenho que a criança revelará características da sua personalidade, suas necessidades e emoções, mas também pode ter um propósito psicométrico já que ajuda na avaliação cognitiva dessa faixa etária. 
    • Observa-se variáveis como sexo, idade, cultua, nível social e escolar da criança.
    •  O teste avalia o desenvolvimento intelectual e o resultado varia conforme essa criança cresce.
    • É um teste não verbal, individual e de fácil aplicação, o qual as crianças se adéquam facilmente tendo a duração de aproximadamente 15 minutos. 
    • A tarefa da criança consiste na execução de três desenhos: um de si próprio, um de um homem e outro de uma mulher. 
    • O teste tem como material o manual técnico, a folha de registro e a prancha com exemplos de desenhos.

    Matrizes Progressivas de Raven

    •  É um teste psicométrico que tem como objetivo principal medir o nível de inteligência, também conhecido como fator G. 
    • Esse exame foi desenvolvido por John C. Raven e administrado pela primeira vez em 1938. 
    • O teste psicológico se baseia em averiguar que elemento falta nas matrizes.
    • Os resultados do teste de Raven podem ser empregados para um exame psicotécnico, um teste psicológico ou para o processo de seleção de um empresa.
    • Possui uma ficha técnica para que você possa se preparar para realizar esse teste psicométrico.
    Prova Psicomotora de Bender
    • O teste Bender é um instrumento psicotécnico de avaliação psicológica que se usa para avaliar o funcionamento visomotor e a percepção visual, tanto em crianças como em adultos.
    • O teste de Bender consiste na cópia de uma série de figuras e, por isso, requer habilidades motoras finas, a habilidade de discriminar entre estímulos visuais, a capacidade para integrar habilidades visuais com motoras e a habilidade de mudar a atenção do desenho original para a cópia.
    •  As pontuações do teste são usadas para identificar possíveis danos orgânicos cerebrais e o grau de maturação do sistema nervoso.
    • O objetivo desse teste é avaliar a maturidade visual, a integração visomotora, o estilo de resposta, a reação à frustração, a habilidade para corrigir erros, habilidades de planificação e organização, assim como a motivação.
    Teste Diagnóstico das Habilidades do Pré-Escolar (DHP)
    • é utilizado para medir o domínio dos conceitos básicos que a criança possui para aprendizagem e aquisição da linguagem, fornecendo subsídios quanto à maturidade para acompanhar os conteúdos programáticos da escola tradicional (formal).
    • teve como base as teorias da estrutura mental das habilidades humanas de Thurstone e visa detectar as habilidades do pré-escolar no início do Ensino Fundamental
    • fornece um perfil da estrutura mental que a criança apresenta no momento em que se submete ao aprendizado sistemático escolar, concretizando informações sobre seu amadurecimento global.
    • detecta desempenhos em cinco habilidades:verbal, perceptivo-espacial e lateralização. Vocabulário aritmétrico, Habilidade de raciocínio (do tipo análise e síntese) e Habilidade viso-motora.
    • O teste nãoe cxige conhecimento de leitura. 
    No período de 1970 a 1980, no que se refere ao estudo da inteligência, foi marcado pela mudança no paradigma de investigação:
    •  A mensuração, via testes de inteligência, foi substituída pela compreensão qualita A mensuração, via testes de inteligência, foi substituída pela compreensão qualitativa,  e em alguns casos intuitiva, de estágios ou etapas cognitivas.
    • Percebeu-se que, as diferenças no nível socioeconômico acompanham as diferenças no rendimento escolar e que  as diferenças de inteligência acompanham as diferenças de rendimento escolar.
    • a inteligência independentemente do nível socioeconômico correlaciona-se com o desempenho acadêmico duas vezes mais do que a variável social.
    • a década de 1970 caracterizava-se pela tendência de uso de testes, especialmente projetivos, no campo clínico (Curty-Rembowski, 1985)
    Estudos sobre personalidade
    • 1970 e 1980, continuava-se a pesquisar a personalidade no campo clínico utilizando-se técnicas projetivas.
    • a representatividade do estudo da personalidade na produção acadêmica nacional, quer pela via metodológica objetivo-quantitativa ou pela perspectiva subjetivo-qualitativa, foi muito pequena.
    DÉCADA DE 1990 E RESSURGIMENTO DA MENSURAÇÃO PSICOLÓGICA
    • 1990, observou-se um ressurgimento da atenção social e acadêmica para as medidas psicológicas, devido principalmente à antiguidade dos testes comercializados no país. 
    • diversos laboratórios de Avaliação Psicológica de universidades públicas e privadas surgiram em alguns Estados do País.
    • Surge o  Instituto Brasileiro de Avaliação e Pesquisa em Psicologia (IBAPP). O instituto teve o patrocínio do Conselho Federal de Psicologia e estabeleceu-se com um dos objetivos sendo o de verificar e fundamentar as bases técnico-científicas dos instrumentos psicológicos utilizados no país.
    • Havia uma falta de padronização, para o contexto nacional, de muitos instrumentos psicológicos existentes no mercado;  despreparo de profissionais em mensuração e avaliação psicológica; produção insuficiente de novos instrumentos psicológicos.
    • Conselho Federal de Psicologia (CFP), no início de 2002, forma uma Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica. A tarefa era fazer uma análise técnica de todos os instrumentos comercializados no país, melhorando os instrumentos.
    •  o esforço em aumentar a qualidade dos testes psicológicos no Brasil tem permitido produzir novas informações sobre a inteligência e a personalidade do cidadão brasileiro.
    • Com o avanço da psicometria e dos recursos tecnológicos de registro e análise de dados, é possível analisar e acompanhar os fenômenos atualmente discutidos no cenário internacional.

