quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Entrevista psicológica no Psicodiagnóstico - Síntese

  O PSICODIAGNÓSTICO...

  • É um tipo de avaliação psicológica desenvolvida no âmbito clínico. 
  • Inicia-se a partir de uma demanda do cliente.
  • Tem foco específico, ou seja, o motivo da avaliação, que irá guiar todo o processo: escolha de técnicas e instrumentos a serem utilizados.
AS ENTREVISTAS INICIAIS...
  • É indispensável uma entrevista inicial, tanto com o profissional que solicitou o psicodiagnóstico, como com o cliente a ser avaliado. Além desses, pais, responsáveis, e outros profissionais se necessário.
  • Permite aprofundar as queixas ou motivos trazidos em um momento inicial.
  • têm como objetivos conhecer o paciente que chega para a avaliação e compreender o motivo do psicodiagnóstico.
  • Possibilita aos psicólogos avaliadores  se abastecer do maior número e das mais variadas fontes de informação.

CONTATO COM O PROFISSIONAL ENCAMINHADOR

  • Diversos profissionais, como psicoterapeutas, professores, médicos de diversas especialidades, fonoaudiólogos, nutricionistas, entre outros, podem encaminhar um paciente para esse tipo de avaliação.
  • O encaminhamento pode ser realizado tanto por meio de um contato pessoal entre os profissionais quanto por meio de uma solicitação por escrito.
  • o ideal é realizar um contato direto com a fonte do encaminhamento a fim de esclarecer dúvidas e certificar-se acerca do pedido.
  • questionar sobre o motivo pelo qual o profissional solicitou a avaliação e a percepção que ele tem do paciente e das queixas trazidas, assim como, o impacto delas na vida do paciente.
  • possibilita uma melhor compreensão dos objetivos do psicodiagnóstico do caso em questão, auxilia os avaliadores a dar início a um levantamento de hipóteses e a construir o plano de avaliação.

  • A PRIMEIRA ENTREVISTA...
    • pode ocorrer antes ou após o contato com outros familiares
    • crianças ou dependentes se realiza a entrevista com os pais.
    • permite conhecer as expectativas em relação à avaliação, obter informações acerca do motivo do encaminhamento e fazer esclarecimentos sobre o processo.
    • Inicia-se um vínculo e uma relação de confiança entre o profissional e os responsáveis pelo paciente que será avaliado.
    • o profissional deve se mostrar aberto para responder aos mais diversos questionamentos que podem ser trazidos por eles e estabelecer uma relação de confiança.
    • o ambiente deve ser acolhedor que possibilite ao paciente e a seus familiares sentirem-se seguros e confortáveis.
    • Possibilita a confirmação ou não daquelas primeiras impressões surgidas no momento do encaminhamento.
    • Questionar se eles sabem a razão da avaliação e como percebem as queixas relativas a seu(sua) filho(a).
    • Se conhecem o trabalho do psicólogo e se têm alguma ideia de como funciona um psicodiagnóstico. 
    • "Deve-se explicar, que o psicodiagnóstico ocorre dentro de um tempo limitado, que, durante esses encontros, tenta-se compreender a queixa trazida conversando com a criança, utilizando algumas técnicas que vão desde brincadeiras até a aplicação de instrumentos, e que, ao fim do processo, será dada uma devolução tanto para os pais como para o paciente e para o profissional que solicitou a avaliação." (ADRIANA) 
    • Começa a se formar uma imagem sobre o paciente, embora nem sempre as informações trazidas pelos pais ou responsáveis são a realidade.
    • coletar de informações relacionadas ao paciente que serão significativas para o delineamento de um plano de avaliação.
    O QUE DEVE SER QUESTIONADO OU EXPLICADO AO CLIENTE

    COM CRIANÇAS...
    • Se ele(a) sabe porque veio ao psicólogo.
    • Comunicar sobre os encontros que terão.
    • Informar sobre possíveis atividades.
    • falar sobre o objetivo dos encontros: conhecer melhor e entender as dificuldades do cliente.

    COM ADOLESCENTES...

    • É importante que o paciente sinta-se - responsável por seu processo de avaliação desde o início.
    • A primeira entrevista pode ocorrer com o adolescentes apenas, se os pais estiverem de acordo, autorizando-o, já que é menor de idade.
    • Pode-se conversar com o paciente adolescente incialmente, e em um segundo momento, com os pais ou responsáveis.
    • Ao longo do processo, os responsáveis deverão ser chamados para outras entrevistas, par coleta de dados de anamnese do paciente.
    COM ADULTOS...
    • O mesmo procedimento, exceto pela necessidade da presença dos pais.

    QUESTÕES RELEVENTES NA PRIMEIRA ENTREVISTA...
    • Desde quando os sintomas se manifestam? 
    • Existe algum fator desencadeante? 
    • Qual a intensidade? 
    • Em que ambientes eles ocorrem? 
    • Como o paciente percebe esses sintomas? 
    • Qual a influência dos sintomas na vida diária? 
    • Quais os prejuízos que eles vêm trazendo para a vida do paciente?
    •  Em que áreas da vida (social, familiar, educacional/laboral) os sintomas/problemas trazem prejuízos? 
    • Como a família, os amigos e outras pessoas que convivem com o paciente observam o problema?
    • Que tipo de suporte (social, familiar, financeiro) ele tem para lidar com o problema? 
    • Com quem vive e quem o auxilia em suas dificuldades?
    •  Ele já passou por algum tipo de atendimento profissional antes? 
    • Quais profissionais o acompanham?
    Questões importantes em relato de ideação suicida:
    • Escuta ativa, atenta, empática.
    • O paciente tem planos de suicídio? 
    • Já pensou de que forma e com que meios colocaria esses planos em prática? 
    • Existe alguma data prevista para isso? 
    • Já realizou tentativas anteriores?
    "Estudos demonstram que a presença de transtornos mentais, como os do humor e a esquizofrenia, e as tentativas prévias de suicídio estão entre os principais fatores de risco para o suicídio" (Brasil, 2006; Werlang, Borges, & Fensterseifer, 2005) apud Adriana.