    REFERÊNCIAS:

    MENDOZA, Carmem E. Flores. Psicologia das Diferenças Individuais. Capítulo 2: O estudo das diferenças individuais no Brasil.

    https://br.psicologia-online.com/teste-de-raven-o-que-e-e-como-interpretar-30.html

    http://www.psicocepa.com.br/Testes/Teste%2036.htm#:~:text=O%20DHP%20teve%20como%20base,ao%20aprendizado%20sistem%C3%A1tico%20escolar%2C%20concretizando

    quinta-feira, 24 de setembro de 2020

    Pedagogia do oprimido

    Só é possível falar de uma pedagogia libertária se a gente coloca o sujeito como protagonista de sua história, que pode falar de si próprio, num processo de autoconscientização, mas também, num processo de conscientização de seu povo.

    Os psicólogos não são detentores do saber público. Ao adentrar nas comunidades a Psicologia busca aproximação, diálogo e realização de um trabalho que fomente um desenvolvimento de uma consciência critica na comunidade. Os psicólogos não levam as comunidades uma saber prescritos, mas conhece os saberes que movimentam e dinamizam as comunidades para desenvolver essa consciência critica, com vistas na emancipação da comunidade como um todo.

    Paulo Freire observa que os homens se propõem a si mesmos, como problema, já que sabem pouco de si mesmos, e se inquietam com essa descoberta. Essa preocupação implica em reconhecer a desumanização como realidade histórica. A inquietação dos homens contemplam a possibilidade dessa humanização.

    O homem toma consciência da necessidade de se fazer justiça, de não serem mais explorados nem oprimidos, nem violentados, devolvendo ao homem o processo de humanização para o qual ele está destinado. A luta pela humanização, pelo trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação dos homens enquanto sujeitos, detentores e conscientes de sua cidadania.

    REFERÊNCIA:

    FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 23ª impressão. Paz e Terra. Capítulo 1.

    quinta-feira, 17 de setembro de 2020

    Farmacocinética e Farmacodinâmica

      A importância de se conhecer a psicofarmacologia se deve ao fato de uma melhor possibilidade de entender os transtornos de ordem mental, seu funcionamento do ponto de vista biológico, mecanismos das doenças e da ação dos fármacos compreendendo tanto os efeitos desejados quanto os colaterais das medicações que os pacientes possam fazer uso. 

    1 – Farmacocinética 

    Trata das etapas que o medicamento sofre no organismo desde a administração até a sua eliminação

    Essas etapas são divididas em: 

    Absorção – vai da escolha da via de administração (oral, intravenosa, intramuscular, sublingual) até a chegada na corrente sanguínea. (Efeito de primeira passagem é o processo da metabolização do fármaco pelo fígado e pelos microrganismos intestinais). 

    Distribuição – é a etapa em que a droga é distribuída no corpo através da circulação chegando aos locais onde vai atuar, sendo primeiro aos órgãos mais vascularizados (SNC, Pulmões, coração) e depois aos tecidos menos irrigados (tecido adiposo). Sofre influência da concentração de proteínas plasmáticas no sangue que são necessárias para formar a fração ligada do medicamento.

    Biotransformação – é o processo no qual as substancias passam (principalmente no fígado) sofrendo reações químicas que a convertem em um composto mais hidrossolúvel para posterior excreção. Apresenta a Fase 1 sendo esta uma etapa onde pode ocorrer oxidação, redução, acetilação, metilação ou hidrólise (a maioria dos metabólitos dos psicofármacos são gerados pelo sistema de enzimas de Hidroxilização conhecido como citocromo P450), e Fase 2 onde as reações visam formar compostos solúveis em água (conjugação com o ácido glicurônico é a mais comum). 

    Excreção – processo de remoção dos compostos do organismo para o meio externo sendo a forma mais comum a excreção por via renal. 

    2 – Farmacodinâmica 

    Tem por objetivo o estudo dos efeitos fisiológicos dos medicamentos no organismo, seus mecanismos de ação, relação entre concentração do medicamento e os efeitos desejados e indesejados além de fatores que interferem no efeito das medicações (alimentação, uso de álcool).

    3 - Conceitos Básicos de Farmacologia

    • Posologia: estudo das dosagens do medicamento para fins terapêuticos. 

    • Dosagem: inclui a dose, frequência de administração e a duração do tratamento. 

    • Dose: quantidade a ser administrada de uma vez a fim de produzir efeitos terapêuticos. 

    • Dose letal: leva o organismo a falência (morte) generalizada. 

    • Dose máxima: maior quantidade de uma droga capaz de produzir efeitos terapêuticos. 

     Dose mínima: menor quantidade de uma droga capaz de produzir efeitos terapêuticos (eficácia). 

    • Dose tóxica: maior quantidade de uma droga que causa efeitos adversos. 

    • Reações Adversas: qualquer resposta prejudicial ou indesejável e não intencional que ocorre com medicamentos para profilaxia, diagnóstico, tratamento de doença ou modificação de funções fisiológicas.

     • Efeito Colateral: efeito diferente daquele considerado como principal por um fármaco. Esse termo deve ser distinguido de efeito adverso, pois um fármaco pode causar outros efeitos benéficos além do principal. 

    Referências:                                                                                                                                            SADOCK, B. J. Manual de farmacologia psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2013. MENEZES, J. C. Psicofarmacologia. Londrina: Editora Educacional, 2017.





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    quarta-feira, 16 de setembro de 2020

    Testagem e Avaliação Psicológica - Síntese capítulo 1

     Todos os campos de empreendimento humano usam medidas de alguma forma. O profissional de Psicologia "necessita de familiaridade operacional com algumas das unidades de medida que costumam ser usadas em psicologia, bem como de conhecimento sobre alguns dos muitos instrumentos de mensuração empregados." (COHEN et al, pg.1)

    Raízes da Testagem e Avaliação Psicológica:

    • França do início do século XX.
    • 1905- Alfred Binet e um colega publicaram um teste concebido para ajudar a colocar as crianças das escolas de Paris em classes apropriadas, expandindo até os EUA.
    • 1917 - A testagem fornece metodologia para aliviar problemas emocionais e intelectuais de soldados vindos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
    • A testagem era usada para recrutar os soldados para a Segunda Guerra Mundial(1939-1945)
    • Pós-Guerra haviam testes para medir inteligência e personalidade, o funcionamento do cérebro, desempenho de trabalho e outros funcionamentos psicologicos e sociais.
    Testes e Avaliação:

    “Testagem” era o termo usado para referir-se a tudo, da administração de um teste (como em “Testagem em andamento”) à interpretação de seu escore (“A testagem indicou que...”). (COHEN et al, pg. 2). A testagem uma ferramenta da Avaliação psicológica.

    Aplicador de teste psicológico e avaliador psicológico

    Embora muitos outros profissionais apliquem testes  psicológicos, somente o profissional da Psicologia  tem as habilidades e capacidades necessárias à sua aplicação e avaliação.

    Testagem Psicológica

    • Definição: "o processo de medir variáveis relacionadas à psicologia por meio de instrumentos ou procedimentos projetados para obter uma amostra do comportamento.  (COHEN et al, pg. 3)
    • Objetivo: ..."obter alguma medida, em geral de natureza numérica, com relação a uma capacidade ou um atributo.
    • Processo: pode ser de natureza individual ou grupal
    • Papel do aplicador: não é fundamental  podendo ser substituído sem afetar o resultado.
    • Habilidade do aplicador:   requer habilidades técnicas em termos de administrar e pontuar um teste
    • Resultados: produz escores.