    Na evidência de risco de suicídio...
    •  não se pode liberar um paciente para que saia sozinho do atendimento. 
    • É importante criar um espaço de escuta empática e atenta para as questões trazidas, a fim de que ele também consiga aliviar sua angústia. 
    • deve-se informar o paciente sobre a necessidade de entrar em contato com os familiares ou amigos mais próximos, que deverão ser orientados a não deixá-lo só em nenhum momento, em função do risco existente, e a impedir o acesso a meios que possibilitem o suicídio (medicamentos, armas, cordas, etc.). 
    •  paciente em acompanhamento psiquiátrico, deve-se contatar o profissional, também com a autorização do paciente e dos familiares, para que sejam adotadas as medidas necessárias.
    • paciente não está em acompanhamento psiquiátrico, dependendo da gravidade do risco, pode-se orientar a família para a busca de internação psiquiátrica do familiar. 

    ETAPAS DA ENTREVISTA INICIAL

    1ª Etapa - paciente encaminhado para avaliação
    • Contato com a fonte de encaminhamento para levantamento de informações.
    • Se aplica a crianças, adolescentes e adultos.
    2ª Etapa - Entrevista com paciente e responsáveis.
    • Paciente Adulto - a primeira entrevista geralmente é realizada com o próprio paciente.
    • Paciente Adolescente - A primeira entrevista pode ser realizada com o próprio adolescente, seguida por entrevista com os pais ou responsáveis.
    • Paciente criança - A primeira entrevista é realizada com os responsáveis. Posteriormente, marca-se com a criança.
    3ª Etapa - Entrevistas com outras fontes de informação
    • Sempre com a autorização do paciente e, se for o caso, de seus responsáveis, pode-se coletar informações de outras fontes, como familiares, professores, outros profissionais que acompanham o paciente.

    O PLANO DE AVALIAÇÃO...

    • Que técnicas e testes podem ser utilizados com esse paciente? 
    • Qual o seu nível de compreensão? 
    • Qual sua capacidade de comunicação?
    • O paciente faz uso de lentes ou de aparelho auditivo? 
    • Tem algum problema de visão ou alguma dificuldade motora? 
    • É destro ou canhoto? 
    • Qual sua escolaridade? 
    • É alfabetizado?

    Essas perguntas são importantes para definir o tipo de teste a ser aplicado de acordo com a dificuldade do paciente:

    •  um paciente com dificuldade para identificar cores, por exemplo, não se pode utilizar um teste como o Rorschach.
    •  avaliação da área cognitiva não poderia contemplar exercícios verbais, se a criança tem dificuldade de comunicação verbal.
    •  pacientes que utilizam lentes ou aparelho auditivo é importante lembrar que o uso do aparelho ou dos óculos será imprescindível para a realização dos testes.

    MODELOS DE ENTREVISTA INICIAL

    Livre 

    •  é mais aberta, podendo partir de uma pergunta mais generalista e seguir sendo construída ao longo do seu desenvolvimento. 
    • De acordo com Tavares (2003), em um contexto de avaliação, mesmo a entrevista livre deve ter algum tipo de direcionamento por parte do avaliador.
    • É importante ter em mente os temas que pretende abordar, mesmo não tendo nada elaborado, mantendo o foco de investigação.
    • investiga-se questões específicas aos sintomas apresentados e questões mais generalistas, como aquelas relativas aos marcos de desenvolvimento
    Semiestruturada 

    • Para Ocampo e Arzeno (2009), a entrevista inicial se caracterizaria como uma entrevista semidirigida. o paciente é quem constrói a forma como as informações serão trazidas. 
    • É ele quem irá definir quais dados relativos ao seu problema serão abordados primeiramente e que outros dados serão incluídos.
    • O avaliador poderá auxiliar na estruturação desse campo de informações questionando aquilo que pode ter se mostrado como contraditório, impreciso, ambíguo ou incompleto e assinalando algumas questões quando o paciente não souber como iniciar ou dar continuidade ao seu relato durante a entrevista.
    • Possuem perguntas pré-formuladas.
    • O avaliador segue um roteiro de perguntas.
    • Podem surgir novas perguntas.
    • São bem aplicadas para realização de anamnese.
    • Cada fase do desenvolvimento demanda perguntas específicas.

    Estruturada

    • são mais raras no contexto clínico. 
    • a limita o avaliador tanto no que se refere às perguntas que podem ser feitas quanto no tipo de resposta que pode ser obtida
    • seguem um roteiro bastante rígido, contendo perguntas e alternativas de respostas determinadas (Laville & Dionne, 1999)
    • Não existe liberdade para que se acrescentem novas questões nem a possibilidade de o paciente trazer respostas diferentes daquelas preestabelecidas.
    • servem para algum tipo de protocolo de avaliação ou em situações de pesquisa


    REFERÊNCIAS.

    HUTZ, C.S.; BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C.M.; KRUG, J.S. Psicodiagnóstico.  Coleção avaliação psicológica. Artmed. São Paulo, 2016. Cap.5 - A entrevista psicológica no Psicodiagnóstico.

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