    Avaliação psicológica
    • Definição: "...a coleta e a integração de dados relacionados à psicologia com a finalidade de fazer uma estimação psicológica, que é realizada por meio de instrumentos como testes, entrevistas, estudos de caso, observação comportamental e aparatos e procedimentos de medida especialmente projetados."(COHEN et al, pg. 3)
    • Objetivo:..."responder a uma questão de encaminhamento, resolver um problema ou tomar uma decisão por meio do uso de instrumentos de avaliação. (COHEN et al, pg. 3)
    • Processo: A avaliação costuma ser individualizada; começa com um encaminhamento para avaliação a partir de outro profissional.

    • Papel do avaliador: é fundamental ao processo de seleção dos testes e/ou de outros instrumentos de avaliação
    • Habilidade do avaliador: requer uma seleção especializada dos instrumentos de avaliação, habilidade na avaliação e organização e integração criteriosas dos dados.
    • Resultados: envolve uma abordagem de resolução de problemas que mobiliza muitas fontes de dados visando esclarecer o motivo do encaminhamento

    Exemplo de “questões de avaliação” pessoais que os clientes desejam ver respondidas, tais como:

    “Por que é tão difícil para mim fazer contato visual?” ou “Por que nunca fui capaz de ter um relacionamento íntimo?”

    Na primeira sessão, deve-se perguntar: sobre preocupações refletidas nas perguntas do cliente; quando é mais difícil ou mais fácil para ele fazer contato visual; visual, quando esse problema começou e o que ele já tentou para tratá-lo; sobre tentativas anteriores de ter relacionamentos íntimos. Envolvemos os clientes como colaboradores e “coexperimentadores” durante as sessões de testagens.

    Sugestão de testes: MMPI-w-RF e o Rorschacha porque a combinação de um autorrelato e de um teste de personalidade baseado no desempenho é útil para nos ajudar a entender esses tipos de problemas.

    O TESTE 

    ..."pode ser definido simplesmente como um dispositivo ou procedimento de medida."
    ..."se refere a um dispositivo ou procedimento que visa medir uma variável relacionada àquele modificador."

    TESTE PSICOLÓGICO (PG.6)

    ..."refere-se a um dispositivo ou procedimento visando medir variáveis relacionadas à psicologia (p. ex.,inteligência, personalidade, aptidão, interesses, atitudes ou valores)."
    ..."podem diferir com respeito a uma série de variáveis, como conteúdo, formato, procedimentos de administração, procedimentos de pontuação e interpretação e qualidade técnica."


    O FORMATO (PG.7)
    ..."diz respeito à forma, ao plano, à estrutura, ao arranjo e ao leiaute dos itens do teste e, ainda, às considerações relacionadas, como limites de tempo."

    A ENTREVISTA
    • É um método de obter informação por intermédio da comunicação direta envolvendo troca recíproca.
    • a entrevista como um instrumento de avaliação psicológica em geral envolve mais do que conversa.
    • Observa-se o comportamento verbal e não verbal (linguagem corporal)
    • Pode ser conduzida face a face, por telefone.
    • podem ser usadas pelos psicólogos em várias áreas de especialidade para ajudar na realização de diagnóstico, tratamento, seleção e em outras decisões, além de ajudar os profissionais de recursos humanos a fazerem recomendações mais informadas sobre contratação, demissão e promoção.

    O PORTFÓLIO
    • Estudantes e profissionais em diferentes atividades, conservam suas produções, o que constitui um portfólio.
    • Pode ser usado como instrumento de avaliação, a partir de  decisões tomadas anteriormente, em parte com base em seus julgamentos de amostras de áudio de trabalhos anteriores do candidato.

    Observação comportamental
    • que saber como alguém se comporta em uma determinada situação, observe seu comportamento nessa situação.
    • é a monitoração das ações dos outros ou de si mesmo por meios visuais e eletrônicos ao mesmo tempo em que se registram as informações quantitativas e/ou qualitativas relativas a essas ações.
    • serve de auxílio para planejar a intervenção terapêutica provou ser extremamente útil em ambientes institucionais como escolas, hospitais, prisões e residências coletivas.
    Teste de Dramatização
    • É a encenação de um papel improvisado ou parcialmente improvisado em uma situação simulada.
    • É um instrumento de avaliação no qual os avaliandos são dirigidos a agir como se estivessem em uma determinada situação.
    • A dramatização como um instrumento de avaliação pode ser utilizada em vários contextos clínicos, e também como um instrumento de desfecho.

    REFERÊNCIAS

    COHEN; SWERDLIK/STURMAN. Testagem e Avaliação psicológica. 8ª edição.ABDR. RS, 2014
    Capítulo 1.